Num país em que autarcas assumem nos tribunais que fugiram a impostos e em que altos dirigentes do Estado são suspeitos de corrupção, pode parecer normal que um empresário condenado por tentativa de corrupção seja nomeado para a presidência do conselho de administração de uma empresa pública.
Ricardo Sá Fernandes diz que «é um insulto», o Bloco de Esquerda fala em escândalo. A ética política anda pelas ruas da amargura e a culpa é nossa que os elegemos.
Braga e o Turismo Religioso | 2
«Com a extinção da Região de Turismo Verde Minho - que sempre apoiou monetariamente a Semana Santa de Braga - e a constituição da Entidade Regional de Turismo Porto e Norte de Portugal, não chegou até agora uma resposta concreta sobre que tipo de apoios vão ser concedidos pela nova estrutura que, reconheceu de letra, a importância de Braga no contexto do Turismo Religioso.»
[Correio do Minho, 29/03/2009]
O Minho não parece estar nas prioridades da recém criada Região de Turismo do Porto e Norte de Portugal. Depois de anunciados milhões para a região do Porto e Douro, os apoios à Semana Santa de Braga tardam em chegar. Recorde-se que, do ponto de vista turístico e cultural, a Semana Santa de Braga é um dos acontecimentos mais relevantes do país, atraindo milhares de forasteiros vindos de diversas partes do mundo, em particular da vizinha Galiza.
Cinemateca de Braga
© confusedvision
A criação da Cinemateca de Braga parece bem encaminhada. Segundo avança o Jornal de Notícias, várias embaixadas, realizadores e artistas têm dado o seu apoio ao projecto. Está também garantida a cedência de espólios e películas que se constituirão como uma interessante mais valia cultural para a região.
Enquanto o projecto não avança em definitivo, um embrião da futura Cinemateca de Braga está ao dispor dos amantes do cinema no auditório da Casa do Professor (na foto), onde quinzenalmente são projectados filmes, «antecedidos de uma pequena explicação sobre o filme e o seu enquadramento social».
A Esmola é Grande
«Em posse da boa-nova oficial, como porta-voz do encontro, Alexandre Chaves disponibilizou aos jornalistas um triunfal: "A linha do Corgo tem 103 anos de vida e temos de fazer uma intervenção estrutural para que ela complete mais 100". Chaves sossegou o povo e garantiu que "o encerramento nunca esteve em causa". Com críticas aos "pessimistas do costume", aqueles que dizem sempre que "quando se começa uma obra é para piorar" perspectivou uma "linha moderna" para o Corgo.» [Jornal de Notícias]
A promessa de que o encerramento do troço que sobrava das duas linhas, Tâmega e Corgo, é temporário veio com o aceno de 40 milhões de euros para modernizar ambas as estruturas. Mas perante tal oferta, os representantes do Governo e Refer estranham que se franza o cenho. A verdade é que não arranjam abono em precedentes.
A linha do Tua fechou também por razões de segurança e está agora com a existência sujeita aos desígnios da arrogante aventura barragista. E isto para não falar do há muito amputado troço da Linha do Tâmega, encerrado poucos dias depois de Cavaco Silva (primeiro-ministro de então) ter prometido em Celorico de Basto que não o faria sem que houvesse uma alternativa rodoviária. A via chegou mal e porcamente apenas até Celorico. Mas se Arco de Baúlhe (Cabeceiras de Basto) até têm vias a mais para algumas direcções, Mondim de Basto, por exemplo, está há quase 20 anos pendente, sem estradas ou mobilidade dignas - coisas do umbigo dos outros.
Mais Papistas que o Papa
© cdl
A promoção do uso do preservativo é a forma mais eficaz de se combater a transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH). Este facto é assumido por todos os agentes envolvidos na luta contra a SIDA e também pelos diversos estudos científicos e epidemiológicos que têm sido publicados a propósito das campanhas de prevenção da transmissão desta doença.
Quando o Papa Bento XVI afirmou que o uso do preservativo agravava o problema da SIDA, vários católicos, mais papistas que o próprio Papa, esforçaram-se por legitimar esta posição verdadeiramente infeliz da Igreja Católica. Tal como escrevemos na altura, aquelas declarações são de uma irresponsabilidade atroz, deitando por terra todo o trabalho que vem sendo efectuado pelas organizações não-governamentais no terreno, algumas das quais católicas.
Soube-se hoje que alguns alguns bispos portugueses assumem os erros e imperfeições da doutrina católica nestas matérias, aconselhando o uso do preservativo aos doentes infectados com o VIH. Esta recomendação, feita à revelia da convicção papal de que o uso do preservativo agrava a transmissão da doença, trata-se de uma posição verdadeiramente responsável no seio da Igreja que deve ser encarada com muito optimismo.
Braga e o Turismo Religioso
A criação da Região de Turismo do Porto e Norte de Portugal foi um erro estratégico muito grave com custos elevados para os agentes económicos e turísticos do Minho. Longe de ser a situação ideal, o quadro actual é o que temos e, como tal, seria importante que a cidade de Braga não desperdiçasse a oportunidade de acolher uma delegação dedicada ao Turismo Religioso.
A instalação dessa delegação continua num impasse porque a Câmara de Braga ainda não aderiu à Região de Turismo do Porto e Norte de Portugal por motivos que estão por esclarecer. Percebe-se que o município bracarenses não esteja agradad0 com as opções do executivo de José Sócrates no que respeita ao turismo, mas esta é uma batalha fora do tempo. O município devia ter feito uma guerra sem quartel quando o governo propôs a morte do Minho, juntando-se com outros municípios e forças vivas da região na defesa de uma proposta alternativa. Avisámos em bom tempo!
[1, 2, 3, 4, 5, 6, 7]
A instalação dessa delegação continua num impasse porque a Câmara de Braga ainda não aderiu à Região de Turismo do Porto e Norte de Portugal por motivos que estão por esclarecer. Percebe-se que o município bracarenses não esteja agradad0 com as opções do executivo de José Sócrates no que respeita ao turismo, mas esta é uma batalha fora do tempo. O município devia ter feito uma guerra sem quartel quando o governo propôs a morte do Minho, juntando-se com outros municípios e forças vivas da região na defesa de uma proposta alternativa. Avisámos em bom tempo!
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O Bandido Não Foge do Minho
© Tiago Ribeiro
Boas notícias para quem perdeu Manel Cruz em Braga e em Arcos de Valdevez: Foge Foge Bandido dá concerto em Guimarães, quinta-feira 30 de Abril, na bela sala do Centro de Artes e Espectáculos São Mamede, pelas 22h. Os bilhetes já se encontram à venda.
Fechado Para Obras
Foi de mansinho que fomos sendo informados pela tutela respectiva que algumas linhas de comboio em Portugal, numa reedição de 1990, poderiam fechar se a estas se associasse comprovadamente uma falta de rentabilidade. Era o lobo a vestir a pele de cordeiro: esquecendo que a mobilidade é um direito básico das populações, o governo assumia um papel de defensor da poupança dos escassos recursos nacionais. [continuar a ler]
Escrito por José Cândido (GAFA – Grupo de Apoio à Ferrovia Aberta)
Escrito por José Cândido (GAFA – Grupo de Apoio à Ferrovia Aberta)
Acontece no Minho | 24
© dm79pt
Conversas no Tanque com José Costa Reis (tertúlia)
[26 de Março, 21h45m. Velha-a-Branca, Braga]
As Conversas no Tanque realizam-se às quintas-feiras no tanque da Velha-a-Branca num ambiente informal e de café. O convidado da edição desta semana é José Costa Reis, director do Museu dos Biscaínhos.
André Sardet (música)
[26 de Março, 17h30m e 21h30m. Theatro Circo, Braga]
Espectáculo inovador onde várias formas de expressão artística se juntam em torno da música de André Sardet. Para tal o cantor criou uma Companhia com bailarinos, teatro aéreo, malabaristas, palhaços, mimos, entre outros, que em palco prometem cativar público de todas as idades.
Sudden Showers of Silence (dança)
[27 de Março, 22h. Centro Cultural Vila Flor, Guimarães]
Espectáculo da companhia de dança grega RootlessRoot descrito pelos seus criadores como uma batalha de 50 minutos em palco, inspirada na história do último encontro entre Heitor e a sua mulher Andrómaca, relatado na “Ilíada” de Homero.
Mão Morta (música)
[27 de Março, 22h. São Mamede C.A.E., Guimarães]
Depois do êxito da apresentação e da bem sucedida itinerância do espectáculo “Os Cantos de Maldoror”, os Mão Morta (na foto) regressam à liberdade do formato clássico de concerto musical para explorarem o seu longo repertório de canções e manifestos, onde “Oub’Lá”, “E Se Depois”, “Budapeste”, “Anarquista Duval” ou “Em Directo (Para a Televisão)” têm lugar cativo.
Sérgio Godinho (música)
[28 de Março, 22h. Casa das Artes, Arcos de Valdevez]
Com uma carreira artística de invejável longevidade que se prolonga há mais de 35 anos de modo quase intocável, foi o seu trabalho enquanto “cantautor” que o tornou num ícone capaz de reunir à volta das suas canções gerações de diferentes idades, vivências e aspirações.
A Verdadeira Treta (teatro)
[28 e 29 de Março, 21h30m e 17h. Casa das Artes, Vila Nova de Famalicão]
“Toni e Zézé estão de regresso! Com uma sólida amizade, encontram-se frequentemente para profundas considerações filosóficas sobre o quotidiano que conhecem. Dissertam sobre tudo e sobre nada, afirmando as suas críticas sociais como verdades absolutas.
100 Anos e 3 Dias
© J. Lago
A Linha do Tâmega encerra poucos dias depois de soprar um centenário. É o fim de mais um braçal da linha do Douro por mor da política paradoxal do governo na ferrovia. O processo tem ainda a arrogância da falta de aviso prévio - o Governo "socialista" imita de forma mais aguçada e moderna os piores tiques do cavaquismo. Chega a ser salazarista porque ignora, como sempre ignorou, os interesse e a dignidade das pessoas, fria e desumanamente como o Estado Novo afundou Vilarinho das Furnas.
Tenho cada vez mais vergonha desta democracia moribunda, destes políticos de serventia, quais caixeiros-viajantes do status quo económico, de si próprios e da sua nomenclatura. Ainda hoje, o primeiro-ministro foi no seu tom de televenda incentivar à compra de automóveis em prol de uma indústria em falência. Fez o elogio do automóvel, menos democrático, menos cómodo e muito menos seguro que o transporte ferroviário. Estas coisas não acontecem por acaso no mesmo dia.
No próximo fim-de-semana, se não caio em erro, é inaugurado mais um broto do delírio rodoviário português: uma escusada variante de 20 milhões de euros a Arco de Baúlhe, com um seu caprichoso e absurdo viaduto, para o gáudio e o colarinho, os vivas ao discurso acicatado - o viagra que mantém de pé a santidade local, em adiantado estado de putrefacção de regime. Quando não nos damos conta do poder que legamos no voto, temos país que merecemos.
O Embuste | 3
Com o encerramento das linhas do Tâmega e do Corgo, o Interior Norte fica praticamente riscado do mapa da ferrovia nacional. O processo de despojamento das populações transmontanos iniciou-se em 1 de Agosto de 1988, quando a Linha do Sabor foi definitivamente encerrada. Dois anos mais tarde e após um longo processo de degradação do serviço prestado, o Estado viria a encerrar a Linha do Corgo entre Vila Real e Chaves.
Em 1991, seria a vez de encerrar a Linha do Tua entre Bragança e Mirandela, numa decisão muito contestada e mesmo considerado uma alta traição às populações que alguns meses antes haviam eleito Cavaco Silva com destacada maioria. Tal como agora, foram invocadas razões de segurança... Mais recentemente, vários episódios tristes culminaram no encerramento do troço entre Tua e Cachão, um dos percursos ferroviários mais belos de toda a Europa.
A opção de encerrar toda a rede ferroviária do Interior Norte por razões meramente economicistas afigura-se-nos como imoral num momento em que o país compromete grande parte dos seus recursos na construção de uma linha de alta velocidade que servirá apenas a faixa litoral do país. A litoralização da ferrovia é um erro do tamanho do país, a que se soma a falta de visão estratégia que leva à destruição dos roteiros ferroviários turisticamente mais interessantes.
Agora que foi dada a machada final na ferrovia do Interior Norte, esperamos que haja, pelo menos, o cuidado de se preservarem as composições em circulação de modo a que não se repitam os tristes cenários que a fotografia documenta.
A ler: Quem tem medo do povo não merece o povo, por Pedro Garcias; Trás-os-Montes perdeu 300km de linha em 20 anos, no Diário de Notícias.
O Embuste | 2
Hoje será o dia em que, para além da Linha do Corgo, também a Linha do Tâmega encerrará. Provavelmente serão invocadas razões de segurança... Dá para acreditar?
O Embuste
© automotora
Após inundar o país de alcatrão, o Governo avança com a destruição do que ainda resta da rede ferroviária mais pitoresca de Portugal. O encerramento da Linha do Corgo, hoje anunciado como provisório, é mais um capítulo do desencanto com que a maioria socialista vem governando o país.
O anúncio de que o encerramento é provisório constitui-se como novo embuste, depois de conhecidos os contornos do fecho da Linha do Tua. Como se sabe, apesar do Governo sempre prometer que o encerramento seria provisório, consumou-se recentemente a morte definitiva daquela linha, considerada um dos mais belos trajectos ferroviários da Europa.
O encerramento da rede de linha estreita é um erro estratégico brutal que sintetiza a falta de visão dos nossos governantes ao longo do último quartil do século XX e do início do século XXI.
Coisas Óbvias
«Se uma fábrica não produzir, há um que ganha, o empreiteiro, e um que perde, o dono da fábrica. Se uma estrada não tiver trânsito, há um que ganha, o empreiteiro, e há um que perde, o português que paga impostos» [Cavaco Silva]
Crime Público: Estão a Destruir o Gerês | 2
«Só nestes últimos dois dias arderam, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), quase o dobro dos hectares que foram consumidos pelas chamas durante todo o ano de 2008. Os dados são do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) que adiantou ainda que nos últimos 18 anos, já arderam 20 mil hectares do parque.» [DN]
A ler: Fogo no Gerês destruiu mais de 400 hectares, no DN; Mais de mil fogos em menos de uma semana, no DN; Polícia Judiciária investiga origem de fogo no Gerês, no JN; Domingo atinge novo máximo de fogos, no Público; Incêndio na serra do Gerês pode ter tido origem humana, no Público; Incêndios consomem mato nas áreas protegidas da Peneda-Gerês e Montesinho, no Público.
Manel Cruz em Braga | 3
O amor dá-me tesão/ Não fui eu que estraguei é o mote do trabalho mais recente de Manel Cruz, o eterno vocalista dos míticos Ornatos Violeta. Obra editada em 2008, Foge Foge Bandido só conheceu os palcos neste primeiro trimestre de 2009.
Irreverente, o cantor do Porto escolheu o Espaço Pedro Remy (que descreve como um local «muito suis generis e fixe») para se apresentar em dois concertos minimalistas, recheados de sons desconcertantes e palavras surpreendentes. Depois de Braga, Manel Cruz esteve nos Arcos de Valdevez, transformando o Minho num dos melhores palcos nacionais ao longo da última semana.
Prioridades
De vez em quando, leio e oiço uns políticos e comentadores da praça resmungar sobre a oportunidade da discussão do casamento alargado a pessoas do mesmo sexo, a chutar para o lado, "porque há outras prioridades no País". Há - concordo. Uma delas é o tal penalty da final da Taça Da Liga. Ainda há pouco mal tinha terminado um debate, para lá de meia hora, no Jornal da Noite da SIC, e já se anunciava serão dentro, mais saliva gasta nas sucursais de notícias das cadeias do universo televisivo português, com os seus habituais trios de intelectuais da bola.
Crime Público: Estão a Destruir o Gerês
© etel bande
Vários incêndios de grandes proporções continuam a deflagrar no Parque Nacional da Peneda Gerês, consumindo um pedaço do património natural mais valioso do país. Apesar da Mata da Albergaria ter sido poupada, a tragédia desta semana não pode ficar impune e vem demonstrar que o Plano de Salvação do Gerês não pode continuar à espera de consensos. É urgente actuar.
Responsabilidade Social das Empresas
Não estamos a pedir às empresas para fazerem algo diferente da sua actividade normal; estamos a pedir-lhes que façam a sua actividade normal de forma diferente
Anunciava Kofi Annan em 2002 a propósito da RSE, cuja definição a UE, num Livre Verde de 2001, convencionou ser «a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na sua interacção com outras partes interessadas», num sentido de pro-actividade.
(Entra a crónica 2 dias antes do costume pois) Faz hoje 9 e 8 anos que, em Lisboa e Estocolmo respectivamente, esta temática foi colocada na agenda política da UE. Apelava-se, então, ao sentido de RSE, definindo-se objectivos a atingir em 2010: a UE deveria «tornar-se no espaço económico mais dinâmico e competitivo do mundo baseado no conhecimento e capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos, e com maior coesão social». Autonomizava-se assim, o conceito da RSE, do conceito mais abrangente de desenvolvimento sustentável, do qual não se pode afirmar que realmente se dissocia.
Sucintamente, a RSE passa por três Ps (People, Planet e Profit), que significam uma subdivisão em Responsabilidade Social, Ambiental e Económica.
Do ponto de vista Ambiental, pode-se afirmar que foram feitos progressos concretos, muito graças a Quioto, às energias renováveis e a "pequenas" coisas como a melhoria nos consumos dos automóveis.
Por Responsabilidade Económica, entendia-se que a prossecução do lucro deveria ser feita com respeito por princípios éticos. Evidentemente, implica o repúdio representação máxima pode ser encontrada no Madoff.
Quanto ao Social, este implicaria não só um respeito pelos direitos fundamentais (em categorias: DLGs pessoais, de participação política, dos trabalhadores e direitos económicos, sociais e culturais), mas também a sua promoção. Nove anos depois e com um para a meta, não me parecem haver resultados palpáveis nessa área, derivado da RSE.
A existirem progressos a nível Económico e Social, estes foram em certa medida dizimados pela actual crise económico-social e todas as suas vicissitudes. Retira-se que, apesar de todos estes passos (que duram há décadas) na evolução da RSE, é irrefutável a afirmação de que, salvo raras excepções, não existe (não se conseguiu incutir) uma verdadeira consciência social nas empresas, apesar de variados esforços em Portugal. Consciência que será sempre um pressuposto para o sentido de Responsabilidade. Ou esta consciência e responsabilidade existem na generalidade das empresas, globalmente, ou todo o esforço que as demais façam (que, se não cumprem esse papel proactivo, pelo menos cumprem um meramente preventivo ou não danoso) cai por terra, como tem estado a cair, face a um mundo globalizado. Das que fazem algo em Portugal, é disto talvez o melhor exemplo, a Delta, entre outras empresas.
Uma Linha Douro
O Douro visto da secular Linha do Douro é um dos pedaços mais deliciosos de Portugal. Uma pequena extravagância de dez euros e oitenta cêntimos conduz-nos pelas maravilhosas paisagens entre São Bento e o Pocinho.
Quiseram os homens do nosso tempo que a viagem, que noutros dias se fez até Barca de Alva, passasse a findar no Pocinho. Virá o renascimento da linha, crê-se por aquelas bandas, mas enquanto esses dias não chegam deslumbremo-nos com o Portugal Abandonado que há por ali.
Dois Pesos e Duas Medidas
Há umas semanas atrás, o Sporting de Braga foi vítima de arbitragens absolutamente escabrosas com erros graves sempre em seu prejuízo. A SAD bracarense e os líderes políticos do concelho denunciaram os casos, chegando a afirmar-se que estavámos perante um novo episódio «Calabote». Apesar de todas as evidências de que o jogo estava viciado por repetidos erros de arbitragem, o Braga esteve sozinho (com o Sporting, honra lhe seja feita) nos pedidos de demissão de Vítor Pereira, o homem que dirige a arbitragem na Liga de Futebol.
O penalti fantasma de ontem é o epílogo do degradação trágica da arbitragem nacional. Mas, ao contrário do que sucedera nos escandalosos erros contra o Braga, desta vez é o próprio Secretário de Estado do Desporto que se indigna. É pois legítimo questionar qual é o critério do Governo em matéria de comentários desportivos. E, mais do que isso, seria interessante saber por que motivo Lucílio Baptista assume publicamente o erro quando Paulo Baptista ou Paulo Costa nunca assumiram os seus...
O Sporting não devia ter um tratamento diferenciado por parte da Liga e dos árbitros comparativamente ao que foi dado ao Braga a propósito de roubos bem mais escandalosos, mas os factos dos últimos dias têm demonstrado um inaceitável parcialidade por parte dos órgãos de comunicação social, da tutela governativa, dos agentes desportivos e, até, do próprio árbitro.
Tal como se denuncia num blogue de adeptos do Vitória de Guimarães, a boca de Lucílio Baptista fugiu para uma verdade trágica ao afirmar «estou perante os adeptos do Sporting, do Benfica, do FC Porto, dos treinadores e de todos os envolvidos para assumir o erro». Mais do que um lapsus linguae, esta afirmação de Lucílio Baptista é o espelho do comportamento reiterado dos homens do apito, sempre na defesa dos superiores interesses desses três clubes a que se convencionou chamar «grandes». Lamentável.
O penalti fantasma de ontem é o epílogo do degradação trágica da arbitragem nacional. Mas, ao contrário do que sucedera nos escandalosos erros contra o Braga, desta vez é o próprio Secretário de Estado do Desporto que se indigna. É pois legítimo questionar qual é o critério do Governo em matéria de comentários desportivos. E, mais do que isso, seria interessante saber por que motivo Lucílio Baptista assume publicamente o erro quando Paulo Baptista ou Paulo Costa nunca assumiram os seus...
O Sporting não devia ter um tratamento diferenciado por parte da Liga e dos árbitros comparativamente ao que foi dado ao Braga a propósito de roubos bem mais escandalosos, mas os factos dos últimos dias têm demonstrado um inaceitável parcialidade por parte dos órgãos de comunicação social, da tutela governativa, dos agentes desportivos e, até, do próprio árbitro.
Tal como se denuncia num blogue de adeptos do Vitória de Guimarães, a boca de Lucílio Baptista fugiu para uma verdade trágica ao afirmar «estou perante os adeptos do Sporting, do Benfica, do FC Porto, dos treinadores e de todos os envolvidos para assumir o erro». Mais do que um lapsus linguae, esta afirmação de Lucílio Baptista é o espelho do comportamento reiterado dos homens do apito, sempre na defesa dos superiores interesses desses três clubes a que se convencionou chamar «grandes». Lamentável.
Uma embaraçosa Raíz para o Medo
«A homofobia pode resultar evolutivamente do maior sucesso reprodutivo exibido pelos homens bissexuais: as suas vantagens reprodutivas são encaradas como uma ameaça pelos homens heterossexuais que os rodeiam. Embora possam ter o mesmo número de filhos que os homens heterossexuais, os homens bissexuais têm esses filhos em idade menos avançada. O facto de serem infiéis constitui outra vantagem exibida pelos bissexuais em relação aos heterossexuais exclusivos. A hostilidade antigay pode ter sido desencadeada evolutivamente pelo facto do homófobo heterossexual invejar o sucesso reprodutivo e a eficácia sócio-sexual dos homens bissexuais. Os homens heterossexuais com fracos recursos espermáticos perseguem e hostilizam a família dos homens homossexuais exclusivos, porque os seus membros masculinos são dotados de recursos espermáticos competitivos, e os membros femininos, de elevada beleza e fertilidade.» [J Francisco Saraiva de Sousa]
Por muito gratuitas que pareçam as conclusões de J Francisco Saraiva de Sousa, estas ganham um suporte interessante na revisão (1,2 e 3), que faz no seu blog, de vários artigos científicos que tentam explicar a origem da homossexualidade e como os padrões deste comportamento conferem vantagens evolutivas. Isto apesar de, aparentemente, ser paradoxal para a perpetuação da espécie humana. Convém ler antes de qualquer comentário embocar numa bica aberta de senso comum.
Lá está, basta nossa obsessiva categorização das coisas como em espectros de luz descontínua, prateleiras sem plasticidade, para ruirmos em abalos dogmáticos. Todos os nossos conceitos e convicções devem fazer-se com folga como as pontes. Nem preto, nem branco. O segredo está no cinzento.
Do Ecumenismo Homofóbico
«Um bispo anglicano nigeriano pediu ao Parlamento que impeça os casamentos entre homossexuais. E como medida adicional a prisão para quem tiver a coragem de aparecer na boda.» [Público]
Os bispos cristãos prosseguem a sua campanha contra os homossexuais. Depois das críticas veladas da Conferência Episcopal Portuguesa, dos insultos do Cardeal Saraiva e da intromissão dos bispos espanhóis na campanha contra Zapatero, foi a vez de um bispo anglicano da Nigéria qualificar a homossexualidade como «uma perversão, um desvio e uma aberração capaz de engendrar o holocausto moral e social».
Não deixa de ser irónico que o ódio contra os homossexuais seja o assunto que mais consistentemente une os discursos da maioria das religiões e seitas em todo o mundo.
Dia Mundial da Poesia
«Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?»
21 de Março. Dia Mundial do Sono. Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. Dia Mundial da Infância. Dia Mundial da Floresta. Dia Internacional da Síndrome de Down. Dia Mundial da Poesia. Dia Universal do Teatro. Dia Mundial da Árvore.
Para assinalar esta data especial, a livraria Centésima Página de Guimarães oferece 5% de desconto em todos os livros de poesia.
Antena 1: Controla Portugal
© Nimages DR
O anúncio que a Antena 1 escolheu para se promover na RTP ultrapassa os limites do «mau gosto», constituindo-se como uma afronta ao direito de manifestação e uma clara violação do dever de imparcialidade daquela estação radiofónica. O anúncio tem contornos de frete ao Governo e, tamanha a polémica em torno do caso, conseguiu veicular uma mensagem anti-democrática contra um direito constitucionalmente consagrado. Como se tudo isto não bastasse, o anúncio foi pago com os impostos de todos.
Este episódio, a juntar-se aos outros que vimos denunciado, vem dar credibilidade às desconfianças que vimos manifestando sobre a manutenção de um serviço público de televisão e rádio. Começa a tornar-se verdadeiramente insuportável continuar a sustentar uma rádio e uma televisão que se rendem à ditadura do popular, furtando-se ao cumprimento dos deveres de pluralidade a que estão obrigados e para os quais os respectivos provedores têm chamado sistematicamente à atenção sem qualquer resultado prático.
Cair de Pé
Guardarei na memória a imagem de um estádio que sofreu estoicamente até depois do instante final. O saque francês consumou-se com traição de sabor escocês. Ainda assim, a legião manteve-se fiel e, num momento inédito no futebol português, quedou-se numa espécie de catarse que aplaudiu os heróis de hoje vencidos até muito depois do fim. O Braga é isto. Por muito que tentem, não há números que nos vençam. Definitivamente, não há adeptos como estes.
Acontece no Minho | 23
© Convívio, por Cláudio Rodrigues
No mês em que o Convívio anunciou importantes alterações na estratégia de comunicação, destacamos a programação ecléctica daquele espaço de cultura da cidade-berço.
Foge, Foge Bandido (música)
[19 e 20 de Março, 22h. Espaço Pedro Remy, Braga]
Manel Cruz regressa a Braga para dois espectáculos em ambiente familiar. Na noites de hoje e amanhã, sessenta felizardos assistirão ao novo espectáculo do antigo vocalista dos Ornatos Violeta, uma das bandas mais apreciadas em Portugal.
Os Dias a Crescer (há festa no CCVF!)
[21 e 22 de Março. Centro Cultural Vila Flor, Guimarães]
Em Março, o CCVF celebra a chegada da Primavera com uma festa! Durante 2 dias, o Centro Cultural Vila Flor abre as suas portas a múltiplas actividades, convidando para todas elas o ingrediente principal: o público.
Música, teatro, dança, cinema, oficinas para experimentar e para saborear, para pais e para filhos, para curiosos e para tímidos, irão preencher todos os espaços do CCVF! Diversão garantida, durante 2 dias, com entrada livre e até à noite vai estar sol…
Corvos (música)
[21 de Março, 22h. Casa das Artes, Vila Nova de Famalicão]
O misticismo, o oculto, as noites e seus mistérios, a fusão da escola clássica com o rock, o modo espontâneo e imediato como comunicam com o público, e sobretudo a energia arrebatadora que caracteriza os seus concertos, são algo muito vivo e constante nos Corvos.
Rita Braga (música)
[21 de Março, 23h59m. Convívio, Guimarães]
Talento emergente na cena musical portuguesa, Rita Braga é um exemplo de uma encantadora originalidade: voz e ukelele num space folk "que usa para acompanhar canções doces, de um imaginário quase fantasista". Depois do concerto, sonoridades electrónicas a cargo de Rui Gonçalves, habitual no Mahjong ao Bairro Alto, Lisboa.
Dia do Pai (teatro)
[22 de Março, 17h. São Mamede, Guimarães]
Com Almeno Gonçalves, André Nunes, Fernando Ferrão e Pedro Teixeira, «Dia do Pai» conta a história de três homens completamente distintos intimados a comparecer numa clínica de reprodução assistida.
O Braga é Braga: Todos ao Estádio!
A noite de hoje será verdadeiramente histórica: depois de Sporting, Benfica e Porto, o Sporting de Braga torna-se no quarto clube português a vencer uma prova internacional oficial. O momento é histórico para a cidade e para o país, sendo de assinalar a repugnância que nos assalta quando constatamos o desprezo com que a RTP 1 e a Antena 1 têm tratado esta conquista. Não há nenhum motivo para continuarmos a pagar impostos quando as estações públicas dão mais relevo às lesões deste ou daquele jogador do que à vitória de um clube nacional numa competição internacional. Alguém acredita que a RTP abrirá os blocos informativos de amanhã e depois com a conquista do Braga? E se fosse o Porto, Benfica ou Sporting, como seria?
Noutro domínio, já aqui expliquei (e o MaisFutebol também já percebeu) porque é que a cidade e a região devem apoiar incondicionalmente o Sporting Clube de Braga. Apesar de ser o clube mais popular no concelho e em várias áreas limítrofes, o Sporting de Braga está longe de esgotar o enorme potencial de crescimento em termos de adeptos.
O dia de hoje será mais um capítulo na consolidação do crescimento assinalável dos últimos anos e a moldura humana que preencherá as bancadas do Estádio AXA será um excelente bálsamo para o futuro. Afinal, quantos clubes conseguiriam mais de 15.000 pessoas a pagar entre 10 e 60€?
Projectos 18 | Liberdade Street Fashion
Ocupando todo o quarteirão dos correios, em pleno coração da cidade de Braga, o Liberdade Street Fashion é um projecto de Gonçalo Byrne, um dos mais conceituados arquitectos portugueses. O shopping nasce sobre um importante conjunto arqueológico do tempo dos romanos que, segundo as informações mais recentes, será musealizado.
A ler: Arqueologia concede a Braga área comercial única, no Diário do Minho; Cemitério romano condiciona novo shopping de Braga, no JN; Projecto do shopping nos antigos CTT de Braga muda para mostrar edifício romano, no Público.
Agrilhoados à Literatura
© Rafael Paes Henriques
«Os axiomas da ordem - a hierarquia do mundo natural - também perderam relevância.»
Desafiou-me António de Almeida a participar numa corrente que é um estímulo à leitura. A ideia é transcrever a quinta frase da página 161 do livro que estamos a ler. «O Nariz de Cleópatra», de Daniel Boorstin, é a minha (re)leitura destes dias. Passo o desafio à Luísa Ribeiro, ao Samuel Silva, ao Marco Gomes, ao Bruno Miguel Machado e ao José Manuel Faria.
Que Prioridades Políticas?
Na semana passada o Rui Dória mostrou-se bastante chocado com as minhas afirmações acerca dos interesses (ou falta deles) e da morosidade das decisões e execuções na política bracarense.
Falemos então, de prioridades políticas. Parece-me indiscutível que, para um governo local que está no poder há cerca de 30 anos, um investimento como o do Estádio constitui um marco assinalável. Não só pela magnitude da obra, mas sobretudo pela celeridade de decisão e execução e pelo montante que prontamente se disponibilizou. Cerca de 100 milhões de Euros, um ou mesmo o mais caro dos estádios do Euro 2004, na sua maioria (talvez 80-90%?) da exclusiva responsabilidade da CMB. Será assim, necessariamente, um termo de comparação para com os demais (des)investimentos e (não) tomadas de decisões.
Um dos exemplos dados pelo Rui Dória trata-se do o Museu D. Diogo de Sousa, que, passando por vários estados, esteve em construção desde 1980 até 2007. Se é verdade que a responsabilidade não seria exclusiva da CMB, como também não é no caso do novo Hospital, não deixa de ser verdade que às CM cabe um papel de pressão política.
Se, por outro lado, esse capital político se revela inexistente ou insuficiente e se há assim tanto dinheiro para construir um estádio que até é mais um monumento do que um estádio, facilmente se conclui que este capital político será suprível pela pura determinação e que o dinheiro pode não ser um entrave definitivo. O exemplo do Estádio demonstra igualmente que, se se quiser, a probabilidade de uma obra se revelar um elefante branco não é um grave problema político, pois a reeleição até é possível. Elefante branco por elefante branco, qual é o critério?
Deste modo, o que conduz uma CM a prefrir o investimento de 100 milhões de euros numa infraestrutura que praticamente não explora nem da qual vai alguma vez retirar lucros que lhe permitam abater os empréstimos? Porque é preferível investir 100 milhões, na prática, num clube e não fazer semelhante "doação" a um outro, quando até se andou uma década a construir pavilhões por todo o concelho?
O que conduz uma CM a não fazer um investimento semelhante para acelerar a construção de um Hospital, de que já se fala desde 2000 ou 2001? Curiosamente, altura em que se discutia a localização do Tribunal da Relação, que veio a ser de Guimarães - cuja CM não teve problemas em comparticipar algo generosamente. O que leva ao arrastamento por dez anos, da reconstrução do único centro de espetáculos decente que Braga tinha? Como é que ao fim de 30 anos finalmente se percebe que uma cidade a 15 minutos de Braga investiu na cultura e se vê premiada com a escolha para Capital Europeia da Cultura? Tanto o Tribunal como a área da Cultura são dois exemplos de oportunidades bem aproveitadas por Guimarães mas que, com um regular zelo, Braga não teria "perdido".
Igualmente, não se deslumbra por que se relega para a gaveta a revitalização do principal parque da cidade, ou por que não se reservaram espaços para a construção de praças e espaços verdes nas novas zonas habitacionais da década de 90 - o custo de eventuais expropriações não será o problema.
Então, quanto a este caso da extensão do túnel, qual é a razão por que não se decide por uma preservação proveitosa, qualquer que ela seja e por que não se demonstra semelhante disponibilidade financeira para a executar? Como estes, tantos outros exemplos poderão ser dados e prioridades inquiridas, dentro ou fora da arqueologia.
Parece-me evidente que existem processos de decisão ou de execução inexplicavelmente morosos ou simplesmente inexistentes - ou, nalguns casos uma impotência política, face ao governo nacional, quer seja PS ou PSD. Sinceramente, não compreendo o choque do Rui Dória. Se achava que o que afirmei era um problema de arqueologia, pois é evidente que não; é um problema bem transversal. Em qualquer aŕea, "estranharia" na mesma.
Falemos então, de prioridades políticas. Parece-me indiscutível que, para um governo local que está no poder há cerca de 30 anos, um investimento como o do Estádio constitui um marco assinalável. Não só pela magnitude da obra, mas sobretudo pela celeridade de decisão e execução e pelo montante que prontamente se disponibilizou. Cerca de 100 milhões de Euros, um ou mesmo o mais caro dos estádios do Euro 2004, na sua maioria (talvez 80-90%?) da exclusiva responsabilidade da CMB. Será assim, necessariamente, um termo de comparação para com os demais (des)investimentos e (não) tomadas de decisões.
Um dos exemplos dados pelo Rui Dória trata-se do o Museu D. Diogo de Sousa, que, passando por vários estados, esteve em construção desde 1980 até 2007. Se é verdade que a responsabilidade não seria exclusiva da CMB, como também não é no caso do novo Hospital, não deixa de ser verdade que às CM cabe um papel de pressão política.
Se, por outro lado, esse capital político se revela inexistente ou insuficiente e se há assim tanto dinheiro para construir um estádio que até é mais um monumento do que um estádio, facilmente se conclui que este capital político será suprível pela pura determinação e que o dinheiro pode não ser um entrave definitivo. O exemplo do Estádio demonstra igualmente que, se se quiser, a probabilidade de uma obra se revelar um elefante branco não é um grave problema político, pois a reeleição até é possível. Elefante branco por elefante branco, qual é o critério?
Deste modo, o que conduz uma CM a prefrir o investimento de 100 milhões de euros numa infraestrutura que praticamente não explora nem da qual vai alguma vez retirar lucros que lhe permitam abater os empréstimos? Porque é preferível investir 100 milhões, na prática, num clube e não fazer semelhante "doação" a um outro, quando até se andou uma década a construir pavilhões por todo o concelho?
O que conduz uma CM a não fazer um investimento semelhante para acelerar a construção de um Hospital, de que já se fala desde 2000 ou 2001? Curiosamente, altura em que se discutia a localização do Tribunal da Relação, que veio a ser de Guimarães - cuja CM não teve problemas em comparticipar algo generosamente. O que leva ao arrastamento por dez anos, da reconstrução do único centro de espetáculos decente que Braga tinha? Como é que ao fim de 30 anos finalmente se percebe que uma cidade a 15 minutos de Braga investiu na cultura e se vê premiada com a escolha para Capital Europeia da Cultura? Tanto o Tribunal como a área da Cultura são dois exemplos de oportunidades bem aproveitadas por Guimarães mas que, com um regular zelo, Braga não teria "perdido".
Igualmente, não se deslumbra por que se relega para a gaveta a revitalização do principal parque da cidade, ou por que não se reservaram espaços para a construção de praças e espaços verdes nas novas zonas habitacionais da década de 90 - o custo de eventuais expropriações não será o problema.
Então, quanto a este caso da extensão do túnel, qual é a razão por que não se decide por uma preservação proveitosa, qualquer que ela seja e por que não se demonstra semelhante disponibilidade financeira para a executar? Como estes, tantos outros exemplos poderão ser dados e prioridades inquiridas, dentro ou fora da arqueologia.
Parece-me evidente que existem processos de decisão ou de execução inexplicavelmente morosos ou simplesmente inexistentes - ou, nalguns casos uma impotência política, face ao governo nacional, quer seja PS ou PSD. Sinceramente, não compreendo o choque do Rui Dória. Se achava que o que afirmei era um problema de arqueologia, pois é evidente que não; é um problema bem transversal. Em qualquer aŕea, "estranharia" na mesma.
Teimosias Que Matam
«No avião que o leva de Roma para Yaoundé, nos Camarões, o chefe da Igreja Católica insistiu em que o problema da seropositividade "não se pode resolver com a distribuição de preservativos", pois que, "pelo contrário, isso só irá complicar a situação".» [Público]
Há uns dias, um padre diocesano meu amigo confessava que ficava angustiado quando ouvia o Papa Bento XVI dizer certas coisas. Quando leio as notícias mais recentes, compreendo ainda melhor essa angústia. As declarações de Joseph Ratzinger são de uma irresponsabilidade atroz, deitando por terra todo o trabalho que vem sendo efectuado pelas organizações não-governamentais no terreno, algumas das quais católicas.
A campanha contra o uso do preservativo é uma daquelas teimosias que mata. E, tal como em 12 de Março de 2002, ainda virá o dia em que nos pedirão desculpas por tudo isto. Como sempre, será tarde demais...
A Vossa Avenida, O Nosso Compromisso.
Ao longo dos últimos anos, o blogue Avenida Central tem assumido um lugar de destaque no debate acerca do futuro da cidade e da região, centrando a discussão nas ideias e nos projectos, sem deixar de reflectir sobre os estilos de governação que melhor se adequam aos desafios vindouros. Os próximos meses serão, necessariamente, muito agitados em termos políticos e o blogue Avenida Central compromete-se a continuar o(s) debate(s) e o(s) diálogo(s) que ajudam a perspectivar o futuro.
Desde há cerca de um ano, as caixas de comentários do nosso blogue têm sido invadidas por comentários ofensivos para algumas personalidades bracarenses, bem como por insultos e ameaças aos autores deste blogue por não permitirem a difusão de afirmações manifestamente difamatórias e improvadas. Como bem afirma Marco Santos, «abrir um blogue e mantê-lo não implica aceitar como válidos comentários ordinários de trolls e idiotas que nem sequer sabem ler os posts com atenção».
Estranhamente, ou não, nunca essas mensagens de teor difamatório foram vistas noutros blogues bracarenses com autores identificados, pelo que se pode concluir tratar-se de uma campanha especificamente dirigida ao Avenida Central com objectivo de condicionar o exercício da nossa liberdade de expressão.
No filme «A Dúvida», há um padre que explica exemplarmente as consequências da insinuação e da calúnia: «repor a verdade após uma calúnia é como ter que apanhar todas as penas que o vento levou para bem longe após o esventrar de uma almofada no telhado de uma casa...» E, se qualquer insinuação ou calúnia é de si grave, mais repugnante se torna quando feita sob a capa do anonimato e com objectivos políticos aos quais somos completamente alheios.
Por tudo isto,
Reafirmamos a convicção de que a democracia só se cumpre quando a expressão for um exercício de cidadania verdadeiramente livre e responsável;
Reafirmamos o compromisso de jamais permitirmos a instrumentalização do blogue Avenida Central;
Reafirmamos o imperativo ético de continuar a moderar todos os comentários que profiram afirmações caluniosas, difamatórias ou insultuosas, bem como todas as referências a blogues que, pela sua natureza anónima, insistam na difusão de campanhas repugnantes que envergonham a liberdade e a democracia;
Reafirmamos o compromisso de informar com isenção e comentar com independência, sem nunca prescindirmos do direito à livre expressão, na plena convicção de que um blogue é sempre um espaço de natureza pessoal;
Reafirmamos, por último, a disponibilidade para continuar o debate sobre o futuro da região de forma transparente, sem prejuízo do apoio que os membros do blogue Avenida Central vierem a dar, a título individual, aos diferentes projectos que concorrerem aos próximos actos eleitorais.
Desde há cerca de um ano, as caixas de comentários do nosso blogue têm sido invadidas por comentários ofensivos para algumas personalidades bracarenses, bem como por insultos e ameaças aos autores deste blogue por não permitirem a difusão de afirmações manifestamente difamatórias e improvadas. Como bem afirma Marco Santos, «abrir um blogue e mantê-lo não implica aceitar como válidos comentários ordinários de trolls e idiotas que nem sequer sabem ler os posts com atenção».
Estranhamente, ou não, nunca essas mensagens de teor difamatório foram vistas noutros blogues bracarenses com autores identificados, pelo que se pode concluir tratar-se de uma campanha especificamente dirigida ao Avenida Central com objectivo de condicionar o exercício da nossa liberdade de expressão.
No filme «A Dúvida», há um padre que explica exemplarmente as consequências da insinuação e da calúnia: «repor a verdade após uma calúnia é como ter que apanhar todas as penas que o vento levou para bem longe após o esventrar de uma almofada no telhado de uma casa...» E, se qualquer insinuação ou calúnia é de si grave, mais repugnante se torna quando feita sob a capa do anonimato e com objectivos políticos aos quais somos completamente alheios.
Por tudo isto,
Reafirmamos a convicção de que a democracia só se cumpre quando a expressão for um exercício de cidadania verdadeiramente livre e responsável;
Reafirmamos o compromisso de jamais permitirmos a instrumentalização do blogue Avenida Central;
Reafirmamos o imperativo ético de continuar a moderar todos os comentários que profiram afirmações caluniosas, difamatórias ou insultuosas, bem como todas as referências a blogues que, pela sua natureza anónima, insistam na difusão de campanhas repugnantes que envergonham a liberdade e a democracia;
Reafirmamos o compromisso de informar com isenção e comentar com independência, sem nunca prescindirmos do direito à livre expressão, na plena convicção de que um blogue é sempre um espaço de natureza pessoal;
Reafirmamos, por último, a disponibilidade para continuar o debate sobre o futuro da região de forma transparente, sem prejuízo do apoio que os membros do blogue Avenida Central vierem a dar, a título individual, aos diferentes projectos que concorrerem aos próximos actos eleitorais.
A Brasileira de Braga
© fuego
«O café A Brasileira, um dos ex libris de Braga, vai reabrir na tarde de hoje, precisamente na data em que comemora o seu 120.º aniversário, após obras de restauro e de modernização. Elvira Pinheiro salientou que as duas novas salas no segundo andar do edifício se destinam a zona de fumadores e a salão de chá. À noite, o espaço do segundo andar vai funcionar como bar para uma clientela mais jovem.» [Público]
A forma como os proprietários geriram o processo de renovação do café A Brasileira é verdadeiramente exemplar. Indiferentes à especulação imobiliária que um edifício naquela zona poderia gerar, souberam manter a alma de um espaço muito significativo para os bracarenses. Pena que noutros locais tenha prevalecido a especulação que se traduziu em caos urbanístico e em delapidação do património colectivo bracarense.
A Ver Passar o Comboio
© Aníbal Gonçalves
Em Viseu, foram várias as vezes que o comboio foi rejeitado sem que os habitantes houvessem punido democraticamente os responsáveis por tamanhas opções. Também em Fafe, foram as negociatas autárquicas que afastaram a cidade da rota dos comboios. Ironicamente, penitenciam-se agora os (mesmos) protagonistas políticos, reclamando um regresso que muito dificilmente se concretizará na próxima década.
O último quarto do século XX está cravejado de equívocos no que respeita às opções ferroviárias e, a avaliar pelas últimas opções governativas, parece que o país não aprendeu mesmo nada com os erros do passado.
Portugal dos Pequeninos
Depois do Rio Ave, também a Académica retirou dividendos dos pontos que o Sporting de Braga tem amealhado para o ranking do país na UEFA. Não se questiona a recusa do adiamento do jogo, mas apenas a mentira descarada dos dirigentes da Académica em todo o processo, numa mostra do Portugal dos pequeninos em que nunca deixarão de se mover. Que cresçam e apareçam!
Braga Sem Tourada no São João
Na sequência dos rumores sobre a realização de uma tourada por altura do próximo São João, Mesquita Machado «deu instruções aos competentes serviços municipais para que não fosse autorizada, o que se significa que nenhuma tourada será realizada em Braga».
A consubstanciar-se a firmeza anunciada pela autarquia, trata-se de uma excelente notícia para a cidade de Braga que, à imagem de Viana, devia declarar-se anti-touradas. Confirma-se também a convicção que sempre manifestámos acerca da possibilidade legal do município travar a realização deste tipo de espectáculos verdadeiramente degradantes.
A consubstanciar-se a firmeza anunciada pela autarquia, trata-se de uma excelente notícia para a cidade de Braga que, à imagem de Viana, devia declarar-se anti-touradas. Confirma-se também a convicção que sempre manifestámos acerca da possibilidade legal do município travar a realização deste tipo de espectáculos verdadeiramente degradantes.
Para Reflexão
A rápida constituição como arguído do pai que se esqueceu da criança no carro 3 horas, acabando por falecer, é paradigmático para uma reflexão sobre conceito de justiça de cada um. Com a comoção destas coisas não me admirava do julgamento rápido e das palmas difusas. Mas numa sociedade toda ela distraída em ansiedade, demasiado escrava do ordenado e do trabalho, sem tempo para pensar nos seus enquanto faz tudo por eles, ninguém fica livre destes pecados, e este pai - já com o pior dos castigos - não merece que se lhe aponte o dedo, antes que se lhe dê uma mão.
Parabéns à World Wide Web
Parabéns pelo vigésimo aniversário, parabéns ao seu criador, Sir Tim Berners-Lee.
Capítulo 31: da regionalização da cultura
Há vários anos que anseio por um aniversário com um concerto ou um jogo de bom futebol; nunca tive sorte e este ano até há jogo do Braga na UEFA na Quinta-feira anterior ao meu aniversário. Mas, pior que não haver nada para fazer, é haver uma possibilidade que, de tão má, dá vontade de amaldiçoar a preguiça que me fez não ter nascido mais cedo.
Dia 26 de Março há André Sardet no nosso Theatro Circo e o espectáculo até vai ser gravado para posterior edição em DVD. Mas as boas notícias não ficam por aqui: a sala está quase esgotada e, por isso, ficou em aberto a possibilidade de André Sardet assombrar ainda mais um aniversário; como não sou de celebrar grande coisa para além do meu aniversário, estou a salvo, mas todos os dias nascem pessoas e hoje até é dia 13: será no aniversário do leitor, com certeza.
Porém, a razão da crónica de hoje não é o concerto, mas as palavras de André Sardet. Explicando o motivo de ter escolhido Braga para gravar o seu primeiro DVD, disse: "Como alguém que não é dos grandes centros, achei importante passar a mensagem de que há uma sala em Braga onde temos condições para trabalhar e onde as pessoas são bem recebidas".
Talvez não perceba grande coisa de geografia ou simplesmente não saiba que o Theatro Circo, quando reabriu, chegou a ser a grande sala de concertos no Norte, numa altura em que tantos artistas e bandas tocavam apenas em Lisboa e Braga. Talvez não saiba, mas merecia que lho dissessem: concerteza que vende muitos discos e terá, portanto, muitas fãs, mas a verdade é que por cá já passaram muitos outros artistas e bandas que reconheceram o Theatro Circo como "grande centro" de espectáculos; e é isso que o tem tornado enorme, mesmo sem DVDs.
Dia 26 de Março há André Sardet no nosso Theatro Circo e o espectáculo até vai ser gravado para posterior edição em DVD. Mas as boas notícias não ficam por aqui: a sala está quase esgotada e, por isso, ficou em aberto a possibilidade de André Sardet assombrar ainda mais um aniversário; como não sou de celebrar grande coisa para além do meu aniversário, estou a salvo, mas todos os dias nascem pessoas e hoje até é dia 13: será no aniversário do leitor, com certeza.
Porém, a razão da crónica de hoje não é o concerto, mas as palavras de André Sardet. Explicando o motivo de ter escolhido Braga para gravar o seu primeiro DVD, disse: "Como alguém que não é dos grandes centros, achei importante passar a mensagem de que há uma sala em Braga onde temos condições para trabalhar e onde as pessoas são bem recebidas".
Talvez não perceba grande coisa de geografia ou simplesmente não saiba que o Theatro Circo, quando reabriu, chegou a ser a grande sala de concertos no Norte, numa altura em que tantos artistas e bandas tocavam apenas em Lisboa e Braga. Talvez não saiba, mas merecia que lho dissessem: concerteza que vende muitos discos e terá, portanto, muitas fãs, mas a verdade é que por cá já passaram muitos outros artistas e bandas que reconheceram o Theatro Circo como "grande centro" de espectáculos; e é isso que o tem tornado enorme, mesmo sem DVDs.
Acontece no Minho [22]
© akaTolan
Gerald Cleaver's Violet Hour (braga jazz)
[13 de Março, 22h. Theatro Circo, Braga]
Gerald Cleaver é produto da rica tradição da música da cidade de Detroit. Inspirado por seu pai, também um baterista, iniciou-se na bateria em tenra idade. Gerald Cleaver’s Violet Hour é uma homenagem à cidade onde nasceu e aos grandes percussionistas de Detroit, como Roy Brooks, Lawrence Williams, George Goldsmith ou Richard 'Pistol' Allen. Gerald Cleaver dirige as bandas Violet Hour, NiMbNl, Uncle June e Farmers By Nature.
Fragments (teatro)
[13 e 14 de Março, 21h30m. Centro Cultural Vila Flor, Guimarães]
Nome venerado do teatro contemporâneo, Peter Brook é, sem dúvida, um dos melhores encenadores do século XX. “Fragments”, uma das suas últimas criações, junta quatro curtas peças de Samuel Beckett, “Rough for Theatre I”, “Rockaby”, “Act Without Words II”, “Come and Go” e um poema “Neither”.
O Rei que Comia Histórias (teatro)
[14 de Março, 15h. Ludoteca, Vila Praia de Âncora]
Peça de teatro infantil com marionetas, apresentado pela Companhia Pandora Teatro, encenada por Domingos Noel e interpretada por Ni Fernandes e Domingos Noel. Adaptada a partir do livro de Marilda Castanho. Esta proposta integra a iniciativa «Março é Teatro» da Câmara Municipal de Caminha.
Marta Hugon Quinteto (braga jazz)
[14 de Março, 22h. Theatro Circo, Braga]
Marta Hugon é uma das mais interessantes novas vozes do Jazz português, tendo estudado na Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal, complementando os seus estudos no Conservatório de Amesterdão, com Norma Winstone e Nancy Marano, da Manhattan School of Music. Acompanhada por um quarteto de luxo, Marta Hugon é já uma forte referência do Jazz vocal nacional.
Carlos do Carmo (música)
[14 de Março, 22h. Casa das Artes, Vila Nova de Famalicão]
Carlos do Carmo (na fotografia) dispensa grandes apresentações... O fadista iniciou em 1963 uma das carreiras mais sólidas no panorama artístico português, para a qual contribuiu a sua coragem de assumir o Fado no masculino e também o facto de trazer para o Fado novos elementos: contrabaixo e formação com orquestra, entre outros e ainda novos talentosos compositores, bem como a poesia e a prosa de grandes poetas e escritores contemporâneos portugueses.
Até se Estranha
Surgia na versão impressa do Público de hoje (11 Março) a notícia de que o «projecto do shopping nos antigos CTT de Braga muda para mostrar edifício romano». Acrescentam que se trata de:
A celeridade de uma decisão que demonstra perceber e saber como aproveitar o potencial destas ruínas - uma de decisão de privados (Regojo, salvo erro) contrasta sobejamente com a morosidade e até com o desinteresse (e com as decisões em si) que os nossos órgãos de governo bracarense têm demonstrado com especial vigor nos últimos meses. Trata-se até de um quarteirão ali mesmo ao lado do túnel que tem sido centro das maiores atenções.
Quem é de ou vive em Braga há muito tempo até estranha semelhante decisão, mesmo sendo de um privado. Se, obviamente, irá procurar retirar frutos dessa alteração do projecto, também é verdade que denota um certo sentido de responsabilidade social e de consciência histórica.
Pois nem que o façam pelo simples temor de um qualquer tipo de boicote ou reprovação social que poderia advir de uma decisão que delapidasse o património; esse é um temor que a administração PS parece nunca ter sentido e com o qual, apesar de tudo, os bracarenses parecem nunca se ter importunado muito.
«Um edifício da época romana, possivelmente associado a rituais funerários, foi descoberto pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM) durante as obras que decorrem no edifício dos Correios, no centro de Braga.» (na versão impressa está disponível uma imagem, que não é mostrada na ligação; ligação que, ainda assim, acrescenta bastantes pormenores em texto).
A celeridade de uma decisão que demonstra perceber e saber como aproveitar o potencial destas ruínas - uma de decisão de privados (Regojo, salvo erro) contrasta sobejamente com a morosidade e até com o desinteresse (e com as decisões em si) que os nossos órgãos de governo bracarense têm demonstrado com especial vigor nos últimos meses. Trata-se até de um quarteirão ali mesmo ao lado do túnel que tem sido centro das maiores atenções.
Os arqueólogos da UM entendem que os achados se revestem de "grande relevância patrimonial". A proposta de alteração do projecto do centro comercial "foi prontamente aceite pelo promotor imobiliário, que se congratulou com a possibilidade de proporcionar à cidade de Braga novos núcleos de ruínas visitáveis, que enriquecerão o seu património", explicou Manuela Martins.
Quem é de ou vive em Braga há muito tempo até estranha semelhante decisão, mesmo sendo de um privado. Se, obviamente, irá procurar retirar frutos dessa alteração do projecto, também é verdade que denota um certo sentido de responsabilidade social e de consciência histórica.
Pois nem que o façam pelo simples temor de um qualquer tipo de boicote ou reprovação social que poderia advir de uma decisão que delapidasse o património; esse é um temor que a administração PS parece nunca ter sentido e com o qual, apesar de tudo, os bracarenses parecem nunca se ter importunado muito.
Lições de Democracia em Colonialismo 2.0
Coisa estranha, ou se calhar ironia, este Portugal Europeu, depois de colonizar a Europa, a reeditar-se no colonialismo 2.0 - de rabo entre as pernas, mansinho e tão pouco orgulhosamente só - que é como quem diz, a usar da língua de Camões no proveito de lamber uns bons traseiros africanos pelos vistos - aqueles de consulado, que sorvam a nova jorrada de gente daqui para algum lado. Pelos vistos (redundância ou não), e que pena, desbota-se a brancura da nossa angular democracia, de traves mestras, no apertar de mão ao presidente crónico de Angola, com os sempre apontados defeitos nessas coisas dos direitos-humanos e do pluralismo.
Assim se queixa o Bloco de Esquerda, e catraios incomodados, do acesso aos corredores limpos das nossas instituições às figuras de integridade patranha do MPLA, com percentagens norte-coreanas nas eleições. O pior é que Sócrates tem, nem que não queira, uma sabedoria intrínseca e congruente que o nome carrega. Conforme a sua presidência da "Europa não dá lições à Rússia" e vice-versa, também Portugal não as dá aos angolanos. Com o espectro da nossa "social-bu(r)rocracia" rente aos 70 %, maior se lhe juntarmos os 10 % do taxi, o pomar de autarcas de folha perene - e descontando os unanimismos internos-, não há nada que nos inche de superioridade moral. Em Angola, a partidocracia de freguês, pelo menos, é bem mais simplex.
Assim se queixa o Bloco de Esquerda, e catraios incomodados, do acesso aos corredores limpos das nossas instituições às figuras de integridade patranha do MPLA, com percentagens norte-coreanas nas eleições. O pior é que Sócrates tem, nem que não queira, uma sabedoria intrínseca e congruente que o nome carrega. Conforme a sua presidência da "Europa não dá lições à Rússia" e vice-versa, também Portugal não as dá aos angolanos. Com o espectro da nossa "social-bu(r)rocracia" rente aos 70 %, maior se lhe juntarmos os 10 % do taxi, o pomar de autarcas de folha perene - e descontando os unanimismos internos-, não há nada que nos inche de superioridade moral. Em Angola, a partidocracia de freguês, pelo menos, é bem mais simplex.
Guimarães por um Canudo: Do Bom Senso
© espelhito
Ao longo dos últimos tempos, acompanhei com muito interesse a discussão pública sobre o futuro da Praça do Toural, em Guimarães. De todo o processo, a disponibilidade do município para ouvir as opiniões dos munícipes ressalta como um dado extremamente positivo e exemplar.
Por outro lado, o facto de Guimarães viver a dezasseis quilómetros de uma cidade penosamente castigada pelas opções tomadas relativamente à gestão do trânsito e do estacionamento no centro foi verdadeiramente decisivo para o abandono do projecto inicial que incluía a construção de um parque de estacionamento subterrâneo e de um túnel rodoviário. Nos debates a que assisti, as populações foram extremamente críticas da opções que o município pretendia adoptar e, volvidos alguns meses de discussão pública, foi anunciada a alteração do projecto.
Prevaleceu o bom senso. Felizmente.
Paris: A Cidade Luz
© aaberg
Localizada nas margens do Rio Sena, Paris lidera uma área metropolitana com doze milhões de habitantes e muitos metros quadrados da melhor arquitectura do mundo. A Torre Eiffel, os Campos Elísios, o Centro Georges Pompidou, o Arco do Triunfo o Museu do Louvre (na fotografia), o Montmartre, a Catedral de Notre-Dame, o Panthéon, o Quai d'Orsay, o Museu de Orsay e o Moulin Rouge são as principais atracções da capital mais visitada do mundo. Da Revolução de 1789 ao Maio de 68, Paris é um ícone da democracia assente nos ideias da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
O Parque dos Príncipes, propriedade do município de Paris, é o estádio do Paris Saint-Germain F.C., o maior clube da capital francesa. O estádio actual, com projecto do arquitecto Roger Taillibert, foi construído pela imobiliária Bouygues, cuja filial portuguesa foi responsável pelo projecto do Braga Retail Center.
A ler: Enorme onda de apoio em Paris, por Jornal de Notícias; Presidente inaugura Casa de Paris, por Record; PSG em Braga com boas recordações, por UEFA; Braga Conquista Troféu Europeu, por Avenida Central.
Avenida Plural
Jorge Sousa, finalista do curso de Direito da Universidade do Minho e autor do blogue Oh Não!, é o novo cronista do blogue Avenida Central. Autodefinindo-se como um geek, Jorge Sousa aceitou o convite para escrever a crónica das Quartas-feiras, tendo-se estreado na sua Avenida Desvaria com um excelente texto intitulado Privacidade.
Na óptica da pluralidade que vimos prosseguindo, o Avenida Central anunciará, muito brevemente, mais alguns ilustres colaboradores empenhados em contribuir para o debate público acerca das causas comuns.
Na óptica da pluralidade que vimos prosseguindo, o Avenida Central anunciará, muito brevemente, mais alguns ilustres colaboradores empenhados em contribuir para o debate público acerca das causas comuns.
A Infografia Que Nos Resta
The Crisis of Credit Visualized é um trabalho desenvolvido por Jonathan Jarvis.
A Boa Moeda
«A política deu um trambolhão qualitativo. As ‘jotas’ e os aparelhos partidários expelem gente destituída de preparação cultural, técnica, social e humana, catapultando-os para cargos de topo que não merecem.
Esta constatação é quase unânime. No entanto, quando, por excepção, surge na política alguém com provas dadas na sociedade civil e cujo perfil contrasta com os defeitos apontados aos que foram gerados pelo ‘aparelhês’, muitos exigem a sua imolação. Sentenciam que “não é conhecido” ou, ainda mais lerdo, que “não tem prática“.
A política só se renova se os melhores fizerem parte dela. Por isso, goste-se ou não do que defende, Vital Moreira é um óptimo candidato ao PE. Os seus adversários aprenderão isso bem cedo. Ou mais tarde, da pior maneira.» [CAA, Correio da Manhã]
We're All Gonna Die
© Simon Hoegsberg (pormenor)
Freaks, escuteiros, políticos, estudantes, bloguers, espiões, jornalistas, padres, prostitutas, novos, chineses, músicos, nerds, católicos, gays, pais, órfãos, simpáticos, operários, milionários... são cento e setenta e oito pessoas em cem metros de existência: vamos todos morrer! É a maior fotografia, num excelente trabalho de Simon Hoegsberg.
A Crise Social do Minho [4]
«Cavaco Silva defendeu a criação de um Observatório Regional sobre o emprego e a economia, que agregue os actores sociais e estatais, lembrando que tal sucedeu no Vale do Ave quando foi primeiro-ministro e foi necessário combater a crise.» [Público]
Em visita a Braga, Cavaco Silva propõe um Observatório Regional sobre o emprego e a economia. A ser criado, os observadores poderiam começar por estimar os custos sociais das portagens do distrito de Braga. Como se sabe, as empresas aqui sediadas concorrem em condições de grave desigualdade relativamente às que se encontram nos distritos de Viana do Castelo, Viseu, Aveiro ou Leiria. É verdadeiramente incompreensível que a viagem entre Braga e Guimarães ou Barcelos seja taxada a um valor superior ao percurso entre Porto e Aveiro (A29 e A1).
Se o Governo assume que a crise não permite taxar as SCUT's, por que motivo mantém a cobrança no distrito de Braga? Onde está a solidariedade que continua a cobrar valores pornográficos aos habitantes de Cabeceiras e Celorico de Basto quando isenta de portagens os habitantes de Lisboa e do Porto? E como se justifica o silêncio dos municípios do Minho, conhecendo-se as campanhas que têm sido desenvolvidas por autarquias como a Maia, Espinho ou Póvoa de Varzim?
Com 11% dos desempregados do país, o Minho continua a viver uma crise sem precedentes. Desde meados da década de noventa, o Minho e o Norte perderam o comboio da inovação e da competitividade, convertendo-se numa das regiões mais pobres do país. A caridade, que devia ser solidariedade, está a tornar-se indispensável para a subsistência de um número muito significativo de cidadãos.
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Marcado como
Braga,
Economia,
Política Nacional,
Política Regional,
Transportes no Minho
O Outro Cavaco
© Tiago S. Costa
Agora que a crise se tornou pena corrente, Cavaco Silva apela repetidamente à solidariedade dos portugueses, enquanto imita aquela irritante aura de moral à bispo do Porto - ele que me perdoe. A hipocrisia do discurso catarral, depois da obtusa e atrapalhada defesa de Dias Loureiro e dos sucessivos perdões fiscais ao BPN, só se dilui naquele perfilzinho austero a lembrar a alma reencarnada do Presidente de Conselho, na roupa comedida e na pose tesa. E assim se mantém o homem, popular e gourmet, como grelhado nobre no caldo da mediocridade política que nos servem todos os dias.
Bem vistas as coisas, não fosse enxurrada de dinheiro dos 10 anos pós-CEE, que deludiu Portugal em apartamentos e jipes, o seu mandato de primeiro-ministro tinha o dístico de uma tristeza assolapada como a cara dele. Deturpou os papéis do Estado no Mercado e nos serviços públicos, encerrou a ferrovia a torto e a direito, burocratizou, centralizou quando não litoralizou o investimento e deu a estocada final no interior, arruinando equilíbrios para um desenvolvimento sustentado do País.
Mais, se hoje nos agitamos com a falta de ética nas negociatas do Governo, de como se repetem nelas os nomes das mesmas empresas e dos mesmos gestores (alguns deles ex-governantes de ascensão chico-esperta, e outros notáveis benjamins partidários), devemos agradecer a Cavaco Silva a introdução desses guidelines na rotina da governação. Devemos agradecer a Cavaco e aos seus herdeiros políticos, alguns deles que o bom-senso já devia ter arredado há muito dos palcos, a fisiologia de compadrio que ganhou forma em ambos os partidos do meio. A tolerância geral a Cavaco é sintomática do estado de confusão mental do Regime. Não é por acaso que, 3 anos depois da tomada de posse como Chefe de Estado, ainda me dá náusea ver aquele consenso admirado, da esquerda à direita, a esforçar uma interpretação, sempre que sai uma mensagem redundante e anacrónica da boca do Oráculo-presidente.
Manel Cruz em Braga [2]
Os bilhetes para os dois espectáculos de Manel Cruz agendados para os dias 19 e 20 deste mês esgotaram em poucos dias. O Espaço Pedro Remy, em Braga, receberá assim dois espectáculos únicos em que Manel Cruz apresentará o trabalho Foge Foge Bandido, cujos exemplares estarão à venda naquele espaço a partir do próximo dia 12.
Dois Ponto Zero [24]
A ler: Da Transparência, por Tiago Larangeiro; Santo Parlamento, por Pedro Sales; BragaJazz 2009, por Pedro Pregueiro.
A celebrar: Dia Internacional (contra a discriminação) da Mulher
A celebrar: Dia Internacional (contra a discriminação) da Mulher
O Darwinismo em Portugal
© Biblioteca Digital de Botânica
Alas abertas para Júlio Henriques, minhoto de nascença, brotado ao mundo no ano da graça de 1838 em Arco de Baúlhe (Cabeceiras de Basto), que foi seguramente o primeiro evolucionista português assumido. Isto numa altura que era de maior pecado e excomunhão, dizer-se que o Homem e o Macaco eram parentes, do que agora defender que dois homens (ou duas mulheres) também têm o direito de se parentar e gostar de macacadas.
Terminado o Bacharel em Direito, Júlio Henriques matricula-se em Filosofia e atinge o Grau de Doutor em 30 de Julho de 1865, com a tese "As espécies são mutáveis?". Anos depois, é convidado como lente substituto em várias cadeiras (da Química à Mineralogia) e finalmente torna-se Lente Catedrático de Botânica e Agricultura, cargo onde faz carreira, fundando e aderindo a Sociedades Científicas, cá dentro e lá fora.
A Júlio Henriques está também associada a introdução e promoção do uso dos primeiros microscópios nos laboratórios da Universidade, bem como o reflorescimento do Jardim Botânico de Coimbra - do qual foi director - o mesmo que ladeia a Alameda com o seu nome e que finda, ou começa, no aqueduto junto da acrópole universitária. Nem só de ultramontanos vive o Norte, graças a Deus.
[mais informação: Biblioteca Digital de Botânica]
A ICAR Explicada às Crianças
Uma menina de 9 anos foi violada pelo padrasto, tendo ficado grávida de gémeos. Devido à idade da criança, o organismo ainda não está preparado para suportar as alterações fisiológicas da gravidez, havendo alto risco de morrer ou de ficar com sequelas irreversíveis. A mãe e os médicos decidiram, muito sensatamente, proteger a criança, interrompendo a gravidez. O arcebispo da terrinha excomungou-os por terem garantido a salvaguarda dos interesses da criança violada.
*ICAR = Igreja Católica Apostólica Romana
A ler: Católicas pelo Direito de Decidir, por Ana Matos Pires.
*ICAR = Igreja Católica Apostólica Romana
A ler: Católicas pelo Direito de Decidir, por Ana Matos Pires.
Acontece no Minho [21]
© Arco-Íris Mágico
Numa semana em que o Centro Cultural Vila Flor está fora das nossas sugestões por apresentar propostas culturais carregadas de fumo, o Braga Jazz 2009 está em destaque no Avenida Central. O quarteto André Fernandes, o quinteto Dual Identity e o sexteto Gianluigi Trovesi são as propostas para hoje, amanhã e depois. É Jazz, é Braga!
Quarteto André Fernandes (braga jazz)
[5 de Março, 22h. Theatro Circo, Braga]
André Fernandes apresenta-se com o pianista Mário Laginha, o contrabaixista Nelson Cascais e o baterista Alexandre Frazão.
Quinteto Dual Identity (braga jazz)
[6 de Março, 22h. Theatro Circo, Braga]
Os Dual Identity são um grupo de jovens estrelas do Jazz contemporâneo nova-iorquino que define muitos dos novos caminhos do Jazz numa inteligente ligação entre composição e improvisação. O quinteto Dual Identity é dirigido por Rudresh Mahanthappa e Steve Lehman, ambos líderes dos seus próprios grupos, com enorme notabilidade internacional, e ambos votados como "Rising Stars of the Alto Saxophone" pelos críticos internacionais da revista Downbeat. Rudresh e Steve são reconhecidos como as mais importantes novas figuras do saxofone alto.
Rita Redshoes (música)
[6 de Março, 22h. Casa das Artes, Arcos de Valdevez]
Rita Redshoes (na fotografia) é a quinta convidada da sétima Mostra de Música Moderna de Arcos de Valdevez. O Festival Sons Vez é já uma referência no panorama cultural do Alto Minho.
Sexteto Gianluigi Trovesi (braga jazz)
[7 de Março, 22h. Theatro Circo, Braga]
Gianluigi Trovesi realizou o mais difícil dos desafios, não somente para um jazzman, ou um músico, mas para todo o artista, ou seja, ser capaz de criar um mundo musical que fosse imediatamente reconhecível e completamente original ao mesmo tempo. Trovesi,
apesar de ter despontado tardiamente para a música possui um currículo impressionante, cheio de projectos, concertos e gravações. Um regresso (Trovesi esteve entre nós no ano 2000) que se aguarda com uma enorme ansiedade.
Simon Bookish (música)
[7 de Março, 21h30m. Casa das Artes, Vila Nova de Famalicão]
Leo Chadburn, mais conhecido como Simon Bookish, vem à Casa das Artes – palco de muitos imprevistos – apresentar o seu mais recente longa duração, o super aclamado “Everything / Everything” – Um instantâneo Electro-Pop onde o improviso ultrapassa o rigor do planeado. Para muitos, este novo álbum representa a afirmação definitiva de Simon Bookish enquanto compositor e cantor.
Erica Buettner (música)
[7 de Março, 22h30m. Velha-a-Branca, Braga]
Ao convocar referências de um passado distante, seja um vinyl de Joan Baez ou uma gravação perdida de Nico, Erica Buettner pretende perpetuar o seu legado. O registo intimista encerra a memória da folk enquanto expressão de um autor preso à solidão do palco. A melancolia que percorre a sua escrita e cada uma das faixas que interpreta é também ela portadora de uma dimensão narrativa que encontra na sua voz e na guitarra a sua companhia.
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Entroncando a Norte da Linha do Douro (esta em bitola ibérica), temos a linha do Tâmega (Livração – Arco de Baúlhe), a linha do Corgo (Régua – Chaves), a Linha do Tua (Tua – Bragança) e a Linha do Sabor (Pocinho – Miranda Duas Igrejas). Destas já só tinham serviço de passageiros, e amputadas, as duas primeiras: a do Sabor morria em 1986 para passageiros, e a do Tua espera a sua reabilitação «para Março», porque «não é para fechar», «tem objectivos próprios», segundo o que se ouviu do Ministro das Obras Públicas.
Mesmo amputadas, mesmo em mau-estado, com serviço de passageiros em nada consentâneo com as necessidades dos mesmos, estas linhas foram sobrevivendo. Servindo populações que não têm alternativa de transporte, encravadas que estão em remotos locais. Até ontem. Altura em que «sem aviso prévio», a gestora da infraestrutura ferroviária, REFER, fechou por alegada falta de segurança as linhas ainda em funcionamento.
Até era de aplaudir esta opção: uma empresa que reconhece a sua ineficácia, e prefere perder a imagem a vidas humanas até não parece tão mal, mas o que se questiona (o mesmo tinha acontecido já com o ramal da Figueira pelas mesmas razões de falta de segurança), é porque é que a opção é «encerrarem temporariamente», quando afinal a sua missão seria de evitar que chegasse a tão desesperado estado de degradação? Então e se todas as entidades responsáveis por serviços ligados a mobilidade de pessoas decidissem fechar? As estradas, elevadores, linhas de metro, eléctricos, portos de mar e pistas de aviação por alegada «falta de segurança»?
Apetece dizer que à falta de um programa nacional de barragens, inventado em cima do joelho para conseguir-se o fecho da linha do Tua (que resistirá pela sua importância e pela importância que pessoas e organizações lhe reconhecem) foi preciso arranjar outra técnica: a do fecho por «falta de segurança»! É que mesmo sem um serviço minimamente capaz, sem qualquer publicidade, as linhas estreitas do Douro chamam milhares de pessoas (turistas) e servem populações locais que de outro modo se veriam induzidas a partir para um litoral descaracterizado, contribuindo para um interior cada vez mais desertificado, numa espiral sem fim.
Num país em que o Ministério do Ambiente não se insurge contra atentados ao património natural, em que o Ministério das Obras Públicas continua preocupado em fazer mais auto–estradas para ligar Porto a Lisboa (ou deverá dizer–se ao contrário?) e nada interessado em reabilitar o caminho–de–ferro como um meio ecológico, sustentável, seguro e confortável de transporte de pessoas e bens (contrariando o pensar europeu) pergunta–se:
Qual a estratégia para a ferrovia em Portugal?
Quantos quilómetros de via-férrea foram construídos ou reabilitados nos últimos quatro anos?
E quantos foram fechados, mesmo que «temporariamente»?
Depois de se ter assistido nos últimos anos a um reforço da insistência da REFER em vender canais ferroviários sem utilização para denominadas ecopistas que ainda precisam provar o seu interesse para as populações por elas servidas, e de ser preciso a união de 28 Concelhos para promover a ligação Pocinho a Barca D’Alva na Linha do Douro (30 km encerrados em 1988 que custarão o mesmo que 2 km de auto–estrada!), estamos entendidos quanto ao interesse que o comboio produz nesta geração de dirigentes «modernos e ambientalistas».
Não tarda, a nossa rede ferroviária será um conjunto de recordações «fechadas para obras», com reabertura não garantida! É pena!