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O Triunfo dos Porcos

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Ainda que possa não passar de uma delirante profecia, a mudança do regime político-partidário português pode estar mais perto do que o imaginável. A democracia não mais existe tal como no-la prometeram num passado não muito distante. O que resta não passa de uma oligarquia em que uns e outros se governam à custa de todos, num insuportável bloco central de interesses.

A agonia do desemprego e a desilusão do trabalho desqualificado para profissionais qualificados estendem-se a centenas de milhares de portugueses. Os erros e injustiças administrativos multiplicam-se com impressionante vulgaridade, do ingresso dos médicos na especialidade à seriação profissional dos docentes. As assimetrias sociais agudizam-se em cada dia de turbulência na escola pública. O sistema judicial tem-se demonstrado ineficaz no combate à evasão fiscal e na punição do tráfico de influências e da corrupção. Os lucros do sistema financeiro são repartidos pelos accionistas ao mesmo tempo que os avultados prejuízos são distribuídos pelos contribuintes.

É por estas e por outras, numa interminável lista de torpelias, que o tempo é de avolumada descrença, de acentuada desconfiança e de inaudita crise económica, social e, sobretudo, anímica. Há uns dias, o Professor Carlos Abreu Amorim contava a história de um comerciante português em Londres que lhe negou a nacionalidade. É a vergonha de ser português no estrangeiro, reflexo de um país onde, infelizmente, há demasiados porcos a triunfar.

[Texto escrito para o ComUM]

1 comentário:

  1. caro Pedro, estarei convicto de que é um adepto fervoroso da REGIONALIZAÇÃO?

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