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A Homofobia Não Tem Limites?

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Há pouco mais de dois anos, Jacobo Piñeiro espetou por 57 vezes uma faca no corpo de dois homossexuais. Não satisfeito, ateou fogo à habitação em que se encontravam. O caso arrepia não só pelos evidentes contornos de cruel homofobia, mas também pelos requintes de malvadez do acto. Apesar disso, um grupo de jurados (civis chamados a proferir uma decisão judicial) decidiu inocentar o assassino, alegando que agiu em legítima defesa por ter medo de ser violado pelo infortunado casal.

«Deixais livre um assassino confesso», grita, em desespero, a mãe de uma das vítimas. Imagine, só por um instante, que isto acontecia ao seu filho... Mesmo admitindo a versão do assassino como verdadeira, o que está longe de estar demonstrado, será que o medo de ser violado justifica um assassínio cruel? A decisão seria a mesma se as vítimas fossem um casal heterossexual? E como aconteceria se o júri fosse constituídos por juízes profissionais?

Da homofobia do assassínio à crueldade discriminatória da decisão do jurado, os trágicos acontecimentos de Vigo são um retrato bem fidedigno da sociedade em que vivemos, expondo os efeitos nefastos das campanhas de intoxicação da opinião pública que têm sido levadas à prática pelos grupos religiosos e conservadores. A sociedade não é insensível à homofobia que se pressente nos discursos falsamente misericordiosos de quem está num posição de privilegiado ascendente sobre os grupos menos instruídos da população.

Tal como aconteceu com os pretos, os grupos religiosos e conservadores tardam em assumir a riqueza da diversidade humana, acotovelando-se na censura às leis anti-discriminatórias e esquecendo-se de condenar com verdadeira veemência a homofobia assassina e as condenações da homossexualidade do apedrejamento à morte, infelizmente tão comuns nos nossos dias.

A ler: Indignación por el fallo que absuelve de asesinato al joven Jacobo Piñeiro, Galicia Hoxe; Los dos jóvenes asesinados en la calle Oporto recibieron 60 puñaladas, Faro de Vigo; ¿57 puñaladas en defensa propia?, El Pais; Un jurado popular absuelve al autor del crimen de una pareja homosexual, El Mundo; Un jurado homófobo, La Sexta; Absuelven a un hombre que confesó haber apuñalado a sus dos víctimas, Antena 3; El crimen de Vigo pone en duda el jurado popular, Xornal de Galícia; «Dejáis libre a un asesino confeso», gritó la madre de Isaac, La Voz de Galícia.

7 comentários:

  1. Pelos vistos Minho e Galiza não são só uma continuidade paisagística e linguística mas também em relação a uma moral ultra-conservadora...

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  2. Foi assassinado, domingo,
    na Colômbia, o padre Juan
    Gonzalo Aristizábal, um sacerdote
    conhecido pela obra caritativa
    que desenvolvia.
    O sacerdote liderava alguns
    trabalhos sociais como,
    por exemplo, a concessão de
    bolsas de estudo a jovens dos
    bairros mais pobres de Medelim,
    com o dinheiro que conseguia
    recolher das missas
    que celebrava nos hotéis. Era
    também capelão num asilo no
    bairro de Belencito.

    Será que a homofobia não tem limites?

    Um dia ainda gostaria de ver um post destes nesta «avenida central». Ou será que tem sinais de proibição no seu começo?

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  3. Ridiculo isso meu, se fosse um casal de ht seriam tomadas outras providências que ódio desses babacas!

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  4. A Jamaica é considerada um dos países mais homofóbicos do mundo, talvez apenas superado pelos países árabes, Na Jamaica também, irônicamente aonde as raízes do movimento skin surgiram, e poucos sabem desse lado, só acham q é o país do bob marley e da maconha a vontade

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  5. "Mesmo admitindo a versão do assassino como verdadeira, o que está longe de estar demonstrado, será que o medo de ser violado justifica um assassínio cruel?"

    Fiquei boquiaberto com este comentário.

    Não considero plausível o cenário de violação neste caso, mas acho que está a subestimar incrivelmente aquilo que é uma violação.

    Se estivéssemos a falar de uma mulher que, sob ameaça de violação, tivesse cometido um crime semelhante, o autor do post qualificaria o crime como tendo também "requintes de malvadez"?

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  6. Caro anónimo andré,

    Se estivessemos a falar de uma mulher, este post não existiria pelo simples facto de ela ter sido condenada por homicídio.

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  7. Eu espero que este crime nao tenha acontecido no Brasil.

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