No País das Corporações
© fliscorno
Já aqui defendi por várias vezes os professores, vítimas de um sistema que nunca os avaliou durante anos e da inabilidade política de uma Ministra da Educação que o bom senso aconselharia a ter substituído. Contudo, numa democracia com maturidade deve haver um tempo para as lutas profissionais e um tempo para o debate sobre os projectos de Governo para o futuro do país.
Converter as eleições num plebiscito à reforma da educação e aos interesses particulares dos professores é um acto demasiado egoísta. Lamento profundamente que os professores, que alguns professores, estejam a instrumentalizar a campanha eleitoral em função dos interesses da sua corporação. É sinal de que não conseguem perspectivar o futuro do país para além da educação do seu próprio umbigo.
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Pois é.
ResponderEliminarOs enfermeiros nem fizeram uma manif esta semana nem nada.
Será que se esquecerem disso aqui?
Já agora qual é a avaliação dos médicos e dos médicos que fazem parte da gestão dos hospitais com milhões de défice?
Disseram-me que havia censura aqui mas não quero acreditar nisso.
Até compreendo a sua posição, no entanto, depois da humilhação sofrida pela classe profissional, estes protestos estão legitimados. Apenas lhe vou recordar algumas frases:
ResponderEliminar"admito que perdi os professores,mas ganhei a opinião pública"
(Maria de Lurdes Rodrigues, junho /2006)
"Vocês estão a dar ouvidos a esses professorzecos"
(Valter Lemos, Assembleia da República, 24/01/2008)
"caso haja grande número de professores a abandonar o ensino, sempre se poderiam recrutar novos no Brasil"
(Jorge Pedreira ,Novembro/2008)
"quando se dá uma bolacha a um rato, ele a seguir quer um copo de leite!"
(Jorge Pedreira, auditório da Estalagem do sado, 16/11/2008)
" [os professores são] arruaceiros, covardes, são como o esparguete (depois de esticados partem),
só são valentes quando estão em grupo!"
(Margarida Moreira-DREN, Viana do Castelo, 28/11/2008)
Quem não chora não mama.Na política não faltam mamões e, alguns, bem gordos.
ResponderEliminarUiiii!!!!
ResponderEliminarNão deixo de concordar que vivemos num país de corporações.
Mas Pedro Morgado, o defensor das liberdades individuais, aqui preocupado com a «dor» do PS!!
Dá-me a impressão que este tempo de eleições está a ser para o Pedro Morgado de «suspensão da consciência própria».
Parece que aos socialistas nenhum argumento, que defenda a partidocracia contra a livre expressão de movimentos de cidadãos, repugna. Mesmo que esse argumento se fundamente na ignorância dos que, não estando no terreno, se recusam a admitir a sua laicidade em prol de se sentirem no direito de opinar acerca de tudo.
ResponderEliminarAo anónimo que recorda frases eu lembraria algo bem mais duro: o congelamento da progressão na carreira docente foi logo a primeira medida, ou uma das primeiras, tomada pelos socialistas mal chegaram ao poder. Mais tarde, dividindo a carreira, arranjaram maneira de despromover administrativamente a grande maioria dos professores e, com a atribuição de quotas, impedindo-os, também de maneira meramente administrativa, de sonhar em atingir o topo da carreira. Foi também este governo que inaugurou a requisição civil dos professores retirando-lhes assim o até aí intocável direito à greve. Estarão à espera de agradecimentos?
ResponderEliminarOs médicos são avaliados e não progridem automaticamente na carreira como sucedia com o professores. Alguns médicos especialistas são Assistentes Hospitalares a vida toda, numa subindo de categoria.
ResponderEliminarA progressão automática dos professores foi um mito criado pelos socialistas com o intuito de, ao abrigo da lei, poderem proceder ao congelamento das carreiras. Pergunte-se a quem tinha de fazer x acções de formação e apresentar o Relatório Crítico de Actividades para subir de escalão. Independentemente de o sistema ser bom ou mau, progressão automática é coisa que não existia e as coisas devem ser tratadas pelos seus nomes. Agora, alguém quer saber como é a avaliação de outros profissionais que tanto protestam contra os professores? Na sua maioria parecem anedotas.
ResponderEliminarVoltando ao conteúdo da postagem, o que torna tão temida uma manifestação de professores durante a campanha eleitoral? O facto de contrariar a estratégia eleitoral do PS: o passar da esponja. Como se fosse possível! Não foi o próprio José Sócrates que apelidou de "míseros votos" os daqueles cento e muitos mil professores que encheram a capital? Infelizmente, não há um único jornalista capaz de o confrontar com a sua própria história.
Pedro,
ResponderEliminarNunca comentei a avaliação dos outros profissionais do sector público, porque a conheço mal. A do sector privado conheço melhor e não tem nada a ver com a dos professores.
Já agora gostava de saber como é feita a dos médicos, mas, se tiver paciência, daqui a 3/4 anos saberei como é a da minha filha... E como, se não morrer antes, vou dar aulas durante 45 anos (mais 11), é só esperar.
Para terminar, os professores são a classe profissional que melhor percebe o que está em causa - o futuro do país.
Os professores não lutam apenas pelos seus interesses - aliás, não há classe menos corporativa do que a docente. Por muito que custe a muita gente, os professores lutam pelo futuro das próximas gerações e a educação pública é, neste momento, um caos. Para os ricos, há colégios, os outros - convém que sejam ignorantes.
Os médicos são avaliados?! ahahahah ahhahahhah ahahhahaha ahahhahaha esta é de rir hahahah ahahhaha ahahahah ahahhaha
ResponderEliminarMas há algum médico que precise do sector público para além de garantir um bom quinhão para a reforma?
Eles estudam à custa do estado, forma-se à custa do estado, estão «inscritos» como funcionários públicos mas vivem do sector privado e do seu consultório particular. Quando livres, se algum tempo têm livre, é que lá passam para «dar» duas ou três consultas num dia inteiro.
Bem tinha razão Leonor Beleza, mas trataram logo, o tal corporativismo, de lhe armarem uma cilada para arrumar com ela.
Professora Helena Vilar,
ResponderEliminarQuanto aos médicos, eu, por exemplo, tenho um exame anual onde tenho que ter obrigatoriamente aprovação para poder progredir. Além disso, terei provas públicas no final da especialidade.
Os médicos especialistas do SNS apenas progridem por Concurso Público, em que as vagas são disputadas muitas vezes entre vários médicos e apenas um pode progredir. Essa avaliação inclui a análise dos currículos, bem como uma entrevista. Quem faz a avaliação são os médicos mais graduados.
Como fica bem claro por tudo o que tenho escrito, penso que os professores foram vítimas do sistema e de uma Ministra péssima.
Penso também que a manifestação de hoje, mais do que desadequada, foi uma humilhação para os professores. De 100.000 passaram a 200 porque converteram o assunto numa questão partidária.
Um abraço com estima,
Pedro Morgado
A manifestação hoje era "sui generis", não foi convocada pelos sindicatos e, por isso, não havia apoio logístico. Estavam, pelo que sei 2000 professores, quase todos de fora de Lisboa.
ResponderEliminarNão fui, porque, ontem, entrei às 9.30 horas na escola e saí às 22 horas, com 35 minutos para almoço e zero para jantar.
Os médicos e outros profissionais, quando são avaliados, desempenham funções de mais responsabilidade e têm, com certeza, um vencimento adequado. Os professores exercem toda a vida a mesma função e, se outras lhes atribuem, são feitas gratuitamente e à custa do tempo que é retirado à família.
Exames, provas públicas, concursos é o que os professores pedem como avaliação. Não queremos este modelo, importado do Chile (lá não passou, porque os professores fizeram um mês de greve, mas aqui respeitamos muito os nossos alunos), em que professores menos qualificados academicamente e de outros departamentos seriam avaliadores.
Eu até era privilegiada porque fui nomeada avaliadora, mas não poderei nunca concordar com este modelo.
No entanto, a principal luta dos professores, como já disse, não é a sua carreira, mas a escola pública, completamente destruída durante estes 4 anos e meio.
Abraço, Pedro, e boa sorte para a tua vida profissional e pessoal,
Helena Vilar
Parece-me que falámos de coisas diferentes: não nos estávamos a referir aos estágios. Também me parece que não tem qualquer importância comparar profissões diferentes.
ResponderEliminarContinuo a achar que qualquer esforço para calar as pessoas (neste caso, um grupo independente de cidadãos) revela dificuldade em lidar com as regras da liberdade e da democracia.
Caro Pedro Leite Ribeiro,
ResponderEliminar1. A especialidade médica não é um estágio.
2. Calar os cidadãos? Era o que fazia falta. Alguém impediu os professores de se manifestarem? Não queira agora impedir os cidadãos de comentarem essa manifestação...
Deixem os Prof. em paz.Meditem antes nos que sem poder reivindicativo, trabalham as horas que o patrão decide e ganham mais ou menos o salário minímo...depois ao fim de 40 e mais Anos de trabalho e descontos, reformam-se com uma médis de 400Euros.Se duvidam informem-se, pois são aos milhares.
ResponderEliminarNão estamos em época de pedir aumentos salariais mas garantias de trabalho.Avaliar é um processo que vigora desde antes de 1974.O problema será de forma ou modo.
ResponderEliminarCaro Pedro Morgado:
ResponderEliminarLonge de mim querer calá-lo. Aprecio tanto os seus comentários que até venho aqui lê-los com bastante regularidade. Mas não estou sempre de acordo e algumas vezes manifesto-me, principalmente quando alguma coisa me toca directamente. De qualquer modo, se acha que com o meu comentário o pretendo impedir de expressar as suas opiniões, porque é que discorda que eu considere que pretende impedir as manifestações de grupos de cidadãos durante períodos eleitorais quando as condena?
Da carreira médica pouco ou nada sei e confesso que o meu interesse por esse assunto é nenhum. Estranho, sim, que pessoas de outras profissões se interessem tanto e tão vivamente pela carreira docente produzindo, desde toda a espécie de leigas opiniões até aos mais absurdos insultos (não é o seu caso, evidentemente). Os enfermeiros manifestam-se, é natural; os pilotos fazem greve, compreende-se; algumas dezenas de professores manifestam-se e cai o Carmo e a Trindade! Poucas coisas mais me surpreendem em Portugal.
Os melhores cumprimentos.
Pedro