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A Bizarra História de Eluana Englaro

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Em 1992, Eluana Englaro foi vítima de um terrível acidente de viacção que a atirou para um longo e profundo estado de coma. Após uma penosa batalha jurídica que durou mais de dez anos, os seus pais conseguiram que o Tribunal Constitucional italiano decretasse a suspensão da alimentação artificial que mantém a integridade das suas funções vegetativas.

Após o anúncio da decisão, Sílvio Berlusconi reuniu com o Vaticano e iniciou uma série de manobras políticas que estão a mergulhar a Itália numa perigosa crise constitucional. Para além de ter feito aprovar uma Lei que proíbe o cumprimento da decisão judicial, o governo de Berlusconi iniciou uma perseguição à clínica onde a jovem se encontra internada, lançando suspeitas de ilegalidades administrativas no seio da mesma. Os pais da jovem Eluana continuam a sua longa batalha, denunciando que «Berlusconi enfrentou o Presidente da República para tentar deter a legalidade» e acrescentando que «a Igreja (católica) não tem nada a ver com este assunto» nem lhe deveria impor os seus valores.
Segundo Berlusconi, Eluana Englaro não pode morrer porque, pelo menos fisicamente, ainda está em condições de ter filhos. Eu não quero crer que a opinião pública europeia e, em particular, a italiana corroborem este tipo de afirmações ignóbeis que reduzem toda a existência feminina ao útero potencialmente reprodutor.

Independentemente da posição individual que cada um tiver nestas matérias, convém ter presente, como bem assinala Laura Ferreira dos Santos, que «é tempo de reconhecermos devidamente o pluralismo ético em que estamos envolvidos, em que não há uma única perspectiva do que é, ou pode ser, uma vida (moralmente) boa».
[Soube-se agora que Eluana morreu.]

15 comentários:

  1. Se existe alguma questão das ditas fracturantes sobre a qual os políticos deviam debater era esta. Eu não tenho opinião totalmente formada, mas gostava de a ver debatida. Todas as famílias com situações parecidas que conheço foram profundamente marcadas pelo sofrimento. Algures há um limite para a preservação da dignidade humana. Eu não gostava de decidir sobre a vida ou morte, mas acho que estes estados de não-vida são de uma falta de humanidade enorme.
    Sou católico, mas esta é claramente uma questão em que me afasto da Igreja.

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  2. até tenho dificuldade em discutir este tema.

    mas penso que será uma questão de tempo. pena que até chegar esse 'tempo, casos como o da Eluana arrastam-se.

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  3. Este fabuloso "argumento uterino" recorda-me aquelas discussões de criança em que, à falta de argumentos inteligentes (coisa de crianças), se utilizam as justificações mais estapafúrdias (lá está, coisa de crianças). Ora não sendo Berlusconi uma criança, pelo menos na idade, ficava-lhe melhor ter dito "porque me apetece". Afinal, não seria nada mais que a verdade e quem diz a verdade até tem perdão.
    E é assim que Silvio Berlusconi, depois de mostrar como se acaba com a fome no mundo(http://www.youtube.com/watch?v=RCbmokVOPBM), mostra como aumentar a taxa de natalidade.
    Ao bom jeito italiano: Ma va fanculo!

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  4. Como já foi referido aqui, a questão não é fácil e linear. Discutida? claro sim. O problema é que é sempre mais fácil apresentar os argumentos «fáceis» de que aquilo não é vida, logo desliga-se a máquina. Vou dar um exemplo que vive por experiência própria porque trabalho numa instituição que acolhe pessoas como esta: e no caso da pessoa estar nestas situação vegetativa, mas não está dependente de qualquer máquina? Deixa-se morrer de fome? Um «medicamento» (=veneno) para lhe aliviar a dor? Quando nos metemos numa questão destas temos de ter a consciência no emaranhado de problemas que pode suscitar e não pensar somente nos casos extremos/tipo onde, aparentemente, é tudo muito claro. Podemos dar sempre uma passo, atendendo a estes casos mesmo extremos. Mas não foi exactamente este passo, que diria pedagógico, que foi dado aquando do aborto? somente para casos extremos? Onde chegamos hoje? No caso da eutanásia onde terminará? Alguém saberá?

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  5. Realmente o argumento de Berlusconi não lembra a ninguem, ou então, so a ele

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  6. Segundo a TSF, morreu.

    «Numa primeira reacção, o Vaticano declarou que Deus «perdoa» aos responsáveis pela sua morte.»

    http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=1140429

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  7. O Papa já deveria ter informado através de encíclica quando é que o passaporte para o céu é válido.
    Porque mantém este mesmo Vaticano relações diplomáticas com países que têm pena de morte?
    O problema maior são os meios técnicos postos à disposição de uma classe (médica) que impossibilita que se dê o TEMPO de deixar morrer o ser humano com dignidade.
    Todos temos culpa, todos temos medo do morto. Já não se fazem velórios no domicílio, as nossas crianças não sabem o que o é luto, o pesar, a falta do ente querido. Disfarçamos tudo só não conseguimos disfarçar a prepotência do estado,roto vazio, que não permite que se morra com dignidade pondo instrumentos legais à frente da grande despedida.
    Deixem-nos morrer em paz. Até amanhã Eulanas.
    Toninho Regadas

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  8. Felizmente morreu.Paz á sua alma

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  9. Até sou católico.
    Mas posso afirmar que este não é um caso de eutanásia.
    A recusa de tratamento está prevista na lei e na deontologia médica, pode e é praticada em Portugal (felizmente nunca em nenhum caso mediático).
    Na recusa de tratamento o paciente, devidamente informado, recusa prosseguir um tratamento que à partida é ineficaz preferindo optar por uma vida mais curta mas, eventualmente, com maior qualidade entregando-se (para quem for crente) à vontade de Deus.
    Na eutanásia a morte é causada a pedido do próprio.

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  10. E a hipocrisia ha-de continuar sempre que as pessoas acharem que têm o direito "MORAL" de decidir sobre a vida dos outros, quando dela não decorre qualquer dolo para si mesmas. Para quando o desenvolvimento mental das massas??? Este sim, parece ser o grande deseafio do século XXI.

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  11. Queria demonstrar o meu profundo desagrado por esta situação que é, no mínimo, triste!

    O Homem chegou a um ponto em que até a vida dos outros ele quer decidir!
    Como é possível pessoas decidirem acabar com a vida de alguém? Quem lhes deu esse direito? E quem lhes disse que isso era o melhor para elas?

    Só porque não agem da mesma forma que nós, ou já não produzem para o pai´s, ou ainda porque ocupam uma cama de Hospital que custa dinheiro ao Estado ou aos particulares da Clínica?

    O que os pais e médicos fizeram, foi desistir dela!!

    Espero sinceramente que este episódio não abra um precedente para a aceitação da Eutanásia, essencialmente em Portugal, o meu país. À eutanásia, eu digo: Não, obrigada!

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  12. Cara AnVeloso,

    Não se trata de um caso de eutanásia.

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  13. Cara AnVeloso,

    Não se trata de um caso de eutanásia.

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  14. Caro Pedro Morgado,

    Eu disse que esperava que não se abrisse um precedente para a aceitação da eutanásia, não disse que era um caso de eutanásia.

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  15. E qual è o problema da eutanásia? Se eu tenho uma neoplasia pulmonar terminal, estou cheio de dores, mal consigo respirar, não me venham com merdas porque não há fármaco nenhum que me retire as dores das metástases ósseas, eu não posso pedir o passaporte para o além mais cedo? Isso não é eutanásia mas sim a vontade de não SOFRER nem ver o mundo cinzento que à minha volta se levanta!
    Se quem me alivia a vida é um médico ou outro marreta qualquer não é importante posso é querer abreviar esta merda o mais rapidamente possível. Estes moralistas de pocilga, gostam de comer carne de porco, mas coitadinh do porco tem que ser muito bem tratado na pocilga.
    Toninho Regadas

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