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Makro (Lamaçães)

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Braga, 1594

Não é por acaso que tanto se fala de D. Diogo de Sousa. Durante os 27 anos que este arcebispo governou Braga, transformou por completo a cidade dando-lhe a configuração urbana que grosso modo ainda hoje mantém. Entre muitas outras obras, D. Diogo mandou abrir, do lado exterior das muralhas medievais, diversos largos de dimensões então invulgares. O mapa* acima reproduzido foi elaborado somente umas décadas após esta revolução urbanística e dá-nos uma boa noção de como ficou a cidade. Braga, ao contrário do Porto por exemplo, tornou-se uma cidade aberta. E, quinhentos anos depois, ainda é por esses largos de D. Diogo, hoje praças e avenidas, que nos orientamos na cidade antiga.

Actualmente – e não será certamente um privilégio só de Braga – nas zonas novas da cidade somos forçados a publicitar todos os grandes espaços comerciais. Assim, vivemos na zona do Feira Nova, tomamos café junto à Bracalândia ou compramos qualquer coisa numa loja perto da Makro ou do Modelo de Frossos. Claro que, bem vistas as coisas, estas zonas são até privilegiadas pois em muitos outras zonas nem sequer podemos contar com isso.

Isto tudo vem a propósito de há dias, ao chegar a Braga, ter visto um outdoor que anunciava “Makro (Lamaçães)”. Então afinal a Makro não é na zona da Makro?

*é curioso notar que toda a gente conhece o mapa mas tem grande dificuldade em percebê-lo; creio que com a legenda que acrescentei e com uma espreitadela no Google Maps se torna mais fácil

11 comentários:

  1. Muito bom texto, Luís, parabéns.

    Há, de facto, uma diferença muito acentuada entre a Braga em que a maior parte dos bracarenses moram e a Braga em que estes vivem.

    Lembro-me de ser miúdo e ouvir, na Quinta da Capela, expressões como "vou à cidade". Há "cidade" nesta nova urbe?

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  2. Eventualmente e à falta lamentável de melhor referência: Lamaçães é aquele amontoado de edifícios junto à Makro!

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  3. Concordo, uma das maiores lacunas do desenvolvimento urbano bracarense dos finais do século XX, a meu ver, foi a inexistência de praças, de espaços desse género. Espaços que fossem aglutinadores e, simultaneamente, referências mais românticas do que "Makro" ou "Feira Nova".

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  4. A cidade (ou quem a governou) nas últimas décadas não conseguiu/não quis criar espaços de socialização. As únicas referências na parte moderna são espaços comerciais sem qualquer valor estético ou cultural («Feira Nova», «Continente», «Makro»), que se assumem devido à total falta de planeamento da cidade.

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  5. Em cheio, Luís!

    Também não é por acaso que os nomes Carlos Amarante e Alberto Sampaio aparecem a cada esquina.

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  6. Bem sei que os nomes de espaços comerciais completamente atópicos à cidade de braga não sejam a mais bonita refrência.
    No entanto ainda vemos gente nova a dizer que mora na Ponte, no Fujacal, no Santos da Cunha ou Rodovia, em Infias etc.
    Isto porque são gente nova com pais bracarenses, claro.
    Senão teríamos malta jovem a morar em "fundo da Avenida da Liberdade", "prédios dos romenos", "rotunda quem segue pró Porto", "estrada do Lidl" e "estrada de paralelo quem vai pra Vila Verde respectivamente.

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  7. Só um pormenor. Essa da bracalândia nem para isso dá porque em Braga houve alguém que teve a feliz ideia de deixar fugir essa bandeira para penafiel, por isso já ninguém toma café perto da bracalândia. Iremo-nos lembrar do Mesquita Machado não pelas grandes praças mas sim pelos hipermercados e centros comerciais.

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  8. Realmente Braga, no que toca a espaços de convivio e socialibização é uma desgraça se comparada a outras cidades próximas de nós. Faltam locais, praças, largos e explanadas. Mas quanto a mim isso é um sinal dos tempos. A cultura do consumismo, do individualismo e do egoísmo de viver para si é que levaram a isto. Já ninguem, ou muito poucos vão fazer o passeio matinal do domingo de manhã para a Arcada, encontram-se todos nos hipers ou a fazer caminhadas até ao Bom-Jesus. Braga não tem "poisos" interessantes, Braga dispersou-se. Só alguns teimosos bracarenses continuam a encher o Vianna. Mas não arranjemos bodes expiatórios. A culpa é de nós todos e do que fizemos da nossa vida.

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  9. onde fica essa do "predio dos romenos"?

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  10. É uma triste realidade, concordo.
    Eu moro em Nogueiró e o que vejo são dezenas de áreas comerciais e cafésinhas desinteressantes a erguerem-se uns em cima dos outros.
    A falta de espaços verdes é vergonhosa, e aquele monte de pessoas que passeia pela variante que vai do Continente ao Hotel Lamaçães parece adorar o ar deixado pelos carros.
    O Complexo Desportivo da Rodovia é basicamente o único que temos, e as condições são péssimas, os aparelhos de exercício estão destruídos, e comparado ao tamanho da cidade, o espaço é minúsculo.
    O parque radical também já merecia uma renovação, e o Parque da Ponte, que podia ser um espaço muito bom para umas corridinhas e um passeio de barco (como quando eu tinha cerca de 5 anos de idade) está agora completamente abandonado, excepto pelos consumidores de droga.
    É pena, mas é bom saber que há jovens a querer mudar as coisas e a manifestarem-se :)

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  11. A culpa de Braga estar como está não foi única e exclusivamente devida à pessoa do Presidente da Câmera que durante muitos anos esteve à frente da mesma mas também de muitos bracarenses, que votaram durante esses anos seguidos no mesmo sem pensarem uma vez só que caminhariam para um desfecho que hoje está aí bem patente nesta urbe desorganizada.

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