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Excesso de Vagas e Enfraquecimento da Classe Médica

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Joaquim Cerejeira, no Linha do Horizonte, descreve com muita clareza o perigo do enfraquecimento da classe médica, essa evidente obsessão do Ministro Correia de Campos:

«A grande questão que me preocupa não é, de modo nenhum a introdução de medidas impopulares para os médicos na reforma da saúde. Antes pelo contrário, penso que elas são importantes e devem ser implementadas para por fim a abusos que todos conhecemos (e que são transversais à função pública). A minha preocupação situa-se nos efeitos graves que o enfraquecimento do poder da classe médica poderá vir a ter na relação médico-doente. Qualquer acto médico tem que ser centrado numa relação de confiança entre o doente e o médico, relegando a instituição hospitalar para um papel de suporte e de integração dos cuidados de saúde. No entanto, o que se tem vindo a assistir é uma transformação progressiva do médico num técnico que presta unicamente um serviço numa empresa (hospital) a um cliente que a ela recorre (doente). A relação médico-doente está assim a ser substituída pela relação hospital-cliente. Receio que esta alteração, embora possa ser atraente para alguns decisores políticos, não beneficie médicos ou doentes.»

9 comentários:

  1. Enfraquecimento do poder da classe médica. Mas que snob. Não há qualquer razão para a classe médica ter poder, ou mais poder que qualquer outra classe.

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  2. Não percebeu o sentido do poder neste texto, José. O que significa aqui o poder do médico é se um paciente necessita do tratamento x que custa 1000€, o médico tem o poder de prescrever esse medicamento. O que acontece agora é que os hospitais tentam evitar que esses tratamentos sejam prescritos por serem demasiado caros, o que resulta em piores cuidados de saúde especialmente em áreas mais caras e onde os tratamentos mais recentes são essenciais (como a oncologia, só para dar um exemplo).

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  3. “Para pôr fim a abusos que todos conhecemos (e que são transversais à função pública)” Aqui misturam-se dois temas e entra-se no debate que se tornou clássico ultimamente entre público e privado e em que o sistema privado aparece como “o bom”, favorecendo a apologia da privatização do SNS. Um caminho que não será o melhor, como o comprovam as experiências americana e inglesa, que estão a regressar ao modelo de sistema público de saúde e como retrata o filme SICKO, de Michael Moore. Mas não posso deixar de concordar consigo que há problemas transversais na função pública. Um deles, talvez o maior, é o das nomeações pelo critério da cor do cartão partidário e a sua total irresponsabilidade quando há que pedi-las, responsabilidades. A começar pelo ministro, conforme foi noticiado ontem e tive a oportunidade de salientar no país do burro.

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  4. «A relação médico-doente está assim a ser substituída pela relação hospital-cliente»

    Até que ponto a relação actual não é grande farmacêutica-cliente?

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  5. Caro Jam, seguramente não é... Até porque a questão das farmacêuticas não se põe tanto na medicina hospitalar mas sim na medicina de ambulatório.

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  6. O que as pessoas querem é consultas mais baratas!!

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  7. este pedro parece mais um dos que, agora que conseguiu o curso, quer é que nao haja tantos medicos para que ele possa ter menos competiçao e ganhar mais dinheiro.

    Sinceramente Pedro é ridicula esta tua atitude quanto ao excesso de vagas, quando é preciso é mais vagas e mais medicos.

    O pais esta invadido de medicos vindos da Galiza e de outros lados, porque realmente é preciso mais medicos.
    E agora tu queres menos vagas para sairem menos medicos? andas a beber?

    Eu sei o que tu queres, agora que tiraste o curso, cagas para os que querem entrar nele, pois tu ja o tens. Queres é que a classe medica continue valorizada e com grandes salarios, com grandes regalias.
    Nao queres que aconteça o que acontece na Espanha em que os medicos nao tem tantas regalias como aqui.

    Deixa de ser hipocrita.
    Usa o blogue em prol de Braga e nao em prol de prejudicar os outros por causa da tua carteira

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  8. Caro Bruno,

    Sempre que não se tem argumentos para rebater a mensagem, ataca-se o mensageiro.

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  9. Por favor formem mais médicos, aumentem os impostos e cobrem as consultas por um valor real.
    Será que é isto que o país quer e necessita?
    Julgo que não!
    É uma realizada que com o aumento disparatado das vagas nos cursos de medicina, com a chegada de médicos provenientes de outros países da UE e ainda com a falta de condições para formar com rigor, Portugal está a transformar a relação médico doente num mero acto comercial.

    Convém realçar que desta relação quem sai prejudicado não é o médico mas sim o doente que é tratado como mera mercadoria.

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