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[Avenida do Mal] Ó Braga Nas Alturas

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Quem se emborcar nestes dias de Enterro da Gata em Braga, na sombra do maciço granítico onde se incrustou o teatro de futebol de Souto Moura, da Pedreira que olha S. Martinho de Dume, repara que dali a Vila Verde, cresce em pensamento uma potencial malha urbana que tanto faz saliva a autarcas e empreiteiros. Mas os erros de geminação do passado fazem sempre temer que a especulação faça apertadas e arrepanhadas as construções de futuro.

Se Braga se fez, nos 30 últimos anos, terceira cidade do País – naquilo que poderá significar o título e o pódio – nota-se que é tão pouco uma cidade diferente das outras no quão atarracadas são as suas ruas e jardins. O espaço público, mesmo que, na propaganda, pedonal e largo, peca porque a cidade dorme mais em redor de si que no centro. E vive por aí também. Já o coração da urbe está envelhecido, e como bom reformado, deita-se cedo e com as galinhas ( não se as estranhe, que com os preços da alimentação, não tarda ser comum a criação e as hortas na cidade dentro , e juro que cheguei a acordar mais vezes a canto de galo em Braga que em Cabeceiras).

Uma solução, mesmo que ousada no Portugal pouco acima do 4º piso e águas furtadas, passará abandonar o preconceito e olhar as vantagens da construção em altura. Não esta que medra por Braga, mas a outra que tanto nos faz lembrar as metrópoles futuristas (ou americanas ou asiáticas) como aglomerados de mão-de-obra, calabouços de cultura e criatividade cada vez mais na ordem do dia.

Não que imagine Braga como um enorme centro financeiro em Dume, como uma Dubai sem petróleo e praia – se bem que do Bom Jesus se veja o Mar- mas com no advento de uma cidade-ciência, com uma Universidade e um Instituto de Nanotecnologia, que se quer nicho de potenciais grandes empresas na Alta-Tecnologia, com todo o fervor económico que arrasta, valerá a pena pensá-la em arranha-céus que mais que símbolos de prosperidade económica – quem dirá monumentos ao capitalismo - não deixariam de ser sinónimos de qualidade de vida e um desafio à arquitectura e engenharia civil portuguesa.

Por outro lado, a concentração de serviços e pessoas em torres-formigueiro (por muito medonho que pareça o termo) rentabilizaria lotes e legaria largo espaço ao desenvolvimento de zonas verdes e aos praças públicas, para o lazer e para a cidadania. E por aí também mais fácil se tornaria encaixar a ferrovia, o metro de superfície, rodovia, ciclovia sem os exercícios mentais de demolição e de furadoiro, que nos obrigam anos seguídos a ver esta cidade crescer com vista tão curta.

14 comentários:

  1. O grande problema é que ainda não existem empresas locais (com excepção, talvez, da Primavera Software) com capacidade (e vontade)para fazer nascer tais edificios.
    Mas desde que aquela zona não seja abandonada aos patos (bravos) o futuro passará por aí!

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  2. Vitor, a minha visão passa exactamente pela que aqui expos...
    Mas infelizmente temo que toda aquela área com um potencial enormissimo será entregue aos arredores mediocres e vulgares a que nos tem habituado, em vez da aposta em novas centralidades e numa optima organização urbana...
    Só o tempo o dirá...

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  3. Então o Mesquita nao tinha reservado as sete fontes para dois edifícios de 30 andares... lol
    Sou a favor da construção de uma zona de alta densidade (emprego e serviços) em Braga. Mas a zona tem que estar distanciada do centro histórico e ser bem servida por transportes públicos quer citadinos como regionais.
    Algo próximo da estação do comboio da alta velocidade era ideal.

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  4. Braga vai ter em breve, ao que se diz, no final do Mês, mais uma vez um evento romano histórico próximo da Sé , chamem-lhe o que quiserem, mas tem graça um mercado Romano onde muitos dos participantes andam de telemóvel...coisas do progresso.Veremos se desta vez o local tem WC públicos ou os" romanos" e visitantes terão de utilizar WC dos visinhos ou ir até ao Turismo.Com pouca divulgação embora, a verdade é que tem interesse e ao menos por dias dá vida a esta zona, que se encontra morta.Veremos este Ano se vai realmente realizar-se e em que moldes...

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  5. o crescimento (e não desenvovimento) de Braga foi feito em parte à custa da sacrificação do património histórico desta cidade, pois, para Mesquita Machado, não se pode parar uma obra só porque apareceram umas pedras.
    As Sete-Fontes são o caso mais recente, onde vamos perder uma das derradeiras oportunidades de construírmos um parque verde para a cidade, ou mesmo um eco-parque monumental.
    Quando aos romanos, a aposta desta cidade foi de tal forma direccionada para a destruição do seu legado, que, mesmo para fazer a tal feira dos romanos (que até tem piada), Mequita Machado tem que importar romanos de Espanha, vejam só.

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  6. Alguém tem ideia do custo de manutenção de um arranha-ceús?

    A grande maioria dos edifícios de habitação colectiva em Portugal não tem a manutenção que devia devido a problemas de condomínio.

    Imagine-se em edifícios desta altura com centenas de condominos...

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  7. E o Centro Histórico?

    Como o de qualquer outra cidade histórica o custo dos imóveis é muito elevado.

    Resultado: Só o comércio das grandes cadeias tem capacidade financeira para se instalar nestas áreas.

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  8. Construção em altura é a solução? Para uma cidade de 170 mil habitantes? A qualidade de vida mede-se pela altura da construção?
    Tanta asneira! Onde prefere viver? Num prédio de 8 vizinhos ou numa torre com 200?

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  9. e quel tal promover a demoliçao da torre verde junto ao feira nova? Aquilo é uma aberração!

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  10. Esta gente... mas alguém falou em edifícios altos para habitação? Que pensamento tão típico bracarense, só se constrói para viver, mas construir edifícios para serviços e empresas baseadas em escritórios naa, isso é d'outro mundo.
    Certamente que não estamos a falar num edifico solitário, mas sim num conjunto devidamente bem urbanizado e não "loteado". E com uma gama de edifícios entre 10 a 30 andares. Não é nada de anormal numa cidade como Braga.
    A construção de uma zona assim devidamente apetrechada de transportes públicos e de preferência à beira da estação da Alta Velocidade (ligação directa à Galiza e a um aeroporto internacional), com os prováveis preços baratos por metro quadrado (e tendo tb a atenção de Braga ser uma cidade barata), e boas ligações à maioria de uma região, não estou a ver o pk não do sucesso. Até seria uma boa zona, devido aos preços reduzidos, para o empreendorismo jovem.

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  11. Há mais uma coisa, é claro que ng anda aqui a defender mamarrachos como a torre verde do feira nova. são edifícios maioritariamente vidrados, como o da estação de Braga por exemplo.
    Aliás se juntássemos os edifícios de escritórios de Braga até já dava uma boa zona, meia feiota devido aos edifícios serem um pouco feios, mas já dava.
    Mamarracho do antigo BPA no santa Bárbara, edifícios de escritórios da Refer (estação de Braga), edifício de centro empresarial de Ferreiros, ideia atlântico, os mamarrachos dos granjinhos e S. Lázaro, o centro de negócios do Parque Norte, etc. Enfim o que está feito está feito. (mas podiam demolir os mamarrachos).
    Uma localização de empresas tão próximas umas das outras provocará uma corrida, para instalação, de empresas prestadoras de serviços (como agências de bancos, seguradoras, etc). Como o união faz a força, até poderia justificar não uma agência mas algo mais. Com uma concentração de tantos serviços tornaria a zona extremamente apetecível para instalar mais empresas, e assim sucessivamente.
    Em certos casos, como acontece em certos países, até o próprio governo instala serviços governamentais. Quem sabe com uma zona assim, com as boas ligações e preços baratos não cativa a instalação de alguns serviços da região norte?
    Outros potenciais compradores são as próprias construtoras bracarenses. As construtoras possuem um estaleiro,mas que em regra geral não possui os escritórios. Estes poderiam muito bem situar-se na tal zona.
    A proximidade de empresas e serviços facilitará a mobilidade e comunicação da empresa, logo mais produtiva será, consequentemente mais crescerá, e mais emprego gerará.
    A instalação de um centro de congressos, AIMinho e o PEB no local tb me parece uma boa escolha.
    Enfim o post já vai longo...

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  12. Ai o desafio é construir em altura?
    Porreiro, pá!

    Em Tadim já temos um edifício com seis pisos, coisa que pouquíssimas vilas e cidades do Minho e Trás-os-Montes têm.
    Mas a aldeia de Tadim já merecia um prédio com seis pisos.

    Se seis, porque não sete?
    Porque não 12?
    Para uma freguesia eminentemente rural e com 900 habitantes, até não está mal.
    Podiam era agora fazer mais dois ou três prédios com 20 pisos e colocar lá toda a população.
    Depois, rasurávamos séculos de ocupação do território e entregávamos o "espaço rural" à agricultura biológica. Uma quintinha pedagógica.

    Fica a sugestão.

    Dario Silva.

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  13. Braga é o fruto da sua história, nasceu aqui, cresceu assim, possui a população que possui. A urbe é resultado das boas e más decisões. As cidades não são estáticas, os centros de decisão mudam e não se deve recusar a mudança em nome da história. O centro de Braga já foi a Sé, o Largo do Paço, etc. Basta olhar para a Rua D. Diogo de Sousa para perceber esta evolução. Só que hoje as cidades pensam-se de forma diferente. Já não recordo quando, mas neste blogue já se chorou pelo centro histórico. O que Braga necessita é de alguém que a pense como um conjunto harmonioso. Braga não precisa de se transvestir de grande metrópole, Braga precisar é de se afirmar com qualidade. Braga precisa de manter o centro vivo, com dimensão. Braga precisa de concretizar o slogan "é bom viver em Braga". Braga precisa de qualificar e não de quantificar. Torres, torres, torres. E quem disse que as empresas querem torres? Procurem imagens dos escritórios da google. São lugares que procuram estimular a criatividade. Torres, torres, torres. Comparem um Campus como o da Universidade de Aveiro com os Campi que a Universidade do Minho se viu obrigada a construir. Torres, torres, torres. Procurem os espaços de "desenvolvimento de zonas verdes e às praças públicas, para o lazer e para a cidadania" em certas zonas de Lisboa. Sejam elas áreas empresariais ou de habitação. O engraçado é que conheço o exemplo de uma torre destas, é em Aveiro, julgo que foi construída pelo porto de Aveiro. É uma coisa que dói. Conheço uma outra, agora de habitação, em Viana. E conhecemos todos a novela do Viana Polis. Torres, torres, torres, façam-me um favor...

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  14. " É uma coisa que dói. Conheço uma outra, agora de habitação, em Viana. E conhecemos todos a novela do Viana Polis. Torres, torres, torres, façam-me um favor..."

    Eu já ía todo lançado a pensar que Tadim ia ser promovida à categoria de cidade... oh!
    Pelo menos, já temos uma torre-zinha com seis pisos... roam-se de inveja...

    Dario Silva.

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