Obras Públicas em Tempo de Crise?
© José Andrade
Que ninguém tenha ilusões: o país está em campanha para as eleições do próximo ano. Isto significa que cada qual trabalha para conquistar o maior eleitorado possível, minimizando as perdas inevitáveis sempre que é necessário optar por um outro caminho.
Enquanto José Sócrates anuncia investimento público para combater a crise e gerar emprego, Manuela Ferreira Leite opta por pedir contenção, ensejo em que é acompanhada por alguns economistas do espectro socialista. Posto isto, deve o Estado investir para revitalizar a economia ou colocar a responsabilidade desse estímulo nas mãos dos cidadãos e dos privados por via da redução dos impostos? A questão é fácil formulação, mas de difícil resposta.
Enquanto Durão Barroso propõe a descida dos impostos, Barack Obama anuncia um plano de investimentos públicos gigantescos tendo como principal desígnio a criação de milhares de novos empregos. Nesta medida, o recém-eleito presidente norte-americano é apoiado pelo laureado com o Prémio Nobel da Economia. Paul Krugman, além de prever que a crise se estenda para até depois de 2011, assina um artigo de opinião no El País em que justifica a importância do investimento público em tempos de crise.
Assumindo as obras públicas como essenciais para a recuperação económica do país, importa definir quais as prioridades de investimento, sendo indispensável que Governo e oposição concentrem esforços na sua definição. É que, se existe consenso alargado relativamente ao novo aeroporto e à rede ferroviária de alta velocidade, parece-me muito discutível avançar desde já com algumas ligações rodoviárias (por exemplo, a nova autoestrada Porto-Lisboa) e, sobretudo, com a construção desenfreada de barragens que pouco ou nada acrescentarão à resolução dos problemas energéticos nacionais.
Vital Moreira tem razão quando defende a prioridade ao investimento público. Só falta definir com muita clareza em quê.
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É óbvio!
ResponderEliminarEm principio deve-se entrar em contra-ciclo!Mas com que opções?
Obras públicas?Mais do mesmo?
Mas se não fôr aí, é onde?Na produção?Mas o Estado vendeu tudo em razão da filosofia liberal reinante...
Encher os bolsos aos empreiteiros?
Outra vez?E se voltassemos à agricultura?Outra auto-estrada Porto-Lisboa?Passo lá algumas vezes e não se justifica...Quanto muito , algumas "variantes" em alguns estrangulamentos e a terceira faixa em toda a sua extensão(falta pouco).
Alta velocidade em comboios?Alguma, mas para ganhar meia hora na viagem Porto-Lisboa gastar uma fortuna?Não era preferivel a construção de uma ligação Porto-Vigo para uma hora e meia(já chegava)?
Pronto, há o aeroporto.Ok.
Mas investir em que mais?Alguém que diga...
desde 1929, com o new deal, que a melhor solução é o investimento público, mesmo provocando défice orçamental.
ResponderEliminaracho que o melhor investimento público que se poderia fazer seria a criação de linha ferroviárias que ligassem sines a madrid, assim como uma estrada ou auto-estrada decente.
ResponderEliminarcriar centrais energéticas limpas públicas.
já agora, e falando em crise.. o pretroleo baixa, o combustivel nao baixa assim tanto, mas.. e o resto??
o pão, os transportes, o gás... nada?
O grande investimento público que era necessário realizar seria a reconversão de toda o parque construido do país bem como as redes que o servem. Reconverter aqueles em que tal fosse possível, aumentando a sua eficiência energética, melhorando as redes de água de forma a minimizar ao máximo os desperdícios. Isto permitir depois quando se atingissem níveis mínimos de eficácia, definir as reais necessidades energéticas do país e quais as vias necessárias para as satisfazer.
ResponderEliminarCaro contra corrente,
ResponderEliminarCom a alta velocidade vai se ganhar bem mais do que meia hora..