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Sócrates, o Outro

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José Sócrates Viseu Primeiro Ministro Portugal

A entrevista de hoje ao Primeiro-Ministro foi um autêntico passeio, um passeio dos alegres num país deprimido. Sócrates continua sufocado pela soberba do ensimesmamento que lhe é característico.

Alguém que, enquanto líder do PS, perdeu 3 eleições, contradisse-se em projectos ditos estruturantes, foi e é fonte de polémicas, não pode ser magnanimamente entronado como a figura política de referência portuguesa.
Um Primeiro-Ministro que pensou o exercício do governo como a soma dos negativos, nisso empreendendo todas as suas forças, lançando guerras contra quase todos os sectores profissionais, certamente não serve como figura executiva máxima de um país..
As pseudo-reformas servidas em pacote (como o exigem os tempos modernos) já não justificam o estoicismo artificial que agregava militantes e reformistas. As regras do marketing revelaram o seu perigo original, o que é de plástico pode ser moldável, mas nunca deixará de ser plástico, por muito que as novas formas se diferenciem das anteriores.
Escolheu o caminho que os socialistas geralmente acolhem com bonomia, o da falta de exigência, assim conseguindo melhorar os rankings, é certo, mas piorando a realidade dos factos, o Magalhães venceu a tabuada.

Foi Blair e agora quer ser o seu contrário, pragmático como sempre, afirmou (sobre a conversão ao neo-keynesianismo): "isto não é política nem ideologia", com ele é sempre assim.

Foi arrogante e intolerante, agora mostra-se dócil e humanista. Ao agitar a bandeira da cultura como lapso quintessesncial (espantoso?!), pisca o olho à esquerda que (ele acha que) já não se revê nele. É o renascer do dogma proprietário da cultura como património da esquerda, mostra que perdeu algum tempo a recordar as fórmulas passadas (ou que alguém o fez por ele), valha-nos isso.

Elegeu as barragens, independentemente do que os bulldozers destruírem pelo caminho, como uma aposta determinante para o país, sem que alguma vez nos tivesse sido explicada a relação custo-benefício?!

Em síntese, ficará conhecido como o político dos 3 Pês, Propaganda, Propaganda, Propaganda.

No final, sentenciou um juízo digno de um epitáfio político - "Aqui jaz Sócrates, animal feroz, satisfeito consigo próprio".

14 comentários:

  1. Curioso como Sócrates não apresentou uma reforma, nem nenhum plano positivo para o país em 4 anos, da perspectiva deste texto.

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  2. Excelente post. Na forma e no conteúdo.

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  3. Deus Nosso Senhor não quer este Governo do PS. Muito menos um Governo do PSD. Precisamos de um PORTUGAL PRÓ-VIDA!

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  4. Felizmente Deus Nosso Senhor não consta dos cadernos eleitorais, por isso o que ele quer ou não, conta muito pouco.

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  5. O Socrates meteu o aborto e nós temos que gramar com ele. em espanah o zapatero nao fez isso.

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  6. Em relação a "...lançando guerras contra quase todos os sectores profissionais, ...", uma pergunta:
    Quais são esses quase todos os sectores profissionais?

    Guilherme Gomes e Sousa, tenho ideia de ter havido um referendo. Tenho ideia de todos termos votado na questão do aborto. Se calhar estou enganado.

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  7. Olhe se ele fosse um bom português seria católico no respeito pela tradição. e se fosse católico nao deixava um assunto tao sensivel nas maos do povo. o povo nao tem competencia para legislar sobre os designoos de Deus.
    A Deus o que é de Deus e a césar o que é de césar. As nossas vidas são de Deus.

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  8. Médicos, enfermeiros, professores, juízes e magistrados, advogados, notários, funcionários públicos, polícias, militares, banqueiros, trabalhadores de todas as áreas (com o código de trabalho que o repugnava no tempo do governo PSD)... Não sei se lhe chegam, mas parecem-me esclarecedores q.b.

    Uma coisa é combater interesses corporativos não idóneos, outra coisa é declarar guerra ao mundo e esperar que ele riposte com améns.

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  9. O Sócrates faz agora mea culpa em muitas coisas e também sobre os erros cometidos no processo de avaliação dos professores. Esta equipa ministerial desprestigiou a a autoridade dos professores na sala de aula, desautorizando-os, transformando a escola pública num autêntico barril de pólvora. Menosprezou a influência e a importância que os professores têm na sociedade portuguesa. E só agora, na ressaca eleitoral e com a máquina de calcular na mão é que percebeu finalmente que a esmagadora maioria dos professores que há 4 anos foram no engodo, das suas promessas, e votaram PS, transferiram-se em massa para o Bloco de Esquerda, fazendo ouvir e de que maneira o seu protesto e a sua revolta com este PS/Socrático arrogante e aldrabão. Espera com este mea culpa que os professores em Setembro voltem a votar PS. Pela minha parte, já decidi que continuarei a votar no Bloco, porque como diz o outro "Já dei para este peditório". Prefiro continuar a votar numa esquerda, de facto, que defenda os meus direitos do que numa "esquerda neo liberal" que me engana todos os dias.

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  10. "A Deus o que é de Deus e a césar o que é de césar".

    É por isto que eu acho que... devíamos ser governados directamente por Deus (qualquer deus) que reuniria às quintas-feiras em Conselho de Ministros com as suas tropas divinas que, por deliberação de Deus, moveriam as guerras necessárias para, divinamente, impôr o reino de Deus na Terra.
    Se fossemos governados por Deus (qualquer deus), teríamos sempre a certeza de nos ser aplicada a "justiça divina", assim como fazem no Irão e nas Arábias.
    São governados por Deus, logo são livres, logo são felizes, logo obedecem, logo alcançarão a Plenitude.

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  11. José Sócrates não é um político famoso. A única alternativa credível é o voto no BE.

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  12. A sarna deu no animal feroz que Sócrates dizia ser.Quem acredita,no seu perfeito juízo,que o lobo virou a rafeiro?Acho que nínguém, nem mesmo com lágrimas de crocodilo.O seu tempo,de má memória,já foi.Acredito que o povo,apesar de o tentarem manter na ignorância,saberá dar a resposta a quem não o soube respeitar.

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  13. Por acaso não partilho totalmente dessa "mudança de estilo". Bastava ver a sessão na AR "animada" algumas horas antes.

    A jornalista essa sim tem um estilo diferente para um programa também diferente.

    Não havia motivos para exaltações.

    A próxima é a Manuela Ferreira Leite, vamos la assistir a mais contradições entre o exercido e o dito, e perceber que tipo de alternativa temos da direita sem rumo.

    Dois apontamentos em comentário a alguns comentários:
    - o próximo governo tem de ter coragem e capacidade de tomar decisões difíceis, como as que o actual governo teve de assumir. É para isso que são eleitos representantes dos cidadãos. E reformas tem este governo efectuado desde o primeiro dia, e incluindo o próprio exercício politico;
    - em uma luta lançada desde os primeiros tempos da discussão pela Juventude Socialista, quem decidiu sobre a IVG foram os portugueses não o governo, a bem de uma sociedade mais justa e democrática.

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  14. Há uma enorme contradição nesta mutação.

    Socrates diz que chegaram à conclusão que tiveram problemas de comunicação e que agora farão um esforço por comunicar melhor. No entanto, até há pouco tempo, todos os especialistas de comunicação assumiam que este governo tinha bons méritos de comunicação. Quantos artigos é que não se escreveram sobre as agências de comunicação, sobre a suposta central de comunicação? E a famosa guerra com a com as classes não foi até assumida como instrumental nessa política de comunicação.

    Assim, o que falhou não foi a comunicação, foram as políticas comunicadas. No plano Socrates 2009 seria uma ano para limpar. Os cheques estavam preparados e contava com a má memoria dos eleitores. A crise é que lhe estragou os planos.

    O novo Socrates só revela um pouco mais do velho Socrates: não político mais de plástico que o nosso Primeiro-Ministro. Todo é é oportunidade e nada de convicções.

    Façam um estudo da sua vida. Era JSD, perdeu umas eleições e virou-se para o PS.

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