Um Partido, Dois Sistemas
© Tavis Coborn
O meu comentário vai agora bem para lá da ressaca do Congresso de Espinho, tão inebriante de superficialismos barbie girl e ken, que tão pouco me dei ao trabalho de assistir com vontade. E na realidade, além do socialista freelancer Vital Moreira, uma espécie de Pequeno Prazer do McSócrates para a esquerda-qualquer-coisa do partido que lhe resta, pouco anima na fila para a comunhão aos agora socialistas não-praticantes (no que a esta doutrina de aparelho diz respeito). Como eu, que me falta também pagar a cota do último semestre, para ajudar nas despesas do bureau com a água e luz na sede do Rato, ou na factura das empresas de logística que montam o palanque ao Líder.
Mas apesar do cathering externo e do moderno teleponto transparente posto sobre um palco futurista, a única e trágica ironia retirada dali é que, quer no unanimismo difuso, quer na forma como o partido atiçou António Costa aos trotskistas (do Bloco), nunca como agora o PS esteve mais parecido com um tradicional Partido Comunista - de inspiração estalinista, pesado, neurótico e quase a roubar o espaço político do PCP. Arriscaria que a semelhança tende até para uma deriva de mercado deng xiaopinguiana do PC Chinês pós-Mao, tardia e a más horas. Isto, se lhe juntarmos o Magalhães: um misto de Livro Vermelho com o Trabant, produzido em massa e para todos, cá dentro e lá fora, para glória do Povo.
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Olhe, amigo, que quer que lhe diga... Isto 'tá mau, a vida custa a todos e os rapazes, coitados, no meio de tanto trabalho e canseiras, mal devem ter tido tempo para preparar melhor a coisa...
ResponderEliminarPois lá que você tem razão... toda!
Mas que quer?...
Desde que a malta continue a comer e a gostar... São rosas...
Quem pensa assim, pensa bem!
ResponderEliminarPermitam-me dar um outro olhar do Congresso. Um olhar de quem participou como delegado pela Concelhia de Braga do PS.
ResponderEliminarÉ verdade que a leitura que os comuns mortais faz é a mediática, a do espectáculo. Também é a que passa na Televisão. E todas as reuniões partidárias abertas à comunicação social têm essa característica em comum. Não é mau, nem bom. É como é.
Mas um Congresso não vale só pelo que passa na Televisão. Vale pelo antes e o depois.
No antes, vimos que 2 Moções Globais Estratégicas foram apresentadas e discutidas, ambas contemplavam nos seus documentos propostas arrojadas (mesmo que não concordando, reconhece-se). Foram 2 documentos apresentados que considero de excelente qualidade.
Na que foi mais votada, sobressai: o casamento dos Homossexuais que vem sendo defendida aqui por alguns de vós.
Podem dizer que vem tarde, que é por táctica política. Tudo isto é discutível. Mas o importante é que o PS - o maior partido português- defende, agora, esta proposta e não vai retroceder na sua posição. E sabemos que quando o PS defende um direito, por vezes controverso como este, será mais fácil introduzir na lei.
Recentemente aconteceu com o IVG (ou será que se o PS não defendesse o Referendo teria o mesmo resultado?). Outros exemplos são: a lei da paridade, o Rendimento Mínimo Garantido que garantiu um direito mínimo de rendimento aos mais pobres, etc.
Com isto não quero dizer que outros partidos não deram e não dão o seu contributo, mas ter o PS do lado desta proposta é óptimo. Por outro lado, recordo que o casamento dos Homossexuais já tem vindo a ser defendida há vários anos pelos Socialistas (do PS) da JS (Juventude Socialista), organização que pertenci.
Mas outras propostas, também importantes, surgiram (e no último dia do Congresso foram anunciadas): a universalização do Pré-primário (e foi no tempo de António Guterres, como Primeiro -Ministro, que se alargou a rede Pré-Primária) e o alargamento de ensino obrigatório até ao 12º ano. A crise e a necessidade de regulação ao nível nacional, europeu e internacional foi comum a quase todas as intervenções.
Por outro lado, um Congresso vale pela participação dos seus militantes, nomeadamente na elaboração de moções sectoriais. Apresentaram-se para discussão mais de 40 moções sectoriais. Isto vale não pelo seu número, mas pelas propostas, ideias e principios que trazem à discussão.
Acredito até que, apesar de pouco mediatizadas e difundidas, algumas das propostas vão gerar discussões futuras e poderão trazer verdadeiras transformações à democracia (partidocracia), como trouxeram em passados Congressos a eleição directa do Secretário-Geral, a paridade nas listas, o IVG, etc. Falo de propostas como as eleições primárias para os vários candidatos do partido (militantes ou simpatizantes) às várias eleições, a instituição dos círculos uninominais, a aplicação da eutanásia, o estímulos ao cooperativismo e à economia social, o serviço público de transportes, a participação de pessoas portadoras de deficiência na vida partidária, o apoio à 4ª idade, a eficiência energética nas autarquias e a mobilidade. Destaco estes, apesar de ter havido outros temas abordados e poderão ser consultados pelos mais curiosos no site do PS (www.ps.pt).
Porque sempre considerei importante participar nos Congressos com reflexão e ideias, levei conjuntamente com outro delegado uma Moção Sectorial com o seguinte título "Mais Cidadania, Mais Responsabilidade, Mais PS". Deixo o link para quem quiser consultar http://ofuturopassaporaqui.blogspot.com/2009/02/congresso-ps-mocao-sectorial.html.
Não pretendi com este contributo, contrariar nenhuma leitura diferente, mas dar só o meu ponto de vista e, se calhar, permitir outro olhar para lá do dado pelas câmaras.
Obrigado.
Miguel Corais
ó vitor pimenta, desde quando é que o PCP é de influência estalinista?
ResponderEliminarPuseram-te este soundbyte na boca e agora não sabes mais nada.
já agora, chegaste a ler Marx, Lenine, Engels?
Porra pá!Não fales do que não sabes.Já pareces o Morgado.
Caro anónimo das 17:27. Antes demais, releia o post. Depois diga-me se é requisito ler Marx, Lenine e Engels na íntegra para falar da esquerda - como para se falar do "amor ao próximo", se tivesse de ler a Bíblia. Já leu sobre liberalismo? E trotskismo? E desculpe, um partido que defende o regime da Coreia do Norte, dizê-lo de inspiração estalinista talvez seja eufemismo.
ResponderEliminarCaro Vitor Pimenta, agora é que você mostrou que fala sem saber.
ResponderEliminarO PCP não apoia o regime da Coreia do Norte mas as tentativas de ingerência imperialista por parte de potências, da mesma forma que o faz relativamente a outros casos.cRITICAR UMA COISA não implica apoiar a outra.Aliás, se se desse ao trabalho de ler ou ouvir as posições do PCP sobre esta matéria acabaria por não fazer figuras tristes.
Em nenhum momento ouviu ou ouvirá um apoio ao regime Coreano e desafio-o a citar aqui.
Caso contrário cale-se.
Sim é preciso ler, porque quem acusa um partido de génese marxista-leninista de ser estalinista demonstra precisamente que é um poço de ignorância.
Aliás o seu conhecimento da história universal deve ser tão exíguo que não compreendeu que após a morte de Stalin as próprias estrutras do regime renegaram profundamente aquela época.Krusheuv foi uma dessas figuras ao contrário do "democrata" Putin, grande amigo das democracias ocidentais, que tenta redesenhar aquele período atráves de censura.
Mais uma pequena coisa que lhe escapou: o PS convidou os dirigentes venezuelanos para o congresso. Olhe o que seria se fosse o PCP!!!!
Já para não falar do apoio das democracias ocidentais a regimes como o de Pinochet, Apartheid, etc...
Não é preciso ler a bíblia para saber o que é amor ao próximo.Mas que raio de comparação mais foleira.
Estamos a falar ideologias políticas e você fala em sentimentos e emoções humanas?
Eu não preciso de ler nada para saber o que siginica ser solidário mas preciso de ler Marx pra saber em que consiste o marxismo,porra!
Olhe que talvez não vos fizesse mal ler a bíblia porque o ódio que aqui se destila contra a religião é semelhante à intolerância da inquisição.Os extremismos começam todos assim.
Sabe qual é o vosso problema?Estão habituados a ser bajulados e depois passam a acreditar que tudo o que dizem é perfeito.
Deixe a forma e apresenta contéudo.
Para isso já basta o Eng. Sócrates.
Olhe caro anónimo, fico rendido à sua sabedoria. Pena que a mesma não lhe dê o bom senso de se largar do anonimato das opiniões e insultos obsessivos com que enche as caixas de comentários. Passe bem.
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