Actualmente, quando chega Agosto, chega também o final do Festival Paredes de Coura. Este ano, tal como no que passou, estive lá a ver a(s) banda(s). Há várias coisas que tornam este festival um acontecimento importante na região minhota.
Para começar, ou não fosse um festival de música, as bandas que passam pelo palco instalado junto à praia fluvial do Taboão assumem suma importância na hora de decidir juntar os trocos e comprar o bilhete ou não. Suma importância, sim. Mas não total importância.
© Bruno Simões
O espaço parece ter sido propositadamente moldado pela Natureza para dar lugar a um espectáculo musical de vários dias. O palco situa-se na base de um amplo anfiteatro natural, o que garante uma visibilidade soberba em qualquer lugar. O campismo é ao lado, e a vila, onde o contacto com a civilização pode ser retomado, fica a poucos minutos de distância.
Houve, neste caso, uma integração quase ideal entre o Homem e a Natureza. Os festivais não têm só de se resumir à música, há toda uma série de factores envolventes que vão condicionar/justificar a escolha por determinado espaço. Não falta consumismo nem capitalismo dentro do festival, mas a harmonia (leia-se equilíbrio) entre o que está lá desde sempre e o que foi posto mais recentemente agrada e faz muitos fãs, que quase sempre regressam.
Daí que eu retome a ideia de que as bandas que actuam no festival não se revestem de toda a importância na hora de adquirir os ingressos. O propalado espírito do festival, assente na convivência nas tendas, no vaguear por uma vila simpática ou nos mergulhos na água gelada do rio Taboão (que este ano esteve interdito a banhos, devido à presença de salmonelas) representam momentos inesquecíveis. O conforto (ou falta dele) mal se nota.
A fórmula de sucesso já tem sido aplicada em mais festivais minhotos. Dentro de algumas semanas inicia-se o Barco Rock Fest, na freguesia de Barco (Guimarães), que conta com nomes importantes da nova música portuguesa (Wraygunn, Smix Smox Smux ou Sean Riley & The Slowriders) e que parece um Paredes de Coura em formato mini: não falta a praia fluvial e o campismo gratuito para os detentores de bilhete geral. Vale a pena dar lá um salto, a 21 e 22 de Agosto.
Não se pode dizer que o Minho esteja mal servido em termos musicais. Na época de pausa nas casas de espectáculo, os festivais de Verão vão garantindo aos minhotos a certeza de poderem ouvir boa música.
P.S.: Esta edição do Paredes de Coura foi, a meu ver, mais fraca que a do ano passado. Musicalmente falando, claro está, a organização cortou no palco Ibero Sounds, que no ano passado serviu de montra a várias bandas antes do início dos concertos no palco principal.
A ideia de começar os concertos no palco After Hours não foi muito feliz, pois em Patrick Wolf registou-se uma enchente épica num espaço várias vezes mais reduzido que o do palco principal. A um nível muito geral, a qualidade das bandas descresceu relativamente ao ano transacto... o que pode muito bem ser um consequência do fim do patrocínio da cervejeira holandesa Heineken. Os cabeças-de-cartaz asseguraram a festa, entre uma ou outra surpresa (Blood Red Shoes e Portugal. The Man, com registos completamente diferentes um do outro, merecem uma oportunidade).
Para o próximo ano, já se sabem as datas da festividade: 28 a 31 de Julho. Sabe-se também quem não vem: os Radiohead. 750 mil euros são demasiado para um festival com um orçamento de 2 milhões...
Já vai longo, o post-scriptum, mas fica mal não tirar o chapéu à Ritmos, por organizar um festival sem paralelo no nosso país.
Meter os Radiohead naquele buraco era um sacrilégio. Tenho dito.
ResponderEliminarApenas um pequeno reparo, não é a ritmos, mas a Everything is New, que também organizou o Alive.
ResponderEliminar750 mil euros para Radiohead? São trocos... :p
ResponderEliminarparabéns pelo post!
Abraço...
O Paredes de Coura é definitivamente um grande acontecimento em termos nacionais. Tenho pena que a Região de Turismo do Alto Minho não veja aqui uma hipóteses (excelente) de promover a região em vez de passar o ano a promover tripas e vinhos.
ResponderEliminarOutro ponto interessante neste festival, é a ausência dos ditos VIPs. Fico muito feliz pela organização não se vender facilmente.
Em relação ao cartaz, acho que esteve a bom nível. Talvez faltasse um nome mais forte que os The Hives (foram grandes) para encerrar o festival, mas nos tempos que correm e sem patrocinador principal, penso que o cartaz foi bom e coerente.
Até 2010! Paredes de Coura sempre
Fui este ano pela quinta vez consecutiva a este festival, e nunca me desiludo. De ano para ano consegue ser sempre musicalmente refrescante e brindar-nos com uma grande quantidade de novas propostas.
ResponderEliminarE só um reparo ao comentário do senhor Luís Caldas, o festival é organizado pela Ritmos desde 1993, e desde 2008 tem o apoio na organização da Everything in New.
Subscrevo o esclarecimento do sr. Carlos A. A Ritmos e detida pelo João Carvalho e foi ele e mais uns quantos que começaram o festival.
ResponderEliminarHugo Monteiro, sacrilégio por quê?
Bruno:
ResponderEliminarRadiohead é banda para vir a Portugal em nome próprio. Paredes não tem nem condições nem recursos para trazer alguém deste género. E espero, francamente, que, a vir, assim o faça. Não me apanham em Paredes tão cedo.
Só me rio com estas opiniões sobre produtoras, bandas e cachets...
ResponderEliminarSó meio facto é verdadeiro...
Bem, anda alguém aqui a dormir um bocadinho. Paredes de Coura é a maior montra musical nacional. O que vale é que os Radiohead não partilham da arrogância do nosso amigo Hugo Monteiro. Esperemos que o festival melhore de ano para ano. Permita-me discordar o bruno, mas esta edição foi, indubitavelmente, melhor que a do ano passado. E já agora partilhar da opinião do nosso amigo que resolveu não se identificar. É tempo perdido estarmos aqui a discutir as contas, os cachet's e as grades de minis que as bandas pedem. Nós simplesmente não temos noção do que, e como, se negoceia uma banda para um festival.
ResponderEliminarCumprimentos,
pedro mendes
"O que vale é que os Radiohead não partilham da arrogância do nosso amigo Hugo Monteiro."
ResponderEliminarNão partilham os Radiohead, nem alguns dos maiores nomes da música internacional que por lá já passaram. Muitas bandas Nacionais e Internacionais que antes de serem conhecidas pelo público geral passaram por este festival. Todos os anos os artistas fartam-se de elogiar o festival e o recinto. Este ano os elogios repetiram-se,e o próprio Trent Reznor admitiu que este terá sido um dos melhores concertos que já deu.
Além disso este deve ser dos melhores recintos de espectáculos ao ar livre em Portugal, aquele anfiteatro natural tem as vantagens que o caro Sr. Bruno Simões já enunciou.
Estes factos dizem muito...muito mais do que as palavras de alguns :)
Peço desculpa a todo Portugal do século XXI por ter uma opinião diferente.
ResponderEliminarNão há opiniões certas e correctas para querer ver, ou não, determinada banda num festival. Também é possível não gostar de certo local. Mas já não é possível dizer que Paredes de Coura não teria condições para receber os Radiohead.
ResponderEliminarNunca vi nenhum concerto dos Radiohead, mas penso que o palco deste ano teria todas as condições para os receber. E caso eles tenham mais alguma exigência de material/cenário, podem trazer o seu. Como fizeram os Nine Inch Nails, que acrescentaram mais uns 16 strobs aos 12 que o festival já tinha. Já vi bandas que actuaram em PdC e em nome próprio e a diferença não é substancial...
No caso de um concerto dos Radiohead, a única coisa que me parece faltar a Paredes de Coura é espaço. Que um Parque da Bela Vista, por exemplo, já teria (capacidade para 80 mil pessoas). A verdade é que, num festival desses, a única coisa que importa é mesmo a música. Nada mais. Já fui a um Rock in Rio e foi puro comércio. Adquiri o bilhete e vi as bandas. Sem qualquer valor acrescentado, como acontece em Paredes de Coura.
Pensei várias vezes, durante a seca que foi ver NIN, como me sentiria se estivessem os Radiohead no palco. Um sonho, claramente.
E, Pedro, o cartaz deste ano esteve em muitas coisas mais fraco que o do ano passado. Menos palcos, menos qualidade das bandas... Enfim. E, negociar bandas não tem assim tanto que se lhe diga. Elas fazem as exigências, é preciso satisfazê-las.
Bruno:
ResponderEliminarrepara que a nível de transportes também existiriam complicações. Paredes de Coura não é um Porto ou uma Lisboa para receber muitos visitantes de vários países com eficácia. Os transportes para lá não são famosos. Já se sabe que um evento que não decorra na proximidade destas cidades vai ser dificuldade por esta falta de meios.
Esta malta ainda não percebeu que quem manda, ordena e é responsável pelo festival de paredes de coura é a ritmos que é uma empresa rural e cheia de gente inteligente, humilde e cosmopolita. A malta ainda não percebeu o sucesso do festival de paredes de coura e dificilmente perceberão o que está em causa. Um abraço
ResponderEliminarConsidera uma seca ver NIN? Até gostaria de saber os seus gostos musicais...
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