“Esquecem-se que, se lhe retirarem o cristianismo, a Europa fica sem nada”, criticou o responsável, em resposta à sentença do tribunal. O veredicto sustenta que a existência de crucifixos nas escolas “contraria o direito dos pais de educarem os seus filhos de acordo com as suas crenças e a liberdade religiosa aos alunos”
De acordo com Carlos Aguiar, para que haja coerência no veredicto, seria necessário “demolir ou retirar os símbolos do cristianismo, existentes em todas as cidades europeias” [ComUM e Correio do Minho]
Não sei bem exactamente que famílias é que esta "Associação Famílias de Braga" pretende representar, mas parece-me não compreender nada bem aquilo que foi decido pelo tribunal. Não se nega a herança cultural cristã da Europa. De forma alguma.
Nega-se a existência de uma pseudo-laicidade do Estado, em favor de uma verdadeira laicidade. A decisão não pactua com a existência de religiões de Estado, ainda que estas o sejam apenas de facto e que se manifestem de formas mais ou menos dissimuladas, mais ou menos oficiais. E decide-o em nome da liberdade religiosa.
A associação demonstra algumas dificuldades em compreender como é que a presença de símbolos, concretamente, nas salas de aulas vem “contraria[r] o direito dos pais de educarem os seus filhos de acordo com as suas crenças e a liberdade religiosa aos alunos”. Porventura esta associação não conceberá uma "liberdade religiosa" e "educação dos filhos" sem referências religiosas cristãs/católicas em edifícios do Estado.
Não entenderá, igualmente, o que significa laicidade. A laicidade não significa ateísmo e a "demoli[ção] dos símbolos do cristianismo". A laicidade é a atitude mais aberta e tolerante que um Estado pode ter em relação à Religião, não se intrometendo, não tomando posição a favor de coisa alguma. Esta, ou existe, através de uma efectiva separação entre o Estado e a Religião, ou não existe de todo. Não há espaço para meio termo. Sendo que esta decisão só vêm ampliar essa liberdade religiosa e de educação. Enfim, beatices.