A questão da privacidade, quer na internet (ex: Google) quer noutras tecnologias (ex: Telemóveis no RU), quer na forma de mercado de dados, quer na de Big Brother, começa a merecer entrar na agenda política. Sobretudo se considerarmos que até a DECO abusa destes mercados de dados - e reincide -, para, através de intermediários, nos invadir com spam, como documenta o Paulo Querido.
Estão também com isto relacionados os recentes episódios em torno do Terms of Service do Facebook. O título deste post - "We Can Do Anything We Want With Your Content. Forever." - resume a ideia (via @PauloQuerido - Twitter (o que é?)).
Gerou-se um enorme buzz e uma onda de contestação que se espalhou pelas várias redes sociais. A verdade é que o Facebook não deseja a má publicidade e quer evitar uma fractura com o seu público-clientes, pois uma empresa e muito menos uma empresa deste género, não suporta o sacríficio (ou a fuga, se preferirem) que um confronto pode implicar. Por isso, passado poucos dias, o Facebook voltou atrás.
Este é um testemunho do poder da rede e da web social, contra uma empresa 2.0, que compreende o 2.0 como poucos; da mesma forma que os outros casos são exemplos da insuficiência lobista da rede contra ataques semelhantes fora da rede; mas, sobretudo, são um testemunho da inoperância e passividade que nós, como colectividade, aceitamos estes abusos e ataques à privacidade e propriedade intelectual de cada um.
Se o João Martinho questionava aqui na sua Avenida Ideal sobre o que seria a democracia: «a democracia é, ou não, verificável pelo facto de existir voto»?
A minha opinião é, claramente, a de que esta não se pode bastar pelo voto. Existem mecanismos quer de pressão social quer até legais (como a acção popular, a propósito das touradas em Braga, por exemplo) através dos quais se prossegue e exerce uma democracia. Chame-se cidadania ou acção cívica, se se quiser. Mas considero-o democracia e uma parte complementar mas fundamental desta, sobretudo em democracias de deficiente representatividade, como (considero) a nossa.
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Jorge,
ResponderEliminarBem hajas por teres aceite o convite e parabéns pelo texto. Concordo com ele no essencial.
Penso que a falta de privacidade e o controlo excessivo dos movimentos dos cidadãos não é salutar do ponto de vista do equilíbrio mental e comporta riscos seria sensato evitar.
Abraço
PM
Ora aqui está um tema que merecia uma profunda análise.
ResponderEliminarNão me vou alongar... mas a tendência, o objectivo, de serviços sociais na internet é perda da privacidade. Se o cidadão pretender um serviço gratuito terá de existir contrapartidas. Se querem regalias comprem/aluguem um sitio na internet.
Por exemplo sabiam que a Google "custa" todos emails do gmail, e pode colectar informações destes, etc. Pois é, oferece serviços gratuitos, mas a empresa tem ganhar algo.
Mais, preparem-se que a internet nos próximos anos vai ser ainda mais controlada pelas autoridades!
Não é apenas a Google que cusca todos os emails. Aliás, qualquer serviço de email com filtros de spam (ou seja, 99% dos serviços de email utilizados em todo o mundo) fazem isso... A Google apenas explica que a forma como gera publicidades adequadas é varrendo os emails dos utilizadores. Nada que não fosse já feito.
ResponderEliminarQuanto à neutralidade na net, realmente isto vai piorar, um pouco porque a maior parte das pessoas não tem consciência do que se passa (e da forma que as coisas vão, vai demorar muito até terem).