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Da seriedade

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Confesso-me surpreendido com a reacção de algumas pessoas às dúvidas que têm sido levantadas a propósito da suposta Licenciatura de José Sócrates. Já se sabe que possuir uma licenciatura não é condição indispensável (nem do ponto de vista jurídico nem do ponto de vista político) para o exercício do cargo de Primeiro-Ministro. Mas alegar que não interessa saber se o Primeiro-Ministro é ou não licenciado e em que condições obteve aquele título é, pois, de uma desonestidade intelectual gritante. Se o grau académico não é condição essencial para desempenhar tais funções, a seriedade deveria sê-lo.

É legítimo que os socialistas não se sintam confortáveis com esta situação que envolve o seu líder. É legítimo, até, que tenham estado num longo e doloroso processo de negação. Mas, perante tantas evidências e mesmo transcendências, é fundamental que a história académica de José Sócrates seja rapidamente esclarecida. Porque o que está em causa não é saber se o Primeiro-Ministro é licenciado, mas sim a forma como obteve o título que ostenta.

Não se entende como é que um governo que fundamenta em critérios de qualidade o encerramento de maternidades e urgências permite o funcionamento de instituições de ensino superior cujos cursos levantam dúvidas tão substanciais. Repare-se que é o próprio Primeiro-Ministro que prefere ocultar da sua biografia oficial o nome da instituição que lhe conferiu o grau académico, ao contrário do que sucede com a pós-graduação (que parece já não constar do currículo de Sócrates) em Engenharia Sanitária (na Escola Nacional de Saúde Pública).

O gabinete de José Sócrates diz que "o caso só surgiu agora", o que é manifestamente falso. Os factos estranhos da vida académica de José Sócrates haviam sido denunciados em 22 de Fevereiro de 2005, quando o país estava mais interessado em assassinar politicamente Santana Lopes. E até as saídas nocturnas do ex-Primeiro Minsitro pareciam causar mais escândalo do que a eventualidade do actual chefe de Governo se ter licenciado de uma forma obscura.

Haja um pingo de decência e de coerência neste país do politicamente correcto.

1 comentário:

  1. Se o PM obteve diploma de forma ilícita, deverá ser punido por esse facto, até por uma questão de exemplo, mas tudo o resto mantém-se.

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