Avenida Central
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Avenida Ideal

Capítulo 11: cheirar como quem vê

Iniciei na semana passada um pequeno ciclo de crónicas dedicadas aos sentidos, propondo uma abordagem auditiva da cidade. Para esta semana proponho-vos que se guiem pelo olfacto, numa viagem em que vos lembro a cidade das vossas memórias, esperando depois as vossas ideias sobre os perfumes da cidade de hoje.

Iniciamos o trajecto no Largo da Senhora-a-Branca, e notamos o intenso cheiro a laranja; um perfume que nos recorda uma particularidade agradável da nossa cidade: as árvores ornamentais serem árvores de fruto.

Se seguirmos pelo passeio do lado direito da Avenida Central, há um aroma que não deixa ninguém indiferente: o café da Negrita perfuma o imaginário de várias gerações de bracarenses e será uma das memórias olfactivas mais universais.

No mesmo passeio da Avenida Central, a chuva-de-trovoada oferece-nos também uma interessante fragrância: o passeio velho molhado e quente; um odor que simultaneamente nos sugere a evaporação da água e a transpiração da calçada.

Descendo até ao Largo do Barão de São Martinho, o fumo branco das castanhas preenche todo o largo e inspira suspiros: não só Braga é mais bonita entre as nuvens de fumo branco, como este perfume sazonal parece o seu perfume natural.

E porque falamos em perfumes, o Jardim de Santa Bárbara é paragem obrigatória, já que seja qual for a altura do ano, o mais famoso jardim bracarense guarda em si as melhores fragrâncias da cidade.

Terminamos o passeio na Sé Catedral de Braga, onde o cheiro frio e doce do granito se mescla com o odor da cera queimada; será este o perfume da nossa História?

A partir daqui, guio-me por vós: até onde vos levam as vossas memórias olfactivas e quais são os perfumes de hoje que gostariam de relembrar nas memórias de amanhã?

2 comentários:

  1. Cheira-me, o que acabo de ler, a um exemplar da melhor prosa que se tem publicado sobre Braga.
    Evitou eventuais maus odores citadinos, que também os haverá, mas, a sua selecção é notável.
    Tem faro e tem jeito, João Martinho.
    Braga precisa do cheirinho das suas crónicas semanais como dos seu outros bons aromas.
    Falta muito para a próxima sexta-feira?

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  2. Caro João,

    Parabéns pelo texto.

    E, já agora, façamos votos para que as laranjeiras voltem ao Largo João Penha.

    Abraço,
    PM

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"Mi vida en tus manos", um filme de Nuno Beato

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