«A seguradora American International Group Inc. - AIG foi salva "in extremis" da falência através de uma injecção de 85.000 milhões de dólares aprovada pela administração do Presidente George W. Bush. De acordo com um inquérito parlamentar em curso, os executivos em causa - que não do sector financeiro da seguradora, alegadamente responsáveis pelo descalabro - esbanjaram 440.000 dólares (320.000 euros) no "resort", em banquetes faustos, spa e partidas de golfe.» [Expresso]
À medida que a crise se avoluma, sucedem-se críticas ao modelo capitalista neoliberal que, na maior parte das vezes, são verdadeiros tiros ao lado. Um estado neoliberal nunca investiria 85.000 milhões de dólares para salvar uma empresa.
As críticas ao modelo capitalista neoliberal fazem todo o sentido, a partir do momento em que uma pessoa perceba que estas tentativas de salvamento são uma medida de recurso e um desvio (pelo menos um desvio, o tempo dirá se é algo mais) a esse modelo. Fazem todo o sentido, pois a falha não está agora, no que se faz hoje, de política intervencionista, está no que não se fez no passado relativamente recente. A partir do momento em que existem empresas/bancos que se dedicam quase exclusivamente a esses créditos de altíssimo risco... e partir do momento em que não se procura educar (provavelmente até se procura 'to miseducate') o consumidor, percebem-se perfeitamente as críticas e as suas razões de ser. Na minha opinião, o "verdadeiro tiro ao lado" é não perceber isto.
ResponderEliminarEsbanjaram $440k? Olha que até nem foi muito, para os esbanjamentos relacionados com o bailout que já foram noticiados. Noticiados lá fora, entenda-se, pois até cá, geralmente, só chegam migalhas.
E depois, em que é que esse esbanjamento de $440k abona ao modelo capitalista neoliberal? Depois de tudo o que aconteceu, como é que $440k podem ser determinantes para salvar o modelo das críticas, ou, se quiser, contra-atacar? E contra-atacar o quê? Isto que está a ser feito, dificilmente pode ser apelidado de modelo intervencionista. Depois de tantos anos nesse modelo, os mecanismos intervencionistas utilizados hoje não podem ser chamados de modelo, do dia para a noite. São mais uma medida desesperada de resposta à derrocada do - esse sim - modelo vigente, que se reconheceu, de forma mais ao menos consensual, ser incapaz de resolver a crise. Claro que os que não entram no consenso, acreditam que basta prolongar mais uns meses, quiçá anos (pois não se sabe bem), a crise; cruzar os braços e esperar que a derrocada atinja o seu, profundo, fim, pois tudo voltará a ser rosas, não tardará (assim tanto).
Um dos segredos mais bem guardados do modelo capitalista neoliberal é, aliás, a existência de pózinhos mágicos que curam tudo, fazem crescer dinheiro nas árvores e comida no mais puro betão. Em boa verdade, nem li muita coisa, com origem nos EUA, a afirmar esta fé - de braços cruzados - absolutamente cega, no sistema económico. Por cá é que se vai lendo uma coisas nesse sentido. Não me surpreende, nem me surpreendem nada as suas origens lusas. Por lá, todos percebem que modelo capitalista neoliberal à parte, era necessário intervencionismo. Talvez não concordem com "este", mas era consensual que "um" intervencionismo era necessário.
A queda do socialismo real levou a que o neoliberalismo, por não ter opção alternativa enquando modelo social e economico, se empertigasse e levasse ao extremo a sua lógica expansionista e desreguladora.Se calhar, se houvesse concorrência de modelo, expunha-se menos...
ResponderEliminarMas o sistema sabe que o modelo neoliberal que propugna pode ser defendido, paradozalmente, e~m razão da defesa das classes sociais mais desprotegidas, que seriam as primeiras vitimas, pelo que medidas supostamente de "esquerda" iriam em socorro de uma crise que não geraram.
São assim os contribuintes em geral a pagar, também, pragmaticamente, os excessos de um sistema que não os defende na sua essencia, mas que pelos vistos o salva...
O capitalismo tem, de facto, almofadas nunca vistas que até já nem fazem corar de vergonha os teóricos do mercado puro, para quem as falências já não são o oxigénio da economia...
Privatizar os lucros, socializar os prejuízos."
ResponderEliminar"À medida que a crise se avoluma, sucedem-se críticas ao modelo capitalista neoliberal que, na maior parte das vezes, são verdadeiros tiros ao lado. Um estado neoliberal nunca investiria 85.000 milhões de dólares para salvar uma empresa."
ResponderEliminarQuerem ver que os EUA são na realidade um Estado socialista?
Pedro, define-te, encontra o teu norte, o teu rumo.
Nao escrevas disparates antes de conversares com o teu "eu" profundo.
Caro João,
ResponderEliminarA medida é tudo menos liberal. Ponto.
Cara Joana Oliveira,
Estou completamente de acordo consigo.
Caro JLS,
Neste post, eu não me pronuncio sobre as matérias altamente pertinentes a que fazes referência. Apenas digo que a medida de injectar dinheiro em empresas que desbarataram lucros nos últimos anos é tudo menos liberal.
Caro contra-corrente,
«A queda do socialismo real levou a que o neoliberalismo» Nem mais. E qual será a alternativa agora? Sinceramente não tenho resposta.
"Talvez não concordem com "este", mas era consensual que "um" intervencionismo era necessário."
ResponderEliminarUm certo intervencionismo "necessário" quase levou o governo da Islândia à falência. É preciso mais intervencionismo, portanto.
Eu ainda não percebi onde é que vêem neoliberalismo aqui. O sector da banca era provavelmente dos sectores mais regulados dos EUA. Há mais neoliberalismo no sector dos sabonetes do que nos mercados de futuros.
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