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bridginkDepois da classificação do centro histórico de Guimarães como Património da Humanidade, em 2001, desta vez a Câmara Municipal de Chaves
anunciou a sua intenção de candidatar o núcleo da cidade flaviense a esta importante classificação mundial. Tendo em conta a diferença proporcional (mas não histórica) entre Braga e Chaves poder-se-ão deste facto retirar ilações em relação à forma como os cidadãos de uma e de outra cidade encaram o seu Património, ou do ponto de vista do qual as respectivas edilidades o observam.
Verificou-se nos últimos anos, em Chaves, um importante investimento na investigação e na preservação do património edificado da cidade, quer quando nos referimos ao castelo medieval, às fortalezas modernas de S. Francisco e S. Neutel, às construções urbanas civis que formam o núcleo histórico ou, actualmente em destaque, aos vestígios romanos de
Aquae Flaviae. A condição de interioridade geográfica, com as dificuldades que lhe são inerentes, parece ter motivado a Autarquia e os habitantes de Chaves para um novo conceito de desenvolvimento.
Já em Braga, o desenvolvimento surgiu, nas últimas décadas, sob a forma do crescimento urbano oficialmente incentivado, alimentado por um intenso êxodo rural, para fascínio da tecnocracia e do cidadão deslumbrado com os prédios, as avenidas e os
shopings. Adquiriu assim a cidade a classificação de "grande", para orgulho de alguns, mas felizmente não para todos. Mas Braga não foi só precoce em crescimento, foi-o também a nível do estudo do seu Património urbano, particularmente depois do surgimento do
Campo Arqueológico, na década de setenta. Este estudo, o “Salvamento de
Bracara Augusta”, colidiu por vezes com o referido crescimento da cidade. No entanto, os frutos resultantes da investigação arqueológica, ao longo de décadas de escavações, não foram em grande parte colhidos pelos cidadãos.
Esta situação verifica-se porque as zonas escavadas, raramente são conservadas e musealizadas, e quando o são, são muito pouco divulgadas e dinamizadas. Nem
Bracara Augusta é, ainda, uma imagem de marca cultural, nem Braga tem as condições necessárias para seguir o exemplo de Guimarães e, agora, de Chaves.