Adensam-se as desconfianças relativamente às obras em curso na Avenida da Liberdade depois do Diário do Minho ter dado a conhecer as violações e erros de planeamento cometidos pela Câmara Municipal de Braga no que respeita à protecção do património arqueológico.
O processo está envolto em grande polémica e as incongruências acumulam-se desde o primeiro momento. Recorde-se que, já em Setembro de 2008, a Direcção Regional de Cultura tinha condicionado o avanço da obra à «realização prévia de escavações arqueológicas». Apesar disso, a Câmara Municipal decidiu avançar com os trabalhos de execução e as escavações em simultâneo.
Após pressões da oposição e da opinião pública, foi divulgada uma breve informação institucional da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho em que se dá nota dos trabalhos desenvolvidos no acompanhamento destas duas obras. Sabe-se que foi descoberto um templo romano de grandes dimensões no subsolo da Avenida da Liberdade e uma extensa necrópole sob o antigo edifício dos correios, mas não se conhecem as acções concretas de salvaguarda daqueles achados nem os planos de pormenor para aquela área.
O interesse público do dossier justifica a abertura de um processo de consulta pública, tal como aqui foi sugerido pelo arqueólogo Gonçalo Cruz. Quem aprecia esta cidade não pode continuar indiferente aos extraordinários contributos que o Professor Francisco Sande Lemos tem dado para este debate. Por muito que o presidente do Município entenda que «já chega de andar a brincar às escavações», estamos em crer que o futuro da cidade depende da forma como tratamos o que ainda resta do passado.
Adenda - está a decorrer um petição online sobre esta matéria.
Petição assinada. Não vai valer de muito, eu sei, mas fica a vontade de ver as coisas tratadas por o devido respeito.
ResponderEliminarFoi preciso este tempo todo para este blog ter aderido à petição.Se fosse bola...
ResponderEliminarEste processo é de facto bizarro. Nada foi devidamente planeado, mas todas as instituições que intervém neste processo tinham conhecimento desta obra de grande impacte arqueológico.
ResponderEliminarComo é possível que a obra tenha sido anunciada, que o projecto de engenharia tenha sido elaborado, que as instituições que tutelam o património se tenham pronunciado, o concurso de empreitada tenha sido aberto, a decisão de adjudicação tenha sido tomada e a empretada se tenha iniciado sem que nada, mas absolutamente nada acontecese de maneira a corrigir o erro inicial? Como justificar em Braga, ao longo de tantos anos, a falta de planeamento e de rigor técnico, político e financeiro na abordagem a grandes obras públicas?
É o raio da pressão politica!Se Mesquita Machado não tivesse que ganhar as próximas eleições não havia nada disso...
ResponderEliminarNão me digam que Manuela Ferreira Leite não tem razão quando disse que, por vezes, era necessário interromper a democracia por pequenos lapsos de tempo... Se Mesquita já tivesse o mandato prorrogado não precisaria de "forçar a ilegalidade"...
Mas também com os "cacos" na mão a obra não pode parar.Aliás que acabe depressa. Já chega de caos.
Mas não percebo uma coisa.Se em Braga é "cada cavadela cada minhoca" por que é que não se faz um mapeamento completo de Bracara Augusta com tranquilidade, como diria o Paulo Bento?É só "a lá carte" quando se projecta uma obra que esventre a urbe e que tem prazo de execução?Não há dinheiro ou não há vontade politica?Se calhar há tesouros debaixo do solo e ninguém sabe...
Excelente texto, sobre esta matéria.
ResponderEliminarAproveito para acrescentar que face à pouca informaçao disponível, não sabemos em que fase das escavações arqueológicas se encontra a zona afecta ao traçado do túnel propriamente dita (Avenida Central-Cruzamento Rua do Raio).
Tal como se pode ver no mapa disponibilizado pela UAUM a Via XVII passa algures nessa zona, e achados arqueológicos importantes certamente podem ser aí encontrados...
Com isto quero dizer que, como essa zona da construção se encontra vedada, e como a informação é pouca, face aos indícios vindos a público todo o cuidado é pouco! Uma vez que achados arqueológicos importantes, nesse local poderiam significar a alteração de todo o projecto ou mesmo a inviabilidade deste.
P.S. Obrigado pela adesão à petição.
Comentário de Cobola, no fórum: http://forum.autohoje.com/showthread.php?t=64345
ResponderEliminar"Porque conheço um pouco o caso, alerto desde já para a intoxicação informativa - de que este thread parece perfilhar - que se tem vindo a verificar sobre este assunto.
O tema do túnel assemelha-se a um autêntico saco de gatos, onde competem:
# a oposição ao Mesquita Machado encabeçada por Ricardo Rio, do PSD;
# as associações que mandam bitaites sobre o património (ASPA), e que mais se assemelham a treinadores de bancada - sabem de táctica mas não vão aos treinos...;
# ex-arqueólogos em busca de protagonismo de outros tempos;
# pasquim local, com jornalistas pagos à peça e ao arrepio das mais elementares normas ético-deontológicas de jornalismo;
# os empreiteiros do burgo que no concurso para a empreitada do túnel se viram surpreendentemente ultrapassados pela empresa vencedora, a Britalar (sim, aquela cujo dono é o presidente do Braga, clube que tem como Presidente da Assembleia-Geral o próprio Mesquita Machado - ai, Morgado, Morgado...), empresa esta, Britalar, que apresentou uma proposta por quase metade (!) do preço das concorrentes, e que estes, como tal, estão interessados em tudo o que seja 'encravanço';
# um certo complexo de inferioridade e inveja em relação a uma certa cidade vizinha cujo património lhes valeu a distinção da UNESCO;
# sem esquecer que, para o ano, há eleições autárquicas.
Bom, penso que já estão a ver o caldanço que ali vai.
No meio de tudo isto anda uma vasta equipa da Unidade de Arqueologia que há mais de 30 anos luta pela preservação do património romano bracarense, que sempre publicitou cientificamente os seus trabalhos sem que a cidade lhe tenha ligado puto (onde está a dedicação que as termas e o teatro romano merecem?!), que tenta fazer o seu trabalho com os timings e as incertezas próprias da prospeção arqueológica, mas que de certo modo não se adaptou à intensa curiosidade bacoca que este caso despertou na imprensa e na blogosfera, repito, em ano véspera de eleições.
Pelo que sei, fiquem descansados que a coisa, se valer a pena, terá a defesa imediata dos únicos que sabem o que a coisa vale - os arqueólogos - e os únicos que alguma coisa fizeram pelo que actualmente existe de património, em Braga.
O resto, é pura especulação."
É que nem mais.
Francisco Sande Lemos é um nome que me incendeia positivamente a memória. Aparte registado vou assinar essa petição tendo na memória a figura que uma funcionária da câmara fazia este fim de semana, de serviço num certo local, onde o ar condicionado avariado com uma temperatura ambiente de 7º Celsius lhe dava o ar desesperado e sofrido de uma doente enquanto profissionalmente tentava manter a atenção e o sorriso.
ResponderEliminarEsse Cobola só pretende denegrir a imagem do SC Braga e do Eng. Mesquita Machado. Ele devia saber que o Presidente da AG do Braga é o João Marques... Sinceramente.
ResponderEliminarCom estas atitudes, MM arrisca-se não está a ganhar terrenos face à oposição, arrisca-se mesmo a perder as eleições.
ResponderEliminarManifestação junto à Arcada, já!!!
ResponderEliminarSabendo da notícia de violação da lei como é que ainda não se viu qualquer acção/ tomada de posição por parte do(a) IPA, IGESPAR, IPPAR, CMB , UAUM.
ResponderEliminarNa minha opinião, quem realmente está interessado na protecção do nosso património, deve contactar e "exigir" que estas entidades, tomem uma posição...
ipa@ipa.min-cultura.pt ; IPA
ippar@ippar.pt ; IPPAR
igespar@igespar.pt ; IGESPAR
arqinfo@uaum.uminho.pt ; UAUM
fba@cm-braga.pt ; CMB
O Património de Braga está monopolizado por uma entidade...aliás, 2! Repartem-se as sorte entre a Unidade de Arqueologia e a Câmara de Braga. A fatia mais pequena é sempre da CMB e a maior da UAUM.
ResponderEliminarHá coisas estranhas neste procedimento, porque o Dr. Sande Lemos diz neste blog que a CMB nunca chamava a UAUM para decisões, logo punha em causa o Projecto Bracara Augusta. Agora o documento divulgado pela UAUM diz que a Drª. Manuela Martins e o Dr. Luis Fontes são os responsáveis pelo Projecto Bracara Augusta. Afinal, quem tem o quê, que é o quê? Quero dizer, o que é que é o Projecto, quem o dirige, que linha tem, como se traduz, etc...
Assim, só parece uma falácia histórica das grandes!
Estou com o daniel, afinal o que é o projecto de salvamento de Bracara Augusta?O Caro Gonçalo cruz, num post passado, bem se esforçou por explicar, mas como explicar algo que não existe.Aliás, gostaria de ver abordada na avenida monumental a temática das ilegalidades processuais na componente da Arqueologia nas obras do túnel.Porque aí iriamos discutir como uma instituição que (supostamente) tem credibilidade regional, mas que localmente tem transmitido uma sensação de estar a trabalhar na "sombra", refugiando atrás de taipais ou de contratos de sigilo!
ResponderEliminarMais uma vez, congratulo o Pedro Monteiro pelo post que transmite exactamente aquilo que os Bracarenses sentem relativamente a este assunto!
Cumprimentos