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Das Doações de Sangue

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A questão central em matéria de doação de sangue é a segurança dos receptores. É preciso deixar bem claro que o actual algoritmo exclui pessoas com risco muito baixo e inclui dadores com risco muito elevado. João Miranda diz que se tratam de excepçõezinhas, mas, pensando em abstracto, isso é absolutamente irrelevante. O que é verdadeiramente relevante é saber se o número daqueles que têm muito baixo risco e são excluídos é superior ao número dos que têm risco elevado e são considerados dadores. Se for, então o sistema é ineficaz.

Desde há vários anos, os estudos epidemiológicos sobre VIH demonstram que a avaliação do risco em função de grupos de pessoas que partilham uma característica, seja a cor de pele, a profissão ou a orientação sexual, é sempre menos eficaz do que a avaliação baseada nos comportamentos de risco.

Acrescente-se que João Miranda não demonstra que aquilo a que chama excepçõezinhas são verdadeiras excepções e, mais grave, cita como excepção um exemplo verdadeiramente infeliz: «Se um homossexual fizer sexo protegido é muito mais seguro do que um heterossexual que faz sexo desprotegido».

Na prática, estamos todos de acordo que dar sangue não é um direito de nenhum cidadão e que o objectivo da acção do Instituto Português do Sangue deve ser garantir sangue em quantidade e com qualidade a quem dele necessitar. O que está por demonstrar é que o actual sistema de triagem é o mais eficaz para garantir esse propósito. É que, se levarmos a sério as declarações do senhor Presidente do Instituto Português de Sangue a propósito daqueles que foram violados, torna-se mais claro do que nunca que o actual sistema está assente em princípios absolutamente rejeitáveis, porque baseados em suposições, crenças e preconceitos sem qualquer base científica.

Quanto ao resto, penso que todos concordamos que o Ensino Superior pode acrescentar muita coisa, mas dificilmente elimina preconceitos enraizados como crenças verdadeiramente impermeáveis à crítica e à razão.

23 comentários:

  1. Há quem diga que quem recebe sangue de homosseuxais corre o risco de se tornar num.
    Ser gay não é ser igual a pessoas normais e isso é certo quer queiram ou não.

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  2. Caro Anónimo

    O problema central da sua argumentação é completamente falicioso e ignorante. Porque me permite perguntar, " O que é ser normal?".
    Vejamos, se normal são todos os heterosexuais que não praticam ou praticaram sexo oral ou anal, e se você se inclui nesse grupo... deve andar muito só.

    Quanto ao há quem diga... houve quem dissesse que o Sol girava à volta da Terra mas o Tom Hanks disse que afinal não era assim!
    JM

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  3. Anónimo:

    Isso que de que fala não é ciência: é feitiçaria. Vá para casa ler uns livros, ok?

    Pedro:

    Achei interessante uma pergunta que coloquei ao João Miranda (à qual não respondeu) depois de ma colocarem a mim:

    O que impede um homossexual de mentir, caso a lei funcione nestes termos? Por acaso no BI está descrita a orientação sexual? Existem testes para apurar a homossexualidade? Estes critérios deixam de fazer sentido nestas condições. Se proibirem os homossexuais de doar sangue, eles simplesmente vão omitir esta informação.

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  4. Há homossexuais que querem dar sangue? Só lhes posso tecer loas de coragem.

    Eu cá sou um mariquinhas heteressexual que não suporta agulhas.

    (Esta discussão é tão absurda...)

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  5. O Pedro Morgado rebate impecavelmente os não-argumentos do douto João Miranda. Conhecendo-o como conheço, aposto que não vai responder... Ficou sem argumentos.

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  6. Antes de tudo, é claro que o que importaria seria saber é se há ou não comportamentos de risco. Mas não só. Alguém que, por norma, faz sexo seguro, pode, numa única experiência em que isso não aconteceu, ser infectado pelo HIV ou pelo HVC. Portanto, há que por pôr a questão: O sangue colhido é ou não sempre analisado antes de ser transfusionado? As preocupações do responsável pelo IPS parecem indicar que não. A confirmar-se esta hipótese, estamos perante um caso onde a homofobia se alia à irresponsabilidade.

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  7. Eu sei que é polémico mas se fosse normal ser homosseuxual a naturexa estaria a condenar a raça humana à sua extinção. E como a natureza tende para a evolução e preservação não acredito que tenha feito um ser anómalo para acabar com a própria espécie. Por isso mesmo os homossexuais são uma minoria, uma anormalidade da natureza.

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  8. Anónimo:

    Ok, os homossexuais são uma minoria. Mas pode explicar a onde quer chegar com essa conclusão?

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  9. A estupidez também é uma anormalidade.

    E quando misturada com ignorância, então nem se fala!

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  10. É obvio que comentei para os anónimos, caso pensem que não estou de acordo com o Pedro.

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  11. A claudete não existira se os seus pais fossem homossexuais.
    Perante factos não há argumentos.
    Em vez de insultar tente rebater o argumento natural.

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  12. Pois não existiria, tem razão.

    Mas eu não discuto a minha existência, ou não existência, porque estamos a falar de doações de sangue. Não de procriação/reprodução.

    E também não estou a tentar rebater argumentos, nem o quero fazer.

    A minha intervenção foi bastante simples: anormais há muitos, sob várias formas. Resta é saber onde reside o perigo.

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  13. Eu só quero dizer que a homossexualidade não é normal.
    A natureza assim o diz.
    O resto é outro tema.

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  14. Caro anónimo estúpido. O meu pai é homossexual (e sempre foi) e eu existo! Como eu, conheço uma data de gente - os homossexuais procriam e já há imensos com descendência.
    A falta de imaginação e a ignorancia são de facto cegantes!

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  15. Caro anónimo estúpido das 14h10 se o seu pai é homossexual e procriou foi porque só descobriu a anormalidade mais tarde ou porque só saiu do armário mais tarde.
    A maiora dos homossexuais não têm relações com pessoas de sexos opostos.
    Por isso são homossexuais.
    E continuo a dizer que se a homossexualidade fosse normal a humanidade estaria em risco.
    O caso do seu pai é raro.
    E não é com casos raros que a humanidade ia resistir à homossexualidade.

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  16. Gostava que o último anónimo explicasse o que é a normalidade.

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  17. A normalidade é aquilo o que a natureza diz para cada ser.
    E se o ser humano depende da reprodução entre pessoas para continuar então não tinha lógica que a natureza dissesse que o normal é homem com homem e mulher com mulher.
    Se isto fosse normal a humanidade desaparecia.

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  18. Normal não é sinónimo de Natural.

    A normalidade foi imposta pelas regras da vivência em sociedade, pela cultura e pelo que o homem considera "cívico". Na normalidade entra a emoção e a razão.

    A natureza tem um processo formatado e que sofre mutações consoante a necessidade.

    Penso eu de que...

    (Deveriamos nós mutar as nossas regras "internas" em favor do bem comum?)

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  19. A Guevara perde a razão quando usa o argumento da normalidade e da naturalidade.
    Pelo seu pensamento a natureza ainda se vai adaptar à homossexualidade um dia.
    Pela normalidade dá-me razão.
    A maioria das pessoas não acham normal ser homossexual e ninguém gostaria de o ser.
    Pergunte a um hetero se quer ser homo.

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  20. Vai-me desculpar, caro anónimo da 19:32. Eu não pretendo tirar a razão a ninguém. Simplesmente porque gosto que todos pensem pelas próprias cabeças e neste caso particular, a razão não está do lado de ninguém. Nem meu, nem seu.

    Esta questão, da normalidade/naturalidade, não tem um sim ou sopas.

    O que eu gosto é de pôr muitas variaveis em cima da mesa e depois decidir em conformidade o melhor para mim, e o melhor para os outros (se bem que eu não decido nada da vida dos outros).

    Portanto, com o meu penúltimo comentário, só apontei as duas questões que estavam a ser debatidas nesta caixa de comentários. Ao expor vários pontos, cada um que tire as suas ilações. Se chegarmos à conclusão que é melhor cada um ficar na sua, então que seja.

    Só lhe queria deixar um último apontamento:

    Ser homo ou hetero não é uma questão de gosto. Se tivesse no seu círculo de amigos e/ou familiares homossexuais, veria o quão errada está a sua ideia sobre o gosto em escolher-se uma via.

    Eu até poderia ser homo, se assim o fosse. Eu não escolhi ser nada, simplesmente sou. Não defendo a homossexualidade como um modo de vida, tal como não defendo a heterossexualidade nem o celibato ou todas as outras formas possíveis e imaginárias. Cabe a cada um decidir-se. A cada um. Não ao vizinho do lado.

    Ainda lhe posso acrescentar, que dentro do grupo homo, eles diferenciam-se entre si quando ser homo é uma questão de moda - nalguns círculos dizem que "é bem"... Chamam-lhes bichas, maricas , paneleiros, gayzolas, mariconços, etc.

    Para terminar, sobre a questão das doações de sangue, conheço muito boa gente, hetero, muito mais promíscua (suja, obscena, etc) que todos os meus amigos homossexuais juntos.

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  21. A discussão a propósito da não aceitação de dádivas de sangue por parte de homossexuais assumidos transformou-se numa espécie de luta crispada nas últimas semanas.

    Subjacente ao tema, e tendo como aparente ponto de partida a defesa da saúde e do bem comum alicerçada em critérios "estritamente" científicos, está um velho discurso sobre o valor do sangue e da dádiva da vida e a crença de que alguns, "naturalmente", terem o sangue "sujo" ou estarem contaminados com uma marca qualquer de um pecado indelével que os torna impuros.

    Eu por mim nunca aceitaria uma transfusão de sangue do Bruno, pela mesmíssima razão que nunca aceitaria uma dádiva de sangue do Zézé Camarinha.

    Ou seja, comportamentos de risco, parceiros múltiplos, promiscuidade assumida, não utilização de preservativos.

    Nada que tenha a ver com a orientação sexual.

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  22. A guevara acabou de me dar razão.
    Eu não digo que ser homo é uma opção.
    As pessoas nascem assim.
    Mas é uma anormalidade da natureza.
    Se fosse normal a humanidade já não existia.
    E isto ninguém pode mudar.

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  23. "Eu por mim nunca aceitaria uma transfusão de sangue do Bruno, pela mesmíssima razão que nunca aceitaria uma dádiva de sangue do Zézé Camarinha.

    Ou seja, comportamentos de risco, parceiros múltiplos, promiscuidade assumida, não utilização de preservativos."

    Está a falar de quem?

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