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Santa Marta das Cortiças, Falperra

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Muitos alunos do Ensino Secundário aprenderam, e talvez ainda lhes ensinem, que a Idade Média principiou com a queda do Império Romano do Ocidente, nos inícios do século V. Actualmente a generalidade dos investigadores, arqueólogos ou historiadores, considera que o período entre os sécs. V e VIII deve ser designado como Antiguidade Tardia. A Idade Média somente começa com as invasões islâmicas quando o Mar Mediterrâneo é cortado em dois, estendendo-se o domínio árabe a quase toda a Península Ibérica. A Antiguidade Tardia está bem representada em Braga, embora o seu estudo ainda esteja muito longe de ter alcançado os patamares desejáveis. Nesse período Bracara manteve a sua capitalidade, pois foi sede do Reino dos Suevos. Por outro lado os nomes de S. Martinho de Dume e de S. Frutuoso, bispos bracarenses, são referentes obrigatórios da História do Gallaecia, pela importância que assumiram na organização diocesana e no ordenamento territorial em paróquias. Conservam-se numerosos vestígios tardo-antigos em Bracara cidade (estruturas e materiais). No concelho existem pelo menos três monumentos excepcionais: a basílica de São Martinho de Dume; o templo de São Frutuoso; e o conjunto de Santa Marta das Cortiças.

Relativamente a Santa Marta das Cortiças surpreende que a Càmara Municipal de Braga nunca tenha patrocinado um projecto de estudo e valorização das estruturas arqueológicas. Os trabalhos realizados pelo Cónego Arlindo Ribeiro da Cunha e por Rigaud de Sousa descobriram, nos anos 70, os alicerces de uma basílica paleo-cristã bem como um vasto conjunto palatino considerado por alguns investigadores portugueses e espanhóis como a possível residência dos reis suevos. Para além da muralha que circundava o palácio e a basílica também se conservam vestígios do sistema defensivo do castro da Proto-História que aí existiu muito antes. Aliás uma sondagem efectuada por Manuela Martins demonstrou que a ocupação do monte recua pelo menos à Idade do Bronze Final (séc. XI a VIII a.C.). Sem grandes custos este sítio, que também é um excepcional miradouro (em dias claros avista-se a foz do Cávado), poderia ser estudado e valorizado se para tanto houvesse vontade politíca da autarquia e do Ministério da Cultura.

Pois este sítio excepcional que merecia ser tratado com mil cuidados foi “assaltado” pelo Ministério da Administração Interna, sem que a GNR ou a PSP tomassem nota do crime (segundo o Diário do Minho terá havido destruição de património arqueológico). O Comandante da PSP só a posteriori tomou conhecimento da ocorrência que no estanto estava licenciada pelo MAI. Estamos já no domínio da ficção: 007, Licença para Matar.

6 comentários:

  1. Obrigado Professor por tornar a nossa cidade mais culta e respeitadora. Muito Obrigado.

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  2. Tomara que estivéssemos no domínio da ficção.

    Mas existem sempre organismos que nos surpreendem pelo desleixo.

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  3. uma cronica semanal que sigo com muita atenção.

    obrigado por nos dar a conhecer um pouco mais da nossa cidade.

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  4. O abandono só subsiste porque não há terrenos para "puxar" a massa,mas os "artistas" andam lá e quando tudo estiver,pela destruíção,nos conformes,lá virão,em nome do "progresso",a reclamaremo quinhão respectivo.Onde anda o Ministério da Cultura e os seus apêndices?

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  5. Santa Marta das Cortiças
    Levo Agua para regar
    Sou criado de Servir
    Não me posso demorar

    É mais que escandalosa a situação desta estância arqueológica.

    A situação e simples. Motoqueiros, Jipes, Bicicletas. Todos os dias este local é escavacado brutalmente sem que haja qualquer acto das autoridades.

    Um castro antiquíssimo que está obviamente ligado à tribo Brácara de Briteiros, Sabroso, e o que foi destruído aquando a construção do Sameiro entre outros. Restos do palácio Suevo, que fez de Braga capital do primeiro Reino Medieval (ou melhor, antiguidade tardia). Obvias marcas de megalitismo.

    Tudo isso não chega para intervir.

    Para intervir tem de ser um calhau romano (e por isso algo de externo e não NOSSO) qualquer. Assim sim! Já se decreta um feriado para poder tratar dele.

    O que se passa é que existe total displicência e ignorância para com a mais magnifica de todas as civilizações que por nossas terras passaram.

    A CASTREJA, de cultura Celto-Atlantica.

    Entretanto, fazem-se totais aberrações como a feira Romana que faz com que os bracarenses acreditem mesmo que os Romanos estão na origem da criação da cidade condenando-os a permanecerem alheados da realidade.

    Mas enfim. Não convém distinguir muito a cultura Atlantico-Galaica do Noroeste Ibérico da Mediterranica "Lusitana". É que isso da regionalização com a Galiza ai tão perto faz medo aos senhores do Ippar que controlam para onde e para que vão as verbas.

    Como lisboa não se identifica com os castros, prefere unir a nação por ROMA em mais uma medida à Salazar.

    E dizem que ele não é o maior dos Portugueses. Mesmo depois de Morto ainda faz valer os seus ideais.

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  6. Estejam atentos nos proximos tempos porque vai haver um evento que vai retratar a vida dos celtas na Santa Marta das Cortiças. Para mais pormenores devem pedir informações na Junta de Freguesia de Esporões.

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