Avenida Central

O Fim da Avenida Central

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Esta fotografia da parte final da Avenida Central foi tirada nos anos 30. O eléctrico ainda aqui parava (o símbolo no poste indicava uma paragem) e passava a caminho do Bom Jesus, o jardim da Senhora-a-Branca tal como o conhecemos não existia, o Palacete Matos Graça ainda ostentava a escadaria, os tectos magníficos, as pinturas nas paredes e as madeiras exóticas que a Câmara e um projecto (segundo sei do Arquitecto Noé Diniz) entenderam não ter interesse, a Velha-a-Branca ainda era “apenas” a casa de habitação e o consultório médico do então Presidente da Câmara de Braga. A cidade não tinha ainda entrado a sério na "modernidade".

A casa que vemos em primeiro plano do lado direito, embora sem grande interesse especial, já não existe. Como é hábito, foi substituída por uma reles imitação em cimento. Por cá não se usa restaurar o antigo quando vale a pena ou demolir sem medo para fazer edifícios novos, modernos e marcantes (só o estádio teve direito a esse luxo). Prefere-se a hipocrisia de fingir que se restaura o centro histórico, mostrando aos turistas um cenário asséptico de telenovela que esconde prédios, na verdade, tão maus como os de Lamaçães (quantas casas realmente antigas ainda haverá no nosso centro histórico?).

Posso associar a esta foto uma série de coincidências pessoais, talvez insignificantes: vivo aqui perto nos últimos anos, a Velha-a-Branca nasceu numa das casas que se vê na foto, estudei na escola primária atrás do fotógrafo e admiro os transportes sobre carris. E claro, é a minha avó - na altura recém chegada a Braga e agora com 90 anos - que está à janela!

Curso de História da Cidade de Braga

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Curso de História da Cidade de Braga [org: Velha-a-Branca]
mais informações na Velha-a-Branca

A Que Se Obrigam os Candidatos?

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Programas dos partidos candidatos à Câmara Municipal de Braga, por ordem alfabética:

BE (João Delgado) aqui
CDU (Rodrigues Dias) aqui
Juntos Por Braga (Ricardo Rio) aqui
MPT (Miguel Brito) não está disponível online
PS (Mesquita Machado) aqui

ADENDA EM 2009-10-07
Miguel Brito disponibilizou o programa aqui

Fugir ao Debate

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Houve três debates – RTP-N, Antena 1 e RUM. Mesquita Machado faltou aos três com justificações diferentes. Ninguém acredita que, havendo vontade de ir, não se consiga arranjar tempo para participar. Aliás, para os programas da manhã ou da tarde tipo Praça da Alegria e transmitidos da Arcada o Presidente da Câmara tem tido sempre tempo. Pior – e sabemos todos – é que Mesquita falta a estes debates porque sabe que se participasse a probabilidade de perder eleitores seria grande. Se os debates tivessem outro impacto realizando-se em horário nobre na RTP, na SIC ou na TVI (e por que não?) certamente Mesquita não correria o risco de faltar.

Faltar, como já se disse neste blogue, é um desrespeito pelos bracarenses e pelos outros candidatos. E é um desrespeito pela Democracia uma vez que nos debates os candidatos estão todos em pé de igualdade. Não há fotografias e vídeos com obra feita, não há ofertas de brindes, não há berros nem músicas nem slogans roubados a centros comerciais. Bem moderado, um debate pode ser bastante esclarecedor. Vale a pena ouvir os nossos. Aqui ficam os links.

Antena 1 ouvir aqui
RUM ouvir aqui
RTP-N será retransmitido esta segunda, dia 5, às 21h na RTP-N | notícia ler aqui

Ganhar Eleições

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© Pedro Guimarães / projectobragatempo

É um dado adquirido que neste concelho há muitos eleitores que - mesmo votando regularmente no PS - estão desejosos que Mesquita Machado saia. Vêem Mesquita, entre outras coisas, como o grande responsável pelo desmando urbanístico do concelho. A uma parte destes eleitores é indiferente o perfil do candidato da oposição pois o que desejam é simplesmente uma mudança (na verdade, uma “limpeza”). Para estes eleitores, o voto em Ricardo Rio poderá ser a solução mais eficaz para realizarem o seu desejo.

Mas há outros eleitores que, apesar de discordarem da política de Mesquita, precisam de acreditar na alternativa. Para deixarem de votar nos partidos (de esquerda) precisam de ver e sentir que vai de facto haver uma mudança para melhor (e não uma simples mudança). Ora, ter um projecto para Braga não é uma missão muito difícil. Mesquita facilita bastante esta tarefa na medida em que, além das já três décadas de poder e do demasiado visível desordenamento urbano, tem vindo a rodear-se de uma equipa cada vez mais fraca e desgastada, apresenta cada vez menos promessas ambiciosas e parte dos seus projectos são reformulações de projectos falhados (Mercado do Carandá, renaturalização do Rio Este) ou até simples repetição de promessas anteriores (Parque Norte, Parque das Sete Fontes, Braga Digital).

É por isso extraordinário que Ricardo Rio, que há seis anos se apresenta como alternativa a Mesquita, ainda não tenha programa. Há mais de um mês que a secção Programa do seu site está em construção. Apenas hoje – a dez dias das eleições – será finalmente apresentado.

Mas para ter um projecto credível, além de ideias, é necessário uma equipa a sério. Convém não esquecer que por uma imposição legal (absurda), após as eleições o Presidente da Câmara não pode escolher livremente os seus vereadores. É por isso confrangedor ouvir aqui as declarações da desconhecida equipa de Rio - nem uma ideia para a cidade! Aliás é sintomático desta falta de estratégia a escolha de Miguel Bandeira para mandatário. Se Bandeira é, sem dúvida, uma grande mais-valia (e a meu ver, para qualquer lugar no município), não deixa de ser um desperdício que, a alguém com toda a sua experiência, visão e conhecimento da cidade, seja oferecido um lugar efémero e decorativo. Se, por exemplo, a coligação tivesse apresentado Miguel Bandeira como futuro Vereador do Urbanismo teria dado aos bracarenses um sinal firme de que tudo iria mudar com estas eleições.

Perante isto fica a dúvida: Ricardo Rio quer mudar a cidade ou só quer ganhar as eleições?

[artigo publicado hoje no Diário do Minho]

Dinheiro no Asfalto

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Passo todos os dias na Avenida 31 de Janeiro e ainda não consegui perceber a necessidade e a urgência das obras de asfaltagem que decorrem há mais de uma semana.

S. João Em Casa

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Como várias dezenas de pessoas, trabalho na Avenida da Liberdade, num 1º andar. Devemos ter todos ar de quem passa o ano à espera do São João porque a Comissão de Festas faz questão de nos levar o arraial para dentro dos escritórios. A playlist são joanina em modo repeat tem 20 temas (há uns anos tinha só 5) e é intercalada de 30 em 30 segundos por anúncios irritantes (desculpa, Pedro C.). De vez em quando há também avisos lidos em directo por uma voz tipo festa de aldeia. No topo da Avenida a situação é pior porque não há outros ruídos. É um martírio que dura três semanas desde manhãzinha até para lá da hora de jantar. Não há forma de fugir. Nem fechando portas, portadas e persianas, nem pondo música mais alto dentro do escritório. Ao fim das primeiras 40 horas até as músicas de se gosta se tornam insuportáveis.

Sugiro que façam um teste. Tentem redigir um texto ou ler um livro técnico num daqueles bancos novos da parte de cima da Avenida da Liberdade. Para quem preferir fazer o teste em casa, deixo aqui uns minutos de animação gravados à janela com um telemóvel. Mas para não desvirtuarem a intenção da Comissão de Festas, antes de começarem a experiência, aumentem o volume de forma a que o vizinho consiga ouvir também (ou tão bem).

Bom S. João!



P.S. Escrevi esta crónica e gravei o som na segunda-feira. Hoje, terça, além da playlist, temos ao mesmo tempo vinda da Avenida Central música ao vivo de várias bandas e, em directo da mega-praça em frente ao Theatro Circo, música de elevador de uns índios sul americanos. Não será também uma falta de respeito pelas bandas típicas do S. João manter este chinfrim durante a sua actuação?

Digam-me Onde Está

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Nunca na História de Portugal se construiu tanto como nos últimos 40 anos. Nem nunca, como agora, houve tantos especialistas em construir e pensar cidades - arquitectos, engenheiros, urbanistas, técnicos de planeamento, geógrafos e até artistas das mais diversas áreas. Temos também pela primeira vez na nossa história leis e planos para praticamente tudo e um fácil e rápido acesso a um vasto conhecimento.

No entanto, tudo o que se construiu nestes últimos 40 anos é no seu conjunto um desastre. Digam-me em todo o distrito de Braga - neste "verde" Minho ou “Norte do Paraíso” - onde posso encontrar uma praça, uma rua ou um bairro recentes e dignos de serem vistos e visitados. Não é preciso que me apontem um exemplo espectacular - basta que seja um espaço tão simpático como os antigos e não planeados conjuntos da Praça do Município, da Avenida Central ou da Rua do Anjo.

Eu que nem sequer sei desenhar estou convencido de que a copiar ideias dos nossos centros históricos conseguia idealizar um largo bem mais bonito do que qualquer dos espaços novos que conheço.

Pormenores de Cidade

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A remodelação de vários espaços da cidade trouxe inevitavelmente muitas vantagens mas fez desaparecer uma série de pormenores históricos. Desde anúncios comerciais e montras de lojas a sistemas de iluminação de várias épocas e diversos tipos de calçada e passeios todos estes elementos fazem a alma de Braga. Nos últimos 15 anos muitos destes elementos têm vindo a ser substituídos por sucedâneos modernos, principalmente no centro histórico. Embora esta apreciação tenha sempre uma boa dose de subjectividade, parece-me que em determinados casos valeu a pena a mudança mesmo quando se substituiu o antigo por um standard actual de catálogo.

Porém, não estou a ver o que ganha o Campo Novo (Praça Mouzinho de Albuquerque) ao serem desmantelados os seus antigos lampiões em ferro fundido. Aliás, a arquitectura em ferro da cidade tem sido a grande vítima dos “restauros” ao ponto de ser hoje muito difícil descobri-la. É certo que os candeeiros do Campo Novo, por estarem velhos, precisam de ser restaurados. Mas o que é que não é possível fazer hoje em dia?

Este Espaço Era Nosso

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Braga, Estação dos Correios

Makro (Lamaçães)

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Braga, 1594

Não é por acaso que tanto se fala de D. Diogo de Sousa. Durante os 27 anos que este arcebispo governou Braga, transformou por completo a cidade dando-lhe a configuração urbana que grosso modo ainda hoje mantém. Entre muitas outras obras, D. Diogo mandou abrir, do lado exterior das muralhas medievais, diversos largos de dimensões então invulgares. O mapa* acima reproduzido foi elaborado somente umas décadas após esta revolução urbanística e dá-nos uma boa noção de como ficou a cidade. Braga, ao contrário do Porto por exemplo, tornou-se uma cidade aberta. E, quinhentos anos depois, ainda é por esses largos de D. Diogo, hoje praças e avenidas, que nos orientamos na cidade antiga.

Actualmente – e não será certamente um privilégio só de Braga – nas zonas novas da cidade somos forçados a publicitar todos os grandes espaços comerciais. Assim, vivemos na zona do Feira Nova, tomamos café junto à Bracalândia ou compramos qualquer coisa numa loja perto da Makro ou do Modelo de Frossos. Claro que, bem vistas as coisas, estas zonas são até privilegiadas pois em muitos outras zonas nem sequer podemos contar com isso.

Isto tudo vem a propósito de há dias, ao chegar a Braga, ter visto um outdoor que anunciava “Makro (Lamaçães)”. Então afinal a Makro não é na zona da Makro?

*é curioso notar que toda a gente conhece o mapa mas tem grande dificuldade em percebê-lo; creio que com a legenda que acrescentei e com uma espreitadela no Google Maps se torna mais fácil

A Nossa Avenida

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Gosto de avenidas. E, talvez porque há 31 anos a subo e desço, gosto da nossa Avenida da Liberdade. Após várias décadas de crescimento contínuo da cidade, a centenária avenida (1909) parece-me ainda hoje a única avenida de Braga.

A avenida que conheci uns anos após esta imagem tinha ainda passeios largos e com desenho, tinha árvores, tinha bancos, tinha passadeiras e semáforos, tinha dois sentidos de trânsito à superfície, tinha paragens de autocarro, tinha quiosques, tinha esplanadas e cafés decentes, tinha importantes edifícios, tinha prédios construídos em épocas e com feitios muito diferentes (mas quase todos com um grande pé-direito no rés-do-chão), tinha comércio e serviços com anúncios em néon e lojas com grandes montras. Não tinha muros nem murinhos, nem rampas para caves, nem passeios de cimento, nem postes de iluminação variados, nem grandes canteiros de relva inúteis entre os prédios e os carros, nem dezenas de caixas de telefone, tv por cabo e electricidade nos passeios.

A avenida perdeu grande parte da sua dignidade mas ao contrário de muitas outras artérias da cidade, não é aborrecido percorrer os seus mil metros. Se em toda a cidade recente tivéssemos mais avenidas como a da Liberdade e menos ruas, pracetas, rodovias, variantes, viadutos, passagens aéreas e afins teríamos certamente uma cidade a sério.

"Mi vida en tus manos", um filme de Nuno Beato

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