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Passar as Marcas

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Big Euro Boys futebol céu rezar
© tony_v

O futebol, por muito que não se goste, é um dos espelhos mais fiéis da complexa matriz que enforma a sociedade do nosso tempo. Ainda esta semana, depois de assistirmos à expulsão de Vukcevic por festejar um golo sem camisola, ficámos a saber que a medida se deve, entre outras coisas, ao facto dos muçulmanos, por motivos religiosos, serem «contra a exibição do corpo nu». Vítor Pereira acha normal e justifica: «como o futebol é um jogo global, deve respeitar-se estas crenças religiosas». Curiosamente, nesta mesma semana, surge a notícia de que a FIFA pretende proibir «manifestações de fé nos relvados».

Estas situações, embora aparentemente antagónicas, são sintomas comuns de uma grave doença dos nossos dias que radica na imposição normativa do politicamente correcto. Trata-se de uma nova forma de policiamento da moral e dos bons costumes, limitando de forma severa liberdades fundamentais de cada ser humano. A facilidade com que os defensores do politicamente correcto se indignam com os comportamentos alheios e a passividade com que aceitam este permanente policiamento moral são sintomas verdadeiramente inquietantes.

Por mim, que os golos sejam festejados da forma que cada qual desejar. Não há indignação religiosa ou devaneio neutral que mereça este constante passar as marcas no que respeita à restrição das liberdades dos outros. É assim tão difícil aceitar cada qual como é?

10 comentários:

  1. O problema reside em aceitar os outros, sem impôr as nossas regras, coisa difícil neste mundo Global em que se escondem cada vez mais interesses obscuros e de que o Futebol poderá ser exemplo.Fundamentalistas no Futebol? Só! Não creio.

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  2. Caro Pedro Morgado:Vítor Pereira,a exemplo dos seus antecessores,é um perfeito idiota.Com melhor dicção e indumentária talvez,mas ainda assim um perfeito idiota.

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  3. Concordo que devemos aceitar cada qual como é, isto apesar de defender que a devoção religiosa deve ser vivida na esfera privada, sobretudo.
    Penso todavia, que a FIFA deveria preocupar-se com coisas bem mais relevantes como o caso das transferência multi-milionárias e os salários chorudos de muitos agentes do futebol. Mas não a esse fenómeno faz "vista grossa" a poderosa FIFA.
    A atitude dos brasileiros que indignou tanto a Dinamarca, e por arrastamento a FIFA, parece-me exagerada e até desproporcional. Revela de certo ponto um desconforto que roça um certo tique inquisitório.
    O futebol é ele próprio uma crença que vive de gestos religiosos, de bruxarias (tivemos um clube que recorreu, ao que se soube na Com Social, a trabalhos de um bruxo para evitar a queda num escalão inferior) etc.
    Entendo a religião como uma ligação societal (deriva de religare) que ultrapassa a esfera privada da manifestação e tornando-a numa "comunidade moral" nas palavras de Durkhein.

    No caso do futebol ao proibir que se tire a camisola estamos a respeitar a religião muçulmana? Talvez, mas estamos a hierarquizar religiões.

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  4. Olá Pedro,

    Convém separar uma manifestação individual de fé (como o kaká a apontar para o céu) de uma colectiva (a oração colectiva e à vista de todos orientada pelo mesmo jogador na taça das confederações que motivou a queixa da dinamarca e esta medida da fifa). Querem proibir o oito quando devem proibir o oitenta (nestes termos deviam deixar essas orações para o baneário).

    Pode-se também estar a abrir um precedente para que jogadores muçulmanos de equipas como a Turquia ou Marrocos rezem à frente de toda a gente no início ou final dos jogos. Aí creio que muitas mais vozes se levantariam...

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  5. Não fazia ideia que o motivo para a proibição era essa. É ridículo.

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  6. Atenção: futebol é futebol e o resto é o resto. Manifestações podem incendiar ânimos. Acho muito bem essa medida pois tudo que possa despoletar violência é dispensável no desporto. Senão continuam a ganhar-se campeonatos à pedrada e situações afins.

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  7. O jogador não pode mostrar o tronco mas as cheerleaders podem mostrar o rabo e o peito ao intervalo? Que interessante.

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  8. Não valorizem em demasia o Futebol...as regras só servem para justificar que alguém faz trabalho e depois os árbitros sentem-se os maiores e detentores do título de juiz, já sabem o poder dos juízes é total, são o mais forte dos poderes, mandamprender inocentes e soltar criminosos...depois temos que admitir que o Futebol move e comove muitidões, que existem muitos interesses em jogo e o anti-desporto convive com o desporto.Um árbitro é um Juíz...age como tal.

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  9. Disse bem um juiz! Está tudo dito qualquer um sabe hoje como eles actuam nos casos mais mediáticos.

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