(continua daqui)
Animado pelo resultado positivo nas eleições de 2005, Ricardo Rio assumiu desde logo que se recandidataria à presidência da Câmara Municipal de Braga em 2009. Perdera as eleições, mas ganhara por uma margem confortável em quase todas as freguesias urbanas, Para além de ter conseguido diminuir a distância para os socialistas de 10000 votos em 2001 para 5000 em 2005.
Pela primeira vez, parecia ter aparecido alguém capaz de destronar Mesquita Machado e, por essa razão, a falange de apoio à candidatura de Ricardo Rio começou a crescer para além das fronteiras partidárias da coligação PSD/CDS-PP/PPM. Ricardo Rio entendeu este sinal e passou a declarar a sua candidatura como supra-partidária. Para reforçar esta ideia, convidou os independentes Miguel Bandeira e Carlos Bernardo para mandatário da campanha e cabeça de lista à Assembleia Municipal, respectivamente.
Este carácter supra-partidário parece estar presente também nos novos cartazes de campanha, nomeadamente na utilização de palavras comummente entendidas como bandeiras de esquerda: "diversidade", "descentralização", "apoio para quem precisa", "respostas para as famílias". Porque estar próximo é a melhor forma de publicidade, criou há dois anos um blogue e, mais recentemente, um site de campanha, para além de ter criado contas no Facebook e Twitter.
Esqueceu-se, porém, de que se tudo isto poderia deixá-lo mais próximo dos eleitores urbanos, o mais provável era que em relação ao eleitorado rural a distância se mantivesse. Ora, se o eleitorado urbano já estava conquistado, este trabalho, apesar de meritório, pode ter sido em vão. As dinâmicas urbanas e rurais são bastante distintas e o facto de não as ter trabalhado dessa forma, pelo menos aparentemente, poderá custar-lhe votos importantes nas freguesias rurais.
Falta também referir os efeitos potencialmente perversos da excessiva mediatização. E se esta ajudou ao reconhecimento público de Ricardo Rio, que se constata em algumas das sondagens publicadas nos últimos meses, a má gestão mediática de alguns temas pode destruir tudo o que havia sido construído. Desta má gestão é exemplo máximo a polémica do estudo encomendado a Ricardo Rio pela Câmara Municipal de Famalicão, que o candidato não soube tratar da melhor forma e alimentou discussões e especulações na imprensa, blogues e twitters regionais.
Ora, partindo daqui, duas hipóteses se levantam: ou o planeamento da campanha foi definido com a convicção de que a diferença de votos poderia ser resolvida entre os eleitores urbanos, ou a estratégia de comunicação falhou na definição do público-alvo; e logo de forma tão básica como a ignorância da distinção entre dinâmicas rurais e urbanas.
(continua na próxima semana)
Nada disso era relevante comparado com o trajecto do Engenheiro Metalúrgico, se houvesse maturidade. Afinal sempre se confirma o eu pensava, Braga é predominantemente rural. Eu diria de outro modo, mais ou menos rústica. É que tinham-me dito que era a 3.ª cidade de Portugal.
ResponderEliminarBracarenseExilado
Coimbra - Portugal
Que análise da campanha eleitoral em Braga pouco rigorosa: Ricardo Rio tem passado as últimas semanas em apresentação dos candidatos às freguesias rurais do concelho, é só conferir na página da Internet do candidato!
ResponderEliminarHá um erro de base nesta análise. O autor considera que o apoio de Mesquita Machado nas freguesias rurais não sofreu qualquer erosão. Só que desconhece o trabalho realizado nessas freguesias, sendo que fontes próximas da coligação depositam muitas esperanças nessas freguesias. Pelo blogue de Ricardo Rio fica-se até com a ideia que, nesta fase, está a dar mais importância às apresentações de listas nas freguesias rurais.
ResponderEliminarEsquece ainda que os cadernos eleitorais foram bastante alterados (o efeito cartão cidadão é devastador em certas zonas rurais e concentrador nas zonas urbanas). Braga ganhou muitos eleitores que votavam em outros Concelhos e é complicado estabelecer qual será a sua orientação.
Assim, as suas hipóteses são extremamente redutoras.
O que se sente é um cansaço generalizado e são visíveis as fracturas internas no Partido Socialista. Sabe-se ainda que nos últimos tempos muita gente recusou convites de Mesquita, que entre muitos convites terá tentado aliciar um líder de opinião apartidário com um convite para assessor (com uma remuneração acima dos 3000 euros). Sabe-se ainda da extremas dificuldade em formar algumas das listas, como por exemplo a de S. Victor, acabando por surgir com quartas e quintas escolhas cinzentas e desconhecidas. Ou seja, sente-se no ar um clima de mudança. E a força de Mesquita Machado vinha também muito da sua áurea de vencedor. Há muita gente chateada, os jotinhas que chegaram ao poder (assessores a ganhar mais de 2500 euros) criaram muitos anticorpos. A velha guarda do Mesquitismo está reformada e apenas se preocupa com os filhos. Sendo que alguns deles se chatearam por os ver preteridos. São muitos sinais de um poder que está podre a somar a uma alternativa que aparece a crescer. Já são muitos que acreditam que o poder vai mudar. Serão ainda mais à medida que a confiança crescer.
Há um erro de base nesta análise. O autor considera que o apoio de Mesquita Machado nas freguesias rurais não sofreu qualquer erosão. Só que desconhece o trabalho realizado nessas freguesias, sendo que fontes próximas da coligação depositam muitas esperanças nessas freguesias. Pelo blogue de Ricardo Rio fica-se até com a ideia que, nesta fase, está a dar mais importância às apresentações de listas nas freguesias rurais.
ResponderEliminarEsquece ainda que os cadernos eleitorais foram bastante alterados (o efeito cartão cidadão é devastador em certas zonas rurais e concentrador nas zonas urbanas). Braga ganhou muitos eleitores que votavam em outros Concelhos e é complicado estabelecer qual será a sua orientação.
Assim, as suas hipóteses são extremamente redutoras.
O que se sente é um cansaço generalizado e são visíveis as fracturas internas no Partido Socialista. Sabe-se ainda que nos últimos tempos muita gente recusou convites de Mesquita, que entre muitos convites terá tentado aliciar um líder de opinião apartidário com um convite para assessor (com uma remuneração acima dos 3000 euros). Sabe-se ainda da extremas dificuldade em formar algumas das listas, como por exemplo a de S. Victor, acabando por surgir com quartas e quintas escolhas cinzentas e desconhecidas. Ou seja, sente-se no ar um clima de mudança. E a força de Mesquita Machado vinha também muito da sua áurea de vencedor. Há muita gente chateada, os jotinhas que chegaram ao poder (assessores a ganhar mais de 2500 euros) criaram muitos anticorpos. A velha guarda do Mesquitismo está reformada e apenas se preocupa com os filhos. Sendo que alguns deles se chatearam por os ver preteridos. São muitos sinais de um poder que está podre a somar a uma alternativa que aparece a crescer. Já são muitos que acreditam que o poder vai mudar. Serão ainda mais à medida que a confiança crescer.
Gostei desta análise, João Martinho. É serena, sensata e põe o dedo numa ferida concreta.
ResponderEliminarPor mim, continuo a achar a candidatura de MM muito mais forte.
Julgo que RR bem pode esperar mais quatro anos. Aí, talvez, encontre como adversário um socialista mais frágil.
Fico à espera da continuidade desta reflexão para a próxima semana.
Análise? Análise seria se tivesse algum fundo de realismo...É uma opinião de quem nem se deu ao trabalho de seguir mesmo que só por alto a agenda de RR, que diga-se nos últimos 3meses tem-se dedicado quase exclusivamente às zonas mais rurais( só para referir as da minha zona, Arentim, Cunha, Vimieiro, Tebosa,Cabreiros, sequeira, Ruilhe, sendo que em algumas delas tem boas hipoteses de "roubar" a Junta ao PS) e falar da noticia da câmara de famalicão como uma má gestão... que dizer da gestão das noticias do Correio Manhã sobre MM e sua equipa?
ResponderEliminarPor muito que custe as coisas estão muito mudadas, se vai dar vitória ao RR, acho que só mesmo no dia 11 se saberá, porque apesar de tudo MM ainda mantém entre os mais velhos alguma fidelidade de voto, e só isso o pode "safar" neste momento.
Anónimo,
ResponderEliminarA afirmação que faz em relação aos eventuais efeitos do cartão de cidadão é interessante. Na altura falou-se as confusões geradas e da possibilidade deste promover a ida às urnas, mas acho que ainda não se parou para pensar no impacto que pode ter nas autárquicas de todo o país. Será seguramente um factor de imprevisibilidade.
João,
ResponderEliminarFoste hoje a Escudeiros? Foste ontem a Cunha?
É que sempre ficavas a ver o que é "perceber as dinâmicas das Freguesias rurais"... E sempre compreendias onde está a futura oposição e o futuro governo de Braga.
Manuel José