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Eu, que não sou bandidagem, me confesso: O Cimento Dói

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As conversas de rua e de café, no escrupuloso respeito pelo superiormente sugerido, repetem em surdina o que não há coragem de vociferar com clareza. O povo gosta e repete a dose com a mesma naturalidade com que se esconjurou na recepção clamorosa dessa tal Fátima Felgueiras que, culpada ou inocente, fugiu à justiça e virou costas às leis do país.

Braga é uma terra peculiar, uma espécie de cumulado de negócios de sacristia, cujos contornos são difíceis de entender e ainda mais tortuosos de explicar. Entendo-os mas abstenho-me de os comentar, limitando-me a deleitar, mas sem narcotizar, ante a melodiosa surdina. Porque se há jornais que são boletins, também haverão muitas perversões da democracia que, não se vendo com idêntica clarividência, acabam por encantar a cidade.

Mas não nos detenhamos demasiado tempo ante visões que, por muito certas que possam estar, não são mais que um aproveitamento oportunista da maré. Braga precisa de políticos consistentes e cidadãos conscientes que saibam apropriar-se dos anseios das suas populações e que tenham mestria para penetrar no (quase) impenetrável tecido social da ruralidade concelhia, quase sempre comprometida com um socialismo de poucas causas e muitos interesses. Já a cidade, que não se deixa acobardar perante a deriva, escolherá, indelevelmente, o caminho da mudança.

É na gestão do município que devemos centrar-nos porque ela tem sido incompetente e injusta. Deixaram que se apropriassem da praça pública, da água e até do lixo, alimentando um rio de ouro cinzento. Hipotecaram o futuro num estádio que é mais cimento e que era perfeitamente desnecessário. Deixaram que o cimento tomasse os espaços nobres obstaculizando horizontes de memória, seja na Rua Justino Cruz, em S. Lázaro, na Santa Cruz ou em tantas outras esquinas cravejadas de história e afundadas em tanta construção. Cimento que custa mais que o que se investe em saúde e educação. Cimento que sinaliza, em espaços públicos, stands de automóveis mas se esquece de actualizar as placas de saída da cidade na Avenida João Paulo II (por exemplo). Cimento que não se cansa de reproduzir em construções mal dimensionadas, mal projectadas e mal inseridas no meio. Cimento que dói.

7 comentários:

  1. "dá bué, dá bué
    construção civil que negócio baril..."
    mini drunfes (artistas do que no início da década de 90 cantaram contra o sistema e agora estão dentro do sistema...)

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  2. «Braga precisa de políticos consistentes e cidadãos conscientes»

    Quem? :)

    Espero que não seja propaganda dissimulada ao PSD :P Porque esse candidato também é muito inspirador...

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  3. Pois é...é triste a realidade bracarense.
    Os mini drunfes e mão morta eram a voz dos jovens descontentes com a realidade que se vivia em braga. Eram a forma dos jovens demonstrarem a sua revolta contra a vigarice permanente do gang do mesquita. Contra a política de uma câmara que não queria saber dos jovens. Hoje o baterista dos mão morta e integrante dos mini drunfes é director na câmara - há gente sem vergonha e que se vende facilmente. Gostava dos mão morta e agora nem consigo ouvir aquilo.

    Enfim, Braga é mesmo um caso perdido.....

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  4. Eu até curto o Rio! Acho-o diferente, parece um político de melhores tempos!

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  5. Braga, um emaranhado de mau gosto, estou cansado de tanta asneira e tanto cimento. Braga, um paraiso para a cimpor(cimentos de portugal)onde estão os jardins?
    vAI-TE TRATAR, BRAGA.

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  6. ventos de mudança começam a soprar...Braga tem solução...

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  7. Confesso que embora não escreva do teu jeito (que desassossego) vou escrevendo algumas coisas...

    gostei deste teu jeito óbvio de escrever o básico com classe... Biba o Trolha.


    Beijo em ti*

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