Correia de Campos esteve em Braga onde fez um extenso elogio ao curso de Medicina da Universidade do Minho. No entanto, a mensagem que passou para a opinião pública foi a de que Correia de Campos pretende aumentar para 2.000 as vagas de ingresso no curso de Medicina. Esta afirmação não é mais que um emético desfile de eleitoralismo fácil, trágico e provinciano.
1. O Ministro sabe que não há falta de médicos, a não ser que esteja necessitado de uma urgente reciclagem de conhecimentos estatísticos, demográficos e matemáticos. A falta de médicos a que alude está por demonstrar e a média de clínicos por habitante em Portugal é superior à media europeia.
2. A ideia é simpática para a população. Por um lado, toda a gente tem um primo, um filho, um neto, um vizinho de que gosta tanto que quer ser médico. Por outro, a turba portuguesa tem um certo regozijo em ver médicos no desemprego.
3. Correia de Campos fez um anúncio sem senso, sem planeamento, sem análise nem estudos que o justifiquem. Disse 2.000 como podia ter dito 3, 4 ou 5 mil. O que interessa é deixar no povo a ideia de que o mercado vai ser inundado de médicos, formados a todo o custo e nas condições que for (im)possível.
4. Correia de Campos não explicou como vai conseguir formação pós-graduada para os mestres em Medicina. É que, convém não esquecer, que quem tem canudo não pode exercer porque precisa de frequentar uma formação pós-graduada denominada Internato Médico e as capacidades formativas do Serviço Nacional de Saúde há muito foram ultrapassadas.
5. A demagogia vai ao ponto de pessoas como Vital Moreira repetirem com indecente descaramento que «milhares de candidatos que não puderam cursar a Medicina nem escolher livremente a sua profissão». Não se importa Vital Moreira de exigir uma vaga para o brilhante aluno de 15 valores que não entrou em Arquitectura ou para o brilhante estudante de 13 que não pode ser jornalista? Ou então exija uma vaga para a especialidade que eu quero. O princípio é o mesmo. Mas os princípios de Vital Moreira, está claro, serão a la carte.
6. Não venham com acusações de corporativismo. Tragam dados para a discussão. Quantos serviços fecharam por falta de médicos? Quantos médicos vai absorver o Serviço Nacional de Saúde nos próximos anos? Onde se vai buscar financiamento para pagar tanto médico?
Perante isto, a única conclusão que se poderá tirar é que o discurso da qualidade não foi mais que retórica. Correia de Campos não quer saber da qualidade. Fica claro que se prepara para criar cursos de Medicina sem hospitais de referência na retaguarda. Fica claro que se prepara para inundar as faculdades existentes com alunos fazendo perigar seriamente a qualidade do ensino. Fica claro que Correia de Campos vai hipotecar a qualidade da formação, mas daqui a uns anos ninguém se lembrará do Ministro que arruínou a formação médica em Portugal. A turba estará mais deleitada com o médico lá da rua que afinal também está sem emprego...
A declaração de Correia de Campos não me surpreendeu. Já a tinha antecipado neste texto. Sugiro a leitura de Medicina por Horácio Azevedo e de Estupidez, não há outra palavra por Bruno Gonçalves.
E os jornais dão voz ao “sentimento” popular… O ministro da Saúde, que tem uma colecção impressionante de “más notas” nas avaliações dos “media”, leva um “a subir” na última página do Público de hoje! Afinal também há jornalistas que sonham em ser médicos, em ter filhos médicos… Viva!
ResponderEliminarMuito bem, Pedro!
ResponderEliminarEu nunca ouvi um argumento lógico a justificar este aumento do número de médicos.
É aumentar porque sim... Inadmissível.
Em relação ao nº de médicos existentes desconheço, mas a verdade é que se vão buscar ao país vizinho. Acredito que o nº existente é o sufuciente, mas, em clinica geral há ou pelo menos havia á alguns anos insuficiência, sem falar no interios do país.
ResponderEliminarSem relação com este post, numa entrevista dada também pelo ministro da saúde, ao JN, á uns dias atrás, quer implementar un regime de part-time, em que os médicos trabalham de manhã nos hospitais, podendo de tarde dar consultas nos seus consultórios, acho isto uma perfeita estúpidez.
(perdoem-me a expressão)
Não condeno quem tem consutórios próprios, mas não concordo com esta medida/opinião do sr ministro.
ps:desculpem o tamanho do comentário.
ass:daniel
Pedro, desculpe lá, mas apenas os médicos defendem estas posições.
ResponderEliminarE não lhe ficam bem afirmações como «a turba portuguesa tem um certo regozijo em ver».
Parabéns pelo fim de curso. Um abraço.
Caro Mário,
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário.
Gostava de ver justificada a falta de médicos. Ainda ninguém o fez cabalmente.
É evidente que há alguma demagogia neste discurso. É evidente que há coorporativismo. E os dados que interessam para o problema é a dificuldade em ter médicos no interior e em certas especialidades. Eu concordo que o estado não pode obrigar um médico a optar por uma especialidade que não quer, como também concordo que ninguém pode ser obrigado a ir trabalhar para não deseja. Mas se o estado não pode obrigar também não pode ficar refém. Em nenhuma profissão se formam apenas para as necessidades. Até concordo consigo que o estado se preocupe em regulamentar todas as ofertas, mas não pelas suas razões. E nunca apenas numa profissão.
ResponderEliminarJá agora, qual é a sua opinião sobre a formação de professores? É que existem algumas semelhanças no acesso à carreira. Sabe quanto ganha um professor em estagio?
Pedro,
ResponderEliminarmoro em S. Vicente - Braga, logo o "meu" Centro de Saúde fica na área urbana da 3ª cidade do país, que, claramente, não é uma zona afectada pela desertificação e onde aparentemente não há falta de médicos. No entanto eu não consigo ter médico de família!
"a turba portuguesa tem um certo regozijo em ver médicos no desemprego"
A turba portuguesa gosta tanto de ver médicos no desemprego como qualquer outro profissional.
"Quantos médicos vai absorver o Serviço Nacional de Saúde nos próximos anos?"
O Ministro da Saúde disse que o adicional de médicos é para ser absorvido pelo SNS?
"É que, convém não esquecer, que quem tem canudo não pode exercer porque precisa de frequentar uma formação pós-graduada denominada Internato Médico"
E o que faz a Ordem dos Médicos, enquanto representante da classe para alterar esta necessidade?
Caro anónimo (12.16),
ResponderEliminarUm professor em estágio ganha o mesmo que eu ganhei no meu estágio: nada.
Caro João Silva,
Lamento que não tenha médico de família e luto para que esta situação se resolva e que todos os portugueses possam ter um médico de família. Isso consegue-se com investimento nos cuidados de saúde primários e não inundando o sistema com um excesso de médicos.
A Ordem dos Médicos não é responsável pelo Internato. Quem define as capacidades formativas são os hospitais e o Ministério da Saúde. A Ordem apenas atesta a idoneidade dos serviços.
1. E depois? As necessidades portuguesas têm de ser aferidas através das necessidades europeias?
ResponderEliminar2. Parece-me difícil ver um médico no desemprego. Um médico não precisa de entidade empregadora: abre um consultório e pronto. Claro que se calhar os salários médios vão descer, mas é a lei da vida. Que também devia valer para os médicos.
3. Pois é. M as números que a Ordem dos Médicos defende não são nada arbitrários, disso tenho certeza. E não estou a ser irónico.
4. Acho que os alunos saberão encontrar formação pós-graduada. Se precisarem, claro.
5. É uma das incongruências do camarada Vital. Mas por isso terá de responder ele.
6. O Pedro está confuso. Não é preciso financiamento para pagar «tanto médico». Os salários dos médicos tenderão a descer como resultado da lei da oferta e da procura. Quanto ao Corporativismo, bom, temos opiniões diferentes. O Pedro está a pensar que vão ter todos de ir para o SNS, quando é óbvio que muitos exercerão a profissão no sector privado.
No ponto 6. o Pedro pede dados. Pois eu dou-lhe os dados. Dou-lhe os recibos das minhas despesas de saúde dos últimos anos. Um número pornográfico. Que não desce porque temos uma Ordem que limita o número de médicos e que inunda o sector de restrições à entrada. Se são dados deste tipo, penso que há mais alguns milhões de portugueses com dados semelhantes.
um abraço,
hernani lopes
Pedro, a melhor demonstração da falta de médicos é a realidade: basta ir à urgência de um hospital qualquer - espanhóis, ucranianos, guineeenses, cubanos, italianos, russos, brasileiros...
ResponderEliminarAinda que não conheça bem o seu curso, permita-me uma pequena correcção. O que fez até agora foram práticas, como existem em alguns cursos de formação de professores. O estágio de um professor será semelhante ao internato. Um professor em estágio dá aulas como um médico pratica medicina. Não quero com isto comparar ou confrontar os dois profissionais. Até porque defendo que a respeitabilidade das pessoas não é em função da sua renumeração.
ResponderEliminarAceito que a especialização de uns é muito diferente da dos outros. Aceito que uma formação é muito mais onerosa para o estado. Só que cuidado com esta linha de argumentação. É que os que argumenta que formar um médico é muito caro, que o estado deve gerir melhor os recursos, que um médico no final do internato não pode ficar desempregado porque o estado investiu muito nele, etc., um dia recebem como resposta que então tal como os pilotos da Força Aérea deviam ser obrigados a um período de contrato mínimo com o estado. Período em que o estado os coloca onde quer. O que me chateia nesta polémica é ter a sensação que o que apenas criar condições para negociar com vantagem. Esta é a técnica deste governo. Tenho um amigo que defende que Sócrates se comporta como os grandes predadores que caçam em grupo. Criam agitação na manada, isolam as presas e caçam. Esta polémica é a agitação e o isolamento. Já fez assim com as farmácias, justiça, professores, função pública, etc,...
A verdade, é que este debate de vagas não interessa ao ministro. Ao ministro apenas interessa o ruído do debate.
O Pedro tem o direito a defender-se enquanto médico, mas deve perceber que mesmo as questões corporativas devem ser defendidas com um mínimo de justiça social. Entende que o estado deve ser regulamentador. Tudo bem. Só que deve defender sempre, não apenas quando lhe tocam de perto. Na "turba" há muitos desempregados que se irritam com a defesa de simples privilégios.
Todo este debate sofre até de um problema: não considera a questão da mobilidade. Com Bolonha o reconhecimento das formações alarga muito este debate. O nosso território já não será apenas Portugal, mas a nossa concorrência também não será apenas a formada nas universidades portuguesas. Não sei como será feito mas no futuro como impedir que um espanhol concorra ao internato em Portugal? E um português não poderá fazer o internato na Alemanha?
É pá... isto não era um Blog sobre temas relacionados com Braga e o Minho ou enganei-me ma morada??
ResponderEliminarParece mais um blog sobre saúde e as suas saídas profissionais...
Este sítio está a perder qualidades...
Caro anónimo (13.57)
ResponderEliminarEste blog é, desde o seu princípio, um espaço de debate sobre os mais variados assuntos, com forte incidência nos temas que interessam ao Minho.
Aos restantes responderei mais logo de forma completa.
O anónimo das 13.53 escreveu: "O que fez até agora foram práticas, como existem em alguns cursos de formação de professores. O estágio de um professor será semelhante ao internato. Um professor em estágio dá aulas como um médico pratica medicina."
ResponderEliminarExistem algumas diferenças. Em primeiro lugar, o estágio de um professor decorre, na maioria dos cursos, no 5º ano da licenciatura, isto é, enquanto estudante. Era a isso que o Pedro Morgado se referia: tal como não pagam aos alunos de cursos de ensino durante a sua licenciatura, também não pagam aos estudantes de medicina, durante o seu estágio de 6ºano (20 horas semanais na Universidade do Minho). Além disso, convém realçar que os futuros professores já não são remunerados mas também já não têm um horário "completo" como sucedia antigamente. Uma amiga minha, que estuda na Universidade de Aveiro, está neste momento a fazer o seu estágio como futura professora de matémática, e vai leccionar apenas 12 aulas durante todo o ano lectivo. No restante estágio, assiste às aulas da sua orientadora e colegas.
Assim, tal como um licenciado num curso de ensino é remunerado pelo seu trabalho quando consegue colocação numa escola, também os licenciados em medicina o são durante o internato do ano comum.
O curso de medicina não pode ser diferente dos restantes curso de ensino superior. Não se pode refugiar nem rácio de médico/ utente para justificar um excesso de vagas para este tipo de curso. O número pode ser suficiente, eu duvido, mas este facto não pode condicionar o acesso das pessoas ao curso. Em caso de excesso o mercado funciona por si, filtrando os melhores, ficado os que tem menos competências sujeitos a outro tipo de funções ao mesmo desemprego, como na generalidade das profissões.
ResponderEliminarPara mim, é claro como água, que a medicina deveria ser liberalizada, podendo ser leccionada até por privados mediante requisitos de qualidade, permitindo pessoas com vocação (com notas mais baixas) aceder a esta licenciatura (na maioria com notas exageradas com pouquíssima vocação para este tipo de trabalho), melhorando os serviços prestados, ficando os utentes (clientes) a ganhar com esta selecção natural do mercado, retirando os maus prestadores de serviços (que são muitos !!!).
Mas olha que não me parece nada mal, e creio ser esse o sistema noutros países, deixar entrar quem queira no primeiro ano e fazer a verdadeira selecção nos primeiros anos do curso, ou no primeiro vá.. Seleccionar quem pode ou não ser médico pelas notas do secundário parece-me não ser a selecção mais justa.
ResponderEliminarNão entendo como alguém que, pelo que entendi, terminou agora o curso de medicina e já venha com argumentos próprios de um "sindicalista da classe". Ainda nem exerceu a profissão e já está preocupado que se aumente o número de "concorrentes". Acho bastante estranho e com essa motivação não me parece que o foco esteja na SUA carreira.
ResponderEliminarCaso seja um bom profissional e honesto, poderá ter a certeza que terá grandes probabilidades de ter sempre o seu lugar. Independentemente de aumentarem o número de médicos em Portugal.
Como advogado, não me preocupa minimamente que aumentem o número de licenciados em direito e futuros advogados. Conheço vários no desemprego, outros que tiveram que seguir um novo rumo por falta de oportunidades. No entanto, essa é a lei do mercado que se guia por questões como a competência e até a sorte.
Por que com os médicos terá que ser diferente? Nunca vi um médico desempregado, quando um médico é despedido a notícia vem no jornal. Independenetmente de mostrar competência um médico terá um lugar de trabalho assegurado, à partida.
Em qualquer Hospital Público encontro médicos estrangeiros, muita gente não consegue médico de família, a lista de espera em hospitais é infindável, etc Algo de errado se passa...será que há mesmo médicos suficientes em Portugal?
Médicos são profissionais. Têm uma entidade empregadora e fazem parte do mesmo mercado onde actuam os outros portugueses. Não pode ser considerado um "caso á parte"
E quem diz medicina, diz outro curso qualquer.. 1 ano à experiência era capaz de tornar a selecção mais justa e permitir os alunos escolherem melhor o que querem. Tanto mais se se criassem primeiros anos comuns a vários cursos da mesma área.. p.ex, Saúde, Ciências, Letras, por aí..
ResponderEliminarcaro e.monteiro,
ResponderEliminarem que dados fundamenta o facto de a maioria dos alunos de medicina não terem vocação para ser médicos???
Também gostaria de saber em que ponto é que a formação médica por parte de privados iria permitir a entrada de mais pessoas com vocação???? é que fazendo as contas aos enormes custos de uma formação médica de qualidade por aluno e somando-lhe o lucro da universidade privada (sim, porque estas não existem por amor à camisola) a licenciatura ficaria por um preço exorbitante para a carteira de aqui sim, uma grande maioria dos portugueses. Era criando uma oportunidade acessível a uma minoria das minorias dos portugueses que se garantia pessoas com mais vocação na área?
Não me parece o caminho a trilhar
caro vitor b, tirando o exemplo do minho, onde tive felizmente a oportunidade de me formar não conheço nenhuma faculdade de medicina clássica em que os seus alunos tenham contacto com doentes.
ResponderEliminarAssim, se toda a gente entrasse estaria-se igualmente a seleccionar os alunos pela nota apenas que em vez de ser pela nota de secundário e exame seria pela nota de anatomia, fisiologia, histologia, etc... se acha que assim se seleccionaria médicos mais vocacionados....
Também me pergunto se seria possível compatibilizar os primeiros anos nas cadeiras e exigências necessárias com outros cursos de saúde já que a disparidade de anos, tipo e direcção de ensino mesmo dentro de cadeiras semelhantes seria dificil tal a disparidade de diferença entre os múltiplos e variados cursos (há cursos de 4,5 e 6 anos, há cursos mais vocacionados para a prática outros para a teoria,etc...)
Mas precisamente beg, não lhe parece mais justo seleccionar os alunos pelas notas em anatomia, fisiologia, histologia.. em vez de matemática, filosofia ou português? Servindo essas para antes para a selecção para o tal primeiro ano?
ResponderEliminarCaro Pedro,
ResponderEliminarO teu discurso pode incluir algum tipo de corporativismo, o que, aliás, é natural e saudável. Mas não deixo de concordar com muitos aspectos que referes. Se em Portugal houve e continua a haver erros cometidos em diversas áreas do conhecimento, não podemos fazer o mesmo em relação a situações que estão bem.
Não tenho conhecimentos suficientes para corroborar ou contrariar a afirmação que há falta de médicos em Portugal. Mas a solução não é bombardear o mercado com médicos.
O desemprego nos licenciados é brutal, e não é desejável que aumente. O mercado deve ditar as vagas no ensino superior, e não os gabinetes de Lisboa. A Irlanda apostou numa política de numerus clausus no ensino superior, onde quem ditava as regras era o mercado. E Portugal deveria seguir o mesmo caminho.
Caro beg
ResponderEliminarÉ com é com fácil constatação que uma boa parte das pessoas formadas na licenciatura de medicina prestam maus serviços á comunidade. Não lhe posso fornecer dados precisos porque não os possuo. Mas no entanto, com utilizador e frequentador do SNS, constatei varias vezes em diversos hospitais e centros de saúde o fraco rendimento (em conhecimentos, atendimento ao publico e humanidade), estes três factores são diferenciadores quando se compara com médicos formados em outros países.
Mas como deve ter visto, o meu comentário não se focaliza no profissionalismo nem no ensino privado, focaliza-se sim a liberalização deste curso de ensino superior, aumentado o números de formados, que por sua vez aumentaria a concorrência através da dinâmica de mercado, melhorando os serviços prestados.
Só não vê esta realidade quem tem pavor á mudança, que é tão característica dos interesses instalados ou dos “velhos do Restelo” que atrasam constantemente o nosso país.
Há que contentar as massas!
ResponderEliminardesculpa lá,mas pelas opinioes politicas ja demonstradas, deves concordar com uma ausencia maior do estado, e, acima de tudo, com um estado nao regulador.
ResponderEliminarcomo tal, a tua profissao deverá ser tratada como qualquer outra, isto é, ao abrigo das leis de mercado. e voces, senhores doutores, tem de se ver com a oferta e a procura no mercado de trabalho
se quiseres, faz queixa à ordem, mas não tem de ser nem as universidades nem o estado o garante e depositario de todos os medicos que se querem formar no país.
e olha que fazer queixa à ordem resulta, porque a ordem dos medicos ainda manda na saúde em portugal.
o CEJ é um bom exemplo, quem se quiser formar em direito, está à vntade. juízes é que só o estado os emprega, daí a dificuldade de acesso ao curso.
em medicina, podem sempre optar por alguma especialidade apenas dada por instituições privadas, e exercer em hospitais privados. e se houver medicos a mais, meu caro, ficam os melhores.
ou quem tem cunha.
isto de perder protecções é chato, mas toca a todos.
ena, ena, um post "para o barulho".
ResponderEliminarvou então deixar o meu comentário, breve, em 6 pontinhos:
1. média de clínicos por habitante em Portugal é superior à media europeia.
não sei. sei que muitos médicos estrangeiros vêm para portugal, e raros são os portugueses que partem. talvez porque sejamos mais caseirinhos e gostemos de receber as pessoas.
2. a turba portuguesa tem um certo regozijo em ver médicos no desemprego.
sim, sim, claro que gosta. o facto de dizer que quase todos queriam ter alguém conhecido como médico denota uma certa presunção, não lhe parece? estilo "ai que nós somos tão bons, olhem para a ralé, todos a quererem ser como nós". tem dados que comprovem que a população portuguesa em geral queira ver os seus filhos como médicos? ou não lhe parece que querem ver os filhos como médicos apenas porque ainda é o único feudo da sociedade (a par das funerárias) que tem sempre negócio garantido?
3 e 4. não tenho dados para me pronunciar.
5. A demagogia vai ao ponto de pessoas como Vital Moreira repetirem com indecente descaramento que «milhares de candidatos que não puderam cursar a Medicina nem escolher livremente a sua profissão».
é verdade. mas se a média para arquitectura fosse de 15, e de jornalismo de 13 (que não são; no porto andam por volta dos 18 e 16, respectivamente), então entrariam muitos mais alunos. a média de entrada corresponde à do último aluno a preencher a vaga. obviamente que a média baixa de acordo com a abertura de vagas. e abertura de vagas é bom, seja para que curso ou faculdade for (explico adiante)
6. Não venham com acusações de corporativismo.
não sou ninguém para o acusar de nada. mas esta atitude de defesa cega da sua carreira não lhe está a permitir ver o assunto do ponto de vista dos doentes. que no fundo, deveriam ser os chefes do seu trabalho.
Suma:
continuo a achar que era bom haver mais pessoas formadas em medicina. que até poderiam vir a não exercer. como acontece com direito ou letras ou outra área qualquer. haver mais alunos significa que o mercado vai ter mais oferta de profissionais e mais possibilidade de escolha. por outro lado, haver mais alunos representa a vitalidade de uma universidade. a sua continuidade, a possibilidade de investigação e consequentemente de desenvolvimento.
sou de letras e nada me angustia mais do que ver cursos com 10 ou 15 alunos. gostava de ver mais. ver mais pessoas a serem formadas para professores porque é disso que gostam (e olhem que em letras é como em medicina, dos que querem exercer só meia dúzia tem talento...). quero porque significa que nunca haverá falta de profissionais. que haverá bons profissionais bem qualificados. que não faltarão verbas às faculdades para continuarem a investir em investigação, o seu íntimo motor.
talvez por ver a minha faculdade cada vez mais deserta, talvez por ver que em agosto não há luz na casa de banho por causa dos cortes orçamentais, talvez porque quase todos os centros de investigação andam a contar os cêntimos, talvez por isso ache cada vez mais que sim, alunos são necessários. e sim, para qualquer área.
ihh, ficou enorme! peço desculpa!
ResponderEliminarMuito simples a minha pergunta:
ResponderEliminar- Alguém me apresenta uma razão concreta para justificar o aspecto negativo que eventualmente poderá existir, para a generalidade dos portugueses, caso existam MAIS médicos em Portugal?
Resumindo: Qual o problema de haver mais médicos?
Obrigado.
Caro Pedro, afirmas que não há falta de médicos, que Portugal não está mal na média. Logo a seguir demonstras preocupação por uma possível situação de médicos desempregados.
ResponderEliminarDesde logo, o sector privado tem tanto por onde se expandir que essa é uma situação extremamente improvável. Mas vamos supor que até existiria. Realmente consideras que a existência de médicos desempregados é mau? Se não existem médicos desempregos existe (a) falta de médicos (b) falta de "concorrência" entre os médicos (c) possível falta de motivação pela acomodação às posições garantidas que têm (algo típico à função pública portuguesa). Assim, afirmo com toda a convicção: como cidadão português quero médicos desempregados. É um bom sinal, ao contrário do que possa parecer. Medicina é uma área sensível e haver excesso de médicos e competição por lugares é algo de positivo.
No ponto 5 afirmas: «5. A demagogia vai ao ponto de pessoas como Vital Moreira repetirem com indecente descaramento que «milhares de candidatos que não puderam cursar a Medicina nem escolher livremente a sua profissão».»
Ora acontece que Medicina é uma área demasiado sensível. Ninguém quer um médico que apenas o seja por em certa altura da sua vida ter marrado mais do que alguém. Ser médico, mais do que qualquer outra profissão, requer vocação, requer perfil psicológico, requer capacidade de lidar com pessoas. Em que momento até ao 12º é isto avaliado? E é algo tão ou mais importante do que o saber teórico, o saber académico. Mas claro que, infelizmente, fazer este género de avaliações contradiz o radicalismo absolutamente cego, que transpira o 'numerus clasus' de se pretender ser absoluta e insensivelmente imparcial.
Que não tais avaliações, ou algo semelhante, não se faça logo à entrada, mas mais tarde. Mas para isso é preciso um número mais elevado de vagas. Porventura, um nº mais alargado de saídas profissionais. E lembro-te que noutra área profissional sensível, como o exercício da magistratura, não bastam provas de conhecimento de direito.
Concordo plenamente com o Nuno Gouveia. Não é por o mercado de trabalho estar mal para algumas profissões que vamos querer que isso aconteça com todas. Um dos problemas em Portugal é a mentalidade do "se o meu barco está a ir ao fundo, vocês têm que se afundar comigo também, porque senão são uns priveligiados". Querem o quê? Que aconteça com todas as licenciaturas o que está a acontecer com os professores, que estudam uma data de anos e têm o desemprego como prémio?
ResponderEliminarEm relação às vocações, não percebo porque é que só colocam esse problema em relação à Medicina. Em Arquitectura, por exemplo, também é difícil entrar. Podem dizer "mas existem privadas com Arquitectura". Sim, onde entra quem tem dinheiro, e de certeza que também ficam muitos candidatos a bons arquitectos de fora.
Não será lógico que quem tem vocação para médico e sabe que é preciso ter boas notas para entrar no curso, se esforce mais ao longo do secundário para realizar o seu sonho? As pessoas entram em Medicina por mérito, e se se tentasse encontrar outra forma de seriação (como os tão falados testes vocacionais) só levaria que entrasse quem tem cunhas. E não digam que só quem é marrão e sem competências de comunicação interpessoal é que entra em Medicina. Penso que falo pela maioria dos meus colegas quando digo que a nossa vida no secundário era bem mais sociável do que foi durante o curso, no qual, aí sim, é preciso abdicar de muitos jantares e idas a discotecas.
1. Penso que a Filipa Rodrigues já esclareceu a questão da remuneração dos estágios.
ResponderEliminar2. O modelo do acesso não está em causa quando se discute o número de vagas. Mesmo concordando que o modelo actual não é o melhor mas aumentar as vagas não resolve o problema.
3. Há imensa gente com vocação para Arquitectura que não consegue tirar esse curso e vai para o estrangeiro faze-lo. E daí? O Estado não tem obrigação de garantir a cada pessoa os desejos que gostavam de cumprir.
4. Respondendo ao anónimo (19.35) digo que não há mal nenhum em haver excesso de médicos (a não ser os males do sempre indesejado desemprego). O que combato é a inevitável degradação da qualidade do ensino médico com o aumento desregrado das vagas e o desperdício de recursos porque o estado deveria investir na reforma do Sistema de Saúde as verbas que vai gastar no aumento das vagas.
«As pessoas entram em Medicina por mérito, e se se tentasse encontrar outra forma de seriação (como os tão falados testes vocacionais) só levaria que entrasse quem tem cunhas. E não digam que só quem é marrão e sem competências de comunicação interpessoal é que entra em Medicina. »
ResponderEliminarOkay Filipa, vê então por este prisma. Um finalista de medicina com a melhor média do curso é necessariamente o melhor médico? É que o melhor médico até pode ser o que tem uma média perfeitamente banal... Em nome da imparcialidade, há coisas muito importantes que ficam por avaliar. É que o finalista com melhor média até pode saber tudo e mais alguma coisa, em teoria, mas será ele o melhor finalista a detectar os problemas, terá a melhor perspicácia, será ele o melhor a lidar com pessoas?
Objectivamente (ainda que através de meios altamente subjectivos, ou apenas os possíveis), o aluno com melhor média é o que saberá mais.
Não pode suceder (e acredito que acontecerá na esmagadora maioria das vezes) que um aluno mais banal seja melhor em tais elementos não (ou mal) avaliados?
Da mesma forma que imagino que em Medicina (como em qualquer outro curso) haverá professores que podem não ser tão brilhantes como outros, do ponto de vista académico, teórico, mas a dar aulas, a transmitir conhecimentos (com um discurso mais coerente, menos divagador, mais acessível, mais pedagógico), acabará por ser muito melhor professor, para o aluno, do que um professor que seja estupidamente brilhante.
Caro Pedro,
ResponderEliminarO Estado não tem o dever de garantir vaga num curso de medicina a quem apenas mostrar vocação. Certo.
Mas a obrigatoriedade de garantir acesso é bem diferente da obrigatoriedade de não vedar acesso. Que é o que tem acontecido sistematicamente, com a impossibilidade de abertura de escolas de medicina privadas.
Como vê, nem precisamos de ir pelas vagas. E esta é, de resto, uma solução bem simples. Não se gastam dinheiros públicos e não se degrada a qualidade do Ensino.
Infelizmente, a abertura de escolas privadas de medicina tem vindo a ser consecutivamente atacada pela Ordem dos Médicos. Como é que o Pedro justifica isto? Estão tão preocupados com a qualidade do ensino que nem querem que abram mais faculdades. É medida de precaução?
E por fim: a Ordem é feita de médicos. Os médicos ganham mais se houver poucos médicos. Ou seja, a Ordem tem todos os incentivos e mais alguns para limitar a abertura do sector à concorrência. Curiosamente, é mesmo o que faz: barrar as entradas.
Há duas explicações possíveis. Primeira: a Ordem quer manter salários altos. Segunda: a Ordem quer um Ensino de qualidade. Já sei a resposta do Pedro. Mas, quanto a mim, não sou dado a inocências.
um abraço
Caro Anónimo das 21:50, (curiosamente, isto parece comunicação com autocarros da carris… “Estou à espera do anónimo das 21:50…”)
ResponderEliminarSou licenciado em engenharia há já alguns anos e sei bem quais os benefícios e inconvenientes de ter uma Ordem. Sei bem o quão frustrante é não ser Engenheiro – i.e. ter parte do exercício da minha actividade profissional vedada ao não poder assinar projectos, p.ex. – simplesmente porque a aprovação saiu um ano depois da conclusão do curso, sem efeitos retroactivos. Sei o que é a noção de que nem um Mestrado ou Doutoramento alteram esta situação. No entanto, e aqui reside a maior diferença entre nós, tenho perfeita noção que muito acima do elitismo normalmente associado a Ordens de actividades profissionais está a sua importância intrínseca. A verdade é que sem uma Ordem dos Engenheiros ou uma Ordem dos Médicos não há controlo de qualidade nem regulamentação. E atenção, não é preciso ser clarividente para perceber que o estado não o faz! A questão não reside em dizer quem tem má formação mas sim em garantir quem tem uma formação de qualidade, coerente com tudo aquilo que se espera de um bom profissional. Posso, adicionalmente, garantir-lhe que são raros os casos em que o ensino privado tem níveis aceitáveis de qualidade. Pode justificar-se como quiser, pode pintar esse quadro de cegueira disfarçada de demagogia como lhe aprouver, mas basta olhar para o que se passa no ensino secundário para perceber que talvez seja mais dado a inocências do que admite. Acredita honestamente que o ensino privado se alicerça na qualidade da formação ou na justiça de acesso?
Já agora, apenas para terminar, duas pequenas questões. Por um lado, claro que se trata de vedar acesso, é ridículo pensar que faz sentido abrir a malha da rede só porque todos os peixinhos têm direito a nadar! Peço desculpas pela ironia. Por outro lado, mais uma vez, claro que os salários devem ser altos. Esquecendo a justificação do investimento na formação, que é descabida, a verdade é que, em qualquer actividade mas de forma muito mais abrangente nesta, por razões auto-evidentes, a responsabilidade paga-se. Tem de se pagar!
Beijos, abraços e muitos palhaços
Caro João Oliveira,
ResponderEliminarNão há controlo de qualidade nem de regulamentação? E o que é que o leva a pensar que a Ordem faz esse controlo de qualidade? A Ordem não tem interesse em controlar a qualidade: é-lhe indiferente. Mas tem bastante interesse em restringir o número de médicos. Dá dinheiro.
E se o Ensino Privado tem tanta falta de qualidade, porque é que a Ordem dos médicos tem tanto medo de o deixar entrar no seu ramo? Se formar médicos maus, ninguém os vai querer e a escola privada vai à falência. A sua argumentação faz-me lembrar a dos comerciantes que dizem que as importações chinesas têm de ser paradas para proteger o consumidor de produtos de má categoria.
Por último, as suas questões:
- Não é abrir a malha para todos os peixes poderem nadar. É abrir a malha para que haja mais peixes por onde o pescador possa escolher. Está a ver a diferença?
- Os salários não devem ser altos nem devem deixar de ser. Os salários devem ser aquilo que a procura e a oferta determinam, tal como em qualquer outra actividade. Num mercado livre, o preço de um médico incorpora já o prémio de responsabilidade.
um abraço
Não é a Ordem dos Médicos que decide a abertura ou não dos cursos mas sim o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A Ordem pode escolher reconhecer ou não os cursos existentes, mas o MCTES nunca os deixou existir sequer.
ResponderEliminarA Ordem só controla a idoneidade formativa dos hospitais no internato médico (ou seja, na especialidade). Isto faz sentido porque o internato dá acesso ao respectivo colégio da Ordem.
A questão das vagas serem controladas pela OM também já me causou umas belas gargalhadas ao longo dos anos. Considerando o aumento do numerus clausus na última década (praticamente triplicou), é um argumento fútil e muito pouco fundamentado ou então a Ordem "controla" muito mal.
A metáfora do pescador ter escolha também não funciona muito bem. Eu interpretei o pescador como sendo o responsável pela escolha dos especialistas num hospital ou o paciente que escolhe o seu médico. Este aumento de vagas não vai trazer nenhuma vantagem nem a um, nem a outro. Existindo uma formação pós-graduada obrigatória, ou seja, o Internato Médico, os 2000 não exercerão livremente. O sistema nunca terá capacidade para ter 2000 internos/ano (not in a million years) por isso o pescador (ou a rede) será o exame do Harrison's que faz a seriação. Como este exame é, em bom português, uma treta, não haverá lá grande selecção dos melhores e, como o sistema não consegue absorver mais do que um x número de internos por ano, é lógico assumir que o pescador na metáfora original não terá uma situação muito melhor com 2000/ano do que com 1400/ano (e estou a supor que o sistema tem capacidade para 1400/ano o que duvido muito).
Em relação aos salários, actualmente não são maus de todo no SNS, apesar de muitas pessoas terem a ideia que se recebem verdadeiras fortunas no SNS, o que não corresponde à verdade. Porém, a ideia da oferta e da procura derivaria da ideia que expliquei no parágrafo anterior, por isso suponho que também não haverá muito por onde a aplicar... E, de facto, a responsabilidade tem de ser paga. É muito mais fácil escolher uma especialidade (ou até mesmo mudar de profissão) onde não haja grandes dores de cabeça e ganhar aproximadamente o mesmo. Sinceramente acho que isso não é justo.
Os médicos em Portugal são e sempre foram corporativos, detendo poder excessivo para aquilo que devia ser uma profissão como outra qualquer. É inadmissível o numeros clausus à entrada do curso. As médias de entrada deviam ser mais baixas. Ninguém até agora provou que quem entra com 19 ou 20 seja melhor médico de quem entra com 15 ou 16. Este estado de coisas só possível em Portugal, serve apenas par perpetuar as elites nas profissões mais prestigiadas, onde o estado se absteve de regular. Estudos recentes acerca da origem social da classe médica mostra que em Portugal vem das classes mais elevadas onde os pais tem quase sempre profissões de alto prestigio. Os filhos destas classes estudaram a maioria das vezes em colégios particulares(a média obriga), recorrem na maioria das vezes durante o 3º ciclo e secundário a explicações, e quando a média não chega vão para o estrangeiro. Aqui à alguns anos era o Brasil, agora é a vizinha Espanha. São a classe que mais obstáculos coloca na ascenção social dos não bafejados pela sorte de ter pais ricos.(a meritocracia não é comum na classe médica)a excepção faz a regra.
ResponderEliminarSe a saúde em portugal está doente, uma cota parte pertence a esta classe ultra previligiada que não tem concorrentes, pois o estado não deixa ninguém lá chegar.
Esta situação serve a toda a gente: médicos, farmácias, laboratórios e toda a parafernália das profissõesligadas à área da saúde porque com a saúde não se brinca, e os pobres lá vão enriquecendo aqueles que já são ricos.
«Não é a Ordem dos Médicos que decide a abertura ou não dos cursos mas sim o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A Ordem pode escolher reconhecer ou não os cursos existentes, mas o MCTES nunca os deixou existir sequer.»
ResponderEliminarSim, isso é verdade, mas tem uma razão de ser. Não são feitos exames de acesso, ou pelo menos nos moldes que são feitos noutras ordens profissionais, na ordem dos médicos. É uma questão de controlo de qualidade. O correcto é ser o ministério a fazer ou a zelar por essa qualidade. As ordens poderão reconhecer, comprovar essa mesma qualidade de uma forma ad hoc. Aliás, está em debate um projecto lei, por iniciativa do PS e que aparentemente, no essencial, tem o apoio do PSD, para fazer uma grande reforma ao funcionamento de ordens profissionais (que, para os menos atentos, fazem parte da administração pública - são até criadas por lei) que retirará o poder, que tem sido largamente abusado, de condicionar o acesso à ordem a exames com tudo o de negativo que daí advém (como práticas corporativistas, prática de numerus clausus omisso, etc).
Resumindo, o controlo deve ser feito pelo Estado/Ministério, autorizando e zelando pela qualidade dos cursos. As ordens poderão reconhecer, mais como forma de comprovação de qualidade, os cursos ou não.
Olá Pedro,
ResponderEliminarnão venho propriamente comentar este teu post porque não estive a par desta cerimónia relativamente
à nova Escola de Ciências da Saúde e aos seus "privilegiados" alunos.
Venho só dar-te os parabéns pelas tuas novas instalações de trabalho e
anunciar que, espero, a partir de hoje, estar de volta à blogosfera.
Cumprimentos.
"Um finalista de medicina com a melhor média do curso é necessariamente o melhor médico? É que o melhor médico até pode ser o que tem uma média perfeitamente banal... Em nome da imparcialidade, há coisas muito importantes que ficam por avaliar. É que o finalista com melhor média até pode saber tudo e mais alguma coisa, em teoria, mas será ele o melhor finalista a detectar os problemas, terá a melhor perspicácia, será ele o melhor a lidar com pessoas?" (Jam)
ResponderEliminarEu não disse o contrário. O que quero dizer é que geralmente as pessoas focam-se no facto de quem entra no curso ter notas muito elevadas, assumindo que passou a adolescência a estudar sem contacto com o mundo, o que não é verdade na maioria dos casos. Quer se seja ou não "marrão" antes de entrar no curso, terá certamente que o passar a ser nos 6 anos seguintes, mesmo para ser um aluno mediano. Por isso, essa questão colocar-se-ia sempre mesmo se entrassem alunos com 10. Além disso, a ideia que me dá é que se considera sempre que o que os mil e tal que entram por ano nunca têm vocação, mas que os que não conseguem ingressar o curso, esses sim, são sempre extremamente vocacionados para médicos.
Em relação a ser melhor ou pior médico quem tem notas mais ou menos altas, é tudo muito relativo, em primeiro lugar porque a noção de bom médico varia de pessoa para pessoa. Ouço muita gente dizer "é um óptimo médico, muito simpático" ou "o meu médico de família não vale nada, recusou-se a passar-me a baixa". As circunstâncias da doença também influenciam essa noção. A componente humana é extremamente importante, mas num caso de emergência, em que é necessário agir rapidamente, se calhar preferia um médico altamente qualificado cientifica e tecnicamente do que um que fosse apenas muito simpático. E não estou com isto a dizer que quem acaba com média de 18 será certamente um médico mais qualificado que os outros. Como tu disseste, as avaliações são muitas vezes subjectivas. Cada caso é um caso.
Boa tarde.
ResponderEliminarNão vou contra-argumentar nada relativamente ao meu anterior comentário, essencialmente porque, neste debate de opiniões, parece-me honestamente que ninguém conseguirá mudar uma vírgula do que qualquer um dos outros intervenientes pensa. Apenas encontrei argumentos que me fizessem sentir ainda com mais convicção que aquilo que penso se aproxima mais do correcto neste contexto específico. Penso que será assim com a grande maioria, seja qual for a sua linha de pensamento. Escrevo apenas para referir que, concordando plenamente com o que a Filipa Rodrigues diz ;), acho que muita gente se esquece de um "pormenor" muito importante. Sendo a grande maioria das avaliações subjectivas como dizem, concordo, há apenas uma forma de seriar as pessoas, uma única que reduz a subjectividade e avalia algo de concreto das competências de cada um: o currículo e a avaliação directa de conhecimentos adquiridos. Não há garantias de a pessoa A se tornar um melhor médico (ou qualquer outra coisa) que a pessoa B apenas porque tem uma melhor média ponderada de acesso ao ensino superior. Correcto! Há, no entanto garantias de que aquela pessoa chega àquele ponto melhor formada, seja por capacidade intelectual, seja por capacidade de trabalho ou por ambas. É a única coisa objectiva a avaliar, a única possível e lógica. Não compreendo porque há-de existir tamanha celeuma com a avaliação de alunos no acesso ao curso de medicina quando a seriação é feita exactamente do mesmo modo em praticamente todos os outros cursos. É a única forma, a menos que consideremos legítima a pretensa clarividência de algumas pessoas.
Beijos e abraços