
Mas fica mais esforçado o raciocínio porque forçada também a fechadura do meu velho carro de 88, porta aberta no trinque, visse eu o interior da viatura removida, guarda-luvas (facilmente) arrombado e papelada no lugar do morto. Alguém me tinha assaltado o carro e procurado pertences que não os dele. Verificado o conteúdo: inúmeros recibos de 4 euros e 70 da portagem até ao Nó de Basto (uma roubalheira diga-se), papelada de seguro, cassetes, o rádio para as mesmas e o livrete. Tudo lá. Quem quer que fosse não levou nada e até devia ter tido pena, nem as cassetes do Júlio Iglésias herdadas me levaram. Quase que esperei uma nota de 5 e um bilhete para ir comer qualquer coisa.
O tamanho de importância do tema, para lá da caricatura, é clarificador de que o crime neste país é quase de topo de gama: ou vai em dinheiro ou em dispositivos eletrónicos de última geração. Tão pouco Valentim os convence da vantagem de um micro-ondas.... Tirando o crime de grande envoltura, de sociedade com grandes diferenças, complexo e aracnóide como burocracia russa, o crime de pequeno delito da zona envolvente à Universidade do Minho é pelo telemóvel e pela Zara, pelo mp3, o chantilly nos morangos e, neste modernismo das aparências, parece mais importante que a fome. E face a preços europeus, em salsichas e indumentária da que se tem de mostrar aos outros, o caminho é roubar ou herdar. Mais que a canalhada, o modelo social português e este sistema educativo, que não qualifica nem incute uma cultura de responsabilidade, precisam de um valente puxão de orelhas, antes que mais viaturas de 80 sejam conspurcadas em vão.
Mais uma boa reflexão.
ResponderEliminarBom domingo.