Uma semana volvida sobre Famalicão, o clube,
ter voltado a estar nas notícias, por ter sido o último clube a encaixar 8 golos do Benfica num jogo da Liga antes do Vitória de Setúbal, é interessante avaliar de que forma se encontra o desporto em Famalicão. Em intervenções anteriores já aqui abordei a ciclovia de Famalicão, que se baseia no canal ferroviário da Linha da Póvoa. A nível de atletismo e futebol, há projectos magnificentes para construir
uma nova Cidade Desportiva, que, contas feitas, se orçará em 30 milhões de euros (
a título de estimativa camarária).
Honestamente, o actual estádio municipal 22 de Junho é, de facto, um equipamento velho, sem capacidade de acomodar com conforto e segurança os espectadores e jornalistas. Nem mesmo os jogadores dispõem de um balneário moderno. Mas a equipa do FC Famalicão encontra-se este ano na 3ª Divisão devido a uma decisão de secretaria, senão estaria a disputar o campeonato Distrital da AF Braga.
Como se vê na ligação do primeiro parágrafo, os tempos áureos do Famalicão terminaram há muito (desde a subida à 1ª Divisão, foi sempre a descer). O bater no fundo aconteceu há um par de anos, com a descida aos Distritais. Entretanto, as crises directivas e dívidas (ao Fisco, por exemplo, foram 350 mil euros) quase levaram à extinção da equipa. Uma decisão administrativa, como já foi referido, voltou a recolocar o clube nos campeonatos nacionais.
Ora, com tanta incerteza a pender sobre esta equipa, não seria mais racional canalizar o investimento para outras modalidades desportivas, reconvertendo, por exemplo, o actual estádio? (Uma espécie de lifting/upgrade, como o que foi efectuado no D. Afonso Henriques, em Guimarães).
Apesar de no novo estádio poderem vir a actuar todas as equipas do concelho que competem nos Nacionais (Joane, Oliveirense, Ribeirão e Famalicão), seria, porventura, mais inovador e importante apostar numa pista de atletismo de pista coberta, por exemplo. Seria a primeira em Portugal construída do zero. Alguém duvida da visibilidade que tal empreitada teria? Os atletas de alta competição portugueses, que tanto pedem ao Governo uma pista onde não chova nem faça frio, poderiam ter em Famalicão a sua nova Meca.
Por vezes é preciso inovar. Não questiono que um novo Estádio seja bom para o concelho. Mas é a obra óbvia, para uma cidade cuja principal equipa não tem categoria para encher um estádio com 12 mil lugares (no curto-prazo, pelo menos) - será, como termo de comparação, o novo Estádio do Algarve (embora, vá lá, este ano o Olhanense jogue lá por ser do Algarve, apesar de ainda ter de andar vários quilómetros para lá chegar).
Na verdade, é preciso ver mais além. Explorar áreas que não estejam ainda muito desenvolvidas, coisas em que ninguém pense. E, claro, vai sempre ser um exercício interessante verificar se, daqui a uns tempos, o custo da obra se cifrou realmente perto dos 30 milhões de euros.