Correia de Campos é um lobo com pele de cordeiro que é como quem diz um liberal com pele de socialista. O falso pesar com que assisti ao desfalecer do Serviço Nacional de Saúde não deixa muitas dúvidas sobre as suas intenções. É isso mesmo que pretende: acabar simplesmente com o S.N.S. e substituí-lo por uma espécie de assistência médica. Correia de Campos não está preocupado com a deterioração dos indicadores de saúde a longo prazo porque o que conta é o imediato e o imediato são as eleições de 2009.
A mais que certa abertura do curso de Medicina na Universidade do Algarve, ao arrepio das promessas de Sócrates durante a campanha eleitoral de 2005, é mais um desses devaneios a que vamos assistindo dia após dia por entre mentiras e trapalhadas. Mas a comunicação social não está para aí virada.
Em matéria de saúde, este governo só pode ser esquizofrénico. Se, por um lado, aumenta desmedidamente as vagas em Medicina e o consequente gasto público com a formação pré-graduada, prepara-se, por outro, para suspender as remunerações dos Internos poupando na formação pós-graduada. Mas pouca à custa de trabalho não remunerado e não remunerar quem trabalha é puro terrorismo político e laboral.
Aguardemos os próximos desenvolvimentos do (des)governo Sócrates.
Oxalá eu me engane.
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Mas não será de mais médicos que este país precisa? Não concordando com a actual política do Ministério da Saúde em algumas matérias, considero fundamental o aumento das vagas em Medicina. E já agora, será que as Universidades Privadas não terão competência para formar médicos? Ou seremos um dos pouco países desenvolvidos onde isso não é possível?
ResponderEliminarCaro Nuno,
ResponderEliminarNão é de certeza de mais médicos que o país precisa. Estamos acima da média europeia em número de médicos por habitante.
E, completando o comentário do Pedro, o numerus clausus aumentou significativamente nos últimos anos (ainda ninguém viu esses frutos - sejam eles bons ou maus) o que poderá tornar a situação muito séria num futuro próximo.
ResponderEliminarQuanto ao Algarve, caso abram mesmo o curso, pelo menos reduzam as vagas noutros sítios porque o espaço e os recursos são visivelmente poucos. Mas não reduzam o financiamento nesses locais: na FML o financiamento diminuiu 18%/aluno nos últimos anos ao mesmo tempo que esta faculdade foi a que mais esforço fez para aumentar as vagas... E depois vêm falar em abrir mais cursos - é a ironia das ironias. Começo a pensar porque é que não emigrei há quase três anos atrás. Quanto à notícia em si, gosto particularmente daquela parte no artigo em que dizem que demorará 7 anos (somando o 1º curso com o de medicina), tal como nas outras faculdades. Demonstra bem a (falta) de conhecimento sobre o ensino médico de quem disse isto.
Pedro, depois diz-me onde é que isso sobre o corte nas remunerações no internato médico anda a circular, está bem? ;)
Pedro,
ResponderEliminarCertamente nesta matéria terá mais conhecimento que eu. Mas constato pela comunicação social que existem carências, principalmente no interior do país. O recurso à contratação de médicos estrangeiros, pelo que tenho conhecimento, também tem aumentado. Nada contra este facto, mas que revela alguma falta de médicos portugueses. Por outro lado, as médias altas e os "numeros clausus" que os cursos têm, fazem com que centenas de portugueses recorram ao estrangeiro para cursar medicina. O aumento de vagas em Portugal iria proporcionar que estes estudantes não tivessem de ir para o estrangeiro. Além de que a escandalosa situação dos médicos que acumulam o seu trabalho nos hospitais públicos com o sector privado não contribuí para a melhoria do sistema nacional de saúde. Claro, isto é a opinião que tenho, que admito que possa estar errada.
"O aumento de vagas em Portugal iria proporcionar que estes estudantes não tivessem de ir para o estrangeiro."
ResponderEliminarNos últimos anos, as vagas mais do que duplicaram nos cursos de medicina. Na faculdade onde eu estudo, este ano houve mais de 300 caloiros. Eu estou no 3º ano e, quando entrei, os alunos do então 6º ano diziam que eram cerca de 150 quando entraram. Um outro exemplo: os alunos do 6º da UM e da UBI serão os primeiros a sair destas universidades. Um aumento de vagas demora, no mínimo, 6 anos a causar efeito.
Muitas notícias de carências de médicos em certos locais são verídicas, mas não podemos pedir a mesma solução durante anos a fio quando essa mesma solução tem todo o potencial para se tornar num problema grave num curto espaço de tempo.Sinceramente, não sei onde é que haverá capacidade para formar tantos médicos internos daqui a uns aninhos. Alguém quer apostar num bom panorama em 2011, 2012, 2013? Eu não aposto certamente.