Não estamos a pedir às empresas para fazerem algo diferente da sua actividade normal; estamos a pedir-lhes que façam a sua actividade normal de forma diferente
Anunciava Kofi Annan em 2002 a propósito da RSE, cuja definição a UE, num Livre Verde de 2001, convencionou ser «a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na sua interacção com outras partes interessadas», num sentido de pro-actividade.
(Entra a crónica 2 dias antes do costume pois) Faz hoje 9 e 8 anos que, em Lisboa e Estocolmo respectivamente, esta temática foi colocada na agenda política da UE. Apelava-se, então, ao sentido de RSE, definindo-se objectivos a atingir em 2010: a UE deveria «tornar-se no espaço económico mais dinâmico e competitivo do mundo baseado no conhecimento e capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos, e com maior coesão social». Autonomizava-se assim, o conceito da RSE, do conceito mais abrangente de desenvolvimento sustentável, do qual não se pode afirmar que realmente se dissocia.
Sucintamente, a RSE passa por três Ps (People, Planet e Profit), que significam uma subdivisão em Responsabilidade Social, Ambiental e Económica.
Do ponto de vista Ambiental, pode-se afirmar que foram feitos progressos concretos, muito graças a Quioto, às energias renováveis e a "pequenas" coisas como a melhoria nos consumos dos automóveis.
Por Responsabilidade Económica, entendia-se que a prossecução do lucro deveria ser feita com respeito por princípios éticos. Evidentemente, implica o repúdio representação máxima pode ser encontrada no Madoff.
Quanto ao Social, este implicaria não só um respeito pelos direitos fundamentais (em categorias: DLGs pessoais, de participação política, dos trabalhadores e direitos económicos, sociais e culturais), mas também a sua promoção. Nove anos depois e com um para a meta, não me parecem haver resultados palpáveis nessa área, derivado da RSE.
A existirem progressos a nível Económico e Social, estes foram em certa medida dizimados pela actual crise económico-social e todas as suas vicissitudes. Retira-se que, apesar de todos estes passos (que duram há décadas) na evolução da RSE, é irrefutável a afirmação de que, salvo raras excepções, não existe (não se conseguiu incutir) uma verdadeira consciência social nas empresas, apesar de variados esforços em Portugal. Consciência que será sempre um pressuposto para o sentido de Responsabilidade. Ou esta consciência e responsabilidade existem na generalidade das empresas, globalmente, ou todo o esforço que as demais façam (que, se não cumprem esse papel proactivo, pelo menos cumprem um meramente preventivo ou não danoso) cai por terra, como tem estado a cair, face a um mundo globalizado. Das que fazem algo em Portugal, é disto talvez o melhor exemplo, a Delta, entre outras empresas.
Hoje só estamos numa onda: baixar os salários mais baixos para aumentar a produtividade das empresas e a sua competitividade lá fora... o resto é dó café!
ResponderEliminarInteressante. Já tinha ouvido falar disso no programa eleitoral da Lista B à aaeum.
ResponderEliminarParece-me muito interessante a responsabilidade social no mundo empresarial.
Boa divulgação.
Tens estudado os apontamentos de Direito Comercial da Catarina Serra:)
ResponderEliminarSim anónimo :) Gostei bastante dessa matéria e calhou perto do aniversário.
ResponderEliminarEm Portugal não há empresários só patrões...
ResponderEliminarQuantos tem uma perspectiva social do emprego e da empresa?Que lhes bastaria ter apenas uma empresa consilidade, sem precisar de terem Ferraris, bastando apenas um Audi A4...
Texto muito interessante. Parabéns.
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