Com um 2009 a cheirar a fresco, há que contar velhos hábitos e monges. Em ano de eleições para quase tudo quanto é instituição democrática digna de sufrágio universal, esperar-se-ia renovação de actores, porque não dizer de"músicos". Não é, no entanto, o que se consta do barulho de bastidores que precede o leilão de cadeiras. Correndo as listas, nada de novo. E no que ao poder local minhoto diz respeito, nota-se este síndrome incontornável de mick jagger, de gente cuja auto-noção de talento interminável faz prolongar a sua actuação em palco, de tal modo que nem imaginam viver e fazer arte noutros lugares, ou ver a sua arte feita por outras pessoas.
Mas entre Divas e Decanos sem percepção dos limites, que por muita canção nova que lancem fazem por guardar-se dos velhos singles com que construíram carreira, pior é o coro paradoxal de fãs e seguidores leais, a pedir encore atrás de encore. Se Joaquim Barreto, líder da Distrital Socialista, por exemplo, ganhar as próximas eleições autárquicas em Cabeceiras de Basto, poderá completar 20 anos de mandato à frente da edilidade - por ali deve ficar. Mas nada que se compare ao seu camarada de Braga, Mesquita Machado, cuja tournée conta quase tantos ou mais anos que a Democracia em si. Tanto tempo que, em democracia, tem como principal adversário alguém que nunca conheceu outro presidente que não ele...
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Bem vindo, bem vindo, bem vindo!
ResponderEliminarMais logo comento mais extensamente.
Abraço,
PM
Esperar-se-ia que no primeiro texto regular não escrevesse "esperaria-se".
ResponderEliminarEspera-se que não se repita.
São os políticos profissionais, Vítor. Pessoas que até podem ter talento para a coisa e serem muito dedicadas, mas não se lhe conhece vida própria fora da política. Se a tiveram, já terão perdido a prática; se nunca a tiveram, não vai ser agora que a vão ganhar e, se o fizerem, é provável que seja pelo suspeito mecanismo de carreira privada com cunho político-partidário.
ResponderEliminarQuando isto acontece, os detentores de cargos públicos não está a concorrer para o privilégio de servir a causa pública: estão a lutar pelo seu ganha pão. É de espantar que se perpetuem no poder como se de um emprego se tratasse?
Vítor,
ResponderEliminarCuriosa comparação. Ainda assim prefiro o Jagger.
Já agora, uma pequena correcção: se abstrairmos os parcos meses de governação camarária do Pe. Sousa Fernandes, ninguém conheceu outro Presidente da CMB... em democracia.
RR
[Peço desculpa, Edite Star, pelo lapso. Corrigido. É a força de alguns maus hábitos de infância.]
ResponderEliminarHelicóptero. Não posso estar mais de acordo, na maioria dos casos, contigo. Já tentei dar uma explicação do mesmo em crónica nesta Avenida. A política nunca devia ser um lugar de carreira e bolsa de oportunidades, mas sim (e apenas) palco de discussão interessada e genérica da Sociedade Civil.
Caro Ricardo Rio:
Não rejeitando a correcção, referia-me na prática, não me parece que, com 2 ou 3 anos de idade, o meu caro se lembre do Pe. Sousa Fernandes em exercício na Câmara Municipal... E provavelmente já toda a gente esqueceu.
«poderá completar 20 anos de mandato à frente da edilidade - por ali deve ficar.»
ResponderEliminarNão é "por ali deve ficar". Para além daí não podem ir, pois desde 2006 que existe limitação de mandatos.
Só se poderão candidatar de novo quatro anos depois.
O Víctor escreve bem e também pensa bem. A minha vénia por essa dupla qualidade.
ResponderEliminarMas não queira renovar só por renovar que a idade e a juventude têm iguais méritos. São iguais na diferença, e só.
Transparece do espírito do texto a ideia do antes nós do que eles, e isso é muito pouco. Ou há politica, da boa, no que se diz quando se aborda o tema, ou, então, é melhor falar de literatura.
...Pois, são os cotas!, mas os jovens costumam gostar muito de dinossauros...
Eu próprio, que ando em busca de uma adequada social-democracia, encontro, em Braga, uma alternativa à social-democracia reinante que contém, no saco comum,a veneranda monarquia, os ilustríssimos ultra-liberais, os católicos mais santamente reaccionários,uma sublime minoria de sociais-democratas; e, como em todo lado,adivinha-se que haja, também, alguma escória oportunista.
Não subestimo o Sr Dr Ricardo Rio. O pior são os compromissos que se têm de fazer.
Respeitosamente,
Fernando Castro Martins
Já sabemos que a democracia é imperfeita. A limitação de mandatos já devia ter sido instituída há largos anos. Se esta limitação de mandatos não existisse para a Presidência da República ainda hoje Ramalho Eanes era presidente. O direito serve, exactamente, para aperfeiçoar a democracia.
ResponderEliminarCaro Vitor,
ResponderEliminarAinda hesitei em alertar, não fosse essa uma das alterações do "tais" acordo.
Fernando Castro Martins.
ResponderEliminarAgradeço-lhe as palavras, mais uma vez.
De verdade, não tenho nada contra "cotas", gente de maior ou menor idade - também porque para lá caminho. Apenas fiz uma reflexão sobre o tempo de uma agenda pessoal(izada).
Também não tenho na minha agenda, fazer pela eleição de Ricardo Rio. Terá ele de esgrimir os seus argumentos com o eleitorado. O Enought Mesquita não pode ser o único mote à alternativa.