Braga precisa de uma Revolução na Mobilidade. Se dúvidas havia, o simples anúncio da realização de um Estudo de Mobilidade oficializa um problema emergente.
O Estudo de Mobilidade, nos moldes anunciados, levanta-nos algumas perplexidades que urge denunciar. Em primeiro, o facto do estudo estar a cargo de uma das entidades mais responsáveis pela actual situação (os TUB), consubstancia-se como o primeiro entrave à independência que defendemos para tamanho desígnio. Em segundo, o facto de não se conhecerem previamente nem a abrangência nem a natureza do mesmo deixa margem para que muito se possa especular relativamente à natureza dos resultados que se vierem a obter. Em terceiro, a completa ocultação pública quer do Protocolo Experimental que orientará o trabalho quer do nome dos autores do estudo coloca em causa a necessária transparência para um processo que emergiu da sociedade civil. Não admira, portanto, que Pedro Antunes seja peremptório ao afimar que «Braga não vai ter eléctrico tão cedo e a partir de agora toda a discussão política será um mero show-off» e que o Jornal de Notícias faça título dizendo que foi encomendado «o estudo que pode travar o eléctrico».
Mesmo não dando como morto o regresso do eléctrico, urge pensar formas complementares para lidar com a crescente ineficácia dos sistemas de mobilidade interna na cidade de Braga. A bicicleta, tal como já foi avançado em inúmeros comentários, poderá ser a solução alternativa/complementar. Enquanto o Eléctrico não chega, é essencial corrigir os erros de construção da «espécie de Ciclovia» que temos, alargar os espaços e as vias reservadas a este meio de transporte, instalar um sistema que permita facilitar o acesso a centros de manutenção e criar zonas de aparcamento seguro. Adicionalmente, importa implementar um sistema de aluguer/empréstimo de bicicletas.
É caso para dizer: quem não tem Eléctrico anda de Bicicleta!
e Pimba! na mouche. É que além disso, o uso e implementação das bicicletas depende só de nós e de cada um.
ResponderEliminarE se eu em Barcelos já a utilizo, qualquer dia meto-a no comboio e ando com ela em Braga!
Claro que a generalização do uso da bicicleta depende de todos nós, mas também há medidas políticas que podem e devem ser tomadas para que essa utilização seja feita em segurança e conforto.
ResponderEliminarOs TUB também podiam regulamentar e oferecer condições para o transporte da bicicleta para quem mora mais afastado da cidades. É que se vou de bicicleta para a cidade, após alguns sobes e desces, chego a esta todo transpirado, que pareço mais um chafariz.
ResponderEliminarlaudette:
ResponderEliminarjá sabes muito bem que em braga arriscas-te a levar com um carro...
e por falar nisso, ainda não me ensinaste!!
sim.. EU NÃO SEI ANDAR DE BICICLETA.
em relação ao assunto, o mais engraçado é que a ver fotos dos anos 70, descobri que desde o apeadeiro de ferreiros, passando pela grundig, e até à rotunda Santos da Cunha, Braga já teve uma ciclovia...
acho quer é urgente implementar ciclovias a sério, não como a do Carrefour..
tirando a área pedonal, não há onde andar de bicla. e convenhamos, Braga não é a Covilhã ou o Porto, cheia de altos e baixos, que impossibilita a mobilidade em duas rodas.
E quando morei em Aveiro, consegiu ver que uma simples atitude diferente por parte das entidades municipais muda os hábitos dos cidadãos.
Braga sempre foi um mau exemplo no que respeita ao uso dos transportes públicos.
ResponderEliminarO uso da bicicleta de uma forma regular por parte dos bracarenses ainda vai demorar 3 ou 4 gerações.
Num país da cauda da europa é constrangedor observar-se o parque automóvel de uma qualquer universidade do país. O da UM é, talvez, ainda mais ridículo e caricato. Braga, em geral, é um exemplo máximo de provincianismo e ignorância acerca das verdadeiras prioridades.
Aos 14/15 anos a juventude bracarense queria ter moto: as DT, PXR, NSR, etc que tanto sucesso faziam no liceu. Todos queriam ter e muitos tinham, os outros (que não tinham) queriam ser como eles. Os que tinham motinha eram as figuras mais populares do liceu. Como os filhos do actual Presidente da CMB cujo os filhos iam de moto para o liceu, até antes de terem carta. Como muitos outros iam também. Andar de autocarro não era "queque" e quem ia de autocarro para o liceu era olhado de lado pelos outros. De bicicleta, então, quase nenhum se atrevia.
Aos 18 anos, os que tinha moto e outros que até não tinham, queriam um carro. Muitos tiveram como primeiro carro um BMW ou Mercedes ou mais "modesto" Golf. Os pais, da geração dos que enriqueceram facilmente sem se saber bem como, queriam dar aos filhos tudo aquilo que não tiveram. Muitos pais trabalharam décadas nas obras ou na fábrica, souberam o que a "vida custou" mas não transmitiram isso aos seus filhos.
Mesmo os pais que não tinham possibilidades, muitos endividavam-se para dar um carro aos filhos pois o filho do "Zé" andava de BM e o sobrinho do "Tone" tinha um AUDI. Os que não conseguiam mesmo ter um carro morriam de inveja e o objectivo de vida passou a ser "ter dinheiro para comprar um BMW". Eram essas as prioridades como ainda são para muitos. A utilidade do carro seria, entre outros, para ir de casa para o café que ficava a 15 minutos a pé, estaciona-se em segunda fila para todas as meninas ou meninos observarem a chegada e a partida. É uma realidade ainda bastante frequente em Braga.
O dinheiro era, ou ainda é, para a mota e para o carro. Educação, formação, estudos, contacto com outras realidades e países nunca foi a prioridade. Quando se viaja de férias será para o Sul de Espanha, Nordeste do Brasil, Cuba, República Dominicana e agora a neve tão popular nesse grupo de gente. Ir a Londres, NY, Estocolmo, Amesterdão, Berlin não faz sentido pois são cidades chatas e não se entende nada do que os tipos falam, além de que não há paciência para museus.
Estes conceitos ainda estão enraizados na cultura de muitos bracarenses (e portugueses também). São incapazes de entender como na Holanda, sendo muito mais ricos, vai tudo de bicicleta para a universidade ou os executivos suecos de grandes empresas que andam felizes da vida num VW Polo ou num Clio ou, em muitos casos, que dispensem o carro e andem de transportes públicos. Não dá para entender...
Caso chamemos um austríaco ou norueguês para visitar Braga, ele vai achar que os portugueses são muito ricos. Muitos pais pagam quase tudo aos filhos e a quantidade de BMW na Universidade do Minho faz parecer o Beverly Hills 90210. No entanto, ele rapidamente vai entender que será algo bem distante da realidade que ele inicialmente percepcionou. Andar de bicicleta é saudável e é bastante mais compensador investir em educação, línguas, viagens, arte do que futilidades como um carro, calças Diesel, camisas Ralph Lauren ou tenis Prada. Irá entender que esses portugueses além de, em muitos casos, serem na realidade pobres financeiramente também o são "de espírito"
Talvez a nova geração bracarense esteja um pouco mais evoluída mas muitos conceitos das gerações imediatamente anteriores ainda ficaram.
A bicicleta como um meio de transporte massificado para os bracarenses ainda vai demorar. Já seria muito bom que muitos deixassem os carros em casa e andassem de autocarro. No entanto, alguns, cresceram a pensar que não é "queque" andar de autocarro é mais "prático" ir de carro nem que seja para percorrer uma avenida.
Os que deveriam ser "responsáveis" deveriam dar o exemplo. O Presidente da Câmara em vez de andar com o Mercedes da empresa que dizem ser sócio, deveria muitas vezes dar o exemplo e utilizar o autocarro. Deveria incentivar a juventude a utilizar os transportes públicos para irem para a escola, em vez de ter dado motos aos filhos.
Braga precisa urgentemente de mudar as mentalidades de muitos dos seus cidadãos. Acredito que uma nova vaga estará a surgir e que vai fazer de Braga um lugar menos provinciano e mais aberto ao Mundo. Só que isso não será em 2 dias, vai demorar bastante ainda...
errico:
ResponderEliminartive um colega de trabalho que ficou espantado quando foi aqui ao lado, a Salamnca..
disse-me: "epah, lá os espanhóis têm todos carritos como o teu..."
Ele andava de Volvo. Eu ainda ando com um utilitário de 99. que irá durar até 2012, pelo menos. e que uso porque de minha casa à cidade, de carro são 5 minutos. de BUS, são 35 de viagem, mais as esperas de 40 minutos.
pnf e césar gomes,
ResponderEliminarclaro que têm razão. Mas!... a haver todas as comodidades para transportes de duas rodas não motorizados será que, mesmo assim, o povo se mobilizava?
Errico faz uma apreciação correcta da realidade social bracarense.
ResponderEliminarTalvez nos dias de hoje já não se note tanto o exibicionismo "bacoco" dos "novos ricos" como antigamente, porque estará mais diluído na população; nota-se mais, por exemplo, nos casamentos jet-set na Sé, onde os acompanhantes "metem" à força os mercedes e bm´s na rua destinada a peões, porque assim têm uma espécie de "passerelle" para poderem exibir as "máquinas" topo de gama que estão a ser pagas em leasing, desde que os credores das suas empresas falidas não estejam por perto.
Portugal (no Baixo Minho sobretudo) deve ser o país europeu que tem mais mercedes, BMW, jeeps, roadstar, vivendas de luxo, por metro quadrado; também deve ser dos países europeus que menos produz, de salários mais baixos, de mais cães abandonados nas ruas, de mais pessoas sem-abrigo.
Na minha opinião penso que Braga e as suas populações têm que mudar as suas mentalidades pois não estou a ver, os habitantes de maximinos a irem para a Avenida Central de bicicleta trabalhar, nem há condições para isso pois estava se no risco de haver acidentes.
ResponderEliminarVisitem o meu blog:
http:wwwbragablog.blogspot.com
Grande comentário do errico!Este não engana, ele cresceu mesmo em Braga.:-)O que ele escreveu é a mentalidade de grande parte da cidade de Braga em relação ao assunto dos transportes, está descrita na perfeição. Esta mentalidade não explica só a questão dos transportes como explica muitas outras situações da nossa cidade. Precisamos de mudar as cabeças desta gente pacóvia.
ResponderEliminarGrande comentário do Errico. Mas como toda a gente sabe para que se ponham as bicicletas na cidade tem que se proporcionar condições. Sinceramente, não acho que a ciclovia seja assim tão má, já vi muitas piores onde as pessoas as usavam com frequência. A execução de mais ciclovias com potencias turísticos é imperial. Como já falei no mesa da ciência, a ligação da ciclovia de Lamaçães a uma hipotética ciclovia nas margens do Rio Este (obviamente, limpo) é o próximo passo. Daí podem-se fazer pequenos ramos para as Escolas Carlos Amarante, Dona Maria e Alberto Sampaio. Além de que seria fenomenal ter uma rede de trilhos para bicicletas por todo o minho, para fomentar o turismo ecológico!
ResponderEliminarEu vou todos os dias de bicicleta para a Universidade. Não gasto dinheiro na gasolina, falço exercício e chego à Universidade acordado! 3 em 1!
Se excluirmos o Bom Jesus e os outros montes, até que dá bem para andar de bicicleta.
ResponderEliminarque se lixe o TUB...
É uma preocupação legítima, a da possível imparcialidade. Mas estás a partir do princípio que essa imparcialidade irá ser contra o eléctricos e outras eventuais formas de transporte. Ora os TUB não se têm de cingir apenas a autocarros. Podem até ser imparciais no sentido de "aprovar" os eléctricos e outros meios de transporte numa escala desnecessária, de forma a sugarem mais €.
ResponderEliminarDe qualquer forma, parece-me que, a não ser que se decida que a gestão do eléctrico deve ser privatizado e completamente independente do Estado (e a primeira não implica a segunda), a competência dessa gestão irá para os TUB.
«O uso da bicicleta de uma forma regular por parte dos bracarenses ainda vai demorar 3 ou 4 gerações.»
ResponderEliminarA bicicleta é muito bonita numa cidade plana e que não seja a recordista de precipitação em Portugal continental.
É vergonhoso o que se passa em Portugal, e Braga não foge à regra, no que concerne aos transportes amigos do ambiente. As ciclovias que deviam ser prioritárias são em todas as cidades portuguesas practicamente inexistentes. Estive na Páscoa passada em Sevilha que tem mais de 50km de ciclovias só dentro da cidade, e além disso estão já a inaugurar uma linha de metro ligeiro.
ResponderEliminarPorque esperamos nós, que somos um país de tesos para seguir as boas practicas que se fazem lá fora.
É tempo pois de marcar a diferença e Braga tem em Portugal condições excepcionais para ter uma rede de carros eléctricos complementados com ciclovias. É normal nas cidades do norte da Europa ver carros eléctricos que no percurso normal empurrem engatados uma espécie de carros em cima dos carris, exclusivamente destinados ao transporte das bicicletas dos passageiros. Assim as pessoas que percorrem longas distâncias da periferia para o centro, uma vez aí podem depois deslocarem-se de bicicleta.
Aqui em Colonia toda a gente anda de bicicleta e falo desde o trabalhador da obra X ao director financeiro Y ... A verdade e' que todas as vias tem passeio e ciclovia mas tambem a mentalidade e' diferente e as pessoas chegam ao ponto de transportarem os filhos para a escola em cadeiras adaptadas as bicicletas o que mostra o papel da bicicleta no seu quotidiano!!
ResponderEliminar"«O uso da bicicleta de uma forma regular por parte dos bracarenses ainda vai demorar 3 ou 4 gerações.»
ResponderEliminarA bicicleta é muito bonita numa cidade plana e que não seja a recordista de precipitação em Portugal continental."
Morei 8 anos na Escócia e neste momento vivo no centro de Inglaterra, onde não falta chuva... e ciclistas!
Excelente errico! Eu a pensar que estava sozinha em Braga! É exactamente assim que eu vejo as coisas. Precisamos de agitar esta cidade e mudar as mentalidades. Continuem!
ResponderEliminarClaudette Guevara,
ResponderEliminarO povo, na maioria, muito provavelmente não aderia. Mas se existi-se um forte campanha, penso que parte, um quarto da população já ficava satisfeito, aderia. Se nós fizermos as contas no que gastamos em combustível todos os dias para deslocações banais facilmente optaríamos pela bicicleta.
Uma maneira de mudar as mentalidades aos provincianos é mostrar que andar de bicicleta é fixe. Na terra dos lobos uiva-se como eles!