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Juntas Médicas (II)

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Não querendo particularizar, é preciso ter cuidado com as análises emocionais que se fazem dos diferentes casos: as histórias apresentadas nunca são sujeitas a nenhum tipo de contraditório. E gente a tentar aproveitar-se do sistema para uma reforma antecipada é o que não falta em Portugal.

Assim escrevi em Novembro de 2007, na sequência da polémica criada em torno da recusa de uma reforma antecipada por uma Junta Médica. O tempo acabou por nos dar razão e eis que, miraculosamente, a dita funcionária foi curada por obra e graça das alminhas e do Bom Jesus de Braga, ele mesmo!

Em reacção à notícia do milagre causado pela ameaça de processo disciplinar, Vital Moreira sugere a instauração de um processo disciplinar à médica que atestou «a suposta incapacidade da senhora» e critica os media «que levianamente levaram a sério a óbvia trapaça», sem fazer qualquer referência à intervenção directa do Ministro das Finanças neste assunto.

Convém não esquecer e deve relembrar-se para memória futura que, em reacção à «óbvia trapaça» difundida pelos media, o senhor Ministro das Finanças deu instruções à ADSE «para que funcionária continue de baixa médica e não tenha que se apresentar ao serviço na junta de freguesia.»

8 comentários:

  1. Pode não acreditar mas este post é mais do que previsível.
    Após imensas notícas que vieram a público demonstrando o proteccionismo à classe médica, é óbvio que esta notícia surgiu como uma escapatória para quem só vê a sua capelinha à frente.
    Esta suposta burla não amnistia todos os erros e demonstrações de desumanidade nos restantes casos já comprovados.
    Alías, é vergonhoso que o governo diga que é necessário contratar médicos estrangeiros apenas porque os mercenários que por cá andam só querem meter ao bolso.
    Essa é a realidade infelizmente.Aqueles que são formados com o dinheiro de todos acabam por servir uns quantos apenas.Bem diz a ministra que é hora de mudar comportamentos.
    Sintomático também é o relatório que passa um raspanete à gestão dos hospitais e ao próprio SNS.
    A classe dos protegidos conseguiu sempre o que quis através de ameaças veladas e outras tantas chantagens mas nunca em benefício dos utentes.Os hospitais são geridos por eles, até a ministra é uma compincha (que de vez em quando resolve cascar nos amigos).Acham-se demasiado bons para terem como ministro um comum plebeu.
    Pergunto, estes senhores estão cada vez melhor, têm cada vez melhores condições, mas o SNS está à beira do caos.
    A culpa é de quem?Dos utentes?Será que todos os minsitros foram incompetentes?
    Venham daí os médicos de leste e da Guatemala.Pelos menos esses são humanos.

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  2. Caro António,

    É uma pena misturar os assuntos e fazer generalizações manifestamente excessivas.

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  3. Caro Pedro, quanto à generalização não deixo de considerar que porventura serei um pouco injusto com os bons profissionais.Mas perante a realidade desta classe os portugueses não podem deixar demonstrar indignação.Aliás, diga-me lá em que pontos não tenho razão naquilo que digo?Esta classe nunca fez uma única manifestação ou greve contra as condições que os utentes enfrentam, mas contra as horas extra, salários, controlo de assiduidade, etc.
    O anterior ministro foi saneado pela própria classe, quer se queira quer não.
    A gestão dos hospitais é caótica (e não sou eu que o digo), a falta de médicos devido à sangria para os privados é brutal, o ministério da saúde absorve recursos infindáveis...E eu pergunto: de quem é a culpa?Dos outros? Sempre?

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  4. Mas como foi possível um logro de vários anos?

    Qualquer coisa aqui não bate certo...

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  5. Caro António

    Sem querer comentar as atitudes dos médicos portugueses, que não era o tema em questão, reflicta um pouco sobre isto.

    Já alguma vez viu outra classe profissional a lutar pelos direitos daqueles que serve em vez de lutar pelos seus próprios direitos e condições de trabalho.

    Exemplos:

    - Notários de greve porque os utentes pagam custos elevados por um carimbo ou esperam dias e horas intermináveis para aprovar um documento...

    -Polícias grevistas, revoltados com o facto de haver cidadãos que fazem queixas à polícia de crimes e ainda são gozados porque aquela queixa nunca vai ter provimento...

    Caminonistas, parados na berma da estrada porque os preços que cobram no transporte inflaciona o preço em 10x desde o produtor até ao consumidor

    A verdade é que há muitos bons profissionais de saúde neste país.
    E como em todas as profissões médicos que usam e abusam da sua posição decisiva em alguns momentos críticos na cadeia de tratamento dos doentes. Este é um fenómeno que acontece em todas as profissões, sobretudo em quadros superiores. Negar isto é negar o óbvio e denota um autismo insuportável. Imputar todos os males do SNS aos médicos, é também um sofisma ingénuo.

    Mas atente, que há também muitos (demasiados!) utentes do SNS que usam e abusam deste para ter os seus benefícios próprios, sem se preocupar um instante que seja, na pessoa ao seu lado e que está mais necessitada. Tal como há utentes que cumprem as regras.


    Criticar é fácil... construir é que é difícil.

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  6. Para mim, é mais que evidente que são uma classe protegida. Sim a administrações privadas; Sim a médicos da Guatemala, Cuba e outros que tais; Sim a cartões de ponto; Sim a gestão profissional da saúde. Melhor ainda, sim à privatização do Estado. Isso sim, era audacioso!

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  7. "Boa" António.
    Os Médicos são uma seita ingovernável que chupam até ao tutano os bens públicos e são os únicos culpados da situação a que isto chegou.
    Podia arranjar outros bodes expiatórios.

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