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Portugueses de Segunda

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Por muito cómoda que seja, a desqualificação da prestação de serviços de saúde através de equivalências de fim de semana é absolutamente inaceitável. E se os enfermeiros, que também estudam farmacologia, passassem a dirigir farmácias?

5 comentários:

  1. Estamos a atravessar uma época em que toda a maralha percebe de tudo e de nada. Toda a gente opina sobre tudo, porque não continuar com os endireitas, os tratadores de maleitas com chá, os artistas das massagens e das mezinhas, o acunpunctores de meia tigela, os massagistas etc.
    porque não um artista qualquer que está por detrás do balcão de uma farmácia e administra um injectável que provoca um abcesso uma lesão do nervo ciático uma inecção intravascular se o mesmo também acontece a nível hospitalar mas com outra segurança.
    Ponham o pessoal das farmácias , que dão pontos como as bombas de gasolina, a administrar fármacos por via intramuscular, subcutânea, intravenosa, intracardíaca, subaracnoideia, epidural, endotraqueal (abençoada enciclopedia) que o pessoal gosta.
    O Dr Pedro tem razão em levantar o tema!
    Definido está acto de enfermagem e acabou. O acto médico ainda estará na gaveta...
    Toninho Regadas

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  2. Pedro

    A questão que levantas é tão importante que as pessoas se esquecem dos fundamentos.

    Concordo no fundamento de que as práticas de saúde devem ser realizadas por quem tenha competência e esteja mandatado para tal. Este é o princípio fundamental da qualidade de serviço e da segurança na saúde.

    Certamente, que um enfermeiro licenciado tem a competência e experiências necessárias. No entanto, não é claro que outro profissional, que seja treinado e certificado para um acção específica (dentro do espectro de acções da responsabilidade dos enfermeiros) o irá fazer com menos segurança ou qualidade. Os puristas dirão que a questão não é o acto simples em si, mas o saber tratar todos os casos, identificar as potenciais complicações e tratá-las. Ora, este argumento é rebatido pelo facto de que os enfermeiros não serão o fim de linha no tratamento de todas as complicações. Além disso o treino na administração de uma vacina deve e tem de incluir o treino na identificação de complicações e referenciação para o tratamento médico adequado. Este treino não implica que sejam competentes noutras tarefas da competência dos enfermeiros.

    Mas voltemos ao início. A questão fundamental deste acto estratégico é tornar disponível, de forma mais cómoda e potencialmente mais barata um mecanismo de defesa da saúde pública que beneficia todos... todos não! Os bolsos dos enfermeiros serão certamente prejudicados. Do ponto de vista de saúde pública e do interesse do indivíduo parece lógico que se apliquem estratégicas destas, para abranger uma maior população e obter um efeito protector eficaz e abrangente. Só não vê quem lhe interessa.

    E isto leva-nos a outro calcanhar de Aquiles das estratégias da saúde portuguesa. No contexto actual de alta incidência de doenças cardiovasculares (tipo enfarte do miocárdio ou "ataque cardíaco") existem programas em vários países que levam as ferramentas de tratamento ao doente pelas mãos de elementos não-médicos não treinados. São os desfibrilhadores externos automáticos ou DEA. Certamente se lembram do mediático caso do Feher cujo coração parou em campo em fibrilhação. Este aparelho poderia ter salvo a sua vida. Noutros países com os EUA, Reino Unido e até República Dominicana, estes aparelhos encontram-se em locais públicos, prontos a ser aplicados por leigos treinados ou por paramédicos em circulação, tentando acelerar a chegada do tratamento eficaz. Ora neste país à beira-mar plantado continuamos na indecisão de não se decidir o que é um acto médico e portanto excluir o uso de DEA por não-médicos. Apesar do INEM ter investido tempo e dinheiro em formação de TAEs (Tripulante de Ambulância de Emergência)na utilização destes aparelhos, eles continuam guardadinhos à espera de uma indecisão legal!

    Infelizmente, as estratégias de saúde em Portugal não são regidas pelas reais necessidades das populações, mas pelos apetites vorazes de cada classe social pelo seu quinhão de lugar ao Sol.

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  3. Sr Pêgo
    Já que há falta de Médicos Anestesiologistas porque não por técnicos superiores ou Enfermeiros a praticar tal arte (há países em que tal acontece) ?

    Toninho Regadas

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  4. Sr. Regadas

    Sempre fui a favor dessa e de outras modernidades.

    No entanto, e como disse acima, praticar um gesto técnico correctamente, não dá arte nem mestria a quem o pratica, nem muito menos dá autonomia ou validade para tomar outras decisões ou para praticar outros actos.

    Infelizmente, muitos são os ignorantes deste país que pensam que realizar um gesto técnico, como administrar um injectável, entubar um doente ou tirar uma vesícula, os transforma em enfermeiros, anestesiologias ou cirurgiões. Vão logo por ali fora pensar que sabem mais do que na verdade sabem.

    Sou a favor de que os actos técnicos possam ser desempenhados por técnicos, mas suprevisionados, auditorados e tutorados por médicos ou outros profissionais de saúde competentes para tomar decisões e definir estratégias para resolução dos problemas que possam surgir.


    Mas já temos vários exemplos de técnicos de imagiologia, ultrasonografia, provas funcionais respiratórias, etc. Não é uma novidade, e é até uma generalidade cada vez mais.

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  5. Actualmente os trabalhadores na área da saúde apostam no multitasking se querem arranjar emprego. Saber um pouco de várias áreas é sempre uma mais valia.
    Em principio deveriam ser enfermeiros a realizar essa tarefa, mas se os farmacêuticos e técnicos a conseguem executar com qualidade não vejo qualquer problema nesta medida.

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