Há dois factos que, independentemente de estarem ou não relacionados, são muito curiosos: as notícias que visam atingir o INEM têm-se multiplicado desde que os técnicos de ambulância entraram em campanha pela criação de uma carreia de «paramédicos». A ideia dos técnicos de ambulância de emergência é dar 1.500 horas de formação aos técnicos de ambulância e colocar grande parte das emergências nas mãos desses profissionais sem qualquer formação académica.
A proposta não me parece brilhante e não lhe encontro qualquer benefício para lá da poupança que a desqualificação do serviço de emergência poderia acarretar. Se até agora os governos têm justificado praticamente todas as medidas na área da saúde com a suposta falta de profissionais qualificados, nesta matéria esse argumento é completamente vão. É que, há enfermeiros no desemprego em número suficiente para assegurar o funcionamento de todo o sistema de emergência nacional.
Se a moda pega, o governo ainda troca os Engenheiros Civis dos serviços do Estado por pedreiros com 1.500 horas de formação...
Bem, este artigo mostra acima de tudo um corporativismo enorme.
ResponderEliminarComo técnico de emergência do INEM considero que esta instituição não existe para dar emprego aos enfermeiros.Ou será que sim?
Era o que faltava.
Portugal é uma país de luxos e por esse motivo temos médicos e enfermeiros na rua a fazer socorro em part time e depois vê-se no que dá.
Viaturas inoperacionais por falta de pessoal, porque ou fazem operações e atendem nas urgências ou andam na rua.
Os principais inimigos dos enfermeiros são os enfermeiros.O mesmo profissional pode ter vários empregos mas aí calam-se.
Então os que nem sequer têm emprego?
Nos países desenvolvidos TODOS os técnicos de emergência são paramédicos.
Profissionais formados especificamente para aquele serviço.
Não consta que os EUA e o Canadá tenham mau serviço, pelo contrário.
Quem perde com estas capelinhas e falta de pessoal são as pessoas.
Os médicos e enfermeiros não têm formação base para emergência ou seja, a formação deles é tal e qual a nossa, passam pela mesma formação no INEM.Qualquer TAE percebe mais de emergência do que um médico e enfermeiro normal.
Essa comparação entre engenheiros e pedreiros é ridícula e mostra que não está a par do que se faz na rua.
Como médico você acha que sabe fazer um levantamento em bloco ou uma extracção imediata?
Ai não?Não tem formação académica?
Está a ver como cai nos seus argumentos?
Os profissionais de saúde aprendem quanto muito um TAT que nem para dar oxigénio a um doente serve.
É por haver capelinhas que as pessoas do interior não têm socorro garantido.
Sabe quem apoia a criação dos paramédicos?
A associação de emgergência pré hospitalar que por acaso é dirigida por um médico.
Mas este conhece a realidade e sabe o que diz.
Essa é a diferença.
Não tenhamos ilusões, não obstante a intervenção que vem sendo feita pelo Estado no sistema financeiro, os neoliberais de todos os matizes querem mesmo reduzir a despesa pública à força, mesmo com pior serviço público e menor qualificação e esses novos técnicos. necessariamente, ganharão menos que os enfermeiros...
ResponderEliminarTodas as classes profissionais estão em causa, excepto os médicos, porque,habilmente, o seu loby sempre conseguiu impôr numerus clausus nas admissões em medicina...E isso durará ainda largos anos!Lá que a direita o fizesse ainda se compreendia mas o PS, que ainda há pouco dizia "que as pessoas não são números"?
Já não há conserto...
«Como técnico de emergência do INEM considero que esta instituição não existe para dar emprego aos enfermeiros.Ou será que sim?»
ResponderEliminar«Nos países desenvolvidos TODOS os técnicos de emergência são paramédicos.»
Acho que não percebeu completamente o que o Pedro pretendia dizer.
Seguramente que um enfermeiro estará, à partida, melhor preparado para receber uma formação que é meramente completementar e que, tal como já assim funciona com as várias "vertentes" da enfermagem, poderia ser ministrada durante o próprio curso. Seguramente não está a querer afirmar que um advogado, um engenheiro ou um economista estão melhor preparados para sequer receber essa formação.
É evidente que não se está a dizer que se deve descartar quem já a recebeu. Mas é assim tão escandaloso pensar que existe um grupo de pessoas com qualificações de base, que deveriam ter prioridade no ingresso dessa carreira?
Se é verdade que alguém com 1500 horas saberá fazer um série de "truques" práticos que se aplicam a uma generalidade de situações, qualquer que seja o problema; é óbvio que alguém com formação mais completa, de enfermagem ou medicina, apreendendo esses "truques", acabam por ser full-fledged magicians, pois, inevitavelmente, terão a capacidade de melhor entender o problema, de melhor informar o hospital, de melhor informar os médicos que vão tratar o doente e, se for necessário, de fazer algo que alguém com 1500 horas de formação em (apenas) emergência médica não sabe.
Seguramente não pode estar a querer convencer-nos de que 1500 horas são suficientes; e, sobretudo, não pode estar a querer convencer-nos de que existe algo como "conhecimento a mais".
JLS sabe o que se faz no EUA, no Canadá?
ResponderEliminarOs supra sumo da emergência pré hospitalar.
Sabe quem faz emergência na rua?
PARAMÉDICOS!
E se por acaso um enfermeiro ou um médico quiserem ser PARAMÉDICOS têm de fazer EXACTAMENTE a mesma FORMALÇÃO que um leigo que também queira ser paramédico.
Aquilo que se pode fazer em pré hospitalar está definido ou seja, ninguém inventa e só se faz aquilo que está no âmbito da competência.
Durante muitos anos os médicos diziam que os enfermeiros das vmer e os TAS não podiam usar o desfribilhador.Mesmo sabendo que qualquer pessoa pode usar aquilo com o mínimo de formação, tanto é que agora o INEM quer permitir esse acesso.
Os principais inimigos desta medida sempre foram os médicos, sempre!
Posso pergutar qual é a formação em socorrsimo de um recém licenciado em enfermagem e medicina? 0! Sabem 0!
Eu tenho o 12º ano e recebo constantemente formação no INEM para desempenhar a minha função.
Igual ao que se faz lá fora nos países mais desenvolvidos.
Se calhar querem dizer-me que os EUA e o Canadá estão errados e a ordem dos médicos portuguesa é que está correcta.
Ainda não me responderam à pergunta se o INEM SERVE PARA DAR EMPREGO AOS ENFERMEIROS.
Vocês ainda não perceberam uma coisa.
No pré hospitalar o paramédico e o enfermeiro não fazem o trabalho do médico na urgência.
Saão competências diferentes.
Caro Anónimo,
ResponderEliminarReveja os seus conceitos.
1. Existem paramédicos em vários países "desenvolvidos" é um facto. Mas em quantos desses países não é exigida NENHUMA formação académica?
2. Em que contexto surgiram nos EUA? Num contexto de falta de profissionais de saúde que não se verifica em Portugal.
3. Não me fale do Sistema de Saúde Americano porque eu não o quero para Portugal. Se você gostava de deixar milhões de pessoas sem sistema de saúde é um problema seu, mas não conte comigo.
4. O INEM não serve para dar emprego aos enfermeiros. Estou totalmente de acordo. No entanto se existem PROFISSIONAIS QUALIFICADOS que podem executar aquelas tarefas com 210 horas de formação, para quê investir em 1500 horas de formação??? Para POUPAR DINHEIRO, DESQUALIFICANDO O SERVIÇO?
««E se por acaso um enfermeiro ou um médico quiserem ser PARAMÉDICOS têm de fazer EXACTAMENTE a mesma FORMALÇÃO que um leigo que também queira ser paramédico.»
ResponderEliminar«Posso pergutar qual é a formação em socorrsimo de um recém licenciado em enfermagem e medicina? 0! Sabem 0!
Eu tenho o 12º ano e recebo constantemente formação no INEM para desempenhar a minha função.»
Por mim estou esclarecido.
Alguém com formação superior na área da saúde não tem, de maneira alguma, melhores capacidades para ser paramédico.
É um pouco como dizer que o mecânico da esquina, que "arranja tudo", sabe mais de mecânica do que um engenheiro mecânico. Tem um saber, prático, mas muito limitado.
É um pouco como ter engenheiros a desenhar casas. Ou não se riu disso? ;)
Conforme a área, pode-lhe chamar criatividade, ter horizontes mais alargados, perspectivas mais amplas, entendimento mais completo da questão, ou o que quiser.
A verdade é que há um enorme grupo profissional a quem não é oferecido emprego, apesar de haver uma necessidade generalizada das suas capacidades em todo o sistema de saúde.
Ignorar isso e as suas superiores capacidades é absurdo. Certamente os EUA não permitem, com a mesma negligência que nós, que tantos licenciados acabem os cursos sem perspectivas de emprego. É que é tão simples como diminuir as vagas.
Não ignorando isso, é apenas natural que se reconheça que um enfermeiro está à partida melhor qualificado para receber essa formação. Como disse, os enfermeiros, desde muito cedo, escolhem vertentes, áreas de especialização. É tão simples como oferecer esta como uma área de possível especialização. Isto, claro, para os que ainda não são licenciados.
Acho que subestima imenso o significado de ter conhecimentos académicos superiores numa determinada área. É que podem perfeitamente não ter recebido formação nessa área, mas toda a formação que receberam vai permitir-lhes ter um melhor entendimento e uma aprendizagem muitíssimo mais célere, do que alguém que sem qualquer espécie de formação.
Isto é mesmo um no-brainer. Médicos, economistas, advogados, juízes, engenheiros, todos recebem uma determinada formação, quando estudam nas faculdades. Mas o conhecimento evolui, as leis mudam, as técnicas progridem. Simplesmente têm de se manter actualizados. Requer tempo e dedicação, mas um músculo ou um tendão não vão sair do "sítio", só porque o tempo avançou.
Para quem tem um conhecimento avançado numa determinada área, qualquer que ela seja, asseguro-lhe que não são necessárias "1500 horas", para que essa pessoa forme um entendimento e adquira as competências necessárias para o desempenho dessa função. Desgraçadas estariam essas pessoas se assim fosse.
Pedro
ResponderEliminarVamos ser realistas, uma ambulância não é propriamente um serviço de urgências e muito menos um bloco operatório com toda a panóplia de especialistas e equipamentos que ali são necessários.
Uma ambulância é basicamente uma célula sanitária, com alguns equipamentos de suporte básico de vida e cuja função é o socorro pré-hospitalar. Eu refiro pré-hospitalar, porque é isso mesmo que é feito pelas ambulâncias. Não estás a ver uma operação a ser efectuada na mesma.
Vamos ser realistas, isto é quase como comparar um muro a uma barragem, concerteza que ambas são obras de engenharia. Uma barragem garantidamente terá muitos engenheiros um muro também garantidamente, não terá nenhum.
Pode parecer uma comparação absurda quando estamos a falar da vida humana mas esta é a realidade.
Quanto ao lóbi dos médicos, concordo plenamente, é tão só o mais poderoso do país com os custo astronómicos que todos conhecemos e que todos pagamos. Fazer 48 horas seguidas ao fim de semana numa urgência, é normal para os médicos, gostava que me explicassem como.
Quando há alguns dias a propósito da gripe uma senhora dizia que tinha estado 22 horas à espera e que das 04 às 08 da manhã ninguém tinha sido chamado é só o normal em muitas urgências. Chamar um especialista (do seu descanso no hospital)só em casos verdadeiramente muito graves (de manhã tem que trabalhar no privado).
Dou-te um exemplo porque fácilmente o poderás confirmar. No famoso caso de Favaios (Alijó)na gravação que é ouvida (e muito pouco comentada nesta parte, apesar da gravidade da mesma)a operadora do INEM pergunta à Médica da VMER quando se apercebeu que a sua vontade de sair não era muita:
-Oh doutora quer que dê a VMER como inop?
Não sou técnico, não trabalho em ambulâncias, já fui vítima grave e socorrido de uma forma espectacular quer no acidente quer nas urgências do Hospital, atrevo-me a dizer que melhor seria impossível e sinto que fui tratado como a pessoa mais importante que naquele momento estava no Hospital.
E com a mesma franqueza que publicamente faço este meu elogio, digo que também vi nessas mesmas urgências, autenticos atentados nomeadamente nos períodos nocturnos e até quando há jogos de futebol.
Sabes porquê? Porque sou pai e porque na minha profissão não raras vezes tenho que me deslocar às urgências do hospital, como há pouco tempo com um colega de serviço.
Eram cerca das 5 horas da manhã quando o acompanhei às urgências com uma rotura de ligamentos, tendo sido observado por uma médica que lhe disse que tinha que ser visto por um especialista (ortopedista). O funcionário do hospital logo garantiu que ela não se atrevia a acordá-lo e que só na mudança do turno às 08 horas ele seria visto.
O que é grave é que se confirmou, foi chamado às 08H10.
Palavras para quê.
"2. Em que contexto surgiram nos EUA? Num contexto de falta de profissionais de saúde que não se verifica em Portugal."
ResponderEliminarÉ RIDÍCULO!
Vocês falam daquilo que não sabem e ainda se acham com razão.
Os EUA eo Canadá têm paramédicos porque não têm médicos?
E será que mesmo que tal fosse verdade,o pré hospitalar deles não é o melhor do mundo?
É de rir.
Olhe meu caro, os países que enunciei são apenas alguns mas posso dar mais exemplos: Inglaterra, Austrália, ´Suécia, etc.
Nenhum deles coloca médicos e enfermeiros na rua a fazer socorro.
Nenhum!
O socorro deve ser feito por técnicos especializados para o efeito e se de efermeiros se tratassem teriam de receber exactamente as mesmas 1500 horas de formação porque na rua não se trata de mudar a fralda ou colocar arrastadeiras.
Olhe fale com pessoas que trabalham na área e que estão acima das capelinhas.
Se nós TAE não aplicamos o desfribilhador para salvar vidas deveu-se a a posições dessas.
Vocês apenas querem defender a vossa capelinha nós queremos salvar vidas.
E termino assim: sendo você médico, quer comparar comigo a sua formação para fazer pré hospitalar?
Olhe que as minhas 1500 horas iriam dar-lhe uma baile daqueles.
Meta na cabeça que as nossas competências estão ajustadas ao serviço que prestamos.
Ponha os olhos no que se faz no mundo desenvolvido.
Quando falamos com pessoas de outros países em congressos perguntam-nos se não precisamos de médicos nos hospitais porque eles andam na rua.
Nós apenas dizemos que muitas das vezes percorremos centenas de KM porque os centros de saúde fecham por falta de médicos.Eles ficam de boca aberta.
Já para não falar nas VMER que estão paradas por falta de médicos.
Com paramédicos não no resumiríamos apenas a 1 ou 2 vmer por cidade.Cada ambulância por si só seria uma vmer.Quem ganha?O cidadão.Quem perde? Os corporativismos e ainda bem.
É o resultado de quem quer luxo.
. "Não me fale do Sistema de Saúde Americano porque eu não o quero para Portugal. Se você gostava de deixar milhões de pessoas sem sistema de saúde é um problema seu, mas não conte comigo."
ResponderEliminarEsqueci-me de comentar esta parte.
Aquilo que se passa é precisamente isso em Portugal.
No pré hospitalar há cidadãos de 1ª e de 2ª.
Enquanto que no litoral há de tudo do bom e do melhor, em trás os montes (onde estou neste momento a trabalhar numa siv) não há nada.Apenas pessoas sem direito a socorro.O mínimo.
Porquê? Os tais doutores não querem trabalhar no fim do mundo.
Sim em Portugal há pessoas que não têm uma ambulância quando é preciso.Nos EUA e no Canadá têm suporte avançado de vida no local feito por paramédicos.Mas estes não são exemplo para ninguém não é?
INEpM= instituto nacional de emergência paramédica!
ResponderEliminarO Sr Técnico de Emergência confunde horas de formação com SABER, enquadramento teórico com esperteza, emergência com acidentes de viação, responsabilidade com fardamento.
Estou plenamente de acordo com o Dr Pedro. Poupar dinheiro desqualificando o serviço já se faz noutros sítios da saúde. Por isso o Presidente ou lá o que é do INEM advoga tais posições.
Transformem o instituto noutra porra mas tirem de lá o nome EMERGÊNCIA MÉDICA.
Toninho Regadas