Joaquim Cerejeira, no Linha do Horizonte, descreve com muita clareza o perigo do enfraquecimento da classe médica, essa evidente obsessão do Ministro Correia de Campos:
«A grande questão que me preocupa não é, de modo nenhum a introdução de medidas impopulares para os médicos na reforma da saúde. Antes pelo contrário, penso que elas são importantes e devem ser implementadas para por fim a abusos que todos conhecemos (e que são transversais à função pública). A minha preocupação situa-se nos efeitos graves que o enfraquecimento do poder da classe médica poderá vir a ter na relação médico-doente. Qualquer acto médico tem que ser centrado numa relação de confiança entre o doente e o médico, relegando a instituição hospitalar para um papel de suporte e de integração dos cuidados de saúde. No entanto, o que se tem vindo a assistir é uma transformação progressiva do médico num técnico que presta unicamente um serviço numa empresa (hospital) a um cliente que a ela recorre (doente). A relação médico-doente está assim a ser substituída pela relação hospital-cliente. Receio que esta alteração, embora possa ser atraente para alguns decisores políticos, não beneficie médicos ou doentes.»
Enfraquecimento do poder da classe médica. Mas que snob. Não há qualquer razão para a classe médica ter poder, ou mais poder que qualquer outra classe.
ResponderEliminarNão percebeu o sentido do poder neste texto, José. O que significa aqui o poder do médico é se um paciente necessita do tratamento x que custa 1000€, o médico tem o poder de prescrever esse medicamento. O que acontece agora é que os hospitais tentam evitar que esses tratamentos sejam prescritos por serem demasiado caros, o que resulta em piores cuidados de saúde especialmente em áreas mais caras e onde os tratamentos mais recentes são essenciais (como a oncologia, só para dar um exemplo).
ResponderEliminar“Para pôr fim a abusos que todos conhecemos (e que são transversais à função pública)” Aqui misturam-se dois temas e entra-se no debate que se tornou clássico ultimamente entre público e privado e em que o sistema privado aparece como “o bom”, favorecendo a apologia da privatização do SNS. Um caminho que não será o melhor, como o comprovam as experiências americana e inglesa, que estão a regressar ao modelo de sistema público de saúde e como retrata o filme SICKO, de Michael Moore. Mas não posso deixar de concordar consigo que há problemas transversais na função pública. Um deles, talvez o maior, é o das nomeações pelo critério da cor do cartão partidário e a sua total irresponsabilidade quando há que pedi-las, responsabilidades. A começar pelo ministro, conforme foi noticiado ontem e tive a oportunidade de salientar no país do burro.
ResponderEliminar«A relação médico-doente está assim a ser substituída pela relação hospital-cliente»
ResponderEliminarAté que ponto a relação actual não é grande farmacêutica-cliente?
Caro Jam, seguramente não é... Até porque a questão das farmacêuticas não se põe tanto na medicina hospitalar mas sim na medicina de ambulatório.
ResponderEliminarO que as pessoas querem é consultas mais baratas!!
ResponderEliminareste pedro parece mais um dos que, agora que conseguiu o curso, quer é que nao haja tantos medicos para que ele possa ter menos competiçao e ganhar mais dinheiro.
ResponderEliminarSinceramente Pedro é ridicula esta tua atitude quanto ao excesso de vagas, quando é preciso é mais vagas e mais medicos.
O pais esta invadido de medicos vindos da Galiza e de outros lados, porque realmente é preciso mais medicos.
E agora tu queres menos vagas para sairem menos medicos? andas a beber?
Eu sei o que tu queres, agora que tiraste o curso, cagas para os que querem entrar nele, pois tu ja o tens. Queres é que a classe medica continue valorizada e com grandes salarios, com grandes regalias.
Nao queres que aconteça o que acontece na Espanha em que os medicos nao tem tantas regalias como aqui.
Deixa de ser hipocrita.
Usa o blogue em prol de Braga e nao em prol de prejudicar os outros por causa da tua carteira
Caro Bruno,
ResponderEliminarSempre que não se tem argumentos para rebater a mensagem, ataca-se o mensageiro.
Por favor formem mais médicos, aumentem os impostos e cobrem as consultas por um valor real.
ResponderEliminarSerá que é isto que o país quer e necessita?
Julgo que não!
É uma realizada que com o aumento disparatado das vagas nos cursos de medicina, com a chegada de médicos provenientes de outros países da UE e ainda com a falta de condições para formar com rigor, Portugal está a transformar a relação médico doente num mero acto comercial.
Convém realçar que desta relação quem sai prejudicado não é o médico mas sim o doente que é tratado como mera mercadoria.