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O país acorda e lê jornais como rotina tal quem nem por ele dá conta. E o atordoamento é tão grande e tão crónico que tão pouco se lhe dá importância. No teatro de propaganda e contestação, os actores são tão fracos e farsolas que já ninguém lhes liga patavina. Na hora, até votam neles. E não lhes adianta, os do descontentamento e os da Covilhã, de bigodes eles e elas, a insultar como populares à porta do Tribunal de Portimão, o Primeiro-Ministro e sua máquina. Podem não ser comunistas, mas são chatos e enfadonhos como eles, por muito respeito que lhes tenha. A imaginação peca, é de qualidade absurda e até dá pena a quem vê notícias. Parecem claques da Nacional. Sócrates faz
jogging na Praça Vermelha e eles não.
Mas sublinhe-se do que resta da RTP, na incongruência de um pivot que se queixa das orientações do Governo na grelha e no alinhamento, mas tão pouco se incomoda com isso. Agarra-se à cadeira e ao estaminé montado, como teatro de marionetas, e na fantochada é o fantoche-
mor. De resto por ali, mostra-se aquela que é a ambiguidade do governo e socialistas que se dizem com o tais. O laicismo na Estação pública fica-se pela RTP2, em horários para intelectuais de olheiras. O nobre, e na RTP1, dá lugar a Eucaristias e Touradas. Hinos ao que a Nossa Senhora fez pela Rússia. E os russos que se cuidem. Se antes tinham um coisa má, agora têm coisa pior. Nunca vi tão urgente um 4º Segredo de Fátima que lhes salvasse daquela bandalheira. E neste mundo, bem precisávamos de uma meia dúzia deles. E a Irmã Lúcia, rezem-lhe pela alma, já não anda por cá nos seus óculos de garrafão.
No outro contexto, no anfiteatro desnaturado da Assembleia da República, afilam-se uns dias de debate aceso. O Palco dos Marretas que aí se montará, nas suas berradelas ensaboadas, a lavar-nos as mentes em gargalhadas e rejubilo, o Orçamento em flash disk e, neste país, com muito pouca capacidade de armazenamento. Mas
Vivas! que estará abaixo dos 3%, o ano que vem. Viva o feito e os homens. E como na viagem à Índia, ainda que à custa do trabalho e do sacrifício de todos e, em 2008, do álcool e tabaco. Nem nos refúgios à desgraça.
Aliás mais que esquisito neste Portugal de preços à europeia e salários sul-americanos, onde este ambiente de sacristia, faz com que se mantenham baixos e apertados. E só acho estranho, agora que penso, porque é que pessoas de igual qualificação por aqui ganham muito mais para lá da fronteira? Porque é que obras de iguais orçamento e envergadura pagam piores ordenados por cá, e ainda dão direito a derrapagem? Algo na entremeada com certeza. Tido como fisiológico nesta nação entregue a coorporações e a fretes, de fortunas da noite
p'ró dia.