Por imperativo de cidadania, compareci na vigília de homenagem a Artur Silva, o professor da Escola Secundária Alberto Sampaio que faleceu às mãos de um cancro sem que lhe tivesse sido concedido o direito a aposentação. Talvez por já ter provado o amargo sabor das agruras oncológicas, o caso chocou-me particularmente. Como me choca esta Braga que se acobarda perante a injustiça e a indignidade de uma decisão que fez dos últimos dias daquele homem um súplico desnecessário.
Artur Silva colocou, ainda em vida, as questões que se impunham, numa missiva enviada ao Presidente da Caixa Geral de Aposentações e da qual nunca obteve resposta cabal: Como pode uma Junta Médica fechar os olhos àquilo a que me submeti: amigdaletomia esquerda e laringectomia total com esvaziamento ganglionar cervical funcional bilateral e traquostomia permanente, o que para o comum dos mortais significa tão simplesmente ausência total e irrecuperável da voz? Como pode uma Junta Médica dizer a um Professor de Filosofia que a afonia total e incurável não o impede absoluta e permanentemente de exercer as suas funções?
No fundo, a estas questões é necessário juntar outras: Alguma vez o Governo, através dos seus Ministérios, efectuou qualquer tipo de pressão ou estabeleceu algum tipo de quotas nas juntas médicas? Que medidas foram tomadas para apurar as responsabilidades deste caso imensamente bárbaro? Porque é que os serviços públicos fazem insistentemente letra morta dos prazos que o Código de Procedimento Adminsitrativo estabelce para resposta aos requerimentos e reclamações dos cidadãos?
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[Imagem retirada do Público. Versão intregal da carta, aqui]
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Sobre o assunto estou totalmente de acordo com a atrocidade cometida.
ResponderEliminarEstive lá mas nem saí do meu carro....indecente o mediatisomo a de que recusei fazer parte....
Que o homeme descanse em paz, já que não a teve cá.
Caro Pedro:
ResponderEliminarCom juntas médicas compostas, também, por veterinários, onde está o espanto por estas coisas acontecerem? Aliás, esta é a prova que os funcionários públicos e mais concretamente os professores, são vistos pelo poder central, como animais!
Lamentável, e vergonhosa, situação!
ResponderEliminarnão sabia e não compareci ... deixo aqui apesar de tardia a minha homenagem ao Professor Artur Silva.
ResponderEliminarLamento profundamente o ocorrido e a forma como ocorreu. E desejo igual sorte aos execráveis membros da tal Junta Médica, primeiros responsáveis por esta pouca-vergonha. Ou antes, que em vez disso, como o POVO diz aqui pelo Nordeste, lhes nasça um castanheiro no cú! Que já não há pachorra para tamanho atraso mental, porque já é disso que se trata!...
ResponderEliminarUm Xi da Porca
Pergunto porque só agora a Vigilia, quando este caso chegou aos medias, na sequência do outro caso?
ResponderEliminarDesculpem a frieza mas, mas a Sociedade está como está, pelas nossa acções e omissões.
Caro anónimo,
ResponderEliminar1. Só chegou à comunicação social porque a viúva não se conformou com a situação.
2. Só fui à vígilia porque chegou à CS. Caso contrário seria muito difícil ter conhecimento do caso.