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Estudo de Mobilidade: E Agora?

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O Estudo de Mobilidade, ao traçar o diagnóstico e demonstrar a magnitude do problema, abre caminho para que este se assuma como um facto político e possam emergir novas soluções que, por mais pareceres técnicos que se peçam, têm que ser eminentemente políticas. Não há vitórias morais nestas questões sem que se cumpra o benefício material das populações com a efectiva resolução dos seus problemas quotidianos.

Apesar do mediatismo do tema, da necessidade de alterações ao paradigma de mobilidade instituído e das potencialidades que uma reconfiguração do sistema de transportes públicos permitiria explorar, a verdade é que, num futuro próximo, o assunto não deverá sair do plano das intenções. Além do mais, apesar das deficiências do sistema de mobilidade do concelho de Braga serem profundas, a verdade é que ainda não são percepcionadas em larga escala pela generalidade dos cidadãos, a massa crítica que ratifica as políticas autárquicas através do voto.

Ao contrário do que tenho lido em alguns comentários, é imperioso que as questões da mobilidade interna do concelho de Braga sejam perspectivadas numa lógica regional. A construção de um eixo ferroviário entre Maximimos e Gualtar não pode ser equacionada sem levar em linha de conta o prolongamento da ferrovia até Guimarães e, do mesmo modo, a construção de uma linha entre Braga e Guimarães não pode ser pensada sem a reestruturação da rede ferroviária do concelho de Braga. Fazê-lo seria perpetuar os erros e multiplicar os problemas.

Convém ter em linha de conta que o deficiente planeamento resulta na inexistência de corredores para a ferrovia, o que faz disparar os custos das soluções mais equilibradas e geradoras de maior competitividade. Por outro lado, é preciso não esquecer que a organização politico-administrativa do país inviabiliza a tomada deste tipo de decisões num registo regional. Lisboa terá sempre uma palavra a dizer no futuro dos transportes entre Maximinos e Azurém ou entre Trandeiras e Pedralva.

Ainda assim, estou convencido de que uma intervenção desta escala seria geradora de ganhos sociais e económicos altamente compensadores mas também de que os actores regionais serão capazes de uma base de entendimento que exceda o interesse do seu próprio quintal, projectando a região do Minho no contexto europeu.

É nesta perspectiva que, embora com alguma dose de optimismo, não posso deixar de prever que, no curto prazo, surgirão muitas críticas substanciais ou estratégicas à solução proposta pelo parecer técnico [ver imagem], muito semelhante à que havíamos defendido em 2007. Seja como for, o assunto não poderá cair no esquecimento sob pena de, quando acordarmos, já termos perdido o comboio da competitividade.

8 comentários:

  1. O comboio da competitividade já se começou a perder com o tão badalado Tech Valley. Vai acentuar-se quando os morcões reelegerem o Eng.º Metalúrgico Chico Soares para mais 4 anos ao Deus dará.

    Bernardo Pereira

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  2. O progresso tem sempre um custo e Braga fica demasiado longe de Lisboa em termos Políticos, porque os económicos surgem depois.Claro que urge defenir traÇADOS, PRIORIDADES,planear tendo por referência a Região.O próprio PNPOT, apontará nesse sentido.A grande dúvida, aquela que é imediata advém da motivação ou não dos politicos actuais a nível local, pretenderem ou não meter mãos à obra? Aí residirá a incógnita para os próximos mêses.O tempo nos dirá se estamos enganados ou certos.

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  3. Faz-nos falta a regionalização, não é?
    Ou seja, um espaço onde se possa debater estas questões com a perspectiva de que algo de concreto e de racional possa acontecer.

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  4. Tenho dito e tu cais agora no contrasenso de dizer isto:

    «Ao contrário do que tenho lido em alguns comentários, é imperioso que as questões da mobilidade interna do concelho de Braga sejam perspectivadas numa lógica regional.»

    E isto:

    «Convém ter em linha de conta que o deficiente planeamento resulta na inexistência de corredores para a ferrovia, o que faz disparar os custos das soluções mais equilibradas e geradoras de maior competitividade.»

    Os desafios de uma reorganização dos transportes em Braga são muitíssimo diferentes dos desafios regionais. Desafios regionais que não são diferentes dos desafios que se colocam em qualquer outra região do país e que se colocaram aquando da revitalização da linha entre Braga e Porto (por exemplo). Uma coisa é expropriar e construir linhas que atravessam zonas rurais, outra completamente diferente é pensar linhas (e estações) que atravessam zonas densamente habitadas.

    Tal como com a Ota e com o TGV (por exemplo), é evidente que têm de haver uma ligação entre os transportes internos, de Braga, e os transportes numa perspectiva regional. Mas o debate dos transportes em Braga é um debate que é em grande medida autónomo pela tal diferença de desafios. Levantam-se, em Braga, grandes questões de reordenação urbana, de reordenação do trânsito, da eventual criação de estacionamento periférico, etc, etc. Tudo questões que não interessam nada ao debate regional. Não interessa a um individuo de Guimarães saber se a linha vai passar pelo sitio A ou B, ou se vai ser necessário demolir o edifício C ou D para construir uma linha ou criar espaço para uma estação.

    Continuo a afirmar que confundes demasiado os dois temas e debates.

    Por exemplo:
    «Seja como for, o assunto não poderá cair no esquecimento sob pena de, quando acordarmos, já termos perdido o comboio da competitividade.»

    Esta é uma questão regional. Braga não perde grande competitividade em não ter um elétrico. O Minho (e por inerência, também Braga) perde já bastante mais competitividade em não ter um sistema eficaz de transportes entre as várias cidades. Mais uma vez, o problema de competetividade de Braga é sobretudo um problema de gestão urbanística da qual a eventual existência do elétrico é meramente instrumental (ainda que possa ser o pretexto para essa reordenação) para a sua solução.

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  5. ...Braga não perde muita competitividade em não ter eléctrico. Mas Braga e todo o quadrilátero perde muitíssimo em não possuír uma ligação eficaz (certamente por comboio ou metro) entre os principais pólos (actuais e futuros) dentro da cidade.
    Em conformidade com o estudo apresentado (que eu não estou habilitado a rebater dado que sou Eng. Aeroespacial e não Eng.Civil ou de Transportes) julgo que a máxima prioridade deverá ir para a ligação da UM e INL à actual Estação de CP e desta à futura estação TGV. Numa segunda fase deverá ser feita a concordância em Nine para se poderem efectuar ligações directas a Barcelos (o que seria baratíssimo) e numa terceira fase a ligação a Guimarães, saindo de Maximinos.

    Claro que o ideal seria fazer tudo em simultâneo e operar uma grande revolução dos transportes no Minho. Mas isso exige uma forte e coordenada reivindicação por parte dos lideres do quadrilátero junto da REFER,da CCRN e do Governo.

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  6. Concordo degolador, e muito muito dinheiro.

    Outra questão é olhar o mapa para verificar que o aspecto social e de tratamento dos cidadãos, permitindo acesso igual a oportunidades e vias de comunicação. Excluir freguesias, ao contrario do esforço que tem sido feito actualmente é um revés para quem vive com eu afastado da urbe.

    Afinal o desenvolvimento deve ser para todos, ou não?

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  7. E agora?

    Passados uns meses da publicação do estudo em que ficamos?

    Nem metro, nem electrico... e qq dia nem autocarros!

    Ou será que esta época pré-campanha será aproveitada para um mega anuncio?

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