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Minho Digital, Mas Pouco

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Santuário de São Bento - Vizela
© Jorge Miranda

A prioridade dos investimentos camarários, como se vê por estes dias, são as obras. Qualquer tipo de obra. Nem que seja para alcatroar uma rua, meter uns espaços ajardinados, uns passeios mais bonitos. O que interessa é que haja confusão, trânsito congestionado, operários com maquinaria pesada, para as pessoas pensarem "Eh lá, sim senhor, estão a pôr isto jeitoso".

Na era digital em que nos inserimos, o exemplo de uma freguesia de Vizela, Tagilde, ganha particular relevância. Não, não foi lá nenhum político nem se fez lá nenhum comício. A terra é pequena, os acessos remotos e ninguém lhe aponta muitas qualidades além da beleza natural. Mas na verdade, é uma das poucas freguesias com acesso à internet wireless disponível gratuitamente para todos os habitantes, e por toda a freguesia.

Estive lá em trabalho há umas semanas e fiquei surpreendido por encontrar uma rede sem fios numa zona em que, além da igreja, só havia uma ou duas casas. Não pude utilizá-la, pois ela está apenas disponível para os habitantes. Mas, verdade seja dita, não serão muitos os utilizadores a visitar aquela terra com necessidade de se conectarem.

No site da Junta, lê-se que os vários pontos de acesso permitem que o sinal se estende por um espaço de 12 km (a vila tem 2,77 km quadrados...), e que, para usufruir do serviço, é necessário deslocar-se à sede administrativa da freguesia, munindo-se de BI e Cartão de Eleitor, para obter um username e uma password.

Em Famalicão, planeia-se instalar internet nas escolas primárias. Um dos planos do Governo, com a modernização do Parque Escolar, é disponibilizar acessos à rede sem fios em todas as escolas. O e-escolas e o e-escolinhas são projectos excelentes, mas vão continuar a ter uma grande pecha enquanto os alunos não puderem aceder à internet gratuitamente (sim, eu sei que os portáteis e-escolas trazem banda larga móvel, que é paga...).

Braga tem o projecto Braga Digital, que foi lançado em 2007, cuja apresentação final foi feita em meados do mês passado. Os acessos wireless, a funcionarem, cingem-se à zona histórica. Vários outros projectos são descritos como estando em "fase final de implementação". Há uns tempos vi uma espécie de terminal informático com as inscrições "Braga Digital" a ser instalado na Universidade do Minho. Deduzo que vá disponibilizar acesso à internet, mas desconheço a sua utilidade numa instituição que tem internet wireless.

A verdade é que no sítio da Câmara de Famalicão, as palavras tecnologia, internet ou wireless não fazem parte da Visão Estratégica Central do Programa de Actuação do executivo de Armindo Costa para 2009. Na 5.ª Linha Estratégica de Desenvolvimento, fala-se de "promover a inovação e o desenvolvimento" no âmbito da Sociedade do Conhecimento, o que engloba, além de apresentar um novo website da Câmara (para substituir o excelente que agora existe), instalar internet sem fios... nas escolas primárias. Não é mau, mas não chega.

Se o objectivo é "afirmar o concelho no país e no mundo", a internet era uma boa forma de começar. Mas o que fica na retina são as ruas reordenadas, realcatroadas, revitalizadas. Eu cá nem me posso queixar. A minha rua foi alcatroada há poucas semanas.

6 comentários:

  1. Boa iniciativa essa de Tagilde!

    Em Guimarães, no Centro Histórico, também há wireless gratuita.

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  2. Se digital é sinónimo de wireless estamos bem tramados!

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  3. No tempo que o MM fez o secundário com as Novas Oportunidades ainda não devia existir informática. Está desculpado Sr. MM.

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  4. Bruno,

    a BragaDigital recebeu 9 milhões de euros. Famalicão integra-se na AveDigital, que agrupa oito municípios e recebeu qualquer coisa como um terço dessa verba.

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  5. Não é Gualtar que também tem?

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  6. Pelo que me disseram nas 7 Freguesias do Concelho de Vizela, o projecto "T@gilde Digital" deve-se sobretudo a duas pessoas: à Dra. Paula Lima (Tesoureira) e ao seu marido Domingos Marques (Professor de Informática).

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