Os números e estatísticas são muitas vezes apreciados pela sua circularidade. Porque permitem interpretações diversas, é comum vermos os mesmos números agradarem tanto aos partidários do copo meio cheio como aos partidários do copo meio vazio.
Em dias em que não há nada a dizer, como estes dias quentes de silly season, procuram-se notícias em todo o lado e, como ontem e hoje, passam-se dias inteiros a discutir subidas e descidas nos números que nos comparam aos países que invejamos; subidas e descidas que são ora substanciais, ora insignificantes, dependendo da posição relativa do avaliador perante o copo.
Ontem era um crescimento do PIB, hoje o aumento da taxa de desemprego. Ontem era o governo que rejubilava com os primeiros sinais de retoma, hoje a oposição que suspira de alívio com o aparecimento de outro trunfo para a campanha. Ontem era a oposição a dizer que a retoma ainda estava muito longe, hoje o governo a afirmar que a melhoria do clima económico reflectir-se-á em 2010 na taxa de desemprego.
Quando não há palavras que cheguem, os políticos agarram-se aos números, como que acreditando que, com eles, serão seus os melhores números das noites eleitorais.
Já há muito que me sentia privado dos seus textos magistrais, mas ainda bem que voltou.
ResponderEliminarNão deixe de nos servir destas serenas reflexões, se não for demasiado pesado para si.