© Tom Coates
A patetice dos últimos dias tinha a ver com a Câncio e a sua alegada (pelo Expresso) obrigação de fazer uma declaração de interesses, não no seu trabalho como jornalista, mas nas suas manifestações públicas enquanto colunista, blogger e twitterer - enfim, como (livre) opinadora. Como se uma pessoa não soubesse ao que vai, quando a lê ou a ouve; tal como sabe quando lê ou ouve o Marcelo, o Pacheco Pereira e tantos outros.
Ainda nem a do caso Câncio amansou e já surgiu outra: o dress (e smell) code imposto pela Loja do Cidadão de Faro. Parece-me que é uma mera questão de bom senso. Não sei o que é que provocou esta ordem, pois pela lista de proibições até dá a ideia que a Loja do Cidadão de Faro é (tem sido) um bordel. Mas certamente que não há circunstância alguma que desculpe ou justifique esta ordem. Em todo o caso, a reacção do Manuel Alegre é exagerada.
“é uma coisa de cariz fascizante, totalitário, contra a liberdade individual”. [...] Alegre frisa que “estas coisas são sinais” e “multiplicam-se estes sinais”
O dress code vs liberdade é um non sense. Basicamente, na tese do Alegre, qualquer funcionário público, como um varredor, um juíz ou um polícia, está a ser vítima de um aterrorizador fascismo, pois utilizam um qualquer tipo de ostracizante uniforme. Eu tenho um enorme respeito pelo Manuel Alegre, mas considero esta reacção totalmente descabida. Espero que a associação disto a "sinais" - qual majestosa conspiração - não seja um sinal de que esteja, ele, a ficar "ché ché".
Jorge,
ResponderEliminarA questão é mais complexa do que parece. Não me choca a obrigatoriedade de um médico estar vestido com bata ou um polícia com farda, mas por exemplo acho incorrecto que haja hospitais que apenas disponibilizem batas de apertar à frente porque elas são verdadeiramente desconfortáveis para a grande maioria dos médicos...
Do mesmo modo, não me choca que a Loja do Cidadão criasse uma farda para as trabalhadoras. Já impor-lhes um certo modo de vestir é, de facto, fascizante porque implica um juízo de valor sobre o gosto de cada um.
Ou será admissível que a Loja do Cidadão de Faro deixe de permitir que os senhores usem brincos, por exemplo?
Abraço,
PM
A mim também não me choca que se utilizem fardas. Segundo li, já não sei onde, fez-se a experiência em 1999 (nas Lojas do Cidadão) e ficava caro.
ResponderEliminarAcho que o bom senso funciona para os dois lados. Como referi, eu não sei o que é que (ou se alguma coisa) provocou esta ordem. A ordem implica um juízo de valor, é certo. Mas vejo-a mais no plano do excesso de zelo, do puritanismo. Será fascizante, no sentido de autoritarismo. Mas deste sentido a que aludo, ao sentido que o Manuel Alegre - "totalitarismo" lhe dá vai muito. Que seja um sinal de puritanismo e moralismo, na forma de abuso de poder. Mas é pontual e numa mera repartição pública. Não vejo sentido no alarido do Alegre.
Devo discordar de si, novamente, é preocupante quando se tem de passar para papel o bom senso, e para mais de forma tão detalhada.
ResponderEliminarÉ preocupante quando passa para regra imposta. É uma limitação da liberdade e democracia.
Sem dúvida Judite. Mas não faz parte de uma conspiração para trazer de volta o fascismo e o totalitarismo. Essa parte, na minha opinião, é um enorme exagero.
ResponderEliminarAbaixo as fardas!Fardas só nas policias e na tropa...
ResponderEliminarO Estado não é a privada que "impõe" segregando ou despedindo o pessoal também em função dos seus usos e costumes.
Eu sou mais do "cabelo comprido" do que do brinquinho dos homens (mera paneleirice...), mas é repugnável qualquer repressão do Estado sobre um seu funcionário por esse motivo.Já agora, sou pela obrigatoriedade do uso das calças jeans pelos homens,na função pública, já agora de boa qualidade, pois era a forma de não gastar com tal vestuário...
Mas o Estado está tão roto que impôs uma farda nas Lojas do Cidadão e agora desistiu da ideia porque não tem graveto para aquele fim.É bem feito, que deixe lá as minudências...