Discutia-se há uns dias no sinecura, e na ressaca da vitória chavista no referendo, o que é, afinal, a democracia e a democracidade do regime de Chávez. No que diz respeito ao conceito, a discussão partiu do ponto "a democracia é, ou não, verificável pelo facto de existir voto". Esta é, aliás, a definição mais comum de democracia e vai, mais ou menos, de encontro à origem etimológica da palavra (do grego, demos: povo; cracia: poder); não confudir poder ao povo com o poder populista.
Porém, como o Pedro Romano defendia n'o número primo, democracia é apenas uma palavra e as palavras são o que quisermos fazer delas. Esta afirmação, aparentemente demasiado simplista, chama-nos a atenção para o perigo da comparação entre democracias e da avaliação da qualidade democrática de um qualquer país.
Grande parte dos países do mundo consideram-se países democráticos; aliás, o Ocidente a isso os obriga. E são, de facto, se a nossa definição de democracia for a existência de eleições. A questão é que se problematizarmos sobre as condições em que decorrem as eleições - e falo da simples existência de oposição, da liberdade de expressão, da garantia de que decorrem sem fraudes, etc. -, encontraremos muitas violações democráticas que não admitiríamos a uma democracia ocidental.
Daqui, e aos nossos olhos, as democracias sul-americanas, africanas ou asiáticas não são mais que democracias exóticas e, provavelmente, até o melhor que eles conseguem fazer ao representar o papel que esperamos deles. A verdade é que a democracia não é perfeita e, como diz o PR, por vezes caminham para a ditadura pelo seu próprio pé.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
A existência de eleições de tipo universal não diz nada (ou muito pouco) sobre um país ou sistema político. A justiça não se baseia exclusivamente num critério de participação popular de cariz democrático.
ResponderEliminar