A corrente populista arrasou no Distrito de Braga - Pedro Santana Lopes venceu com 2712 votos contra 1089 de Manuel Ferreira Leite e 712 de Passos Coelho. Convém ter em conta que:
1. Dos 1623 votos que separam Santana Lopes de Manuela Ferreira Leite, 1602 são conquistados em Vila Nova de Famalicão e Vila Verde, os oásis do caciquismo laranja no distrito.
2. Manuela Ferreira Leite vence folgadamente em Braga e Guimarães, os concelhos mais urbanos do distrito. Nestas secções, Santana Lopes é o terceiro mais votado com menos de metade dos votos de Passos Coelho.
Comunicação Social em Debate
A Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva recebe no próximo dia 3 de Junho, pelas 21h30, o debate "Comunicação Social: Diferenças e Estereótipos" com a participação de Carla Cerqueira, Silvino Évora e Eduardo Jorge Madureira. A iniciativa está integrada na III Edição da Festa dos Povos.
PSD em Tempo de Catarse (II)
«Se Pedro Santana Lopes ganhar, cria-se uma situação muito difícil porque as chamadas elites tenderão a aprofundar o distanciamento. O PSD corre o risco de entrar na fase final de um processo que tem vindo a acentuar o populismo. Sendo Santana o candidato mais vulnerável ao risco de indefinição ideológica, a sua vitória empurrará o partido para o populismo e nesse caso cria-se espaço para o surgimento de uma nova força política da área da Direita.»
[João Cardoso Rosas, citado no JN]
PSD em Tempo de Catarse
«Obviamente, há limites à liberdade de expressão no partido para os militantes.» Assim fala Pedro Santana Lopes numa espantosa mostra da irracionalidade que se acerca de muitos dos que aceitam alistar-se nos partidos políticos. Veja-se como a militância os despoja de um dos mais elementares princípios da democracia - a liberdade de expressão.
«Deus nos livre do Santana», clamava hoje uma idosa no Mercado de Braga. Se o PSD ainda tiver emenda, há que livrar-se bem depressa da ala populista encabeçada pelo menino-guerreiro. Qualquer devaneio nesta matéria seria um prolongar da agonia em que o partido se vem arrastando desde 1995.
Pedro Passos Coelho, pela irreverência das suas propostas e pela coerência do seu liberalismo, é o único candidato capaz de trazer novos ventos ao cinzentismo esquizofrénico que se apoderou da política nacional. Mesmo sem se converter num Partido Popular à espanhola que desbarataria a 'matriz liberal' cunhada por Sá Carneiro, o PSD precisa de se distinguir do PS. Contudo, já se percebeu que o jovem candidato será travado pelos sectores mais reaccionários e católicos do partido que entregarão a liderança a Manuela Ferreira Leite.
Mesmo sem quotas, o PSD será o primeiro grande partido português a eleger uma mulher para a sua liderança. O que se seguirá será um interessante duelo entre a insolência léxica de José Sócrates e a aspereza do carácter de Ferreira Leite. E a maioria absoluta cada vez mais longe...
Receita
«esqueça os emails de enlarge your pennis. indexe o seu pirilau ao barril de brent.»
Pedro Vieira, no Irmão Lúcia
Pedro Vieira, no Irmão Lúcia
Jornalismo!?
[publicada n' O Balcão]
Quando leio certas notícias, fico com muitas dúvidas sobre o que é o jornalismo.
Minho: Politicamente Abaixo de Zero (III)
O Bloco de Esquerda anunciou que vai chamar Mário Lino ao Parlamento para explicar a injustiça causada pelo congelamento dos passes sociais apenas nas regiões de Lisboa e do Porto. O Governo vai explicando que «quanto aos passes de outros municípios [fora de Lisboa e Porto], são da responsabiliade destes municípios. Estamos dispostos a reforçar as ajudas que lhes prestamos, pois já os ajudamos em várias áreas, como nos transportes (...) e na bilhética.»
Seja como for, a verdade é uma: não se justifica continuar a financiar os transportes de Lisboa e do Porto à margem do que sucede no resto do país. Mas sobre isto, nem uma palavra dos centralistas de Lisboa e dos regionalistas do Porto. Infelizmente.
Seja como for, a verdade é uma: não se justifica continuar a financiar os transportes de Lisboa e do Porto à margem do que sucede no resto do país. Mas sobre isto, nem uma palavra dos centralistas de Lisboa e dos regionalistas do Porto. Infelizmente.
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Minho: Politicamente Abaixo de Zero (II)
A Câmara de Braga anunciou que, apesar dos aumentos dos combustíveis, o preço dos passes sociais vai manter-se. Perante a discriminação imposta pelo governo socialista, Mesquita Machado apenas tinha duas saídas: ou reflectia a escalada dos preços dos combustíveis no valor dos passes sociais ou obrigava todos os bracarenses a suportarem essa mesma despesa. Optou pela segunda via, o que se aceita tendo em conta a necessidade de reduzir os impactos da crise junto das classes socialmente mais desfavorecidas.
O que não se aceita é que os bracarenses continuem a ser discriminados perante a passividade dos políticos locais. Segundo a Antena Minho, «o autarca lamenta que os bracarenses sejam tratados como portugueses de segunda. Os lamentos têm a ver com a ausência de apoios estatais aos transportes urbanos de Braga ao contrário do que sucede com os do Porto e Lisboa onde o governo decidiu não aumentar os passes sociais.»
Estas declarações políticas que, aliás, subscrevemos em absoluto são manifestamente insuficientes tendo em conta os prejuízos acumulados. Apesar dos passes sociais dos Transportes Urbanos de Braga não aumentarem no próximo mês de Julho, é bom que os bracarenses tenham presente que a factura está a ser paga por todos, em prejuízo de investimentos que terão necessariamente que ser adiados.
O que não se aceita é que os bracarenses continuem a ser discriminados perante a passividade dos políticos locais. Segundo a Antena Minho, «o autarca lamenta que os bracarenses sejam tratados como portugueses de segunda. Os lamentos têm a ver com a ausência de apoios estatais aos transportes urbanos de Braga ao contrário do que sucede com os do Porto e Lisboa onde o governo decidiu não aumentar os passes sociais.»
Estas declarações políticas que, aliás, subscrevemos em absoluto são manifestamente insuficientes tendo em conta os prejuízos acumulados. Apesar dos passes sociais dos Transportes Urbanos de Braga não aumentarem no próximo mês de Julho, é bom que os bracarenses tenham presente que a factura está a ser paga por todos, em prejuízo de investimentos que terão necessariamente que ser adiados.
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Minho: Politicamente Abaixo de Zero
Os portugueses de Braga, Guimarães e de mais algumas cidades e vilas de todo o país vão pagar os aumentos dos passes sociais dos seus transportes públicos e ainda os passes sociais de Lisboa e do Porto. A situação não é nova, mas está a atingir níveis de absurdo que devem motivar uma profunda reflexão entre todos.
No Minho pagamos portagens mais caras que os outros, pagamos circulares, pagamos por inteiro os transportes públicos e ainda financiamos, por via dos impostos, os sistemas de transporte de Lisboa e do Porto e as portagens sem custos para o utilizador de uma boa fatia do território nacional. Tudo perante a passividade dos nossos políticos regionais. O Minho está politicamente abaixo de zero.
Adenda - veja-se como Vital Moreira critica «as liberdades jornalísticas» ignorando por completo as dificuldades das famílias pobres que verão os seus passes sociais descongelados... Há mais Portugal para lá de Lisboa e do Porto.
Passes sociais vão aumentar em quase todo o país :: IOL
Passes sobem em todo o país excepto Lisboa e Porto :: Diário de Notícias
Aumentos de 6% nos transportes :: TVI
Governo recua e apenas congela passes em Lisboa e Porto :: RTP
Passes aumentam em Julho :: Sol
No Minho pagamos portagens mais caras que os outros, pagamos circulares, pagamos por inteiro os transportes públicos e ainda financiamos, por via dos impostos, os sistemas de transporte de Lisboa e do Porto e as portagens sem custos para o utilizador de uma boa fatia do território nacional. Tudo perante a passividade dos nossos políticos regionais. O Minho está politicamente abaixo de zero.
Adenda - veja-se como Vital Moreira critica «as liberdades jornalísticas» ignorando por completo as dificuldades das famílias pobres que verão os seus passes sociais descongelados... Há mais Portugal para lá de Lisboa e do Porto.
Passes sociais vão aumentar em quase todo o país :: IOL
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Aumentos de 6% nos transportes :: TVI
Governo recua e apenas congela passes em Lisboa e Porto :: RTP
Passes aumentam em Julho :: Sol
2.000 Anos de História!
Não é novidade que Braga tem 2.000 anos de história. O que admira é que tenham sido necessários tantos anos para potenciar esta herança milenar. Depois da Associação Comercial, é a vez do Sporting de Braga fazer ressuscitar a Braga Romana.
Acontece no Minho [3]
No dia em que o Sporting de Braga anuncia que chegaram os Guerreiros do Minho, o Estaleiro Cultural Velha-a-Branca Conversa no Tanque com o historiador Rui Maurício. É hoje, às 22 horas.
Amanhã, sexta-feira, a Rusga de S. Vicente de Braga - Grupo Etnográfico do Baixo Minho promove a 31ª edição dos "Serões no Burgo - Tertúlias Rusgueiras" sobre "Gastronomia minhota - sabores e odores", a ter lugar na sede da associação na Avenida Artur Soares, em Braga, pelas 21.30. Em alternativa, Guimarães oferece Café Jazz com José Paulo Brandão e Paulo Gomes Trio no Café Concerto do Centro Cultural Vila Flor.
O fim de semana traz muito teatro ao Minho. Para Sempre... Annie? é uma co-produção da Casa das Artes de Famalicão e do Teatro Experimental do INA que estará em exibição nos dias 30 e 31 de Maio no Grande Auditório da Casa das Artes de Famalicão. Em Guimarães, o fim de semana será dedicado ao teatro juvenil com o ciclo Palcos Novos Palavras Novas.
No Sábado, A Naifa [audio] volta a pisar o palco principal do Theatro Circo, num concerto agendado para as 22.00 ao preço único de 12€. Uma hora depois, são Escritos que animam o Café Concerto da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.
Amanhã, sexta-feira, a Rusga de S. Vicente de Braga - Grupo Etnográfico do Baixo Minho promove a 31ª edição dos "Serões no Burgo - Tertúlias Rusgueiras" sobre "Gastronomia minhota - sabores e odores", a ter lugar na sede da associação na Avenida Artur Soares, em Braga, pelas 21.30. Em alternativa, Guimarães oferece Café Jazz com José Paulo Brandão e Paulo Gomes Trio no Café Concerto do Centro Cultural Vila Flor.
O fim de semana traz muito teatro ao Minho. Para Sempre... Annie? é uma co-produção da Casa das Artes de Famalicão e do Teatro Experimental do INA que estará em exibição nos dias 30 e 31 de Maio no Grande Auditório da Casa das Artes de Famalicão. Em Guimarães, o fim de semana será dedicado ao teatro juvenil com o ciclo Palcos Novos Palavras Novas.
No Sábado, A Naifa [audio] volta a pisar o palco principal do Theatro Circo, num concerto agendado para as 22.00 ao preço único de 12€. Uma hora depois, são Escritos que animam o Café Concerto da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.
Outras Avenidas (III)
O que Braga pode aprender com o Metro do Porto :: Norteamos
Sobre a Cultura :: Colina Sagrada
Órfãos da Verdade :: Braga 2009
Presidência Esclarece :: Município de Braga
Centros Comerciais do Século XXI, Inutilidade Medieval :: Arcada Nova
Sobre a Cultura :: Colina Sagrada
Órfãos da Verdade :: Braga 2009
Presidência Esclarece :: Município de Braga
Centros Comerciais do Século XXI, Inutilidade Medieval :: Arcada Nova
A questão de fundo
O meu texto da semana passada deu azo a alguns comentários interessantes. Uma coisa curiosa é que a muitos dos argumentos a favor do Acordo Ortográfico sejam, na verdade, argumentos contra o Acordo. Às vezes basta soprar o pó a algumas coisas para se ver o que na verdade são. E a pestilência salazarista deste Acordo não resiste sequer a uma brisa suave.
O leitor Bruno Simões, por exemplo, diz que o desejo de internacionalizar a língua “não se compadece de um hífen a mais ou a menos”. Eu concordo em absoluto. Aliás, é por isso mesmo que o Acordo é tão irrelevante a nível prático. As divergências em torno dos hífens eram irrelevantes para a internacionalização da língua. E a harmonização dos mesmos hífens vai pelo mesmo caminho: não aquece nem arrefece.
O mesmo Bruno Simões diz que “a língua oficial do país deve ser ensinada e difundida de igual modo por todas as escolas”. “Afinal é língua oficial por alguma razão”. Mas isto é o exemplo acabado de um argumento tautológico. Devemos ensinar a língua oficial porque essa é a língua que tem de ser ensinada, e a língua que tem de ser ensinada é a língua oficial.
Isto faz tanto sentido como criar juridicamente uma saudação padronizada que substitua os dois beijinhos e os apertos de mão. Não é por ser a saudação oficial que deixa de ser uma patetice. E note-se que o problema nem está no completo absurdo da saudação adoptada. O problema está mesmo em haver uma saudação oficial. Como reagiriam os portugueses se a partir de agora houvesse uma coisa deste género. Por vezes, uma comparação ajuda a entender melhor a questão do que as prelecções de um linguista.
A língua mudou? Claro que mudou. É normal. E não há nada de criticável numa mudança orgânica. Mas não há aqui, ao contrário do que a leitora Mariana disse, apelos nacionalistas patrioteiros. O nacionalismo é a submissão das vontades individuais a uma vontade nacional (a que, curiosamente, apenas os grandes líderes, quais exegetas do espírito nacional, conseguem ter acesso). Os verdadeiros nacionalistas são os que defendem o novo acordo. Trocaram o espírito nacional de ontem pelo espírito nacional de amanhã. No fundo, a pulsão controladeira é a mesma.
Por último, a forma como alguns continuam a não conseguir conceber uma educação livre é bem revelador de como em Portugal ainda se pensa. Alguns leitores levantaram a questão dos exames nacionais. Mas essa é outra questão. Por que não hão-de ser as próprias universidades a definir os seus próprios exames? E por que é que não pode haver vários exames nacionais em concorrência uns com os outros? Um sistema livre permitiria a cada escola ministrar o tipo de ensino que entendesse (onde se inclui, naturalmente, a ortografia); permitira a cada universidade escolher o tipo de exames necessários à entrada; e permtiria a cada família escolher a escola que quisesse. Só não permitiria mesmo aos linguistas de pacotilha continuarem a fazer experiências com o ensino das crianças.
O leitor Bruno Simões, por exemplo, diz que o desejo de internacionalizar a língua “não se compadece de um hífen a mais ou a menos”. Eu concordo em absoluto. Aliás, é por isso mesmo que o Acordo é tão irrelevante a nível prático. As divergências em torno dos hífens eram irrelevantes para a internacionalização da língua. E a harmonização dos mesmos hífens vai pelo mesmo caminho: não aquece nem arrefece.
O mesmo Bruno Simões diz que “a língua oficial do país deve ser ensinada e difundida de igual modo por todas as escolas”. “Afinal é língua oficial por alguma razão”. Mas isto é o exemplo acabado de um argumento tautológico. Devemos ensinar a língua oficial porque essa é a língua que tem de ser ensinada, e a língua que tem de ser ensinada é a língua oficial.
Isto faz tanto sentido como criar juridicamente uma saudação padronizada que substitua os dois beijinhos e os apertos de mão. Não é por ser a saudação oficial que deixa de ser uma patetice. E note-se que o problema nem está no completo absurdo da saudação adoptada. O problema está mesmo em haver uma saudação oficial. Como reagiriam os portugueses se a partir de agora houvesse uma coisa deste género. Por vezes, uma comparação ajuda a entender melhor a questão do que as prelecções de um linguista.
A língua mudou? Claro que mudou. É normal. E não há nada de criticável numa mudança orgânica. Mas não há aqui, ao contrário do que a leitora Mariana disse, apelos nacionalistas patrioteiros. O nacionalismo é a submissão das vontades individuais a uma vontade nacional (a que, curiosamente, apenas os grandes líderes, quais exegetas do espírito nacional, conseguem ter acesso). Os verdadeiros nacionalistas são os que defendem o novo acordo. Trocaram o espírito nacional de ontem pelo espírito nacional de amanhã. No fundo, a pulsão controladeira é a mesma.
Por último, a forma como alguns continuam a não conseguir conceber uma educação livre é bem revelador de como em Portugal ainda se pensa. Alguns leitores levantaram a questão dos exames nacionais. Mas essa é outra questão. Por que não hão-de ser as próprias universidades a definir os seus próprios exames? E por que é que não pode haver vários exames nacionais em concorrência uns com os outros? Um sistema livre permitiria a cada escola ministrar o tipo de ensino que entendesse (onde se inclui, naturalmente, a ortografia); permitira a cada universidade escolher o tipo de exames necessários à entrada; e permtiria a cada família escolher a escola que quisesse. Só não permitiria mesmo aos linguistas de pacotilha continuarem a fazer experiências com o ensino das crianças.
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Quando voltar destes dias de descanso, o blogue Avenida Central vai ter cara nova. É o trabalho made in Minho de um jovem designer. Em breve.
A «Média Europeia» Quando Convém...
O Ministro da Economia diz que o preço dos combustíveis em Portugal está próximo da média europeia. Pena que os salários dos portugueses estejam tão longe dessa mesma média...
Algumas Considerações sobre Transportes e Preços dos Combustíveis
Não tem sido regra neste blogue, mas penso que o momento justifica a resposta, em tom de post, a um comentário deixado aqui. A propósito da discussão que vimos empreendendo sobre as questões da mobilidade, diz um anónimo que «parece que o exercício da cidadania se reduz aos transportes, e tudo resto que tem a ver com a vida real das pessoas, desde logo a sua sobrevivência, são assuntos de menor importância.»
Na verdade, os dias de hoje têm tornado cada vez mais indissociáveis as questões da mobilidade e da sobrevivência. Tal como temos vindo a reclamar, a inexistência de sistemas coerentes, ecológicos e integradores de mobilidade constitui-se como um importante entrave ao desenvolvimento económico e, em particular, à redução das assimetrias sociais. Esta tendência agrava-se à medida que os preços dos combustíveis aumentam, atingindo de forma mais gravosa as classes economica e socialmente mais vulneráveis. Como tal, a existência de redes de transportes colectivos mais eficientes e competitivos poderia constituir-se como uma importante via para uma maior «democratização da mobilidade competitiva».
Na verdade, os dias de hoje têm tornado cada vez mais indissociáveis as questões da mobilidade e da sobrevivência. Tal como temos vindo a reclamar, a inexistência de sistemas coerentes, ecológicos e integradores de mobilidade constitui-se como um importante entrave ao desenvolvimento económico e, em particular, à redução das assimetrias sociais. Esta tendência agrava-se à medida que os preços dos combustíveis aumentam, atingindo de forma mais gravosa as classes economica e socialmente mais vulneráveis. Como tal, a existência de redes de transportes colectivos mais eficientes e competitivos poderia constituir-se como uma importante via para uma maior «democratização da mobilidade competitiva».
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[Avenida do Mal] O Meu Carro, Outra Vez...
Os leitores de coisa séria que me perdoem mas esta semana contei o enésimo assalto à minha viatura. Descrevo-o aqui, ao carro primeiro, porque é um clássico japonês, daqueles de uma marca que abunda por Braga, tanto que fico sossegado para o dia em que me decidir por restaurá-lo e precisar de peças. Mas até lá vai-se descascando de lado. A tinta azul escura tem vários padrões de tom e estala com a mudança de cara do tempo – hoje: chuva e granizo e o distrito em alerta amarelo. Não faço por lavá-lo por cima. A chuva que o faça, e dada a poluição, acredito talvez com detergente, ácido ou lá o que for. Prova disso são umas 3 ou 4 manchas no capot, esbranquiçadas, como sabão seco, de mar morto e renascido de sabão. Isso e uma pegada de sapatilha sobre mala, uma única pegada - parece que alguém escorregou o pé desde as nuvens e segurou o tropeção sobre o meu carro, ou então algum desses desportistas radicais urbanos, que vindo a correr de trás, saltou e ali apoiou um mortal em frente por cima, fazendo pose de costas para o pára-choques. Palmas para a Komaneci!
Mas vamos ao assalto, tão vulnerável que está a viatura ao meu desleixe, também o está na fechadura a quem resolver rodar um pau na ranhura. Não é feito de MacGyver mas deve fazer, por momentos, qualquer larápio corar de orgulho. O pior é o recheio. Quem me conhecer – não que me compre – sabe que por lá jazem dois punhados de cassetes, originais e gravadas, e todas comidas na fita magnética pelo rádio e leitor de cassetes – um dos botões, o de FF ou RW, conforme, porque o mesmo leitor lê os dois lados com a cassete na mesma posição, saltou e sobrou-lhe um apêndice interior metálico que me pica o dedo sempre que me decido por fazer comer mais uma fita –, tem também uns tapetes mal dobrados cobertos de areias e migalhas, e quem, na sua carjacker figura, se decidir por fazer ligação directa olha uma manivela de mudanças que quase que não se lhes descortina as velocidades. Mas da caixa vai o mal menor: embraiagem está esticada e bem baixa, solta e leve, que o mecânico deu-lhe um jeito de se aguentar uns dias e mesmo assim a marcha-a-trás está difícil e faz aquele som mastigante sempre que insisto carregando com o pé esquerdo bem ao fundo. Também não sou homem de pressas, mas os pneus da frente têm as jantes escuras, os discos de travão fazem uma fumarada tremenda e não consigo explicar porquê, estão pretas. Ah sim, o assalto. Era o enésimo, dizia. Mais uma vez sobrou uma desarrumação, papéis e o livrete – ao menos isso, os recibos da AENOR. Sim, às vezes pergunto-me como um carro destes pode andar em autoestradas e elas tão caras. Anda, mas há-de vir o dia da silhueta do meu carro se juntar ao tractor e à carroça, à bicicleta, à vaca e ao peão.
Adiante: nada. Não roubaram nada. Só fiz por transferir a desarrumação sobre o banco do pendura de volta ao guarda-luvas, este que tanto custa a fechar – está lixado na mola. Arrumei e meti a chave e o motor a funcionar. Acordou, como sempre, estremunhado e a berrar - puxa o ar por ele, já era à frente em 88... Mas, é verdade, nem gasolina me roubaram, porque tenho a ranhura fechada à chave moderna. É que, com a escalada diária dos preços..., quem sabe não a guardava em depósito de banco e a punha a render.
Com isto, quase que exigia – pela desarrumação, pelo caos metido no meu pequeno reino de caos – videovigilância! Daquela que resolve os males todos da insegurança, de Londres ao Bairro Alto, e que dá emprego a videovigilantes. Aliás, arte em ascensão, na polícia e bombeiros, gorilas de diversão nocturna, e alternativa em salário. Os alfaiates como os homens livres, parece-me, estão em vias de extinção.
Mas vamos ao assalto, tão vulnerável que está a viatura ao meu desleixe, também o está na fechadura a quem resolver rodar um pau na ranhura. Não é feito de MacGyver mas deve fazer, por momentos, qualquer larápio corar de orgulho. O pior é o recheio. Quem me conhecer – não que me compre – sabe que por lá jazem dois punhados de cassetes, originais e gravadas, e todas comidas na fita magnética pelo rádio e leitor de cassetes – um dos botões, o de FF ou RW, conforme, porque o mesmo leitor lê os dois lados com a cassete na mesma posição, saltou e sobrou-lhe um apêndice interior metálico que me pica o dedo sempre que me decido por fazer comer mais uma fita –, tem também uns tapetes mal dobrados cobertos de areias e migalhas, e quem, na sua carjacker figura, se decidir por fazer ligação directa olha uma manivela de mudanças que quase que não se lhes descortina as velocidades. Mas da caixa vai o mal menor: embraiagem está esticada e bem baixa, solta e leve, que o mecânico deu-lhe um jeito de se aguentar uns dias e mesmo assim a marcha-a-trás está difícil e faz aquele som mastigante sempre que insisto carregando com o pé esquerdo bem ao fundo. Também não sou homem de pressas, mas os pneus da frente têm as jantes escuras, os discos de travão fazem uma fumarada tremenda e não consigo explicar porquê, estão pretas. Ah sim, o assalto. Era o enésimo, dizia. Mais uma vez sobrou uma desarrumação, papéis e o livrete – ao menos isso, os recibos da AENOR. Sim, às vezes pergunto-me como um carro destes pode andar em autoestradas e elas tão caras. Anda, mas há-de vir o dia da silhueta do meu carro se juntar ao tractor e à carroça, à bicicleta, à vaca e ao peão.
Adiante: nada. Não roubaram nada. Só fiz por transferir a desarrumação sobre o banco do pendura de volta ao guarda-luvas, este que tanto custa a fechar – está lixado na mola. Arrumei e meti a chave e o motor a funcionar. Acordou, como sempre, estremunhado e a berrar - puxa o ar por ele, já era à frente em 88... Mas, é verdade, nem gasolina me roubaram, porque tenho a ranhura fechada à chave moderna. É que, com a escalada diária dos preços..., quem sabe não a guardava em depósito de banco e a punha a render.
Com isto, quase que exigia – pela desarrumação, pelo caos metido no meu pequeno reino de caos – videovigilância! Daquela que resolve os males todos da insegurança, de Londres ao Bairro Alto, e que dá emprego a videovigilantes. Aliás, arte em ascensão, na polícia e bombeiros, gorilas de diversão nocturna, e alternativa em salário. Os alfaiates como os homens livres, parece-me, estão em vias de extinção.
ComUM: A Justiça dos Jornais
No dia 18 de Maio, o jornalista Joaquim Martins Fernandes escreveu no Diário do Minho que não se percebe «muito bem o teor das declarações oficiais da Associação Académica, quando veio a público remeter para a justiça o apuramento da verdade dos factos. Essa atitude, embora formalmente correcta, peca por omissão e remete para o lavar de mãos num processo em que a instituição não pode sacudir toda a água do capote.» Estas palavras surpreendem. Confesso que, mesmo depois de muito imaginar, não compreendo o que seria avisado, ainda que formalmente incorrecto, a Associação Académica fazer para além de aguardar com serenidade o competente apuramento dos factos pelas autoridades.
Talvez haja por aí muita gente que gostasse de ver a Associação Académica sujar as mãos, entregando o suposto violador à justiça popular. No entanto, outra coisa não seria de esperar da Associação Académica e da própria Reitoria para além da confiança no trabalho que está a ser desenvolvido pelas autoridades judiciais. Neste momento, ir mais longe, como alguns têm sugerido, seria cair num engodo. O bom senso recomenda que se presuma a inocência dos visados até que os alegados factos sejam cabalmente demonstrados em sede própria. Se assim não for, embarcaremos num caminho de perigosos equívocos e insanáveis injustiças. Eu não vou por aí.
[texto completo aqui e aqui]
Talvez haja por aí muita gente que gostasse de ver a Associação Académica sujar as mãos, entregando o suposto violador à justiça popular. No entanto, outra coisa não seria de esperar da Associação Académica e da própria Reitoria para além da confiança no trabalho que está a ser desenvolvido pelas autoridades judiciais. Neste momento, ir mais longe, como alguns têm sugerido, seria cair num engodo. O bom senso recomenda que se presuma a inocência dos visados até que os alegados factos sejam cabalmente demonstrados em sede própria. Se assim não for, embarcaremos num caminho de perigosos equívocos e insanáveis injustiças. Eu não vou por aí.
[texto completo aqui e aqui]
Outras Avenidas (II)
Recomendo dois posts made in Minho:
O Minho acabou, as minhotas não :: Foto-Ratinho
A Gata Profissional :: Colina Sagrada
O Minho acabou, as minhotas não :: Foto-Ratinho
A Gata Profissional :: Colina Sagrada
Morreu Jornalista Bracarense Torcato Sepúlveda
«Marcou a crítica literária e mudou a forma de fazer jornalismo cultural em Portugal — foi o primeiro editor da secção de Cultura do Público, jornal de que foi um dos fundadores. Nascido em Braga, era filho de professores primários.
Frequentou o curso de Filologia Românica na Universidade de Coimbra e, entre 1971 e 1974, viveu exilado em Bruxelas, onde foi operário. No regresso a Portugal, trabalhou no serviço de fronteiras em Vila Real de Santo António, tendo passado daí para o jornal “Expresso” como copydesk. Neste semanário começou a fazer crítica literária, assinando João Macedo — João Torcato Sepúlveda de Macedo era o seu nome completo. Fez traduções sob pseudónimos: Silva de Viseu, Buíça, D. Luís da Cunha.
Do “Expresso” saiu para o Público, onde editou também a secção de Sociedade antes de partir para integrar a equipa que refundou o “Semanário”. Passou pela “Capital”, por “O Independente” e era actualmente jornalista do “Diário de Notícias” (escrevia para o suplemento de sábado “NS”).» [Público]
Outros Recursos: Rádio Universitária do Minho :: Jornal de Notícias
Quando os Filhos Mostram o Caminho aos Pais...
«Temos no distrito cidades que se vêm afirmando a nível europeu, uma que será Capital Europeia da Cultura, uma universidade que tem ganho cada vez mais relevância e peso nacional e internacional. Torna-se assim impensável a inexistência de alternativas ao transporte rodoviário.
A nível de auto-estradas não se compreendem as razões da existência de portagens nalguns troços, e noutros em que talvez estas se justificassem, são praticadas a níveis excessivos. No entanto, as Estradas Nacionais que ligam este quadrilátero encontram-se sobrelotadas, não sendo viáveis, principalmente em horas de ponta.» [JSD Distrital de Braga]
A nível de auto-estradas não se compreendem as razões da existência de portagens nalguns troços, e noutros em que talvez estas se justificassem, são praticadas a níveis excessivos. No entanto, as Estradas Nacionais que ligam este quadrilátero encontram-se sobrelotadas, não sendo viáveis, principalmente em horas de ponta.» [JSD Distrital de Braga]
Acontece no Minho [2]
Três alunas do terceiro ano do Curso de Comunicação Social lançaram o Projecto Peste, uma iniciativa que «pretende dar um passo mais largo no sentido da requalificação do Rio Este e na recuperação da Rua dos Galos, colocando os media em primeiro plano das acções a desenvolver.» A seguir aqui.
Phoebe Killdeer (vocalista dos Nouvelle Vague) vem a Guimarães apresentar o seu disco de estreia com os Short Straws. O Centro de Artes e Espectáculos São Mamede será o palco de um concerto único no próximo Sábado, dia 24 de Maio, pelas 22 horas. Uma hora depois, os "Les Baton Rouge", a única banda portuguesa que figura no "Rock´n´Roll American History" sobre ao palco da Casa das Artes em Famalicão.
Num momento em que celebra meio século de vida, o Cineclube de Guimarães apresenta «Sedução, Conspiração», de Ang Lee, pelas 21.45 do próximo Domingo, 25 de Maio. Na manhã do mesmo dia, o Theatro Circo de Braga oferece Música para Gente de Palmo e Meio. O espectáculo, agendado para o Salão Nobre. O preço é de 10€ por criança, incluindo um ou dois acompanhantes adultos.
A Velha-a-Branca promove um Workshop sobre "A Paixão da Rádio" nos próximos dias 29 de Maio e 5, 12 e 19 de Junho. Entre passado ao futuro da rádio, os promotores propõem-se reflectir também sobre as emissoras que marcaram (marcam) a rádio em Portugal e os grandes comunicadores da rádio. Mais informações aqui.
Phoebe Killdeer (vocalista dos Nouvelle Vague) vem a Guimarães apresentar o seu disco de estreia com os Short Straws. O Centro de Artes e Espectáculos São Mamede será o palco de um concerto único no próximo Sábado, dia 24 de Maio, pelas 22 horas. Uma hora depois, os "Les Baton Rouge", a única banda portuguesa que figura no "Rock´n´Roll American History" sobre ao palco da Casa das Artes em Famalicão.
Num momento em que celebra meio século de vida, o Cineclube de Guimarães apresenta «Sedução, Conspiração», de Ang Lee, pelas 21.45 do próximo Domingo, 25 de Maio. Na manhã do mesmo dia, o Theatro Circo de Braga oferece Música para Gente de Palmo e Meio. O espectáculo, agendado para o Salão Nobre. O preço é de 10€ por criança, incluindo um ou dois acompanhantes adultos.
A Velha-a-Branca promove um Workshop sobre "A Paixão da Rádio" nos próximos dias 29 de Maio e 5, 12 e 19 de Junho. Entre passado ao futuro da rádio, os promotores propõem-se reflectir também sobre as emissoras que marcaram (marcam) a rádio em Portugal e os grandes comunicadores da rádio. Mais informações aqui.
Chatinho
O acordo ortográfico foi aprovado no Parlamento, com os votos a favor do Bloco de Esquerda, do PS, do PSD e de um bocadinho do CDS. Pessoalmente, faz-me pouca diferença. Vou continuar a escrever da mesma forma que escrevia. Em primeiro lugar por uma questão de hábito, e em segundo lugar por uma questão de respeito: longe de mim assumir que o leitor brasileiro não saberá que “óptimo” significa “ótimo” e que “passatempo” é mais ou menos o mesmo que “passa-tempo”. Vício meu. Ao contrário das luminárias por detrás do acordo, não tenho por hábito gozar com a cara dos outros.
De resto, as mudanças são praticamente irrelevantes. Não porque sejam pequenas (não são), mas porque ninguém se vai importar muito com elas. A língua é feita por quem com ela trabalha. Editores, jornalistas, escritores, poetas, leitores. É pouco relevante legislar sobre a língua porque em última análise não há forma de garantir o cumprimento da legislação. O que é que se faz a quem escreve fora da norma? É uma boa pergunta.
Mas, a prazo, a questão é outra. O acordo passa a representar a norma oficial. Começa nos gabinetes e propaga-se pelas escolas. As crianças vão aprender os “ótimos” e os “passa-tempos”. Haverá algumas chatices, alguns manuais por reajustar, algumas arestas por limar. Não vai ser um tumulto porque, ao contrário do que alguns pensam, um hífen a menos não impede a comunicação (nem a publicação em solo alheio, fácil de ver). Não vai ser calamitoso. Vai ser só chato. Chatinho.
Mas mesmo as coisas chatinhas podem ser evitadas. Neste caso, é curioso notar que, apesar da óbvia patetice que representa, é bem possível que este acordo se propague. Propaga-se através da política educativa, e apenas porque a política educativa é ditada pelo mesmo órgão que dita a norma oficial da língua: o umbigo do Governo. Os planos educativos e os manuais adoptados têm de ser aprovados por um Governo que tem como prioridade máxima a quantidade de hífens que cada um utiliza enquanto escreve. Prioridades.
Uma política descentralizada permitira evitar isto. Uma política descentralizada permitiria a cada escola utilizar a norma ortográfica que achasse mais conveniente aos seus alunos e não aos umbigos dos burocratas estatais. Permitiria pôr em primeiro lugar aqueles a quem é suposto servir e não aqueles que se servem do poder central para impor modas de circunstância.
O acordo não tem ponta por onde se lhe pegue. Mas as patetices dos Governos são uma constante às quais nos temos de habituar. O segredo não está em eliminar a estupidez alheia (essa é um dado), mas em evitar que ela tenha capacidade de contaminar aqueles que a ela são alheios. Uma política educativa mais livre era um bom passo nesse sentido.
De resto, as mudanças são praticamente irrelevantes. Não porque sejam pequenas (não são), mas porque ninguém se vai importar muito com elas. A língua é feita por quem com ela trabalha. Editores, jornalistas, escritores, poetas, leitores. É pouco relevante legislar sobre a língua porque em última análise não há forma de garantir o cumprimento da legislação. O que é que se faz a quem escreve fora da norma? É uma boa pergunta.
Mas, a prazo, a questão é outra. O acordo passa a representar a norma oficial. Começa nos gabinetes e propaga-se pelas escolas. As crianças vão aprender os “ótimos” e os “passa-tempos”. Haverá algumas chatices, alguns manuais por reajustar, algumas arestas por limar. Não vai ser um tumulto porque, ao contrário do que alguns pensam, um hífen a menos não impede a comunicação (nem a publicação em solo alheio, fácil de ver). Não vai ser calamitoso. Vai ser só chato. Chatinho.
Mas mesmo as coisas chatinhas podem ser evitadas. Neste caso, é curioso notar que, apesar da óbvia patetice que representa, é bem possível que este acordo se propague. Propaga-se através da política educativa, e apenas porque a política educativa é ditada pelo mesmo órgão que dita a norma oficial da língua: o umbigo do Governo. Os planos educativos e os manuais adoptados têm de ser aprovados por um Governo que tem como prioridade máxima a quantidade de hífens que cada um utiliza enquanto escreve. Prioridades.
Uma política descentralizada permitira evitar isto. Uma política descentralizada permitiria a cada escola utilizar a norma ortográfica que achasse mais conveniente aos seus alunos e não aos umbigos dos burocratas estatais. Permitiria pôr em primeiro lugar aqueles a quem é suposto servir e não aqueles que se servem do poder central para impor modas de circunstância.
O acordo não tem ponta por onde se lhe pegue. Mas as patetices dos Governos são uma constante às quais nos temos de habituar. O segredo não está em eliminar a estupidez alheia (essa é um dado), mas em evitar que ela tenha capacidade de contaminar aqueles que a ela são alheios. Uma política educativa mais livre era um bom passo nesse sentido.
[avenida cívica]
Porque o debate civilizado é bem-vindo e o ruído de fundo deve ser evitado, decidi suspender os comentários aos posts sobre o caso da alegada violação, penitenciando-me por retirar alguns textos sensatos, respeitadores e escritos numa lógica de saudável confronto de ideias.
Estou certo de que a decisão será bem compreendida.
Estou certo de que a decisão será bem compreendida.
Outras Avenidas
A Febre de Sócrates e a ironia do tabaco :: Bracaralêndia
Disneylândia em Braga pelo canudo :: Arcada Nova
Mais uma vez, o oásis era uma miragem :: A Destreza das Dúvidas
Futebol, Futebol, Futebol :: Abrupto
Parabéns ao Sporting :: Blasfémias
Por que não enterraram a gata de vez? :: Abnoxio
Disneylândia em Braga pelo canudo :: Arcada Nova
Mais uma vez, o oásis era uma miragem :: A Destreza das Dúvidas
Futebol, Futebol, Futebol :: Abrupto
Parabéns ao Sporting :: Blasfémias
Por que não enterraram a gata de vez? :: Abnoxio
Os Media e os Políticos
«Sempre achei que um primeiro-ministro que faz questão de fazer 'jogging' em viagens oficiais para os jornalistas divulgarem a imagem de um desportista na política - coisa que vende muito bem entre os eleitores - só podia, de facto, fumar às escondidas, para não estragar essa imagem.» [Miguel Sousa Tavares, Expresso, 17/05/2008]
Nunca escondi a indignação sempre que a vida privada de um político é devassada. Entendo que o facto de uma pessoa ter exposição pública não implica que a sua vida privada e os seus familiares tenham que ser sujeitos ao escrutínio global, tantas vezes abusivo e indesejável. No entanto, há políticos que, por força da contabilidade eleitoral, acabam por trazer aspectos da sua vida privada para a cena pública.
Não sendo propriamente adepto da política espectáculo, sempre me causou estranheza a insistência de José Sócrates em trazer para o conhecimento público uma série de aspectos que deviam estar remetidos à sua esfera privada. Desde logo, as cenas de jogging claramente injectadas nas visitas oficiais com o objectivo de elevar os níveis de popularidade do Primeiro Ministro. Depois, o anúncio do abandono tabágico feito em pose de Estado como remédio para o desrespeito de uma Lei que havia sido aprovada pela maioria que o próprio lidera. Finalmente, as notícias da febre que muito recentemente lhe assolou as entranhas.
Se é um facto que alguns jornalistas abusam, a verdade é que há políticos que não se cansam de se pôr a jeito.
Nunca escondi a indignação sempre que a vida privada de um político é devassada. Entendo que o facto de uma pessoa ter exposição pública não implica que a sua vida privada e os seus familiares tenham que ser sujeitos ao escrutínio global, tantas vezes abusivo e indesejável. No entanto, há políticos que, por força da contabilidade eleitoral, acabam por trazer aspectos da sua vida privada para a cena pública.
Não sendo propriamente adepto da política espectáculo, sempre me causou estranheza a insistência de José Sócrates em trazer para o conhecimento público uma série de aspectos que deviam estar remetidos à sua esfera privada. Desde logo, as cenas de jogging claramente injectadas nas visitas oficiais com o objectivo de elevar os níveis de popularidade do Primeiro Ministro. Depois, o anúncio do abandono tabágico feito em pose de Estado como remédio para o desrespeito de uma Lei que havia sido aprovada pela maioria que o próprio lidera. Finalmente, as notícias da febre que muito recentemente lhe assolou as entranhas.
Se é um facto que alguns jornalistas abusam, a verdade é que há políticos que não se cansam de se pôr a jeito.
Os Media e a Alegada Violação
Num comentário a este post, o Pedro Antunes queixava-se, ironicamente, de que «a culpa é sempre dos jornalistas» o que é, obviamente, um exagero. Mas ainda que não seja sempre, não podemos deixar de ter um olhar crítico para a postura assumida pela imprensa no nosso quotidiano. O caso da alegada violação começa ameaça tornar-se num case-study que devia ser analisado pelos especialistas. Assim, sendo permito-me acrescentar algumas questões ao rol muito pertinente que a Luísa Teresa Ribeiro nos propôs:
1. Qual é o critério que leva um jornal a colocar na primeira página uma alegação não comprovada como se de um facto se tratasse?
2. Como é possível escrever-se que o Instituto Nacional de Medicina Legal confirma a violação quando este tipo de informação não costuma ser divulgado sobretudo em casos que se encontram em segredo de justiça?
3. Porque é que o Jornal de Notícias optou sistematicamente por chamar "Queima" ao "Enterro da Gata"? Por ignorância? Para aumentar o nível de compreensão dos cidadãos? Para aumentar o impacto da notícia? Para subjugar a sensação ao rigor?
4. Porque é que o Diário de Notícias introduz uma comparação do Enterro da Gata de Braga com a Queima das Fitas do Porto, num momento em que, alegadamente, aconteceu algo perfeitamente anormal e desajustado daquilo que é e significa o Enterro da Gata?
5. Porque motivo o Correio da Manhã mistura a alegada violação do Enterro da Gata com uma violação ocorrida em Quarteira e a morte de um estudante em Faro?
1. Qual é o critério que leva um jornal a colocar na primeira página uma alegação não comprovada como se de um facto se tratasse?
2. Como é possível escrever-se que o Instituto Nacional de Medicina Legal confirma a violação quando este tipo de informação não costuma ser divulgado sobretudo em casos que se encontram em segredo de justiça?
3. Porque é que o Jornal de Notícias optou sistematicamente por chamar "Queima" ao "Enterro da Gata"? Por ignorância? Para aumentar o nível de compreensão dos cidadãos? Para aumentar o impacto da notícia? Para subjugar a sensação ao rigor?
4. Porque é que o Diário de Notícias introduz uma comparação do Enterro da Gata de Braga com a Queima das Fitas do Porto, num momento em que, alegadamente, aconteceu algo perfeitamente anormal e desajustado daquilo que é e significa o Enterro da Gata?
5. Porque motivo o Correio da Manhã mistura a alegada violação do Enterro da Gata com uma violação ocorrida em Quarteira e a morte de um estudante em Faro?
Rivalidades
Se há coisa que desaprovo com veemência são as lutas ébrias em que bracarenses e vimaranenses se têm envolvido ao longo da história. Se as divergências se têm esbatido nos temas fundamentais como a construção de uma linha ferroviária entre as duas cidades, a verdade é que o futebol continua a ser um pólo de enorme irracionalidade e divisão.
Carlos, é por tudo isto que não compreendo o teu regozijo ao ver que o Braga, na maior crise desportiva dos últimos tempos, acabou a Liga na sétima posição e terá que tentar uma via alternativa para o acesso à Europa.
A rivalidade fica-nos bem, mas há declarações que, pelo seu potencial segregador, devem ser evitadas a todo o custo. Que não separe o futebol tudo quanto o Minho e o bom senso têm unido.
Carlos, é por tudo isto que não compreendo o teu regozijo ao ver que o Braga, na maior crise desportiva dos últimos tempos, acabou a Liga na sétima posição e terá que tentar uma via alternativa para o acesso à Europa.
A rivalidade fica-nos bem, mas há declarações que, pelo seu potencial segregador, devem ser evitadas a todo o custo. Que não separe o futebol tudo quanto o Minho e o bom senso têm unido.
É A, é B, é ABC!
O ABC de Braga, que em nome da justiça desportiva deveria ser campeão nacional, acaba de conquistar a Taça de Andebol, ao vencer o Futebol Clube do Porto em Guimarães por 32-26. Parabéns ao melhor clube do andebol nacional.
[Avenida do Mal] A Praxe... de Quatro, já!
Bestas, chamam muito dos "cardeais" (os da Academia Minhota - com mais matrículas que as que precisam para acabar o curso) carinhosamente – ironia - aos caloiros que se inscrevem na Universidade do Minho. São os "cardeais," os "bispos" e os "abades", em Braga e Guimarães, repetindo os rituais da praxe nas suas variantes regionais de nomenclatura, sejam no Porto, Aveiro, Vila Real ou Coimbra. Mais a norte que a sul, mas não interessa. Há isto e depois há os actos de pura selvajaria tão transversais à malha humana, como os recentes no Gatódromo.
Para quem me conhece os escritos e os ditos, estranha que eu defenda todo o folclore da Praxe. Defendo pelo folclore, lá está, mesmo que não tenha muito tempo para ele. À Praxe e ao Traje, como ao Rancho e à voz de cana rachada, está uma base de tradição que interliga gerações, de estudantes e pessoas, e sustenta em equilíbrio os progressos nas mentalidades e da sociedade. Neste sentido, ser "cardeal" (e eu me incluo embora não seja por me ter empenado anos seguídos no mesmo curso mas porque mudei de licenciatura - mas não concordo que seja o único argumento válido), ou ser doutor de praxe devia ter aquele alegre e responsável condão de fazer paródia às hierarquias reais lá fora, sustentadas em pressupostos que não lembram ao Diabo. Sejam elas no emprego, na Igreja, na docência, na família, ou numa cave algures na Áustria, onde os abusos sobre a honra e dignidade das pessoas são dia-a-dia, com uma violência ao nível ao estupro físico e justificados no silêncio pela simples impunidade que o poder dá.
Seria então pelo humor, e não pelo Síndrome de Estocolmo, o cumprimento dos objectivos de integração e do companheirismo associados positivamente à praxe. E o resto ficaria restrito ao pensamento fantasiado de cada um.
Utopia, talvez... Neste país, como no resto do mundo, a realidade parece mais surreal que a paródia da praxe. E em todo o lado se pendem as coisas para a mistura: do que é a pândega humorística e do que é o abuso de posição, mesmo que essa posição tenha um significado meramente académico - como as hipóteses. Neste contexto, infelizmente, tende a imitar a mesma perversidade da hierarquia real. E portanto preocupa-me que mesmo uma hierarquia folclorizada como a da Praxe Minhota possa ser aproveitada para dar legitimidade ao badalo. Torna-se até irónico, como aparenta ter-se tornado prática corrente, a distorção do sentido da praxe para fins insertivos.
E aí, o Cabido de Cardeais e a Associação Académica, deviam empenhar-se na triagem das nulidades mentais, e não apenas em fazer hurras a Baco. É da sua função – a querer manter o folclore tão tolerado pela Reitoria – ter atenção na formação e integridade moral e humana dos praxantes. Responsabilidade estendida aos pares, aqueles mesmos milhares de doutores-praxadores, que tanto se pavoneiam nas recepções e que correm a apontar os males da praxe, em blogues ou nos jornais.
É que há sempre contextos para a prática do mal. A chuva, as frustrações e o álcool, a ira alimentada na violência de grupo - no futebol por exemplo- fazem estas distorções no indivíduo tão aparentemente compensado em dias de sol. Não é desculpa mas parece da condição humana invocar em si coisas babuínas nas adversidades. Darwin lá teria a sua razão, para mal dos neocreacionistas.
Para quem me conhece os escritos e os ditos, estranha que eu defenda todo o folclore da Praxe. Defendo pelo folclore, lá está, mesmo que não tenha muito tempo para ele. À Praxe e ao Traje, como ao Rancho e à voz de cana rachada, está uma base de tradição que interliga gerações, de estudantes e pessoas, e sustenta em equilíbrio os progressos nas mentalidades e da sociedade. Neste sentido, ser "cardeal" (e eu me incluo embora não seja por me ter empenado anos seguídos no mesmo curso mas porque mudei de licenciatura - mas não concordo que seja o único argumento válido), ou ser doutor de praxe devia ter aquele alegre e responsável condão de fazer paródia às hierarquias reais lá fora, sustentadas em pressupostos que não lembram ao Diabo. Sejam elas no emprego, na Igreja, na docência, na família, ou numa cave algures na Áustria, onde os abusos sobre a honra e dignidade das pessoas são dia-a-dia, com uma violência ao nível ao estupro físico e justificados no silêncio pela simples impunidade que o poder dá.
Seria então pelo humor, e não pelo Síndrome de Estocolmo, o cumprimento dos objectivos de integração e do companheirismo associados positivamente à praxe. E o resto ficaria restrito ao pensamento fantasiado de cada um.
Utopia, talvez... Neste país, como no resto do mundo, a realidade parece mais surreal que a paródia da praxe. E em todo o lado se pendem as coisas para a mistura: do que é a pândega humorística e do que é o abuso de posição, mesmo que essa posição tenha um significado meramente académico - como as hipóteses. Neste contexto, infelizmente, tende a imitar a mesma perversidade da hierarquia real. E portanto preocupa-me que mesmo uma hierarquia folclorizada como a da Praxe Minhota possa ser aproveitada para dar legitimidade ao badalo. Torna-se até irónico, como aparenta ter-se tornado prática corrente, a distorção do sentido da praxe para fins insertivos.
E aí, o Cabido de Cardeais e a Associação Académica, deviam empenhar-se na triagem das nulidades mentais, e não apenas em fazer hurras a Baco. É da sua função – a querer manter o folclore tão tolerado pela Reitoria – ter atenção na formação e integridade moral e humana dos praxantes. Responsabilidade estendida aos pares, aqueles mesmos milhares de doutores-praxadores, que tanto se pavoneiam nas recepções e que correm a apontar os males da praxe, em blogues ou nos jornais.
É que há sempre contextos para a prática do mal. A chuva, as frustrações e o álcool, a ira alimentada na violência de grupo - no futebol por exemplo- fazem estas distorções no indivíduo tão aparentemente compensado em dias de sol. Não é desculpa mas parece da condição humana invocar em si coisas babuínas nas adversidades. Darwin lá teria a sua razão, para mal dos neocreacionistas.
«Caloira de Braga violada na Festa da Queima» - Algumas Reflexões
1. Independentemente do que se vier a demonstrar como verdadeiro neste caso, uma violação é sempre um acto deplorável que deve merecer o repúdio de todos. Tal como havia escrito, o caso da alegada violação de uma caloira durante as Festas do Enterro da Gata está a provocar uma avalanche de emoções pejadas de insinuações desnecessárias, de generalizações abusivas e de investidas machistas.
2. Parece-me que a forma sensacionalista como a comunicação social abordou a questão poderá causar danos irreparáveis aos intervenientes neste caso. Isto para não falar das imprecisões grosseiras e dos sucessivos e propositados erros na nomenclatura adoptada pelos jornais envolvidos.
3. Convém não esquecer que o facto de uma pessoa que pertence ao grupo A, B ou C praticar um acto deplorável não é motivo suficiente para concluir acerca dos restantes elementos desses mesmos grupos.
4. Nunca é inoportuno reflectir sobre o fenómeno das praxes e da promiscuidade entre as associações de estudantes e as estruturas praxísticas. Ainda assim, devem evitar-se as associações directas entre o fenómeno da praxe e o acto alegadamente ocorrido.
5. Ainda que o sistema judicial esteja na mira das maiores suspeições, todos os julgamentos na praça pública são desapropriados e, não raras vezes, altamente injustos. A «justiça popular» é a negação do Estado de Direito.
Adenda - As posições assumidas pela Universidade do Minho e pela AAUM sobre esta matéria são intocáveis. Há que aguardar que as autoridades actuem.
2. Parece-me que a forma sensacionalista como a comunicação social abordou a questão poderá causar danos irreparáveis aos intervenientes neste caso. Isto para não falar das imprecisões grosseiras e dos sucessivos e propositados erros na nomenclatura adoptada pelos jornais envolvidos.
3. Convém não esquecer que o facto de uma pessoa que pertence ao grupo A, B ou C praticar um acto deplorável não é motivo suficiente para concluir acerca dos restantes elementos desses mesmos grupos.
4. Nunca é inoportuno reflectir sobre o fenómeno das praxes e da promiscuidade entre as associações de estudantes e as estruturas praxísticas. Ainda assim, devem evitar-se as associações directas entre o fenómeno da praxe e o acto alegadamente ocorrido.
5. Ainda que o sistema judicial esteja na mira das maiores suspeições, todos os julgamentos na praça pública são desapropriados e, não raras vezes, altamente injustos. A «justiça popular» é a negação do Estado de Direito.
Adenda - As posições assumidas pela Universidade do Minho e pela AAUM sobre esta matéria são intocáveis. Há que aguardar que as autoridades actuem.
«Caloira de Braga violada na Festa da Queima»
Esta é a manchete que o Jornal de Notícias chama à primeira página da edição de hoje. A alegada violação de uma aluna do primeiro ano de Engenharia Biomédica por um «cardeal*» do mesmo curso fará correr imensa tinta ao longo dos próximos tempos. Apenas dois comentários:
1. A questão será preenchida por imenso ruído de fundo, pejado de insinuações desnecessárias, de generalizações abusivas e de investidas machistas.
2. A verificar-se a existência de uma violação, convém não esquecer que existia uma relação de poder entre violador e violada, o que constitui necessariamente um factor que agrava a gravidade do acto.
* (nome que se dá no Minho aos estudantes com mais inscrições no ensino superior do que os anos do curso)
1. A questão será preenchida por imenso ruído de fundo, pejado de insinuações desnecessárias, de generalizações abusivas e de investidas machistas.
2. A verificar-se a existência de uma violação, convém não esquecer que existia uma relação de poder entre violador e violada, o que constitui necessariamente um factor que agrava a gravidade do acto.
* (nome que se dá no Minho aos estudantes com mais inscrições no ensino superior do que os anos do curso)
Einstein
«The word god is for me nothing more than the expression and product of human weaknesses, the Bible a collection of honourable, but still primitive legends which are nevertheless pretty childish. No interpretation no matter how subtle can (for me) change this.» [The Guardian]
O Boavista, os Três Grandes e o Parolismo Nacional
Rui A. escreve, no Portugal Contemporâneo, que «ver o Boavista desaparecer não significa, nem de perto nem de longe, assistir a uma consequência natural de um processo de mercado. Os clubes de futebol representam a vitalidade das comunidades locais sobre as quais se suportam, ou a falta dela.» A propósito do suporte dos bracarenses ao Sporting de Braga já aqui havia escrito que apoiar o maior clube da terra é uma questão de amor à cidade e de inteligência na valorização das nossas propriedades e do nosso património.
Na verdade, a morte agónica do Boavista põe em evidência os malefícios do parolismo nacional que apoia desmesuradamente três clubes que representam a identidade de apenas duas cidades. Talvez isso explique que apenas tenhamos conhecido 5 clubes campeões nacionais (dois dos quais apenas uma vez), enquanto que Inglaterra já conheceu 17, a Espanha 8, a França 18, a Itália 12, a Holanda 13 e a Alemanha 14... Pode ser que eles estejam todos errados e o nosso parolismo seja o correcto.
Na verdade, a morte agónica do Boavista põe em evidência os malefícios do parolismo nacional que apoia desmesuradamente três clubes que representam a identidade de apenas duas cidades. Talvez isso explique que apenas tenhamos conhecido 5 clubes campeões nacionais (dois dos quais apenas uma vez), enquanto que Inglaterra já conheceu 17, a Espanha 8, a França 18, a Itália 12, a Holanda 13 e a Alemanha 14... Pode ser que eles estejam todos errados e o nosso parolismo seja o correcto.
Dia Internacional dos Museus em Guimarães
«Este ano, a Sociedade Martins Sarmento associa-se às comemorações do Dia Internacional dos Museus, que se assinalará no próximo dia 18 de Maio, com um programa que tem como principal objectivo contribuir para a aproximação o público aos Museus, proporcionando-lhe uma viagem às origens da nossa cultura através do património desta Instituição.»
18 de Maio :: Sociedade Martins Sarmento :: Guimarães
Jazz Galego em Braga
O Espaço Pedro Remy, que já se converteu no palco mais inesperado de Braga, volta a receber um espectáculo de grande qualidade. Desta feita, o Jazz chega da Galiza pelo som do Quinteto do Contrabaixista Xacobe Martínez Antelo.
17 de Maio, 22 horas :: Espaço Pedro Remy :: Braga
Paixão Pela Transgressão (II)
Conhecido o sucesso de Valentim Loureiro e Fátima Felgueiras, não surpreende que José Sócrates apareça com ar pesaroso anunciar que vai deixar de fumar. Nem quero saber dos hábitos pessoais do Primeiro Ministro nem deste circo que andar a montar. O que me preocupa é que, com tamanha irresponsabilidade, José Sócrates possa ter assassinado uma lei inteiramente justa e necessária.
[divergências]
Pedro Correia, do Corta-Fitas, diz que o Avenida Central é um blogue do país real. Na verdade, não são raras as vezes em que este é um blogue do país surreal...
A Honra Não Tem Preço (II)
Há personagens no futebol que mais não fazem do que procurar protagonismo a qualquer preço. Joaquim Evangelista é um desses seres de que, pela irresponsabilidade das suas repetidas declarações, o futebol português devia libertar-se bem depressa. Ao criar falsos problemas, como foi o caso dos supostos salários em atraso do Sporting de Braga, Joaquim Evangelista gera ruído em torno de questões absolutamente virtuais e acessórias, deitando para segundo plano os verdadeiros problemas do futebol nacional.
Se estivesse verdadeiramente preocupado com a sustentabilidade do futebol português, o Presidente do Sindicato dos Jogadores devia saudar a gestão de António Salvador. É que, partindo de uma situação com vários meses de salários em atraso, o Presidente da SAD bracarense teve o mérito de estabilizar financeiramente o clube e de devolver o crédito económico perdido, tornando-a numa instituição que paga a todos os seus jogadores de acordo com as regras estabelecidas.
Se estivesse verdadeiramente preocupado com a sustentabilidade do futebol português, o Presidente do Sindicato dos Jogadores devia saudar a gestão de António Salvador. É que, partindo de uma situação com vários meses de salários em atraso, o Presidente da SAD bracarense teve o mérito de estabilizar financeiramente o clube e de devolver o crédito económico perdido, tornando-a numa instituição que paga a todos os seus jogadores de acordo com as regras estabelecidas.
Paixão pela Transgressão
«O primeiro-ministro, José Sócrates, o ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, e vários membros do gabinete do chefe do Governo violaram a proibição de fumar no voo fretado da TAP que ligou Portugal e Venezula. O assunto foi muito comentado durante o voo por membros da comitiva empresarial que acompanha Sócrates e causou incómodo a algum pessoal de bordo.» [Público]
Não escondo a náusea que me causam certas poses de Estado, com cenas de jogging à mistura, quando se sabe que não passam de charme meticulosamente treinado para o palco em que tornaram o circo político português. Cai a cortina e borra-se a pintura com uma naturalidade que assusta.
Mas, aconteça o que acontecer, o povo gosta de um líder autoritário, que transpire sentimento e que, num rasgo de similitude com a turba que o aclama, vá trangredindo. Ainda que a lei seja só para os súbditos, a transgressão é cada vez mais a marca identitária deste povo.
Não escondo a náusea que me causam certas poses de Estado, com cenas de jogging à mistura, quando se sabe que não passam de charme meticulosamente treinado para o palco em que tornaram o circo político português. Cai a cortina e borra-se a pintura com uma naturalidade que assusta.
Mas, aconteça o que acontecer, o povo gosta de um líder autoritário, que transpire sentimento e que, num rasgo de similitude com a turba que o aclama, vá trangredindo. Ainda que a lei seja só para os súbditos, a transgressão é cada vez mais a marca identitária deste povo.
Petição: Dia Nacional da Paramiloidose
Por muito que haja quem não goste da participação cívica por via das petições, não posso deixar de vos sensibilizar para um apelo que me chegou por e-mail. A Associação Nacional de Paramiloidose está a promover uma petição para que seja instituído o Dia Nacional daquela doença.
Porque reconheço a justiça desta causa, dou o meu apoio à iniciativa, desejando que as associações de doentes se convertam em fortes parceiros na investigação científica que se desenvolve em Portugal.
Assine a petição clicando aqui.
Porque reconheço a justiça desta causa, dou o meu apoio à iniciativa, desejando que as associações de doentes se convertam em fortes parceiros na investigação científica que se desenvolve em Portugal.
Assine a petição clicando aqui.
Carta Aberta aos Deputados Eleitos por Braga (II)
Acabo de ler as respostas que PS e PCP deixaram à carta aberta que dirigi aos deputados eleitos pelo círculo de Braga. Esta entrega ao debate público por parte dos deputados destes dois partidos é um sinal extremamente positivo, talvez a resposta mais directa e eficaz ao desejo que o Presidente da República formulou de ver os jovens mais perto da política. Num tempo em que tanto se critica o autismo de alguns políticos, convém destacar a postura dialogante daqueles que tão prontamente responderam ao repto que lhes lançámos.
O que se deseja é que mais cidadãos contribuam para o debate da causa pública, enviando textos para o Parlamento Global (blogopolisnorte@parlamentoglobal.pt).
O que se deseja é que mais cidadãos contribuam para o debate da causa pública, enviando textos para o Parlamento Global (blogopolisnorte@parlamentoglobal.pt).
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Braga,
Guimarães,
Política Nacional,
Política Regional,
Transportes,
Transportes no Minho
A Honra Não Tem Preço
Embora o Presidente do Sindicato de Jogadores tenha, sem provas, tentado decapitar a honra do Sporting Clube de Braga, a SAD não desiste de ver reposta a verdade. Nota 20 para a determinação de António Salvador nesta matéria.
Um Erro Evitável
Ao não convidar a juventude do Bloco de Esquerda para participar nas jornadas de reflexão que se «destinam a combater o afastamento dos jovens da política», a Presidência da República cometeu um erro absolutamente infantil.
Com esta decisão, compromete-se o sucesso, a credibilidade e o pluralismo da iniciativa. Do aborto à eutanásia e do casamento civil à liberalização das drogas leves, é inegável que há muitos jovens portugueses (senão a maioria) que se identificam com a liberalização dos costumes de que o Bloco tem feito bandeira maior. Colocar este partido à margem desta discussão é, obviamente, um contributo para perpetuar o afastamento dos jovens da política.
Por outro lado, a Presidência da República acaba por servir de bandeja razões de queixa ao Bloco de Esquerda que, como se vê, não desperdiçou os créditos políticos desta marginalização. Um erro perfeitamente evitável.
Com esta decisão, compromete-se o sucesso, a credibilidade e o pluralismo da iniciativa. Do aborto à eutanásia e do casamento civil à liberalização das drogas leves, é inegável que há muitos jovens portugueses (senão a maioria) que se identificam com a liberalização dos costumes de que o Bloco tem feito bandeira maior. Colocar este partido à margem desta discussão é, obviamente, um contributo para perpetuar o afastamento dos jovens da política.
Por outro lado, a Presidência da República acaba por servir de bandeja razões de queixa ao Bloco de Esquerda que, como se vê, não desperdiçou os créditos políticos desta marginalização. Um erro perfeitamente evitável.
A Estátua
Ainda há umas horas, o "Não" reunia 51% das escolhas. De repente, o site do Diário do Minho foi invadido por efusivos apoiantes do cónego que colocaram "Sim" e "Não" em igualdade percentual.
O instrumento está longe de ser um bom aferidor das preferências dos bracarenses, mas não deixa de surpreender que no espaço virtual do jornal da Arquidiocese haja tantos opositores à empreitada. Seja como for, não vejo nenhum motivo para erguer no espaço público uma estátua ao cónego enquanto muitos ilustríssimos bracarenses continuarem sem idêntica homenagem.
O instrumento está longe de ser um bom aferidor das preferências dos bracarenses, mas não deixa de surpreender que no espaço virtual do jornal da Arquidiocese haja tantos opositores à empreitada. Seja como for, não vejo nenhum motivo para erguer no espaço público uma estátua ao cónego enquanto muitos ilustríssimos bracarenses continuarem sem idêntica homenagem.
Enterro da Gata no Estádio Municipal de Braga (II)
Jorge Palma protagonizou mais um concerto fantástico, o espaço é muito mais adequado ao evento e os transportes públicos funcionaram bem. Balanço do primeiro dia: nota positiva para a mudança.
[Avenida do Mal] Ó Braga Nas Alturas
Quem se emborcar nestes dias de Enterro da Gata em Braga, na sombra do maciço granítico onde se incrustou o teatro de futebol de Souto Moura, da Pedreira que olha S. Martinho de Dume, repara que dali a Vila Verde, cresce em pensamento uma potencial malha urbana que tanto faz saliva a autarcas e empreiteiros. Mas os erros de geminação do passado fazem sempre temer que a especulação faça apertadas e arrepanhadas as construções de futuro.
Se Braga se fez, nos 30 últimos anos, terceira cidade do País – naquilo que poderá significar o título e o pódio – nota-se que é tão pouco uma cidade diferente das outras no quão atarracadas são as suas ruas e jardins. O espaço público, mesmo que, na propaganda, pedonal e largo, peca porque a cidade dorme mais em redor de si que no centro. E vive por aí também. Já o coração da urbe está envelhecido, e como bom reformado, deita-se cedo e com as galinhas ( não se as estranhe, que com os preços da alimentação, não tarda ser comum a criação e as hortas na cidade dentro , e juro que cheguei a acordar mais vezes a canto de galo em Braga que em Cabeceiras).
Uma solução, mesmo que ousada no Portugal pouco acima do 4º piso e águas furtadas, passará abandonar o preconceito e olhar as vantagens da construção em altura. Não esta que medra por Braga, mas a outra que tanto nos faz lembrar as metrópoles futuristas (ou americanas ou asiáticas) como aglomerados de mão-de-obra, calabouços de cultura e criatividade cada vez mais na ordem do dia.
Não que imagine Braga como um enorme centro financeiro em Dume, como uma Dubai sem petróleo e praia – se bem que do Bom Jesus se veja o Mar- mas com no advento de uma cidade-ciência, com uma Universidade e um Instituto de Nanotecnologia, que se quer nicho de potenciais grandes empresas na Alta-Tecnologia, com todo o fervor económico que arrasta, valerá a pena pensá-la em arranha-céus que mais que símbolos de prosperidade económica – quem dirá monumentos ao capitalismo - não deixariam de ser sinónimos de qualidade de vida e um desafio à arquitectura e engenharia civil portuguesa.
Por outro lado, a concentração de serviços e pessoas em torres-formigueiro (por muito medonho que pareça o termo) rentabilizaria lotes e legaria largo espaço ao desenvolvimento de zonas verdes e aos praças públicas, para o lazer e para a cidadania. E por aí também mais fácil se tornaria encaixar a ferrovia, o metro de superfície, rodovia, ciclovia sem os exercícios mentais de demolição e de furadoiro, que nos obrigam anos seguídos a ver esta cidade crescer com vista tão curta.
Se Braga se fez, nos 30 últimos anos, terceira cidade do País – naquilo que poderá significar o título e o pódio – nota-se que é tão pouco uma cidade diferente das outras no quão atarracadas são as suas ruas e jardins. O espaço público, mesmo que, na propaganda, pedonal e largo, peca porque a cidade dorme mais em redor de si que no centro. E vive por aí também. Já o coração da urbe está envelhecido, e como bom reformado, deita-se cedo e com as galinhas ( não se as estranhe, que com os preços da alimentação, não tarda ser comum a criação e as hortas na cidade dentro , e juro que cheguei a acordar mais vezes a canto de galo em Braga que em Cabeceiras).
Uma solução, mesmo que ousada no Portugal pouco acima do 4º piso e águas furtadas, passará abandonar o preconceito e olhar as vantagens da construção em altura. Não esta que medra por Braga, mas a outra que tanto nos faz lembrar as metrópoles futuristas (ou americanas ou asiáticas) como aglomerados de mão-de-obra, calabouços de cultura e criatividade cada vez mais na ordem do dia.
Não que imagine Braga como um enorme centro financeiro em Dume, como uma Dubai sem petróleo e praia – se bem que do Bom Jesus se veja o Mar- mas com no advento de uma cidade-ciência, com uma Universidade e um Instituto de Nanotecnologia, que se quer nicho de potenciais grandes empresas na Alta-Tecnologia, com todo o fervor económico que arrasta, valerá a pena pensá-la em arranha-céus que mais que símbolos de prosperidade económica – quem dirá monumentos ao capitalismo - não deixariam de ser sinónimos de qualidade de vida e um desafio à arquitectura e engenharia civil portuguesa.
Por outro lado, a concentração de serviços e pessoas em torres-formigueiro (por muito medonho que pareça o termo) rentabilizaria lotes e legaria largo espaço ao desenvolvimento de zonas verdes e aos praças públicas, para o lazer e para a cidadania. E por aí também mais fácil se tornaria encaixar a ferrovia, o metro de superfície, rodovia, ciclovia sem os exercícios mentais de demolição e de furadoiro, que nos obrigam anos seguídos a ver esta cidade crescer com vista tão curta.
Impunidade Total
Conhecidos os castigos aplicados ao Boavista (coacção sobre árbitros), ao FC Porto (por tentativa de corrupção) e à União de Leiria (também por tentativa de corrupção), ficou tudo na mesma: o Boavista falido e sem condições para estar no futebol profissional, o FC Porto campeão e a União de Leiria despromovida. A justiça desportiva é uma anedota.
Acabar com o Andebol...
Há quem pense que a podridão do futebol não chega às outras modalidades. Puro engano. A final da Liga de Andebol tornou-se num poço de mentira em que sucessivos erros (grosseiros e descarados) da arbitragem têm afastado o ABC de Braga da luta pelo revalidação do título.
O meu desejo é que lavem as mãos para não conspurcar ainda mais esta modalidade. E que a espécie de jornalismo a que chamam «imprensa desportiva» seja crítica e verdadeira sobre este assunto. Caso contrário, mais vale acabar com o andebol...
O meu desejo é que lavem as mãos para não conspurcar ainda mais esta modalidade. E que a espécie de jornalismo a que chamam «imprensa desportiva» seja crítica e verdadeira sobre este assunto. Caso contrário, mais vale acabar com o andebol...
Estudo de Mobilidade: E Agora?
O Estudo de Mobilidade, ao traçar o diagnóstico e demonstrar a magnitude do problema, abre caminho para que este se assuma como um facto político e possam emergir novas soluções que, por mais pareceres técnicos que se peçam, têm que ser eminentemente políticas. Não há vitórias morais nestas questões sem que se cumpra o benefício material das populações com a efectiva resolução dos seus problemas quotidianos.
Apesar do mediatismo do tema, da necessidade de alterações ao paradigma de mobilidade instituído e das potencialidades que uma reconfiguração do sistema de transportes públicos permitiria explorar, a verdade é que, num futuro próximo, o assunto não deverá sair do plano das intenções. Além do mais, apesar das deficiências do sistema de mobilidade do concelho de Braga serem profundas, a verdade é que ainda não são percepcionadas em larga escala pela generalidade dos cidadãos, a massa crítica que ratifica as políticas autárquicas através do voto.
Ao contrário do que tenho lido em alguns comentários, é imperioso que as questões da mobilidade interna do concelho de Braga sejam perspectivadas numa lógica regional. A construção de um eixo ferroviário entre Maximimos e Gualtar não pode ser equacionada sem levar em linha de conta o prolongamento da ferrovia até Guimarães e, do mesmo modo, a construção de uma linha entre Braga e Guimarães não pode ser pensada sem a reestruturação da rede ferroviária do concelho de Braga. Fazê-lo seria perpetuar os erros e multiplicar os problemas.
Convém ter em linha de conta que o deficiente planeamento resulta na inexistência de corredores para a ferrovia, o que faz disparar os custos das soluções mais equilibradas e geradoras de maior competitividade. Por outro lado, é preciso não esquecer que a organização politico-administrativa do país inviabiliza a tomada deste tipo de decisões num registo regional. Lisboa terá sempre uma palavra a dizer no futuro dos transportes entre Maximinos e Azurém ou entre Trandeiras e Pedralva.
Ainda assim, estou convencido de que uma intervenção desta escala seria geradora de ganhos sociais e económicos altamente compensadores mas também de que os actores regionais serão capazes de uma base de entendimento que exceda o interesse do seu próprio quintal, projectando a região do Minho no contexto europeu.
É nesta perspectiva que, embora com alguma dose de optimismo, não posso deixar de prever que, no curto prazo, surgirão muitas críticas substanciais ou estratégicas à solução proposta pelo parecer técnico [ver imagem], muito semelhante à que havíamos defendido em 2007. Seja como for, o assunto não poderá cair no esquecimento sob pena de, quando acordarmos, já termos perdido o comboio da competitividade.
Apesar do mediatismo do tema, da necessidade de alterações ao paradigma de mobilidade instituído e das potencialidades que uma reconfiguração do sistema de transportes públicos permitiria explorar, a verdade é que, num futuro próximo, o assunto não deverá sair do plano das intenções. Além do mais, apesar das deficiências do sistema de mobilidade do concelho de Braga serem profundas, a verdade é que ainda não são percepcionadas em larga escala pela generalidade dos cidadãos, a massa crítica que ratifica as políticas autárquicas através do voto.
Ao contrário do que tenho lido em alguns comentários, é imperioso que as questões da mobilidade interna do concelho de Braga sejam perspectivadas numa lógica regional. A construção de um eixo ferroviário entre Maximimos e Gualtar não pode ser equacionada sem levar em linha de conta o prolongamento da ferrovia até Guimarães e, do mesmo modo, a construção de uma linha entre Braga e Guimarães não pode ser pensada sem a reestruturação da rede ferroviária do concelho de Braga. Fazê-lo seria perpetuar os erros e multiplicar os problemas.
Convém ter em linha de conta que o deficiente planeamento resulta na inexistência de corredores para a ferrovia, o que faz disparar os custos das soluções mais equilibradas e geradoras de maior competitividade. Por outro lado, é preciso não esquecer que a organização politico-administrativa do país inviabiliza a tomada deste tipo de decisões num registo regional. Lisboa terá sempre uma palavra a dizer no futuro dos transportes entre Maximinos e Azurém ou entre Trandeiras e Pedralva.
Ainda assim, estou convencido de que uma intervenção desta escala seria geradora de ganhos sociais e económicos altamente compensadores mas também de que os actores regionais serão capazes de uma base de entendimento que exceda o interesse do seu próprio quintal, projectando a região do Minho no contexto europeu.
É nesta perspectiva que, embora com alguma dose de optimismo, não posso deixar de prever que, no curto prazo, surgirão muitas críticas substanciais ou estratégicas à solução proposta pelo parecer técnico [ver imagem], muito semelhante à que havíamos defendido em 2007. Seja como for, o assunto não poderá cair no esquecimento sob pena de, quando acordarmos, já termos perdido o comboio da competitividade.
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Marcado como
Braga,
Guimarães,
Pelo Regresso do Eléctrico,
Transportes,
Transportes no Minho
Por uma questão de segurança...
...não me parece muito sensato desfilar pelas estradas nacionais durante a noite. Mas cada um faça o que quiser.
Acontece no Minho [1]
Até ao dia 10 de Maio, não se esqueça de dar um salto ao Campus de Gualtar para assistir ao X Campeonato Mundial Universitário de Badminton. Em alternativa, poderá dar um salto a Famalicão para assistir ao Festival Internacional de Música de Câmara, a decorrer na Casa das Artes nos dias 9, 10 e 11 de Maio.
Na próxima Sexta-Feira, o Centro Cultural Vila Flor propõe TRiSoNTe no CaféJazz enquanto que em Braga, o Museu D. Diogo de Sousa receberá o Fórum "Cidade Tecnológica e Inovação", uma iniciativa das "Fronteiras do Futuro".
Sábado, dia 10 de Maio, é dia de rumar ao Estádio Axa para assistir ao Braga-Académica, jogo com entrada livre para todos os amigos do Sporting de Braga. À noite, é tempo de ouvir Jorge Palma e Gabriel o Pensador no âmbito da edição 2008 das Monumentais Festas do Enterro da Gata, a decorrer na Alameda do Estádio Municipal.
Domingo é dia de Andebol. O ABC de Braga recebe o Benfica para mais uma partida da Final da Liga de Andebol. Na capital do andebol, os academistas têm que ganhar se quiserem continuar a lutar pela revalidação do título nacional daquela modalidade. Na Alameda do Estádio Municipal, a noite é de James e Linda Martini.
Entretanto, se gosta de escrever e tem boas ideias, lembre-se que tem até 31 de Maio para concorrer ao concurso de escrita literária que o Estaleiro Cultural Velha-a-Branca está a promover. «Entrei em Braga algo desconfiado» é o mote da edição deste ano. Na mesma data, termina o período de submissão de comunicações para os «Encontros sobre Web 2.0» que a Universidade do Minho organiza no próximo dia 10 de Outubro.
Assim acontece... no Minho.
Na próxima Sexta-Feira, o Centro Cultural Vila Flor propõe TRiSoNTe no CaféJazz enquanto que em Braga, o Museu D. Diogo de Sousa receberá o Fórum "Cidade Tecnológica e Inovação", uma iniciativa das "Fronteiras do Futuro".
Sábado, dia 10 de Maio, é dia de rumar ao Estádio Axa para assistir ao Braga-Académica, jogo com entrada livre para todos os amigos do Sporting de Braga. À noite, é tempo de ouvir Jorge Palma e Gabriel o Pensador no âmbito da edição 2008 das Monumentais Festas do Enterro da Gata, a decorrer na Alameda do Estádio Municipal.
Domingo é dia de Andebol. O ABC de Braga recebe o Benfica para mais uma partida da Final da Liga de Andebol. Na capital do andebol, os academistas têm que ganhar se quiserem continuar a lutar pela revalidação do título nacional daquela modalidade. Na Alameda do Estádio Municipal, a noite é de James e Linda Martini.
Entretanto, se gosta de escrever e tem boas ideias, lembre-se que tem até 31 de Maio para concorrer ao concurso de escrita literária que o Estaleiro Cultural Velha-a-Branca está a promover. «Entrei em Braga algo desconfiado» é o mote da edição deste ano. Na mesma data, termina o período de submissão de comunicações para os «Encontros sobre Web 2.0» que a Universidade do Minho organiza no próximo dia 10 de Outubro.
Assim acontece... no Minho.
Trio de Blogues no Rádio Clube (II)
A Mobilidade na Cidade de Braga e o Orçamento da "Guimarães, Capital Europeia da Cultura" estiveram em debate no Trio de Blogues.
Conforme prometido, fica aqui o link para o site do sistema de transportes públicos de Clermont-Ferrand e ainda o link para um site sobre a cidade de Bale, na Suíça (por lapso referi no programa que se tratava de uma cidade Espanhola). Esta cidade tem cerca de 170.000 habitantes, um número muito próximo da cidade de Braga. [agradecimento ao Dario Silva pelo envio dos links]
Conforme prometido, fica aqui o link para o site do sistema de transportes públicos de Clermont-Ferrand e ainda o link para um site sobre a cidade de Bale, na Suíça (por lapso referi no programa que se tratava de uma cidade Espanhola). Esta cidade tem cerca de 170.000 habitantes, um número muito próximo da cidade de Braga. [agradecimento ao Dario Silva pelo envio dos links]
Via Aberta para o Eléctrico, Metro ou Comboio (III)
Depois de tudo o que fomos dizendo e escrevendo acerca da mobilidade no Concelho de Braga e na Região do Minho, importa salientar o seguinte:
1. Não há dúvida de que o modelo de mobilidade actual foi construído em função do uso preferencial de transportes motorizados particulares. Trata-se de um modelo desaqueado para as necessidades de competitividade da cidade/região e para os padrões de exigência ambiental do momento actual.
2. O investimento na promoção do uso da bicicleta e no regresso do transporte urbano sobre carris à cidade de Braga são as medidas estruturantes que se impõem para solucionar grande parte dos problemas de mobilidade da cidade/região, constituindo-se adicionalmente como factores de redução das assimetrias sociais e de aumento da competitividade regional.
3. A criação de uma linha de Metro/Comboio entre Aveleda e Gualtar, construída num eixo claramente deficitário na qualidade da oferta de transporte público, afigura-se-nos como decisiva para a mudança do paradigma dominante em matéria de mobilidade interna.
4. Apesar do estudo postular que «a densificação da rede de transportes públicos na zona central através de um serviço "porta-a-porta" em sítio próprio (por exemplo eléctrico) e complementar a esse eixo ferroviário (pesado) estruturante, constitui uma possibilidade a explorar a médio/longo prazo», parece-me que não será de descartar esta solução no curto/médio prazo.
5. A proposta de supramunicipalização dos TUB/EM, avançada no Parecer ao Estudo de Mobilidade, parece assumir uma importância vital na reconfiguração do sistema de mobilidade interno da região, projectando o Minho no contexto nacional e internacional.
6. Do mesmo modo, importa não desprezar que «uma futura expansão da Linha [de comboio ou metro] até Guimarães, passando pelo AvePark e pelo Pólo de Azurém da UM, deverá constituir uma nova alavancagem no nível de utilização dos transportes urbanos, na medida em que o seu âmbito de influência é alargado por via de uma intermodalidade que pode ser bem programada.»
7. Tal como temos vindo a repetir, os autores do estudo não deixam também de salientar que «a organização do sistema de transportes públicos e da intermodalidade é assim uma peça-chave na colocação da cidade de Braga como pivot do arco de cidades entre Viana do Castelo e Felgueiras, ganhando espaço de influência à Área Metropolitana do Porto e dinâmica demográfica, económica e social comparável com a cidade de Vigo. E essa realidade é essencial ao equilíbrio da rede urbana no conjunto da Euroregião Norte de Portugal-Galiza e a uma Região do Norte menos portocêntrica.»
Cumpridos 8 meses sobre a Petição pelo Regresso do Eléctrico e conhecidos que são os resultados do Estudo de Mobilidade, importa registar com enorme satisfação que a competente opinião técnica venha corroborar aquilo que, enquanto cidadãos, temos defendido ao longos dos últimos anos. Contudo, o tempo da retórica está a chegar ao fim, sendo hora de se avançar para os planos concretos. Projectos que permitam desafogar o colete de forças em que os problemas da mobilidade ameaçam tornar-se caso tudo fique como está.
[fotografia de Dario Silva; esquema retirado do parecer técnico do Estudo de Mobilidade]
1. Não há dúvida de que o modelo de mobilidade actual foi construído em função do uso preferencial de transportes motorizados particulares. Trata-se de um modelo desaqueado para as necessidades de competitividade da cidade/região e para os padrões de exigência ambiental do momento actual.
2. O investimento na promoção do uso da bicicleta e no regresso do transporte urbano sobre carris à cidade de Braga são as medidas estruturantes que se impõem para solucionar grande parte dos problemas de mobilidade da cidade/região, constituindo-se adicionalmente como factores de redução das assimetrias sociais e de aumento da competitividade regional.
3. A criação de uma linha de Metro/Comboio entre Aveleda e Gualtar, construída num eixo claramente deficitário na qualidade da oferta de transporte público, afigura-se-nos como decisiva para a mudança do paradigma dominante em matéria de mobilidade interna.
4. Apesar do estudo postular que «a densificação da rede de transportes públicos na zona central através de um serviço "porta-a-porta" em sítio próprio (por exemplo eléctrico) e complementar a esse eixo ferroviário (pesado) estruturante, constitui uma possibilidade a explorar a médio/longo prazo», parece-me que não será de descartar esta solução no curto/médio prazo.
5. A proposta de supramunicipalização dos TUB/EM, avançada no Parecer ao Estudo de Mobilidade, parece assumir uma importância vital na reconfiguração do sistema de mobilidade interno da região, projectando o Minho no contexto nacional e internacional.
6. Do mesmo modo, importa não desprezar que «uma futura expansão da Linha [de comboio ou metro] até Guimarães, passando pelo AvePark e pelo Pólo de Azurém da UM, deverá constituir uma nova alavancagem no nível de utilização dos transportes urbanos, na medida em que o seu âmbito de influência é alargado por via de uma intermodalidade que pode ser bem programada.»
7. Tal como temos vindo a repetir, os autores do estudo não deixam também de salientar que «a organização do sistema de transportes públicos e da intermodalidade é assim uma peça-chave na colocação da cidade de Braga como pivot do arco de cidades entre Viana do Castelo e Felgueiras, ganhando espaço de influência à Área Metropolitana do Porto e dinâmica demográfica, económica e social comparável com a cidade de Vigo. E essa realidade é essencial ao equilíbrio da rede urbana no conjunto da Euroregião Norte de Portugal-Galiza e a uma Região do Norte menos portocêntrica.»
Cumpridos 8 meses sobre a Petição pelo Regresso do Eléctrico e conhecidos que são os resultados do Estudo de Mobilidade, importa registar com enorme satisfação que a competente opinião técnica venha corroborar aquilo que, enquanto cidadãos, temos defendido ao longos dos últimos anos. Contudo, o tempo da retórica está a chegar ao fim, sendo hora de se avançar para os planos concretos. Projectos que permitam desafogar o colete de forças em que os problemas da mobilidade ameaçam tornar-se caso tudo fique como está.
[fotografia de Dario Silva; esquema retirado do parecer técnico do Estudo de Mobilidade]
Via Aberta para o Eléctrico, Metro ou Comboio
«Prolongar a linha ferroviária da Estação terminal, em Maximinos, até à freguesia de Gualtar, em exploração tipo metro, é uma «possibilidade que deve ser encarada» pela Câmara Municipal de Braga.» [Diário do Minho]
«Braga tem um potencial enorme para aumentar a mobilidade interna. Porém, isso exige uma reforma na gestão dos espaço-canal disponíveis e uma aposta dos TUB/EM noutros tipos de transportes públicos como o eléctrico, o comboio ou o metro.» [Correio do Minho]
«Os serviços de transportes públicos de Braga terão esgotada a margem de progressão em termos de captação de novos clientes, dado o grau de dependência da população residente relativamente ao transporte individual e o congestionamento automóvel que dificulta ganhos de fiabilidade no autocarro.» [Jornal de Notícias]
«O prolongamento da actual linha ferroviária até Gualtar é uma das soluções apontadas. Além de descongestionar o centro da cidade, incrementaria a mobilidade e tornaria o transporte público mais atractivo. A solução a estudar seria o enterramento da via--férrea sob a Circular Norte, num trajecto que ligaria Maximinos ao novo estádio de Braga, Universidade do Minho, futuro hospital de Braga e Centro Ibérico de Nanotecnologias.» [Público]
Valeu a pena. O Estudo de Mobilidade, ontem apresentado, corrobora algumas das principais soluções que, ao longo de mais de um ano, fomos debatendo e defendendo no Avenida Central e noutros blogues da região. A caminhada iniciada com a Petição pelo Regresso do Eléctrico conhece agora mais um capítulo feliz. Reservo mais comentários para logo.
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A terceira via do PSD
O espectro político em Portugal encontra-se razoavelmente bem preenchido pelos partidos estabelecidos. O centro oscila entre o PS e o PSD. Cada partido tem um núcleo duro no centro e, nas margens, um eleitorado um pouco mais maleável cujo voto oscila mais com contingências do ciclo económico e da personalidade do líder partidário do com qualquer questão substancialmente ideológica.
Depois aparecem o Bloco de Esquerda e o PCP. A inspiração é a mesma (e até já tem 150 anos), mas os eleitorados são distintos. O PCP continua a martelar na luta de classes e na revolução do proletariado. O Bloco de Esquerda modernizou o tom e acrescentou-lhes as causas fracturantes. Ganharam em jovens o que perderam em camponeses.
Por fim, o CDS alberga um pouco de tudo o que se encosta à faixa mais direita do espectro. Cabem conservadores, conservadores-liberais e democratas cristãos. Há mais Conservadorismo do que propriamente Liberalismo, arrisco dizer. E depois sobra o PNR, que fica com as sobras nacionalistas. Um espaço pequeno para crescer.
O PSD está actualmente à procura de líder, do qual dependerá a sua orientação programática. O líder escolhido deparar-se-á com um espectro político bem definido e com um eleitorado razoavelmente estável em termos de escolhas políticas. O espaço de manobra costuma cingir-se a algumas franjas do PS e a alguns sectores do CDS. Talvez não haja muito a fazer, qualquer que seja o líder: repetir o discurso ao centro e esperar que a inflação e a crise vinda dos EUA façam o resto. Jogar pelo seguro.
Acontece que historicamente o PSD é um partido ideologicamente difuso e que vive mais da personalidade do líder do que da ortodoxia social-democrata (que, aliás, é dificilmente consensualizável). Isto abre espaço a um reposicionamento político em termos inovadores. Actualmente, o PSD ocupa uma posição no centro da linha Esquerda-Direita: moderado nos costumes e moderado na economia; uma terceira alternativa permitiria romper com esta dicotomia e apresentar uma proposta de Esquerda nos costumes e de Direita na economia.
Parece um paradoxo? Nem tanto. A Esquerda defende tolerância nos costumes e a Direita liberdade na economia. A nova proposta poderia casar o melhor dos dois mundos sob o signo comum da liberdade. Que apenas por questões de target político não pode ser defendida num único projecto. Um projecto liberal.
Depois aparecem o Bloco de Esquerda e o PCP. A inspiração é a mesma (e até já tem 150 anos), mas os eleitorados são distintos. O PCP continua a martelar na luta de classes e na revolução do proletariado. O Bloco de Esquerda modernizou o tom e acrescentou-lhes as causas fracturantes. Ganharam em jovens o que perderam em camponeses.
Por fim, o CDS alberga um pouco de tudo o que se encosta à faixa mais direita do espectro. Cabem conservadores, conservadores-liberais e democratas cristãos. Há mais Conservadorismo do que propriamente Liberalismo, arrisco dizer. E depois sobra o PNR, que fica com as sobras nacionalistas. Um espaço pequeno para crescer.
O PSD está actualmente à procura de líder, do qual dependerá a sua orientação programática. O líder escolhido deparar-se-á com um espectro político bem definido e com um eleitorado razoavelmente estável em termos de escolhas políticas. O espaço de manobra costuma cingir-se a algumas franjas do PS e a alguns sectores do CDS. Talvez não haja muito a fazer, qualquer que seja o líder: repetir o discurso ao centro e esperar que a inflação e a crise vinda dos EUA façam o resto. Jogar pelo seguro.
Acontece que historicamente o PSD é um partido ideologicamente difuso e que vive mais da personalidade do líder do que da ortodoxia social-democrata (que, aliás, é dificilmente consensualizável). Isto abre espaço a um reposicionamento político em termos inovadores. Actualmente, o PSD ocupa uma posição no centro da linha Esquerda-Direita: moderado nos costumes e moderado na economia; uma terceira alternativa permitiria romper com esta dicotomia e apresentar uma proposta de Esquerda nos costumes e de Direita na economia.
Parece um paradoxo? Nem tanto. A Esquerda defende tolerância nos costumes e a Direita liberdade na economia. A nova proposta poderia casar o melhor dos dois mundos sob o signo comum da liberdade. Que apenas por questões de target político não pode ser defendida num único projecto. Um projecto liberal.
Portugal no Divã
Ao longo da última semana fomos conhecendo os resultados do inquérito "Comportamentos sexuais e a infecção VIH/SIDA", realizado pelo Instituto de Ciências Sociais (ICS) em 2007, na sequência de uma encomenda da Coordenação para a Infecção VIH/SIDA.
De todos os dados, aquele que mais impressiona, pela irresponsabilidade suicida que lhe está associada, é o facto de oito em cada dez portugueses afirmarem que não utilizariam preservativo numa relação com um parceiro infectado com VIH. Estes são, mais coisa menos coisa, os mesmos portugueses que se acobardaram quando um tribunal considerou legítimo o despedimento de um cozinheiro por estar infectado por aquele vírus. O paralelo, por absurdo que possa parecer, põe a nu algumas das ideias monstruosas que fervilham na cabeça de muitos daqueles com quem partilhamos o dia a dia.
Mas há mais dados para reflectir. Se não é novidade para ninguém que 40% dos homens admitam ter sido infiéis durante o casamento, também não é propriamente uma surpresa saber que a homossexualidade é desaprovada por 70% dos portugueses e, mesmo entre os mais jovens, a taxa de desaprovação nunca desce abaixo dos 50%. Estes números contrastam com os resultados de um estudo semelhante em que, segundo o jornal Público, «80% dos jovens franceses aceita as relações entre pessoas do mesmo sexo».
Somos todos responsáveis. As crenças e os preconceitos enraizados na sociedade portuguesa só se combatem com mais educação e melhor ensino, uma empreitada que não se consegue enquanto não houver coragem para enfrentar as fortes resistências da ala mais conservadora, espelho de uma sociedade que, à beira do precipício, continua empenhada em manter a fachada dos bons costumes. A educação sexual, tantas vezes prometida quantas adiada, está por cumprir-se nas escolas de Portugal e os resultados estão à vista de todos. A tragédia do VIH/SIDA atirou o nosso país para a cauda da Europa Ocidental e as perspectivas para os próximos anos são tudo menos animadoras.
Todos os portugueses deviam ler a história da SIDA. Desde os tempos em que a comunidade médica e científica embarcou na ideia de se tratar de um castigo que apenas atingia os pertencentes ao grupo dos 5 "agás" (homossexuais, heroinómanos, hemofílicos, haitianos e hookers) até à célebre rejeição de um artigo que colocava ênfase na transmissão heterossexual da doença pelo New England Journal of Medicine, uma das mais prestigiadas publicações médicas do mundo. A lista de equívocos é interminável e muito contribuiu para que a SIDA s convertesse numa pandemia de difícil controlo.
Num texto de 1999, Francisco Allen Gomes, médico psiquiatra dos Hospitais da Universidade de Coimbra, escreve que a SIDA «tem-nos mostrado o melhor e o pior do ser humano», acrescentando que «a situação actual da pandemia e as projecções futuras indicam que serão os mais desfavorecidos a pagar a maior factura.» Na realidade, entre tanto equívoco, estigma e sofrimento, a herança da SIDA tem tido contornos de verdadeira tragédia, não havendo doutrina social que possa continuar insensível à matança por via da ignorância.
Publicado também no ComUM
De todos os dados, aquele que mais impressiona, pela irresponsabilidade suicida que lhe está associada, é o facto de oito em cada dez portugueses afirmarem que não utilizariam preservativo numa relação com um parceiro infectado com VIH. Estes são, mais coisa menos coisa, os mesmos portugueses que se acobardaram quando um tribunal considerou legítimo o despedimento de um cozinheiro por estar infectado por aquele vírus. O paralelo, por absurdo que possa parecer, põe a nu algumas das ideias monstruosas que fervilham na cabeça de muitos daqueles com quem partilhamos o dia a dia.
Mas há mais dados para reflectir. Se não é novidade para ninguém que 40% dos homens admitam ter sido infiéis durante o casamento, também não é propriamente uma surpresa saber que a homossexualidade é desaprovada por 70% dos portugueses e, mesmo entre os mais jovens, a taxa de desaprovação nunca desce abaixo dos 50%. Estes números contrastam com os resultados de um estudo semelhante em que, segundo o jornal Público, «80% dos jovens franceses aceita as relações entre pessoas do mesmo sexo».
Somos todos responsáveis. As crenças e os preconceitos enraizados na sociedade portuguesa só se combatem com mais educação e melhor ensino, uma empreitada que não se consegue enquanto não houver coragem para enfrentar as fortes resistências da ala mais conservadora, espelho de uma sociedade que, à beira do precipício, continua empenhada em manter a fachada dos bons costumes. A educação sexual, tantas vezes prometida quantas adiada, está por cumprir-se nas escolas de Portugal e os resultados estão à vista de todos. A tragédia do VIH/SIDA atirou o nosso país para a cauda da Europa Ocidental e as perspectivas para os próximos anos são tudo menos animadoras.
Todos os portugueses deviam ler a história da SIDA. Desde os tempos em que a comunidade médica e científica embarcou na ideia de se tratar de um castigo que apenas atingia os pertencentes ao grupo dos 5 "agás" (homossexuais, heroinómanos, hemofílicos, haitianos e hookers) até à célebre rejeição de um artigo que colocava ênfase na transmissão heterossexual da doença pelo New England Journal of Medicine, uma das mais prestigiadas publicações médicas do mundo. A lista de equívocos é interminável e muito contribuiu para que a SIDA s convertesse numa pandemia de difícil controlo.
Num texto de 1999, Francisco Allen Gomes, médico psiquiatra dos Hospitais da Universidade de Coimbra, escreve que a SIDA «tem-nos mostrado o melhor e o pior do ser humano», acrescentando que «a situação actual da pandemia e as projecções futuras indicam que serão os mais desfavorecidos a pagar a maior factura.» Na realidade, entre tanto equívoco, estigma e sofrimento, a herança da SIDA tem tido contornos de verdadeira tragédia, não havendo doutrina social que possa continuar insensível à matança por via da ignorância.
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Ah e tal, o Braga não tem adeptos!
Não sei o que pensam os leitores, mas levar 1.000 adeptos a um jogo que só os mais crentes acreditavam poder significar a qualificação para a UEFA é coisa de clube grande. Não há mentira que tenha sido tão bem passada nos últimos tempos como a história de que o Braga não tem adeptos, sempre replicada nos jornais e televisões nacionais.
No fim de uma época desportivamente miserável, o Sporting de Braga é o quinto clube português em termos de assistências, com um número de adeptos que quase triplica o resultado do clube imediatamente a seguir, a Académica de Coimbra. Por outro lado, o Braga é o clube com o crescimento mais significativo e aquele que apresenta maior margem de progressão caso volte, como se espera, às boas exibições e aos bons resultados já na próxima época. Haja respeito quando voltarem a falar dos adeptos deste clube!
[ao lado: notícia do Diário do Minho de hoje]
No fim de uma época desportivamente miserável, o Sporting de Braga é o quinto clube português em termos de assistências, com um número de adeptos que quase triplica o resultado do clube imediatamente a seguir, a Académica de Coimbra. Por outro lado, o Braga é o clube com o crescimento mais significativo e aquele que apresenta maior margem de progressão caso volte, como se espera, às boas exibições e aos bons resultados já na próxima época. Haja respeito quando voltarem a falar dos adeptos deste clube!
[ao lado: notícia do Diário do Minho de hoje]
Carta Aberta aos Deputados Eleitos por Braga
Respondendo ao repto lançado pela iniciativa Parlamento Global, acaba de ser publicada a minha contribuição para a secção «Visto do Norte».
Começo por saudar a iniciativa Parlamento Global, enaltecendo a importância da comunicação entre os eleitores e os eleitos para que a sobrevivência do sistema democrático actual. Importa também salientar o interesse que alguns deputados eleitos pelo círculo de Braga têm dedicado à causa e discussão públicas, disponibilizando-se para contribuir para o debate que se faz na blogosfera minhota. Aproveitando a oportunidade que nos é dada, gostava de colocar aos deputados eleitos pelo círculo de Braga algumas questões muito concretas:
1. Por que motivo os preços por quilómetro cobrados na A11 e na A7 são superiores aos praticados nas outras regiões do país?
2. Por que motivo bracarenses e vimaranenses pagam as circulares urbanas das suas cidades enquanto noutros locais os utilizadores estão isentados desse pagamento?
3. Por que motivo o Orçamento de Estado comparticipa os transportes públicos de Lisboa e do Porto, discriminando todos os utentes do resto do país e, em particular, da região do Minho?
4. Por que motivo continua por avançar a linha ferroviária entre Braga e Guimarães, sedes dos 1º e 2º maiores concelhos do país extra-áreas metropolitanas?
5. Por que motivo Braga continua fora do mapa das cidades com eléctrico moderno ou metro de superfície?
Começo por saudar a iniciativa Parlamento Global, enaltecendo a importância da comunicação entre os eleitores e os eleitos para que a sobrevivência do sistema democrático actual. Importa também salientar o interesse que alguns deputados eleitos pelo círculo de Braga têm dedicado à causa e discussão públicas, disponibilizando-se para contribuir para o debate que se faz na blogosfera minhota. Aproveitando a oportunidade que nos é dada, gostava de colocar aos deputados eleitos pelo círculo de Braga algumas questões muito concretas:
1. Por que motivo os preços por quilómetro cobrados na A11 e na A7 são superiores aos praticados nas outras regiões do país?
2. Por que motivo bracarenses e vimaranenses pagam as circulares urbanas das suas cidades enquanto noutros locais os utilizadores estão isentados desse pagamento?
3. Por que motivo o Orçamento de Estado comparticipa os transportes públicos de Lisboa e do Porto, discriminando todos os utentes do resto do país e, em particular, da região do Minho?
4. Por que motivo continua por avançar a linha ferroviária entre Braga e Guimarães, sedes dos 1º e 2º maiores concelhos do país extra-áreas metropolitanas?
5. Por que motivo Braga continua fora do mapa das cidades com eléctrico moderno ou metro de superfície?
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ABC perde, Hóquei de Braga ganha
Há poucos ambientes tão frenéticos como o que se vive no Pavilhão Flávio Sá Leite em Braga. Com o público a favor (os benfiquistas não chegavam às duas dezenas), mas com a sorte (e a arbitragem) em sentido contrário, o ABC de Braga perdeu o primeiro jogo da Final da Liga de Andebol. Valha-nos o Hóquei Clube de Braga que empurrou o mesmo Benfica para fora da Final Four da Taça de Portugal em Hóquei em Patins.
Agradeço ao leitor Paulo Gouveia por me ter enviado uma chamada de atenção para mais uma pérola da edição online do jornal mais benfiquista do país: «O Óquei de Barcelos vai defrontar nas meias-finais o campeão FC Porto, que foi ao Algarve derrotar o Infante Sagres, da III Divisão, por 8-3.» Ao Algarve, senhores jornalistas? Bastaria uma pesquisa para saber que o Clube Infante de Sagres é do Porto, mais precisamente da Freguesia de Lordelo do Ouro. Fica a informação...
Agradeço ao leitor Paulo Gouveia por me ter enviado uma chamada de atenção para mais uma pérola da edição online do jornal mais benfiquista do país: «O Óquei de Barcelos vai defrontar nas meias-finais o campeão FC Porto, que foi ao Algarve derrotar o Infante Sagres, da III Divisão, por 8-3.» Ao Algarve, senhores jornalistas? Bastaria uma pesquisa para saber que o Clube Infante de Sagres é do Porto, mais precisamente da Freguesia de Lordelo do Ouro. Fica a informação...
A Árvore da Minha Rua (II)
«Uma árvore levou mais de 7 anos a chegar e partiu em 2 meses. Em Braga»
A história da árvore plantada e arrancada já chegou à Covilhã e ao Brasil. Confesso que ainda não encontrei uma única pessoa que, conhecendo o local, compreenda o arbitrário arrancamento. Agradeço a todos os que se têm manifestado pelo regresso da árvore, em particular os vizinhos que já me abordaram sobre este assunto.
Já que os motivos, que deviam ser transparentes, não podem ser revelados num fórum público, farei chegar, através do «Espaço do Cidadão», um pedido de esclarecimentos em que também solicito a imediata reposição da árvore.
A cidadania começa à nossa porta. As árvores foram colocadas segundo um plano e uma sequência - não me conformarei enquanto esta sequência continuar amputada.
A história da árvore plantada e arrancada já chegou à Covilhã e ao Brasil. Confesso que ainda não encontrei uma única pessoa que, conhecendo o local, compreenda o arbitrário arrancamento. Agradeço a todos os que se têm manifestado pelo regresso da árvore, em particular os vizinhos que já me abordaram sobre este assunto.
Já que os motivos, que deviam ser transparentes, não podem ser revelados num fórum público, farei chegar, através do «Espaço do Cidadão», um pedido de esclarecimentos em que também solicito a imediata reposição da árvore.
A cidadania começa à nossa porta. As árvores foram colocadas segundo um plano e uma sequência - não me conformarei enquanto esta sequência continuar amputada.
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