Serviço Público?
O Braga continua líder, mas a RTP, televisão para que pagamos compulsivamente em impostos, preferiu transmitir o resumo do jogo entre o 12º e o 16º... Critérios?
Capítulo 37: as eleições autárquicas, parte um
Há uns meses, quando se discutiam os prós e contras da coincidência das datas das eleições legislativas e autárquicas, uns falavam da poupança que ela permitiria, outros da possível mistura entre as questões locais e nacionais. Ainda é cedo para ver se, mesmo com datas diferentes, a mistura não será inevitável, mas a tendência parece ser a de as questões nacionais engolirem as locais; logo veremos.
A verdade é que a prolongada discussão de temas nacionais na campanha e pré-campanha para as legislativas tem prejudicado a visibilidade dos temas locais e a discussão autárquica, até há algum tempo bastante acalorada em Braga, tem perdido fulgor. Dela, vão sobrando apenas os mais ou menos estáticos cartazes eleitorais.
Fenómeno interessante, tendo em conta que a população se mostra normalmente mais preocupada com a resolução dos problemas locais concretos do que com a resolução dos problemas nacionais abstractos. Por essa mesma razão, verifica-se - especialmente em meios não urbanos - que, muitas das pessoas que não votam nas eleições legislativas, presidenciais e europeias o fazem nas autárquicas.
Não desatentos a essa tendência, os candidatos às autarquias apelam exactamente à aparente proximidade com os eleitores. Disso são exemplos o cartaz de Avelino Ferreira Torres (Marco de Canaveses), que diz aos eleitores "sabem como eu sou" ou de dois dos candidatos a Celorico da Beira que coincidem no apelo: "vocês conhecem-me", diz um antigo presidente da câmara e "Celorico conhece-me", diz o actual presidente da câmara.
Em Braga assistimos à mesma tendência, ainda que menos explícita: pela coligação Juntos por Braga, Ricardo Rio assumiu desde cedo que se recandidataria em 2009 e começou desde logo a mostrar-se aos bracarenses; pelo PS, Mesquita Machado demorou a confirmar a recandidatura, mas mostra-se agora nos cartazes a prometer "muito mais", apostando na barba e cabelo grisalhos como patente de experiência.
(continua na próxima semana)
A verdade é que a prolongada discussão de temas nacionais na campanha e pré-campanha para as legislativas tem prejudicado a visibilidade dos temas locais e a discussão autárquica, até há algum tempo bastante acalorada em Braga, tem perdido fulgor. Dela, vão sobrando apenas os mais ou menos estáticos cartazes eleitorais.
Fenómeno interessante, tendo em conta que a população se mostra normalmente mais preocupada com a resolução dos problemas locais concretos do que com a resolução dos problemas nacionais abstractos. Por essa mesma razão, verifica-se - especialmente em meios não urbanos - que, muitas das pessoas que não votam nas eleições legislativas, presidenciais e europeias o fazem nas autárquicas.
Não desatentos a essa tendência, os candidatos às autarquias apelam exactamente à aparente proximidade com os eleitores. Disso são exemplos o cartaz de Avelino Ferreira Torres (Marco de Canaveses), que diz aos eleitores "sabem como eu sou" ou de dois dos candidatos a Celorico da Beira que coincidem no apelo: "vocês conhecem-me", diz um antigo presidente da câmara e "Celorico conhece-me", diz o actual presidente da câmara.
Em Braga assistimos à mesma tendência, ainda que menos explícita: pela coligação Juntos por Braga, Ricardo Rio assumiu desde cedo que se recandidataria em 2009 e começou desde logo a mostrar-se aos bracarenses; pelo PS, Mesquita Machado demorou a confirmar a recandidatura, mas mostra-se agora nos cartazes a prometer "muito mais", apostando na barba e cabelo grisalhos como patente de experiência.
(continua na próxima semana)
Não Reeleição do Presidente?
"É um programa para as eleições de 27 de Setembro, mas é um programa que eu acho programa que me parece pensado para a hipótese possível, plausível, de sair um Governo minoritário e de haver novas eleições dois anos depois", sublinhou. [i]
Se a eleição de um governo minoritário é perfeitamente plausível, o que é notável nesta previsão do Marcelo Rebelo de Sousa é que, efectivamente, prevê que vai haver uma razão forte para o governo cair daqui a dois anos. Uma razão que não terá a ver com a má governação, pois revela plena fé em que o PSD vai ganhar estas eleições e as que imagina que vão decorrer daqui a dois anos. Então só há uma hipótese: a previsão de que Cavaco não vai ser reeleito. Se isso é possível, a previsão é ainda mais corajosa: o novo presidente vai forçar eleições antecipadas, derrubando um bom governo.
Estou estupefacto. A esta distância, chamar a este cenário rebuscadíssimo uma hipótese plausível?
Lei das Relações Sexuais Fortuitas?
Confesso que, estando fora do país, ainda não consegui perceber se este texto do Pedro Lomba se baseia em factos reais ou se se trata de pura ficção. Legislar sobre relações sexuais fortuitas é um devaneio verdadeiramente inacreditável. Por este andar, ainda veremos o legislador, certamente preocupado com o conteúdo das relações sexuais fortuitas, editar o livro de instruções das ditas relações fortuitas. Como diz o outro, valha-nos Santo Bentinho da Loja Aberta!
Adenda - O texto do Pedro Lomba é uma sátira.
Adenda - O texto do Pedro Lomba é uma sátira.
Na Paz e na Guerra
© Dario Silva, 28-08-2009, estação de Coimbra Cidade
"Guia de Marcha
Foi da Estação de Coimbra-B que partiram os milhares de estudantes que, na tarde de 22 de Junho, foram assistir à Final da Taça de Portugal no Estádio do Jamor, em Lisboa, entre a Académica e o Benfica.
Nesse dia, os gritos de apoio à Briosa não se dirigiam apenas à equipa de futebol, mas a toda a Associação Académica e ao movimento estudantil. Foi uma autêntica manifestação política que chegou a Lisboa. Um desfile de milhares de estudantes que queriam mostrar ao país os motivos da sua revolta. A própria equipa da Académica sobe ao relvado com a capa caída pelos ombros, demonstrado o luto académico dos estudantes.
Em Outubro de 1969, a estação de Coimbra-B volta a testemunhar a união dos estudantes. Quarenta e nove dirigentes foram incorporados no exército com ordem de partida da gare de Coimbra, a consequência para quem tinha sido influente durante a crise. Centenas de colegas foram à estação despedir-se e foi então que se ouviu pela primeira vez o grito de revolta contra a Guerra Colonial"
Extraído daqui.
É só para lembrar que as estações de caminho de ferro foram, para muitos, o início de viagens sem retorno. De Braga, há quase 100 anos, também se partia em direcção à guerra, não a de África mas a de França. Uma e outra vez se provava a "utilidade" de ter todos (quase todos) os quartéis militares servidos pelo caminho de ferro. Braga, Vila Real, Tancos, Santa Margarida, Elvas, Base Aérea de Monte Real, Base Aérea de Beja são só alguns nomes.
Crise Sentida
[Em Braga] No primeiro semestre deste ano, há registo de 364 insolvências [2% das empresas], praticamente o dobro das registadas no período homólogo de 2008. [Correio do Minho]
Quem está na vida activa sente o pulso à economia no seu dia a dia. Os relatórios estatísticos cíclicos só serão, por isso, surpresa para alguns. O princípio do fim da crise ainda está longe de ser sentido.
Momentum
Vai ser enxuto, curto. Não promete tudo. [i]
O PSD não é propriamente vazio de ideias. Apresenta um programa extraordinariamente longo, tendo em conta as expectativas que o chinfrim em relação à dimensão do programa do PS e ao de Santana Lopes gerou. Mas que é um desenvolvimento do que já vinha escrito no site de apoio - Política de Verdade.
O que acho surpreendente, é toda a oratória da líder Ferreira Leite. Quem a ouvir - e vão ser muitos mais os que a vão ouvir do que os que vão sequer pensar em ler o programa - fica com uma ideia clara de que o PSD vai, sobretudo, não-fazer e desfazer. Quem a ouvir não fica com uma ideia de como vai refazer e tampouco do que vai fazer. Quem a ouvir tenderá a sentir que o discurso é oco. Sobretudo se pensarmos, como a Ferreira Leite faz questão de lembrar, que isto que é hoje dito não é mais do que uma mera repetição do que já foi dito ao longo do último ano.
Talvez este seja um programa mais do Instituto Sá Carneiro e de algumas cabeças do PSD do que da Ferreira Leite, mas espera(va)-se uma alternativa que se assumisse com plena credibilidade e que fizesse justiça ao seu slogan e se preocupasse mais em explicar como vai fazer e refazer. Do discurso retira-se a destruição.
Ao longo das eleições norte-americanas falou-se muito nos momentums, nas suas oscilações e no seu aproveitar. O PSD ganhou claramente esse momentum com a vitória do Rangel.
Parece-me que o terá aguentado algum tempo, mas, para além do que já se esperava - a Ferreira Leite não é o Rangel -, talvez as férias não tenham feito muito bem a esse momentum, que, a meu ver, hoje se perdeu - ou a hipótese do seu prolongado aproveitamento foi perdida - tão claramente como tinha sido ganho.
Maquilhagem da Educação
© Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian
É frequente o apontar do dedo dos educadores àqueles educadores que os precederam. Os professores universitários queixam-se que os alunos vêm mal preparados do secundário. Os do secundário queixam-se do básico e estes queixam-se dos pais. Quer se saia para o mercado de trabalho com a conclusão do ensino básico, secundário ou superior, as queixas aí centram-se geralmente na desadequação do ensino (muito "académico") em relação às necessidades do mundo real. Em bom português: ninguém sabe fazer nada quando termina o seu ensino, qualquer que seja o nível. Pode-se saber teoria e ter uma preparação de base, mas é um saber que só por si é disfuncional.
Timidamente se tem tentado reintroduzir o ensino profissional ou tecnológico a nível do secundário. Da mesma forma que algumas universidades começam a distinguir mestrados profissionais de mestrados científicos.
A par desta falta de ferramentas práticas, convém lembrar que Portugal é dos países europeus com mais elevada taxa (44%) de iliteracia funcional, não obstante os dados mais recentes já terem alguns anos.
Se o programa novas oportunidades tem os seus méritos, um dos seus principais efeitos é meramente estatístico, como poderá ser o alargamento do ensino obrigatório para 12 anos, se tudo se mantiver assim. A Educação necessita de uma grande reforma, que não se limite às infraestruturas e às tecnologias. Felizmente, parece haver alguma predisposição para isso.
Vende-se Comboio
Vende-se este comboio.
Fabricante: Deltrain
Bitola UIC ou aproximadamente.
Dispõe de HM, Convel, Asfa Digital, anti-bloqueio, anti-patinhagem.
Possibilidade de circular em ecopistas e no Tâmega.
Correio do Minho, 26 de Agosto de 2009.
Do Portugal Napolitano
Anote-se para que se conste: sempre que não houver agente de autoridade com ordem explicita para parar, é permitido atropelar livremente. Nem é necessário fazer cuidado de quem restou para trás estatelado. Neste país, está visto quem manda e nem vale a pena perder tempo a desbridar patetices à Ferreira Leite, nem a modernice do teleponto de Sócrates.
O F.C. Porto, que nem tem nada a ver com as cuecas do caso, já veio comunicar em socorro do presidente que, está visto, se confunde com a instituição. O pior, no meio disto tudo, é a vocação de alguns liberais da praça para desculpar com unhas e dentes o modo destas enormidades da sociedade portuguesa. Presos, quanto mais não seja, ao silêncio a que se prestam oportunamente.
O F.C. Porto, que nem tem nada a ver com as cuecas do caso, já veio comunicar em socorro do presidente que, está visto, se confunde com a instituição. O pior, no meio disto tudo, é a vocação de alguns liberais da praça para desculpar com unhas e dentes o modo destas enormidades da sociedade portuguesa. Presos, quanto mais não seja, ao silêncio a que se prestam oportunamente.
São Bentinho da Loja Aberta
O santuário debruça-se piroso sobre a paisagem da Caniçada, artificial como uma "suíça dos pequeninos" com os barquinhos, os chalés e pensões mofentas a vender montanha. A igreja velha onde o povo faz bicha para lamber a redoma ao santo, tem agora um aumento do lado esquerdo a quem o olha, incrustado na ingremeza do sopé do Gerês, com arquitectura de fazer inveja no gosto ao Colombo e pago no dinheiro trazido com fé, bolhas e pés inchados.
Não vai há anos, o primaz de Braga e laranjas, foi abençoar o aumento, qual armazém Grandela para dar cobertura e vazão a mais almas domingueiras, as mesmas que depois de rezada a missa, enchem parques de merendas e logradouros à sombra estrada acima, com o vinho, o rissol, o frango estufado e os "caralhos" mandados à canalhada a bulir no que não deve. A madrugada que se fez arreganha-se com o estômago tarde em diante, os homens a jogar às cartas e as mulheres, assim que arrumados os tamparuéres, ora deitadas a dormir ora sentadas no corta-e-cose, de mamas dobradas sobre as pernas ao comprido.
Acima e abaixo, segue uma romaria de sovaco pelo mercado de inutilidades várias, mercadores do mel a espantar clientela, santinhos de tamanho: xs, s, m, l, xl; rosários, terços e terçolhos e outras bugigangas da religiosidade, inúteis de igual modo. Não faz mal, ali tudo é Deus tudo é Mercado. Na loja de recordações da confraria ou que nome lhe deitam, comparam-se réplicas do orago de diferentes feitios, com imans e medalhinhas, no mesmo respeito e devoção, calados os clientes como se dentro da igreja circulassem, que o preço vale imediato à carteira e aquilo só vale de oratório depois de benzida a figura. Em redor do templo, terreno de vendilhões mais declarados, abunda a corcunda e o bócio, este que maior milagre faria iodo em melhor altura que agora um pescoço de cera prometido a S. Bento, mais dado a curar cravos e outros defeitos de pele. De resto, com tantos membros e partes do corpo postos a derreter, voltas rezadas, os milagres ali são mini. Mas também do que se consta, não houve ainda aparição maior, em gruta ou azinheira, que fizesse crescer carne e osso de volta aos cotos.
Não vai há anos, o primaz de Braga e laranjas, foi abençoar o aumento, qual armazém Grandela para dar cobertura e vazão a mais almas domingueiras, as mesmas que depois de rezada a missa, enchem parques de merendas e logradouros à sombra estrada acima, com o vinho, o rissol, o frango estufado e os "caralhos" mandados à canalhada a bulir no que não deve. A madrugada que se fez arreganha-se com o estômago tarde em diante, os homens a jogar às cartas e as mulheres, assim que arrumados os tamparuéres, ora deitadas a dormir ora sentadas no corta-e-cose, de mamas dobradas sobre as pernas ao comprido.
Acima e abaixo, segue uma romaria de sovaco pelo mercado de inutilidades várias, mercadores do mel a espantar clientela, santinhos de tamanho: xs, s, m, l, xl; rosários, terços e terçolhos e outras bugigangas da religiosidade, inúteis de igual modo. Não faz mal, ali tudo é Deus tudo é Mercado. Na loja de recordações da confraria ou que nome lhe deitam, comparam-se réplicas do orago de diferentes feitios, com imans e medalhinhas, no mesmo respeito e devoção, calados os clientes como se dentro da igreja circulassem, que o preço vale imediato à carteira e aquilo só vale de oratório depois de benzida a figura. Em redor do templo, terreno de vendilhões mais declarados, abunda a corcunda e o bócio, este que maior milagre faria iodo em melhor altura que agora um pescoço de cera prometido a S. Bento, mais dado a curar cravos e outros defeitos de pele. De resto, com tantos membros e partes do corpo postos a derreter, voltas rezadas, os milagres ali são mini. Mas também do que se consta, não houve ainda aparição maior, em gruta ou azinheira, que fizesse crescer carne e osso de volta aos cotos.
GNR Patrulhou Bem o Barco
© samura
Não, não voltou a haver nenhum cargueiro desaparecido por esse oceano fora, nem nada que se pareça. Houve, isso sim, um inesperado protagonista no Barco Rock Fest, um festival de música que tem lugar na praia fluvial de São Cláudio de Barco (Guimarães), e que aspira a tornar-se, já em ano de capital europeia da cultura vimaranense (2012), um festival tão grande como o mítico Paredes de Coura.
O mal-estar instalou-se quando a Guarda Nacional Republicana (GNR), contratada para garantir a segurança no recinto, começou a fazer rondas pelo campismo com cães peritos em farejar drogas. Um dos elementos dos Born a Lion, banda da Marinha Grande que actuou na sexta-feira, foi apanhado com uma quantidade considerável de estupefacientes, detido e, como é estrangeiro, corre o risco de ser repatriado.
É comum acreditar, entre os festivaleiros, que nestes acampamentos tudo é permitido. A verdade, como sabemos, é que não é. Outra verdade, também, é que se em Paredes de Coura, por exemplo, as revistas à entrada e ao campismo fossem minuciosas, mais de 50% das pessoas seria detida ou identificada por posse e/ou consumo de drogas.
Este 'excesso de zelo' causou desconforto entre a organização, que falou em "abuso de autoridade", e entre as bandas que actuaram no sábado, quando o Avenida Central esteve presente no recinto. Saltou logo à vista o dispositivo policial ainda o recinto estava longe. Na rotunda a seguir ao Hotel das Taipas, uma meia-dúzia de viaturas policiais e duas dezenas de agentes tinham montada uma vistosa operação-stop. Dada a hora precoce (22h00), o dispositivo estaria a controlar as idas e não as vindas do festival.
O espaço tem, de facto, muitas semelhanças com o de Paredes de Coura. Situa-se ao lado de um rio (Ave), dispõe de uma praia fluvial, tem igualmente uma ponte a dar acesso ao campismo e várias árvores a ladear o espaço. Frente ao palco, a inclinação é ligeira, ao contrário da acentuada de Coura, mas cá atrás vê-se igualmente bem para os artistas. A filmagem funcionou bem, com várias câmaras a apresentarem imagens dos concertos numa tela enorme, visível da área de alimentação.
É nessa parte, precisamente, que ainda se nota o carácter novato do festival, este ano na sua terceira edição. Pouca oferta, com ementas manuscritas e quase todas semelhantes. É certo que a procura não foi elevada, mas, se fosse, estaria aqui um problema a resolver. Ainda assim, com as expectativas de internacionalização já para o próximo ano, é boa ideia tentar oferecer mais variedade gastronómica aos visitantes do festival, que podem não estar tão habituados à comida portuguesa.
Ouviam-se os últimos acordes dos vimaranenses Let The Jam Roll quando eram cerca de 22h30. Os interregnos para a mudança de bandas foram sempre muito curtos, exceptuando o que antecedeu a entrada em cena dos cabeças-de-cartaz Wraygunn. Acabados de entrar em cena, os senhores que se seguiram, Abandon Mute, demonstraram muita descontracção e à-vontade em palco, bem como vários apontamentos de relevo, mas pecaram por tentar ser mais uma cópia do que uma banda influenciada pelos Muse, facto que se pode comprovar ouvindo a faixa 'Hurricane' (a banda, sediada em Inglaterra, tocou ainda uma versão de Hyper Music, igualmente dos Muse).
© no i'm not, i'm very married
Logo depois, chegou o momento do festival, pelo menos para o vocalista e guitarrista dos Smix Smox Smux, Filipe Palas (na foto). Logo após abrirem o espectáculo com "Fim-de-semana", Palas começou um outro show, este não tão musical, onde abordou os incidentes com a GNR já referidos. Não se limitou, porém, a narrá-los, tratando de fazer troça dos elementos da força policial presentes no festival. "Fumem, bebam e vomitem-lhes em cima", foi uma das dedicatórias do claramente ébrio guitarrista. Não se ficou por aqui: chamou "filhos da p*ta" aos agentes, que supôs que se chamavam todos Joaquins e Antónios. O público rejubilava e sentia-se identificado com o músico, o único com coragem para dizer o que muitos pensavam.
Conquistado o público, o concerto foi memorável. Uma ou outra dedicatória à GNR, mais discreta, intrometeu-se até final. O tempo não foi muito (não chegou a meia-hora de concerto), mas o público ficou claramente agradado com a banda, que se destaca mais pelas letras e sonoridade pueril e imaginativa do que propriamente pela capacidade vocal dos seus elementos. No final, a já célebre "Intifada" levou o público ao quase êxtase. Houve também um outro encore, que nem todos viram: os quatro agentes da GNR presentes no recinto dirigiram-se, no final, ao backstage e esperaram o vocalista, que foi identificado, levou um processo-crime e terá de comparecer em tribunal por, supõe-se, desrespeito à autoridade.
Os doismileoito entraram em palco logo depois, nada dispostos a alinhar em mais problemas com as autoridades. Apresentaram vários temas do seu álbum de estreia homónimo, que conta com vários registos interessantes, com boas letras, melodias e, agora sim!, boa voz. Foi um concerto estupendo dos maiatos, que começaram a atrair quase todo o público presente e disperso pelo recinto do Barco Rock Fest.
Entretanto, foi a vez dos poderosos Wraygunn encerrarem o dia. Fazendo menção à ilusão de pensar que Portugal é um país com liberdade de expressão, Paulo Furtado, mais contido nas palavras (assegurou que não ia ser malcriado) lamentou o aparecimento do "Grupo Novo Rock (GNR)" no festival, chegando a lançar suspeitas sobre os comportamentos dos agentes: "Esta música [Drunk or Stoned] pode parecer que é sobre os elementos do Grupo Novo Rock, mas não". Com quase uma hora e meia de concerto, os Wraygunn puseram o público aos saltos, com as habituais excentricidades do carismático frontman Furtado. "She's a Go Go Dancer" ou "Everything's Gonna Be Ok" lançaram a confusão na frente do palco, onde a pequena multidão fez mosh e houve alguns aventureiros a fazer, pasme-se, crowd surfing.
Não estariam mais de 1500 pessoas no espaço, durante a actuação da banda de Coimbra. As expectativas da organização não terão sido atingidas, pois em nenhum momento pareceu crível ser possível igualar, num só dia, as 3700 pessoas que estiveram no festival em 2008 (o objectivo era duplicar esse número). Porém, como Paulo Furtado referiu, Paredes de Coura também já foi, em 1993, um festival "muito pequenino, e agora é um dos melhores da Europa em termos de música independente".
No final da noite, a tenda electróncia animou os resistentes. Palas, que tinha prometido lá ir, não ficou por muito tempo. Estava visivelmente abalado pelo sucedido. A actuação das autoridades marcou, pois, um festival com pernas para andar. Resta ver como irá correr o próximo ano. Potencial não falta, vai é ser preciso criar mais alguns incentivos, porque o público continua a aparecer aos pouquinhos.
Da Boa Família
Das razões dadas para o veto presidencial, algumas saltam à vista. A inoportunidade é questionável, pois a legitimidade democrática existe até ao final do mandato e estes são 4 anos e não de 3 anos e meio. Mais, o projecto foi votado por PS, CDU e BE, tendo o PSD e o PP recusado a participar no processo de aperfeiçoamento.
Já quanto ao "pedido" da "sociedade portuguesa" ao qual o PSD alude e a Presidência deixa implícito, este tem sido feito no dia a dia de quem vive ou deixa de viver em união de facto desde que foi instituída em 2001.
Mas vamos dar de barato a razão ao Presidente nestes pontos, assim como aquele relativo à qualidade do texto legislativo. Se estivessemos em 2001, teria o Presidente aprovado a lei? Não é este um veto absolutamente ideológico? Creio que sim. Se é verdade que estas alterações aproximavam a união de facto do casamento, nalguns aspectos, é absoluta mentira que esta se transforme, por esta razão, num para ou proto-casamento, pois já o é desde 2001. E é proto ou para, com toda a liberdade de escolha para quem por ele opta. De facto, o que distingue, desde a sua origem, a união de facto da economia comum é a proximidade da primeira com o casamento. Proximidade continuamente reforçada em inúmeros diplomas dispersos, com particular destaque para os fiscais.
Na linha de declarações como "a família tem por objectivo a procriação" - Ferreira Leite -, este veto transparece uma discordância de base quanto à mera existência da união de facto. De uma concepção de família que se limita ao casamento. Tendo-se, portanto, como inconcebível qualquer outra forma de (boa) família (católica).
Já quanto ao "pedido" da "sociedade portuguesa" ao qual o PSD alude e a Presidência deixa implícito, este tem sido feito no dia a dia de quem vive ou deixa de viver em união de facto desde que foi instituída em 2001.
Mas vamos dar de barato a razão ao Presidente nestes pontos, assim como aquele relativo à qualidade do texto legislativo. Se estivessemos em 2001, teria o Presidente aprovado a lei? Não é este um veto absolutamente ideológico? Creio que sim. Se é verdade que estas alterações aproximavam a união de facto do casamento, nalguns aspectos, é absoluta mentira que esta se transforme, por esta razão, num para ou proto-casamento, pois já o é desde 2001. E é proto ou para, com toda a liberdade de escolha para quem por ele opta. De facto, o que distingue, desde a sua origem, a união de facto da economia comum é a proximidade da primeira com o casamento. Proximidade continuamente reforçada em inúmeros diplomas dispersos, com particular destaque para os fiscais.
Na linha de declarações como "a família tem por objectivo a procriação" - Ferreira Leite -, este veto transparece uma discordância de base quanto à mera existência da união de facto. De uma concepção de família que se limita ao casamento. Tendo-se, portanto, como inconcebível qualquer outra forma de (boa) família (católica).
Vamos Discriminar o Preconceito?
«E, se fomos obrigados, a admitir que hoje em dia todos os homens são homens, apressamo-nos a excluir aqueles a que chamamos 'desumanos'.» [Edgar Morin]
Do fim de semana político retenho o som boçal das vaias e apupos quando Alberto João Jardim se referiu aos homossexuais no comício do Porto Santo. Já foi tempo em que estas manifestações aconteciam nos comícios dos conservadores quando se falava de pretos. Agora acontecem quando se fala de homossexuais.
O momento é triste e cobre de vergonha a própria organização do PSD que, acto contínuo, lançou música para disfarçar a manifestação preconceituosa e homofóbica dos seus próprios adeptos e militantes. Convém salientar que estas vaias e apupos não são alheias aos boatos alimentados por Pedro Santana Lopes na última campanha, à posição do partido em matéria de igualdade de direitos e às declarações de Manuela Ferreira Leite sobre o assunto. Quando os responsáveis do partido alimentam o heterossexismo mais primário, outra postura não seria de esperar das bases.
Poderá pensar-se que este é um assunto que não nos diz respeito e, em boa verdade, que cada um pensa o que quiser e expressa-o da forma que bem entende. Contudo, quando perdermos a capacidade de nos indignarmos perante os que não respeitam os outros já nada nos resta. Pelos vistos, e porque ainda ninguém do partido repudiou a manifestação homofóbica, o PSD já perdeu essa capacidade.
A Linha do Minho | 1
© Dario Silva, 22-08-09
Ontem deve ter havido festa em Viana do Castelo. Havia muita gente a ver o comboio passar e neste viajavam 600 pessoas, sentadas e de pé.
Guarda Gare
© Dario Silva
E por falar nos parques não temos, na Guarda-Gare* existe um enorme parque infantil, 21 hectares de frescura e planura numa das mais inclinadas cidades portuguesas. Junto a um rio e a uma linha de caminho de ferro (duas, na verdade*).
*Linhas da Beira Alta e Beira Baixa.
Dois Ponto Zero | 28
A ler: De boas intenções e golpes rasteiros está o inferno cheio, por Pedro Vieira; Ética dos Princípios, por João Galamba; Pedro Santana Lopes e coisas pequenas, por Pedro Rolo Duarte; España, el país que sorprendió, por Eduardo Martín de Pozuelo.
A ver: O Homem da Mala, por We Have Chaos in the Garden.
A reflectir: O caso António Preto incomoda-me. A democracia, a qualidade da democracia, não se compadece com o amiguismo aparelhista dos partidos. Manuela Ferreira Leite que não diz nada de substancial para o país, deitou tudo a perder quando a única mensagem que nos dirige é a de que os interesses do partidos estão, afinal, acima dos interesses do país. Triste antagonismo de Sá Carneiro. Sugiro a leitura de Paulo Marcelo, membro do Conselho Nacional do PSD.
A ver: O Homem da Mala, por We Have Chaos in the Garden.
A reflectir: O caso António Preto incomoda-me. A democracia, a qualidade da democracia, não se compadece com o amiguismo aparelhista dos partidos. Manuela Ferreira Leite que não diz nada de substancial para o país, deitou tudo a perder quando a única mensagem que nos dirige é a de que os interesses do partidos estão, afinal, acima dos interesses do país. Triste antagonismo de Sá Carneiro. Sugiro a leitura de Paulo Marcelo, membro do Conselho Nacional do PSD.
Esta Linha É Tua | 2
© Rosete Pereira
O preço do desenvolvimento do país é invariavelmente pago pelos mesmos. Se em Vilarinho das Furnas, os benefícios pareciam superar os inconvenientes de construir a barragem, o mesmo não pode ser dito da mais do que anunciada barragem do Baixo Tua. Fazer submergir uma das mais belas linhas ferroviárias da Europa é destruir um património ímpar que o país deveria pôr a render. A Linha do Tua não pode morrer.
Ciência: Portugal na Linha da Frente
Seis dias depois de ser publicada, a notícia do New York Times acerca do estudo realizado na Universidade do Minho sobre a forma como a stress afecta a tomada de decisões ainda é a oitava mais enviada por e-mails pelos leitores do prestigiado jornal americano.
Braga Volta a Impor-se em Alvalade
O Sporting de Braga repetiu a vitória da época passada em Alvalade, consolidando o primeiro lugar na Liga Sagres. Alan e Meyong foram os autores dos golos minhotos, numa partida marcada pelo domínio bracarense. Nota muito positiva para os mais de 2.000 adeptos do Sporting de Braga que apoiaram a equipa no jogo de Lisboa desta noite.
Apesar do remate à queima roupa, não seria escandaloso se tivesse sido assinalado um penálti a favor do Sporting nos primeiros minutos da partida. Nota negativa, ainda, para a dualidade de critérios em termos de cartões amarelos, sempre em desfavor do Sporting de Braga.
Adenda - Após o jogo de Florença, Paulo Bento poderá estar de saída de Alvalade, no Público; Um pé cheio de talento, n'O Jogo.
Apesar do remate à queima roupa, não seria escandaloso se tivesse sido assinalado um penálti a favor do Sporting nos primeiros minutos da partida. Nota negativa, ainda, para a dualidade de critérios em termos de cartões amarelos, sempre em desfavor do Sporting de Braga.
Adenda - Após o jogo de Florença, Paulo Bento poderá estar de saída de Alvalade, no Público; Um pé cheio de talento, n'O Jogo.
Uma Questão de Tempo
© Imagens de Campanha
A pergunta que o Partido Socialista coloca em Santa Maria da Feira é extremamente pertinente. A capacidade de gerar alternativas políticas é uma condição sine qua non para o funcionamento do sistema democrático. A ética republicana pressupõe que não há predestinados nem insubstituíveis e, mesmo acreditando que o povo acerta sempre nas suas escolhas, há que desconfiar quando as alternativas são sempre fracas e os senhores do poder são sempre os melhores do mundo.
O Partido Socialista tem toda a razão quando pergunta aos feirenses se não acham que 23 anos de poder são muito tempo. Por uma questão de coerência, seria interessante que o mesmo Partido Socialista repetisse a pergunta noutras paragens. Aqui em Braga, por exemplo, já lá vão 33 anos desde que Mesquita Machado assumiu o poder. Não acham muito tempo?
O Rei Vai Murcho | 2
Rodrigo Moita de Deus escreve um texto para defender a causa monárquica em que mais não faz do que atacar os republicanos, acusando-os de serem anti-monárquicos. Elucidativo.
Passar as Marcas
© tony_v
O futebol, por muito que não se goste, é um dos espelhos mais fiéis da complexa matriz que enforma a sociedade do nosso tempo. Ainda esta semana, depois de assistirmos à expulsão de Vukcevic por festejar um golo sem camisola, ficámos a saber que a medida se deve, entre outras coisas, ao facto dos muçulmanos, por motivos religiosos, serem «contra a exibição do corpo nu». Vítor Pereira acha normal e justifica: «como o futebol é um jogo global, deve respeitar-se estas crenças religiosas». Curiosamente, nesta mesma semana, surge a notícia de que a FIFA pretende proibir «manifestações de fé nos relvados».
Estas situações, embora aparentemente antagónicas, são sintomas comuns de uma grave doença dos nossos dias que radica na imposição normativa do politicamente correcto. Trata-se de uma nova forma de policiamento da moral e dos bons costumes, limitando de forma severa liberdades fundamentais de cada ser humano. A facilidade com que os defensores do politicamente correcto se indignam com os comportamentos alheios e a passividade com que aceitam este permanente policiamento moral são sintomas verdadeiramente inquietantes.
Por mim, que os golos sejam festejados da forma que cada qual desejar. Não há indignação religiosa ou devaneio neutral que mereça este constante passar as marcas no que respeita à restrição das liberdades dos outros. É assim tão difícil aceitar cada qual como é?
Sei o Que Fizeste no Verão Passado
«Não sei. Não sei. Não sei.» é a resposta de Manuela Ferreira Leite à pergunta sobre o que vai fazer se for eleita. No entanto, Manuela Ferreira Leite diz que apenas vai fazer aquilo que diz. Devemos concluir que não vai fazer nada ou que esconde o que pretende fazer?
O Parque da Cidade Que Não Temos
Qualquer cidade de média ou grande dimensão tem um parque da cidade. Em Braga, depois de anos de promessas e promessas, o melhor que conseguiram arranjar foi um minúsculo jardim público [Parque da Ponte] anexado a um monte [do Picoto] no outro lado da estrada. E nem esse passou das intenções.
As Placas Que Não Temos
Todos concordarão que as placas indicativas de percursos, monumentos e serviços, bem como as de informação sobre a toponímia, são uma autêntica desgraça na cidade de Braga. Da incongruência gráfica à insuficiência gritante, passando pela inutilidade de informações redundantes e até contraditórias, o assunto já aqui foi publicado há tempo demais para permanecer sem resolução.
Privatizar a Saúde?
© MonkeyGirl22
Os neoliberais gostam muito de dizer que o Serviço Nacional de Saúde não pode ser eficiente sem concorrência. Contudo, nunca vi os neoliberais dizerem que a BRISA ou a AENOR não são eficientes, apesar de, como se sabe, não haver concorrência para as suas auto-estradas.
Os neoliberais gostam muito de dizer que os funcionários públicos ganham muito e trabalham pouco. Se a Saúde for entregue às seguradoras, os funcionários ganharão menos e trabalharão mais. Contudo, os utentes pagarão o mesmo [ou ainda mais], alimentando mais um intermediário.
Os neoliberais gostam muito de dizer que uns contribuintes não têm nada que pagar a saúde dos outros. Contudo, numa sociedade que respeita os direitos humanos, a saúde não é um luxo, mas um direito inalienável de qualquer cidadão.
Os neoliberais defendem que os utentes devem pagar os serviços de saúde em função dos rendimentos declarados. Contudo, esse modelo é duplamente penalizador daqueles que declaram rendimentos - ser-lhes-ão imputados os seus gastos em taxas e os dos outros em impostos.
A propósito da saúde como bem de consumo num Estado completamente mercantilizado, recomendo o filme Dancer in the Dark. Um bom ponto de partida para a discussão sobre os problemas reais das pessoas de carne e osso que não se leêm nos números.
CDS-PP: O Voto Inútil Para a Região
O CDS-PP quer eleger 2 deputados pelo círculo eleitoral de Braga. Se tivermos em conta que nas últimas eleições o CDS ficou a mais de 7500 votos da eleição do segundo deputado e que é mais do que certo um aumento de votação da Missão Minho [comparação com PND em 2005], parece evidente que o desejo de eleger esse tal segundo deputado não passa de um sonho muito muito distante.
Em síntese e dado que Telmo Correia não passa de um representante da política instalada em Lisboa, sem qualquer ligação com o distrito e sem o necessário conhecimento dos seus reais problemas, votar CDS no distrito de Braga não é mais do que expurgar este círculo de deputados de direita.
Em síntese e dado que Telmo Correia não passa de um representante da política instalada em Lisboa, sem qualquer ligação com o distrito e sem o necessário conhecimento dos seus reais problemas, votar CDS no distrito de Braga não é mais do que expurgar este círculo de deputados de direita.
A Anatomia de uma Campanha
Há uns dias, o jornal Semanário noticiou que assessores de Cavaco Silva estavam a colaborar na elaboração do Programa de Governo do PSD. Na sequência da notícia, disponível no site do PSD [via Jugular], dois dirigentes do PS teceram duras críticas ao envolvimento de membros da Presidência da República na campanha do PSD. Hoje, através de uma fonte da Casa Civil do Presidente, o Público faz saber que a Presidência da República teme estar sob do Governo.
Tudo isto é grave. Demasiado grave para ser considerado um disparate de Verão. Dadas as circunstâncias políticas e o período eleitoral que se vive, o silêncio de Cavaco Silva sobre a matéria pode vir a tornar-se demasiado pesado depois das picardias que têm marcado as relações entre Belém e São Bento ao longo deste verão. É que, se o Presidente dá crédito às afirmações do membro da sua casa civil, não lhe resta outra solução que não passe por demitir o Governo; se não lhes dá crédito, então deve ao país uma palavra de confiança nas instituições e a consequente demissão da tal fonte autorizada da Presidência que prestou declarações ao Público.
Tudo isto é grave. Demasiado grave para ser considerado um disparate de Verão. Dadas as circunstâncias políticas e o período eleitoral que se vive, o silêncio de Cavaco Silva sobre a matéria pode vir a tornar-se demasiado pesado depois das picardias que têm marcado as relações entre Belém e São Bento ao longo deste verão. É que, se o Presidente dá crédito às afirmações do membro da sua casa civil, não lhe resta outra solução que não passe por demitir o Governo; se não lhes dá crédito, então deve ao país uma palavra de confiança nas instituições e a consequente demissão da tal fonte autorizada da Presidência que prestou declarações ao Público.
Os Jardins Que Não Temos
Eu gostava de saber porque é que em Braga só cresce mato junto às principais circulares... Já pensaram em fazer jardins?
Rayleague.com
© Rayleague.com
Para os craques, os projectos de craques e os amadores, está aí a primeira rede social de futebolistas na internet. Um projecto concebido de Portugal para o mundo!
Já Foi Tempo...
Ao que parece, há por aí muita gente (leiam os comentários e riam!) que esperava que o Presidente do Sporting Clube de Braga não defendesse os interesses do clube a que preside e facilitasse nos negócios com o Benfica. Porém, António Salvador não cedeu à estratégia de pressão da dupla Jorge Jesus-César Peixoto e, em nome dos interesses do Braga, fez muito bem.
Adenda - Ao contrário de todas as expectativas, o Braga é líder ao cabo de noventa minutos de futebol. Não vale mais do que um sorriso, mas vale.
Adenda - Ao contrário de todas as expectativas, o Braga é líder ao cabo de noventa minutos de futebol. Não vale mais do que um sorriso, mas vale.
O Querido Mês de Agosto
© alkmix_lux
Não há nada mais categórico a assinalar a chegada do Verão. É quase como que uma segunda data oficial de chegada da estação estival. Monovolumes, carros 'station wagon' para trazer toda a família, cada qual com o seu traço distintivo e identificador: a matrícula. Francesas, espanholas, luxemburguesas, suíças... Aos poucos, os carros dos emigrantes vêm mostrar aos portugueses, sem ser no papel, que agora sim!, estamos de férias.
É uma das coisas que por aí grassa nestas alturas de silly season, parcialmente atenuada com o regresso da Liga de futebol. Quem tem os emigrantes na família aprende a valorizar estas escassas semanas de contacto, trocadas no fim do mês pela busca de uma vida melhor, um carro melhor, uma casa melhor. A portugalidade vira sabor agri-doce: se por um lado não se coíbem de exibir as suas origens nas viaturas (cachecóis, autocolantes, terços...), por outro ostracizam, voluntariamente ou não, a língua portuguesa. 'Ordinadores' e 'd'accordo' são alguns dos exemplos que no 'Bom Português' da RTP levavam com o som da sirene.
Como complemento da onda de emigração, para as boas-vindas ou, quiçá, para prestar alguma homenagem, variados cantores dedicam grande parte das suas composições aos portugueses que trabalham no estrangeiro. Um deles é Graciano Saga, outro o Marante; com os seus espectáculos de Verão trazem-nos outro postal ilustrado da época: as festas tradicionais das freguesias minhotas.
Durante todo o ano fazem-se os preparativos. Peditórios, comissões de festas, donativos... tudo para que, na data do costume, a festa possa agradar às expectativas do povo. E há vários itens a considerar: localização, bandas, foguetes, procissões, ranchos, etc. Quanto mais farto o orçamento, mais conhecido o artista. Até os cachets deles divergem substancialmente: enquanto a Ruth Marlene se fica por uns modestos 11 mil euros, o super Tony Carreira cobra cerca de 45 mil... e não em qualquer palco.
E é ver o povo todo reunido nestas festas, tradicionalmente nos sábados à noite. Novos e velhos, sem excepção, vão na onda. Os emigrantes vêm, pois, compor um pouco mais o número de habitantes das várias localidades do Minho. E ajudam a preencher o retrato do querido mês de Agosto. E, sim, é certamente a altura de maior sentimento de pertença e inclusão na comunidade e no país que o povo sente. Sim, apesar de a juventude achar a música pirosa, o fenómeno é deveras interessante e espelha os costumes das nossas gentes.
Lanço uma sugestão: se tiverem fotos das festas da vossa aldeia, ou se vão a alguma em breve, enviem-nas para o email do nosso estabelecimento (avcentral@gmail.com) e, lá para inícios de Setembro, haveremos de fazer uma galeria com elas. Mesmo que não sejam do Minho - sei que, pelo menos no Norte (Douro e Trás-os-Montes incluídos), a festa é semelhante.
Não há nada mais categórico a assinalar a chegada do Verão. É quase como que uma segunda data oficial de chegada da estação estival. Monovolumes, carros 'station wagon' para trazer toda a família, cada qual com o seu traço distintivo e identificador: a matrícula. Francesas, espanholas, luxemburguesas, suíças... Aos poucos, os carros dos emigrantes vêm mostrar aos portugueses, sem ser no papel, que agora sim!, estamos de férias.
É uma das coisas que por aí grassa nestas alturas de silly season, parcialmente atenuada com o regresso da Liga de futebol. Quem tem os emigrantes na família aprende a valorizar estas escassas semanas de contacto, trocadas no fim do mês pela busca de uma vida melhor, um carro melhor, uma casa melhor. A portugalidade vira sabor agri-doce: se por um lado não se coíbem de exibir as suas origens nas viaturas (cachecóis, autocolantes, terços...), por outro ostracizam, voluntariamente ou não, a língua portuguesa. 'Ordinadores' e 'd'accordo' são alguns dos exemplos que no 'Bom Português' da RTP levavam com o som da sirene.
Como complemento da onda de emigração, para as boas-vindas ou, quiçá, para prestar alguma homenagem, variados cantores dedicam grande parte das suas composições aos portugueses que trabalham no estrangeiro. Um deles é Graciano Saga, outro o Marante; com os seus espectáculos de Verão trazem-nos outro postal ilustrado da época: as festas tradicionais das freguesias minhotas.
Durante todo o ano fazem-se os preparativos. Peditórios, comissões de festas, donativos... tudo para que, na data do costume, a festa possa agradar às expectativas do povo. E há vários itens a considerar: localização, bandas, foguetes, procissões, ranchos, etc. Quanto mais farto o orçamento, mais conhecido o artista. Até os cachets deles divergem substancialmente: enquanto a Ruth Marlene se fica por uns modestos 11 mil euros, o super Tony Carreira cobra cerca de 45 mil... e não em qualquer palco.
E é ver o povo todo reunido nestas festas, tradicionalmente nos sábados à noite. Novos e velhos, sem excepção, vão na onda. Os emigrantes vêm, pois, compor um pouco mais o número de habitantes das várias localidades do Minho. E ajudam a preencher o retrato do querido mês de Agosto. E, sim, é certamente a altura de maior sentimento de pertença e inclusão na comunidade e no país que o povo sente. Sim, apesar de a juventude achar a música pirosa, o fenómeno é deveras interessante e espelha os costumes das nossas gentes.
Lanço uma sugestão: se tiverem fotos das festas da vossa aldeia, ou se vão a alguma em breve, enviem-nas para o email do nosso estabelecimento (avcentral@gmail.com) e, lá para inícios de Setembro, haveremos de fazer uma galeria com elas. Mesmo que não sejam do Minho - sei que, pelo menos no Norte (Douro e Trás-os-Montes incluídos), a festa é semelhante.
Imagens de "Outra" Campanha | 6
© ivan.
Na freguesia de Ferreiros, em Braga, está colocado este grande outdoor nos terrenos da "Balanças Paulo". A meu ver merece toda a atenção. E aplausos, também!
Da Desilusão | 2
A vitória do PSD nas Eleições Europeias tem sido utilizada pelos opinion makers de direita para justificar as elevadas possibilidades de uma vitória de Manuela Ferreira Leite nas próximas Eleições Legislativas. Em boa verdade, o fôlego das europeias foi conquistado pela conjugação de vários factores que, com excepção da escolha do candidato Paulo Rangel, são completamente alheios à líder do PSD. Desde logo, é preciso lembrar que os níveis de abstenção e de votos brancos e nulos, em claro prejuízo do PS, são um claro sinal de que os eleitores descontentes com o Governo não encontram crédito suficiente na oposição para votarem na mudança.
Apesar das sucessivas tentativas para a reabilitação da sua imagem pública através do silêncio, do vazio de ideias e dos sucessivos ataques aos adversários, Manuela Ferreira Leite tem sido uma líder verdadeiramente decepcionante. A pose hirta, a indumentária sóbria e o conservadorismo militante que Manuela cultiva não chegam para ganhar eleições. Digam o que disserem, a verdade é que a polémica em torno da constituição das listas, nomeadamente a inclusão de António Preto e a escolha de nomes do passado mais caruncho em círculos eleitorais importantes, são episódios que hipotecam a credibilidade da actual liderança do PSD.
Apesar das sucessivas tentativas para a reabilitação da sua imagem pública através do silêncio, do vazio de ideias e dos sucessivos ataques aos adversários, Manuela Ferreira Leite tem sido uma líder verdadeiramente decepcionante. A pose hirta, a indumentária sóbria e o conservadorismo militante que Manuela cultiva não chegam para ganhar eleições. Digam o que disserem, a verdade é que a polémica em torno da constituição das listas, nomeadamente a inclusão de António Preto e a escolha de nomes do passado mais caruncho em círculos eleitorais importantes, são episódios que hipotecam a credibilidade da actual liderança do PSD.
É Tempo de Voltar
© Dario Silva, 14-08-2009
«A viagem de Paris a Lisboa durara quarenta e seis horas e após a entrada da composição na estação de Santa Apolónia, os passageiros foram acompanhados aos hotéis por individualidades portuguesas, nomeadamente pelos directores da Companhia Real. A receber os jornalistas estrangeiros, em nome da Imprensa da capital, estava Eduardo Coelho Júnior, da redacção do Diário de Notícias.»
Na foto, o Sud Express descendente na Linha da Beira Alta junto da Auto Estrada 25.
Ideias Sobre Braga e o Minho
A convite do Vitor Silva, participei n'O Porto em Conversa, uma iniciativa que lançou um olhar sobre o Minho e o Norte. A conversa tem dois meses, mas penso que os temas são pertinentes neste aproximar de eleições legislativas e autárquicas.
O Complexo Elisa Ferreira
© Porto para Todos
Venho manifestar a minha profunda solidariedade para com Hugo Pires e Palmira Maciel. Com efeito, não lhes podendo conferir o voto, tanto por dever de ofício como por imperativo cívico, entendo que a actual crise económica ameaça novas e velhas oportunidades, sem as devidas distinções entre plebeus e aristocratas.
Já não bastava o negro cenário político local, que em Braga promete fazer cair um poder que ganhou raízes, agora também o mundo profissional dá sinais de não poder absorver a competência, rigor técnico e ética profissionais destes dois insignes bracarenses.
É, portanto, com total compreensão que se compreende a dupla âncora largada no meio do mar da incerteza por parte dos dois (quase) ex-assalariados da autarquia. Tanto mais que os exemplos recentes de outros pleitos eleitorais – Elisa Ferreira e Ana Gomes – validam uma tal postura. O apego à causa pública é de salientar, não se encontram exemplos tão apaixonados pela vida política e pelo serviço público todos os dias.
Aproveito ainda para modestamente deixar alguns conselhos úteis para enfrentar as costumeiras criticas de quem, certamente por incapacidade intelectual, não entende como pode alguém candidatar-se a dois cargos de natureza tão distinta entre si, senão como garante de um sustento doutra forma improvável.
Desde já se elogia a lucidez destes dois servidores públicos. Ao embarcarem nas listas à Assembleia da República demonstram ser dos primeiros, entre os seus pares, a entenderem que a Câmara de Braga está perdida, “muito mais [de] Braga”, de momento, só em Lisboa. Por outro lado, exorto os visados a usarem doutro expediente que não o das famigeradas candidatas socialistas. Ao invés de assumirem que só irão para lá (neste caso, para a capital) se perderem por cá, será mais avisado confirmarem que nem uma coisa nem outra, que ficarão a meio caminho, numa qualquer empresa pública, nomeados à boca das urnas, na vertigem da dupla derrota que se anuncia.
O que se perde em decência democrática, ganha-se em frontalidade, o que, nos dias que correm, é capital de monta para qualquer político que se preze.
O dia 11 de Outubro será, acredito, o primeiro do resto das vossas vidas, um bem haja pelos serviços prestados e um até sempre desde esta “Terra do Nunca” em que o relógio, “tic-taqueando” na barriga do crocodilo, começa a ouvir-se perigosamente perto do navio do nosso capitão Gancho, como dizia o outro “vocês sabem de quem nós estamos a falar”.
Capítulo 36: a numerologia política
Os números e estatísticas são muitas vezes apreciados pela sua circularidade. Porque permitem interpretações diversas, é comum vermos os mesmos números agradarem tanto aos partidários do copo meio cheio como aos partidários do copo meio vazio.
Em dias em que não há nada a dizer, como estes dias quentes de silly season, procuram-se notícias em todo o lado e, como ontem e hoje, passam-se dias inteiros a discutir subidas e descidas nos números que nos comparam aos países que invejamos; subidas e descidas que são ora substanciais, ora insignificantes, dependendo da posição relativa do avaliador perante o copo.
Ontem era um crescimento do PIB, hoje o aumento da taxa de desemprego. Ontem era o governo que rejubilava com os primeiros sinais de retoma, hoje a oposição que suspira de alívio com o aparecimento de outro trunfo para a campanha. Ontem era a oposição a dizer que a retoma ainda estava muito longe, hoje o governo a afirmar que a melhoria do clima económico reflectir-se-á em 2010 na taxa de desemprego.
Quando não há palavras que cheguem, os políticos agarram-se aos números, como que acreditando que, com eles, serão seus os melhores números das noites eleitorais.
Em dias em que não há nada a dizer, como estes dias quentes de silly season, procuram-se notícias em todo o lado e, como ontem e hoje, passam-se dias inteiros a discutir subidas e descidas nos números que nos comparam aos países que invejamos; subidas e descidas que são ora substanciais, ora insignificantes, dependendo da posição relativa do avaliador perante o copo.
Ontem era um crescimento do PIB, hoje o aumento da taxa de desemprego. Ontem era o governo que rejubilava com os primeiros sinais de retoma, hoje a oposição que suspira de alívio com o aparecimento de outro trunfo para a campanha. Ontem era a oposição a dizer que a retoma ainda estava muito longe, hoje o governo a afirmar que a melhoria do clima económico reflectir-se-á em 2010 na taxa de desemprego.
Quando não há palavras que cheguem, os políticos agarram-se aos números, como que acreditando que, com eles, serão seus os melhores números das noites eleitorais.
Esta Linha É Tua
© Cláudio Rodrigues
Uma das piores características do nosso tempo é a alienação. Serenos, sempre demasiado serenos numa quase anestesia consciente, assistimos ao desmantelamento progressivo do nosso melhor património natural, cultural ou edificado. Tudo é feito com a melhor das intenções, sempre com a melhor das intenções numa quase exaltação de um interesse colectivo que, vamos ver, não passa da oportuna soma de meia dúzia de interesses individuais. O marketing é perfeito, sempre irrepreensivelmente perfeito numa transcendência altruísta que se serve com sucesso no prato do desconhecimento e da ignorância.
É pois com enorme consternação, mas sem grande surpresa que assistimos à morte lenta da Linha do Tua, uma preciosa pérola do melhor património nacional. Na verdade, desde que se soube que seria muito rentável para os accionistas de algumas empresas construir uma barragem no Baixo Tua, um conjunto de factos muito estranhos e ainda mais infelizes colocaram em causa o futuro daquela da linha e hipotecaram a sua operacionalidade no presente.
© Gilberto Santos
Como quem se dá ao luxo de queimar notas para acender fogueiras, o Portugal do Século XXI destrói o património que ainda resta perante a impotência das autoridades policiais, a inoperância do Governo e a complacência da opinião pública. Ainda esta semana, um incêndio devastou património da Estação do Tua (Carrazeda de Ansiães). Dia após dia, a Linha do Tua vai-se entregando à degradação e ao abandono que mais não são do que prenúncio de uma morte anunciada.
Ainda há-de crescer mato sobre a linha e do rio ainda hão-de fazer albufeira para alimentar uma barragem. Tudo em nome da salvação ecológica, sempre a salvação ecológica vendida da forma mais dúbia e desleal por via das paredes de betão que protegem ecossistemas. E o património, esse mal-amado desta gente tão pretensamente moderna, ninguém no-lo volta a devolver. Já só resta que acordemos antes que seja tarde demais.
É Tempo de Partir
© Dario Silva, 13-08-2009
Agosto é tempo de embarcar num comboio rumo a um sítio estrangeiro e longe e voltar mais tarde. O Sud Express une Portugal à França desde 1887 e a viagem continua todos os dias com partida de Lisboa Santa Apolónia às quatro da tarde.
Dois Ponto Zero | 27
A ler: Azul Eufémia, por Carlos Abreu Amorim; Porreiro, pá!, por Ana Matos Pires; Pobre País, por João Gonçalves; Membro do 31 de Armada constituído arguido, no Público.
Coligação Apresenta Site de Campanha
© Ricardo Rio
A campanha de Ricardo Rio entrou na segunda fase com a apresentação de outdoors com propostas concretas para a mudança no concelho de Braga. Cultura, Juventude, Emprego, Transportes, Espaços Verdes e Urbanismo são os pratos fortes da ruptura que se anuncia. O novo site da candidatura apresenta, com maior detalhe, os rostos e as propostas.
Da Desilusão
«Ao pedir a um cunhado médico que lhe engessasse o braço antes de uma prova judicial de caligrafia que o poderia incriminar, António Preto mostrou ter um nervo raro. Com este impressionante número, Preto definiu-se como homem e como político. Ao tentar impô-lo ao país como parlamentar da República, Manuela Ferreira Leite define-se como política e como cidadã.» [Mário Crespo]
O sistema político português atravessa uma das fases mais negras da sua breve história democrática. A ética na vida pública deu lugar ao oportunismo na vida política e, enquanto isso, adensa-se o descrédito e a desilusão com o aparelhismo partidário vigente. Da esquerda à direita, impera o sectarismo nos partidos políticos, sempre convergentes a empecilhar os movimentos independentes de se constituírem como legítimos candidatos à Assembleia da República.
A ler: Pergunta, por Filipa Martins.
Brincar com a Saúde
«Os técnicos de ambulância de emergência apresentarão em Setembro um pré-aviso de greve e poderão deixar de transportar os doentes com gripe A, se o Governo não avançar com a carreira de técnico de emergência pré-hospitalar.» [DN]
Para além da manifesta falta de ética e do inaceitável oportunismo, este pré-anúncio de greve expõe com clareza alguns dos perigos de criar uma carreira de técnicos de emergência pré-hospitalar para enquadrar pessoas sem a desejável formação académica. O governo não pode vergar-se perante o sindicalismo mais egoísta e ignóbil. Além do mais, num país claramente excedentário de enfermeiros, não há qualquer sentido em criar a dita carreira.
O Rei Vai Murcho
O esplendoroso valor simbólico da acção terrorista de hoje é tão anedótico como a causa monárquica dos dias que correm. No entanto, este é um daqueles casos em que é evidente que quem não consegue erguer o seu próprio mastro tem que se contentar a hastear no mastro dos outros. É a vida.
Cumplicidade Insustentável
© Riafoge
Palmira F. Silva (IST), há uns dias atrás no jugular, apontou o esforço do actual Governo na mudança do paradigma energético para um menos dependente dos combustíveis fósseis. Tudo bem com isso tudo. Mas Joanaz de Melo, professor de Engenharia do Ambiente na Universidade Nova de Lisboa, membro do GEOTA - e a quem Palmira torce o nariz - alerta para o paradoxo dos custos ambientais e energéticos das 10 novas barragens ou da terceira travessia do Tejo que, endividando o País, não fazem o que o investimento na eficiência energética faria na factura e até no «controlo dos períodos de pico e ao equilíbrio do sistema com a produção eólica e térmica». A verdade é que mesmo sendo mais fácil recorrer a barragens para emendar este último problema, é muito estranho que não utilizem a actual capacidade hídrica para fazê-lo.
Concordo com Palmira quando diz que o avanço tecnológico e a pesquisa cientifica exigirão muito maior quantidade de energia do que a que temos hoje disponível. Agora, num Portugal que necessita urgentemente de desenvolver o Interior com os únicos instrumentos e riquezas que estas gentes possuem, o sacrifício insensível de vales aráveis e do seu valor ecológico, é de uma demonstrada incongruência.
Por outro lado, a forma com que este Governo dotou as grandes corporações do sector energético (EDP e Iberdrola) do poder apropriação de património colectivo, enquanto propagandeiam falsas virtudes e vendem ilusões de emprego e desenvolvimento a populações desesperadas, é imoral e escandaloso. António Mexia, Coelho e Pina Moura agem actualmente como autênticos donos e senhores deste país. No caso do presidente da EDP a prepotência e a falta de decoro roçam o sadismo.
Se o debate das questões de sociedade e do papel do Estado na economia, a par das quezílias de comadre com a blogosfera de Direita fazem passatempo e as ganas aos futuros deputados do PS que se entretêm a escrever no jugular e no SIMplex, chama-se-lhes daqui a atenção de que: absterem-se de questionar o delírio do Plano Nacional de Barragens, que no Tâmega «viola lei-quadro da Água»(Rui Cortes, UTAD), é compactuar com um dos maiores crimes de lesa-pátria a ser cometido nos próximos anos em Portugal.
Ciclovia de Famalicão Com Cara Nova
© CMVNF
Apesar da esperança de alguns, a linha entre Famalicão e a Póvoa de Varzim, encerrada no início dos anos 90, não irá reabrir tão cedo. Apesar de tal, a concretizar-se, ser um caso único e um estrondoso benefício para os famalicenses e concelhos vizinhos (o prolongamento da A7 até à Póvoa não resolveu os problemas de trânsito: mal se sai da auto-estrada num qualquer fim-de-semana, a confusão continua), o executivo famalicense não ficou completamente inerte na questão, tendo procedido à transformação das linhas em ciclovias.
Ao contrário da Câmara poveira. A ciclovia existe apenas até Gondifelos, a última freguesia famalicense, numa extensão de 10,2 quilómetros. Em Balazar já não há sinal da pista. Ainda se notam alguns sinais da antiga linha, em algumas freguesias poveiras... Seria excelente poder ir até à praia de bicicleta.
A ciclovia, como se vê na imagem, ainda está numa fase primitiva. Caminhos em terra, sinalização pouco frequente... vai daí, Armindo Costa decidiu candidatar-se a verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para transformar, por ora, a ciclovia em ecopista até ao apeadeiro de Outiz. Apesar de não existirem ainda prazos, sabe-se que a actual pista vai receber um alcatroamento, sinalização e iluminação. A proposta já foi aprovada em reunião do executivo. Os custos envolvem 316 mil euros, 200 mil dos quais comparticipados pelas verbas públicas.
Do PS já choveram críticas, apesar do voto favorável. Pedem-se passagens desniveladas para as três passagens pela estrada nacional, algo que a coligação no poder considera de pouca importância, considerando as obras de saneamento e água a decorrer no concelho.
Parece-me uma intervenção importante, apesar de apenas cobrir 4,1 km da ciclovia. À semelhança do que acontece noutros locais da região, a ciclovia/ecopista famalicense é muito apreciada pelos apaixonados pela bicicleta e pelo contacto com a Natureza, para além de ser um dos poucos locais exclusivamente destinados à prática de cicloturismo no nosso país. Como se sabe, o Código da Estrada continua a ser bastante omisso em relação às bicicletas. É também nestas coisas que se vê a diferença entre Portugal e os restantes.
É uma pena que tais investimentos nas bicicletas sejam feitos em prejuízo do comboio. Não tenho quaisquer memórias da Linha da Póvoa em actividade. Lembro-me de ser garoto e de a minha mãe dizer que já tinha havido comboio para a praia. Mas não me parece que consiga, tão cedo, ter notícias de um regresso desta ligação emblemática. O comboio não vai ser prioridade.
Imagens de Campanha | 5
Ao que parece, é um cartaz político e pertence à JSD do Marco de Canaveses. Se encontrar outras preciosidades de campanha, envie para avcentral@gmail.com.
Imagens de Campanha | 4
Este cartaz é uma verdadeira preciosidade. E as reacções de alguns «paroquianos» também. Mas alguém acredita que o senhor candidato do PSD anda a invocar o Santo Nome de Deus em vão?
Jornalismo?
O jornal i destaca na sua edição online de hoje, 5 de Agosto, um post escrito por um jornalista espanhol em 16 de Maio passado. Alguém me explica qual é o critério jornalístico?
Da Pressão
Vamos aos factos: 1) César Peixoto tem contrato com a Sporting Clube de Braga, SAD até 2010; 2) A Sporting Clube de Braga, SAD tem cumprido integralmente todas as condições contratualizadas; 3) Se há um clube interessado no jogador, mandam as normas da Liga e, sobretudo, a ética que esse clube contacte a entidade empregadora de César Peixoto no sentido de saber das condições necessárias à transferência do jogador; 4) Até a transferência estar consumada, o jogador está obrigado ao cumprimento integral das obrigações a que está contratualmente vinculado.
Posto isto, e sabendo-se que não há propostas concretas de nenhum clube, não se percebem as críticas vorazes contra António Salvador com que alguns adeptos entopem os fóruns desportivos deste país. Será ilegítimo o Braga defender os seus interesses?
Posto isto, e sabendo-se que não há propostas concretas de nenhum clube, não se percebem as críticas vorazes contra António Salvador com que alguns adeptos entopem os fóruns desportivos deste país. Será ilegítimo o Braga defender os seus interesses?
O Douro | 1
© Dario Silva
Não há muitas linhas assim; não há nenhuma outra linha assim. E só quem nunca viajou na Linha do Douro não poderá perceber a obrigação moral desta geração.
O Tâmega | 3
© Dario Silva
Dia quatro de Agosto de dois mil e nove e pela primeira vez em cem anos, Amarante existe sem o comboio e sem carris à espera da renovação da linha (em curso). Mais à frente, edifica-se a ecopista que há-de chegar ao Arco de Baúlhe, como o comboio chegou há sessenta anos anos e deixou de chegar há quase vinte.
Comentários
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Marcado como
Arco De Baúlhe,
Passageiros da Avenida,
Transportes,
Transportes no Minho,
Vale do Tâmega
Transportes no Minho: Que Futuro?
© So Cal Metro
Ao longo dos últimos anos, o debate cívico em torno dos transportes públicos no Minho tem sido mais intenso que nunca, paixão só comparável aos anos em que se discutiam os planos de implementação da ferrovia no Norte do país.
Em primeiro, a petição lançada pelo blogue Avenida Central sobre o regresso de um transporte urbano sobre carris à cidade de Braga, proposta que foi debatida na Assembleia e no Executivo municipais e cuja necessidade foi corroborada no Estudo de Mobilidade apresentado pelo município sem que quaisquer outros avanços sejam conhecidos por parte da gestão socialista da câmara;
Em segundo, o surgimento da associação Comboios XXI que levou as suas ideias até à Assembleia da República na defesa de um melhor serviço nas ligações ferroviárias entre Braga e o Porto, objectivo parcialmente alcançado com alguns anúncios de melhorias pontuais em resposta às exigências dos cidadãos;
Em terceiro, o movimento cívico e político que se reúne em torno da ideia de construir uma ligação ferroviária entre Braga e Guimarães, com paragem mais que necessária no AvePark das Taipas, mas ainda sem apoio assumido de nenhum dos principais partidos políticos;
Em quarto, o projecto de construção do comboio de alta velocidade no Minho, com paragem garantida na cidade de Braga, uma proposta que o Partido Socialista sustenta nas próximas eleições legislativas e que tem a oposição declarada da líder do PSD, Manuela Ferreira Leite;
Em quinto, a modernização da linha do Minho até Viana do Castelo para reduzir os tempos de viagem até Nine e ao Porto e a possível reactivação da concordância de Nine que permitiria ligações directas entre o eixo Viana-Barcelos e a cidade de Braga.
De todas as propostas debatidas ao longo dos último anos, nenhuma está em fase avançada de concretização e, muitas delas, nunca saíram do plano dos anúncios, das intenções, das conferências de imprensa simpáticas ou dos comentários agradáveis. É, pois, tempo de (re)definir estratégias com toda a clareza do mundo. O que pensam, afinal, os partidos e os candidatos sobre estas propostas concretas?
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Transportes no Minho
Da Arqueologia em Braga
© Maaar
A Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM) está a empreender esforços no sentido de que o Parque Arqueológico de Braga venha a integrar o Parque Cultural Europeu (confesso que após uma breve pesquisa ainda não consegui perceber de que se trata). Segundo o JN, «o plano visa dignificar e potenciar o "valor histórico, cultural, científico e turístico" do património bracarense, nomeadamente o romano e bimilenar de Bracara Augusta.»
Há uns dias visitei Barcelona e fiquei impressionado com a forma como a informação acerca do património edificado (dos tempos romanos até ao Séc. XX) está espalhada por toda a cidade de forma extremamente harmoniosa. Aliás, não é preciso ir a Barcelona para ver exemplos de boa informação aos visitantes sobre o património edificado e do aproveitamento que se faz do mais ínfimo vestígio arqueológico. Em Braga, essa informação pura e simplesmente não existe.
Quando muito do básico ainda está por fazer em termos de protecção e divulgação do património arqueológico de Braga, espera-se que este anúncio não seja mais uma promessa sempre adiada e nunca cumprida.
Os Candidatos por Braga
O quadro dos cabeças de lista por Braga começa a fica composto: o Partido Socialista recandidata António José Seguro, o PSD apresenta João de Deus Pinheiro, o CDS-PP candidata Telmo Correia, a CDU e o Bloco de Esquerda deverão apostar, respectivamente, em Agostinho Lopes e Pedro Soares.
Ainda que as eleições sejam nacionais, penso que esta iniciativa dos deputados PS por Braga é meritória e contribui para aproximar os eleitores dos eleitos. Fazer o balanço do trabalho ao longo da legislatura é o mínimo que se exige aqueles que representaram a região na Assembleia da República durante os últimos quatro anos.
Ainda que as eleições sejam nacionais, penso que esta iniciativa dos deputados PS por Braga é meritória e contribui para aproximar os eleitores dos eleitos. Fazer o balanço do trabalho ao longo da legislatura é o mínimo que se exige aqueles que representaram a região na Assembleia da República durante os últimos quatro anos.
Paredes de Coura, O Festival, Não É Mito
Actualmente, quando chega Agosto, chega também o final do Festival Paredes de Coura. Este ano, tal como no que passou, estive lá a ver a(s) banda(s). Há várias coisas que tornam este festival um acontecimento importante na região minhota.
Para começar, ou não fosse um festival de música, as bandas que passam pelo palco instalado junto à praia fluvial do Taboão assumem suma importância na hora de decidir juntar os trocos e comprar o bilhete ou não. Suma importância, sim. Mas não total importância.
© Bruno Simões
O espaço parece ter sido propositadamente moldado pela Natureza para dar lugar a um espectáculo musical de vários dias. O palco situa-se na base de um amplo anfiteatro natural, o que garante uma visibilidade soberba em qualquer lugar. O campismo é ao lado, e a vila, onde o contacto com a civilização pode ser retomado, fica a poucos minutos de distância.
Houve, neste caso, uma integração quase ideal entre o Homem e a Natureza. Os festivais não têm só de se resumir à música, há toda uma série de factores envolventes que vão condicionar/justificar a escolha por determinado espaço. Não falta consumismo nem capitalismo dentro do festival, mas a harmonia (leia-se equilíbrio) entre o que está lá desde sempre e o que foi posto mais recentemente agrada e faz muitos fãs, que quase sempre regressam.
Daí que eu retome a ideia de que as bandas que actuam no festival não se revestem de toda a importância na hora de adquirir os ingressos. O propalado espírito do festival, assente na convivência nas tendas, no vaguear por uma vila simpática ou nos mergulhos na água gelada do rio Taboão (que este ano esteve interdito a banhos, devido à presença de salmonelas) representam momentos inesquecíveis. O conforto (ou falta dele) mal se nota.
A fórmula de sucesso já tem sido aplicada em mais festivais minhotos. Dentro de algumas semanas inicia-se o Barco Rock Fest, na freguesia de Barco (Guimarães), que conta com nomes importantes da nova música portuguesa (Wraygunn, Smix Smox Smux ou Sean Riley & The Slowriders) e que parece um Paredes de Coura em formato mini: não falta a praia fluvial e o campismo gratuito para os detentores de bilhete geral. Vale a pena dar lá um salto, a 21 e 22 de Agosto.
Não se pode dizer que o Minho esteja mal servido em termos musicais. Na época de pausa nas casas de espectáculo, os festivais de Verão vão garantindo aos minhotos a certeza de poderem ouvir boa música.
P.S.: Esta edição do Paredes de Coura foi, a meu ver, mais fraca que a do ano passado. Musicalmente falando, claro está, a organização cortou no palco Ibero Sounds, que no ano passado serviu de montra a várias bandas antes do início dos concertos no palco principal.
A ideia de começar os concertos no palco After Hours não foi muito feliz, pois em Patrick Wolf registou-se uma enchente épica num espaço várias vezes mais reduzido que o do palco principal. A um nível muito geral, a qualidade das bandas descresceu relativamente ao ano transacto... o que pode muito bem ser um consequência do fim do patrocínio da cervejeira holandesa Heineken. Os cabeças-de-cartaz asseguraram a festa, entre uma ou outra surpresa (Blood Red Shoes e Portugal. The Man, com registos completamente diferentes um do outro, merecem uma oportunidade).
Para o próximo ano, já se sabem as datas da festividade: 28 a 31 de Julho. Sabe-se também quem não vem: os Radiohead. 750 mil euros são demasiado para um festival com um orçamento de 2 milhões...
Já vai longo, o post-scriptum, mas fica mal não tirar o chapéu à Ritmos, por organizar um festival sem paralelo no nosso país.
Para começar, ou não fosse um festival de música, as bandas que passam pelo palco instalado junto à praia fluvial do Taboão assumem suma importância na hora de decidir juntar os trocos e comprar o bilhete ou não. Suma importância, sim. Mas não total importância.
© Bruno Simões
O espaço parece ter sido propositadamente moldado pela Natureza para dar lugar a um espectáculo musical de vários dias. O palco situa-se na base de um amplo anfiteatro natural, o que garante uma visibilidade soberba em qualquer lugar. O campismo é ao lado, e a vila, onde o contacto com a civilização pode ser retomado, fica a poucos minutos de distância.
Houve, neste caso, uma integração quase ideal entre o Homem e a Natureza. Os festivais não têm só de se resumir à música, há toda uma série de factores envolventes que vão condicionar/justificar a escolha por determinado espaço. Não falta consumismo nem capitalismo dentro do festival, mas a harmonia (leia-se equilíbrio) entre o que está lá desde sempre e o que foi posto mais recentemente agrada e faz muitos fãs, que quase sempre regressam.
Daí que eu retome a ideia de que as bandas que actuam no festival não se revestem de toda a importância na hora de adquirir os ingressos. O propalado espírito do festival, assente na convivência nas tendas, no vaguear por uma vila simpática ou nos mergulhos na água gelada do rio Taboão (que este ano esteve interdito a banhos, devido à presença de salmonelas) representam momentos inesquecíveis. O conforto (ou falta dele) mal se nota.
A fórmula de sucesso já tem sido aplicada em mais festivais minhotos. Dentro de algumas semanas inicia-se o Barco Rock Fest, na freguesia de Barco (Guimarães), que conta com nomes importantes da nova música portuguesa (Wraygunn, Smix Smox Smux ou Sean Riley & The Slowriders) e que parece um Paredes de Coura em formato mini: não falta a praia fluvial e o campismo gratuito para os detentores de bilhete geral. Vale a pena dar lá um salto, a 21 e 22 de Agosto.
Não se pode dizer que o Minho esteja mal servido em termos musicais. Na época de pausa nas casas de espectáculo, os festivais de Verão vão garantindo aos minhotos a certeza de poderem ouvir boa música.
P.S.: Esta edição do Paredes de Coura foi, a meu ver, mais fraca que a do ano passado. Musicalmente falando, claro está, a organização cortou no palco Ibero Sounds, que no ano passado serviu de montra a várias bandas antes do início dos concertos no palco principal.
A ideia de começar os concertos no palco After Hours não foi muito feliz, pois em Patrick Wolf registou-se uma enchente épica num espaço várias vezes mais reduzido que o do palco principal. A um nível muito geral, a qualidade das bandas descresceu relativamente ao ano transacto... o que pode muito bem ser um consequência do fim do patrocínio da cervejeira holandesa Heineken. Os cabeças-de-cartaz asseguraram a festa, entre uma ou outra surpresa (Blood Red Shoes e Portugal. The Man, com registos completamente diferentes um do outro, merecem uma oportunidade).
Para o próximo ano, já se sabem as datas da festividade: 28 a 31 de Julho. Sabe-se também quem não vem: os Radiohead. 750 mil euros são demasiado para um festival com um orçamento de 2 milhões...
Já vai longo, o post-scriptum, mas fica mal não tirar o chapéu à Ritmos, por organizar um festival sem paralelo no nosso país.
Governo Sombra
Meio Bicho e Fogo é o primeiro tema conhecido do Governo de valter hugo mãe, Henrique Fernandes (Mécanosphère), António Rafael e Miguel Pedro (Mão Morta), um projecto com muita alma bracarense que integra a colectânea 'Novos Talentos Fnac 2009'. O videoclip foi realizado por Esgar Acelerado (a partir de desenhos seus e de Sara Macedo).
Debater Sem Ideias
«O representante do PSD, convidado pela moderadora a explicitar as grandes linhas programáticas do seu partido para o escrutínio de 27 de Setembro, destaca a oposição à construção do TGV e à terceira ligação rodoviária por auto-estrada Lisboa-Porto. Nada mais que isto. A menos de dois meses da ida às urnas, eis o imenso deserto de ideias do maior partido da oposição.» [Pedro Correia, Corta Fitas]
Por muito que seja criticável, a verdade é que a estratégia do silêncio de Manuela Ferreira Leite foi altamente compensadora em termos eleitorais. O princípio é simples: quando se dizem muitas asneiras, o melhor é mesmo ficar calada. Da promessa de casamentos-procriadores aos dislates sobre trolhas cabo-verdianos e ucranianos, Manuela Ferreira Leite tem demonstrado uma assustadora inabilidade política e a sugestão de tradução especial para as suas palavras vem do próprio Pacheco Pereira, um dos mais indefectíveis apoiantes.
Seja como fôr, a estratégia de resguardo da imagem da líder do PSD não pode condicionar o necessário debate das ideias que cada partido defende para o governo do país. A verdade é que o PSD se apresenta a dois meses das eleições ainda sem um plano, sem um programa e sem ideias para lá das parangonas que dão conta da súbita oposição ao TGV e à chamada auto-estrada cor de rosa.
Confesso que ainda não compreendi esta falta de comparência do PSD no debate sobre o futuro do país. Não quero crer que o PSD ainda não tenha Programa Eleitoral e ainda mais me custa imaginar que o medo é mostrar ao país quais são as reais intenções de Manuela Ferreira Leite para lá do cinzento moralismo que já lhe conhecemos.
Mundial de Futebol em Braga?
© Jorge-11
Sem qualquer discussão pública, a Câmara Municipal de Braga anunciou recentemente a intenção de integrar a proposta de candidatura ibérica ao Campeonato Mundial de Futebol 2018. Contudo, num momento em que ainda se desconhece o balanço entre os custos finais da construção do Estádio Municipal para o Euro 2004 e os reais benefícios que este evento trouxe para a cidade e o país, a proposta não pode deixar de ser vista com enormes reservas.
Afinal, quanto custou o Estádio Municipal de Braga? Qual é o preço da ampliação para 44.000 lugares, lotação manifestamente desnecessária para na sua utilização regular? Qual é o benefício estimado para a economia local? Não será mais barato apoiar a construção de uma academia de alto rendimento que permita o desenvolvimento de jovens talentos e a instalação de uma selecção nacional durante o evento?
Estas são algumas das perguntas que gostava de ver respondidas antes da decisão final.
Da Paixão e da Razão
«Domingos Paciência perdeu 5ªfeira o seu primeiro jogo oficial ao comando do Sp. Braga . Frente a um Elfsborg que lidera o campeonato sueco e está no seu pico de forma, a equipa do Minho comprometeu a qualificação para a Liga Europa . As críticas dos adeptos benfiquistas entoaram de imediato no Relvado [e no Avenida Central também]. Mas será Domingos assim tão diferente de Jesus?
Sp. Braga e Benfica contrataram novos treinadores esta temporada. Domingos , técnico da nova geração , rumou ao Minho após duas experiências marcadas pelo sucesso desportivo e pela empatia criada com os adeptos - quer em Leiria quer em Coimbra. Jorge Jesus, treinador da velha guarda , rumou à Luz após um passado fortemente ligado ao futebol português e a experiências bem sucedidas em vários clubes, o último dos quais precisamente o Sp. Braga.
Após meia dúzia de treinos com os arsenalistas, Domingos vem a público dizer que a equipa está mal preparada fisicamente e que está a sofrer as consequências desse fardo ao ter de iniciar a preparação sem meia dúzia de lesionados . Vai mais longe e diz também que Jorge Jesus, seu antecessor, podia ter feito muito melhor na temporada passada.
Caiu o Carmo e a Trindade. Um rol de críticas abateram-se sobre Domingos e os principais contestatários vinham precisamente do novo clube de Jorge Jesus. Foram variadíssimos os comentários pejorativos , lidos, por exemplo, aqui no Relvado . O novo treinador do Braga teria desrespeitado o seu antecessor e agido com uma arrogância imperdoável ...
Só que esses mesmos adeptos que criticaram Domingos esquecem-se que, poucas semanas antes, tinham tido a apresentação de Jorge Jesus no Benfica marcada por declarações muito fortes sobre o seu antecessor, Quique Flores . O novo treinador prometia pôr a equipa a jogar o dobro ou mais do que no ano passado, que é o mesmo que dizer que o Benfica de Quique Flores não rendia nem metade daquilo que podia! Afirmou também que tinha a certeza que ia ser campeão naquela casa.
Nessa altura, não caiu o Carmo nem a Trindade. Não se abateu sobre Jorge Jesus qualquer rol de críticas nem tão pouco havia contestatários para definir um ponto de origem. Foram variadíssimos os comentários elogiosos, lidos, por exemplo, aqui no Relvado. O novo treinador do Benfica ter-se-ia apresentado com uma enorme dose de confiança e com um discurso motivador . Aquela arrogância saudável era ao estilo Mourinho e tudo!
Pois... são pontos de vista. As mesmas pessoas que viram as declarações de Jorge Jesus de uma perspectiva positiva, viram mais tarde as de Domingos, em tudo semelhantes, de uma perspectiva muito negativa. E continuam a criticar, inclusive num jogo europeu que ninguém viu, que ninguém sabe como foi, e que é mais uma facada nas costas para o posicionamento cada vez mais preocupante de Portugal no ranking . Situação que afecta todas as equipas portuguesas, sobretudo quem fica em 3º lugar no campeonato e perde a oportunidade de ir à Champions.
Pois bem, eu diria - sobre ambos os discursos - que é tudo uma questão de motivação, de injecção de confiança nos jogadores e de ruptura com o passado, fazendo a equipa acreditar que é capaz de muito mais. Ao menos sei que vocês concordam comigo... em 50% daquilo que disse.
Por isso ficam as perguntas: em que é que o discurso de Domingos foi diferente do de Jorge Jesus? Porque é que a clubite nos faz ver de formas completamente distintas duas situações em tudo semelhantes? Não estará Domingos a sofrer as primeiras consequências de estar conotado com o FC Porto? Mais: o que ganham os benfiquistas com a eliminação do Braga?»
Texto de Susana Valente.
Sp. Braga e Benfica contrataram novos treinadores esta temporada. Domingos , técnico da nova geração , rumou ao Minho após duas experiências marcadas pelo sucesso desportivo e pela empatia criada com os adeptos - quer em Leiria quer em Coimbra. Jorge Jesus, treinador da velha guarda , rumou à Luz após um passado fortemente ligado ao futebol português e a experiências bem sucedidas em vários clubes, o último dos quais precisamente o Sp. Braga.
Após meia dúzia de treinos com os arsenalistas, Domingos vem a público dizer que a equipa está mal preparada fisicamente e que está a sofrer as consequências desse fardo ao ter de iniciar a preparação sem meia dúzia de lesionados . Vai mais longe e diz também que Jorge Jesus, seu antecessor, podia ter feito muito melhor na temporada passada.
Caiu o Carmo e a Trindade. Um rol de críticas abateram-se sobre Domingos e os principais contestatários vinham precisamente do novo clube de Jorge Jesus. Foram variadíssimos os comentários pejorativos , lidos, por exemplo, aqui no Relvado . O novo treinador do Braga teria desrespeitado o seu antecessor e agido com uma arrogância imperdoável ...
Só que esses mesmos adeptos que criticaram Domingos esquecem-se que, poucas semanas antes, tinham tido a apresentação de Jorge Jesus no Benfica marcada por declarações muito fortes sobre o seu antecessor, Quique Flores . O novo treinador prometia pôr a equipa a jogar o dobro ou mais do que no ano passado, que é o mesmo que dizer que o Benfica de Quique Flores não rendia nem metade daquilo que podia! Afirmou também que tinha a certeza que ia ser campeão naquela casa.
Nessa altura, não caiu o Carmo nem a Trindade. Não se abateu sobre Jorge Jesus qualquer rol de críticas nem tão pouco havia contestatários para definir um ponto de origem. Foram variadíssimos os comentários elogiosos, lidos, por exemplo, aqui no Relvado. O novo treinador do Benfica ter-se-ia apresentado com uma enorme dose de confiança e com um discurso motivador . Aquela arrogância saudável era ao estilo Mourinho e tudo!
Pois... são pontos de vista. As mesmas pessoas que viram as declarações de Jorge Jesus de uma perspectiva positiva, viram mais tarde as de Domingos, em tudo semelhantes, de uma perspectiva muito negativa. E continuam a criticar, inclusive num jogo europeu que ninguém viu, que ninguém sabe como foi, e que é mais uma facada nas costas para o posicionamento cada vez mais preocupante de Portugal no ranking . Situação que afecta todas as equipas portuguesas, sobretudo quem fica em 3º lugar no campeonato e perde a oportunidade de ir à Champions.
Pois bem, eu diria - sobre ambos os discursos - que é tudo uma questão de motivação, de injecção de confiança nos jogadores e de ruptura com o passado, fazendo a equipa acreditar que é capaz de muito mais. Ao menos sei que vocês concordam comigo... em 50% daquilo que disse.
Por isso ficam as perguntas: em que é que o discurso de Domingos foi diferente do de Jorge Jesus? Porque é que a clubite nos faz ver de formas completamente distintas duas situações em tudo semelhantes? Não estará Domingos a sofrer as primeiras consequências de estar conotado com o FC Porto? Mais: o que ganham os benfiquistas com a eliminação do Braga?»
Texto de Susana Valente.
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