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Os detectores de metal e os sítios arqueológicos[2]

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© SMS

A utilização deste tipo de tecnologia está, na verdade, regulamentada, e pode ser utilizada em sítios arqueológicos. No entanto, a sua utilização é restrita aos profissionais da área, para a qual têm que requerer autorização expressa ao Igespar, e sempre no contexto de uma intervenção arqueológica previamente projectada.

A questão que mais frequentemente se coloca em relação à utilização “civil” de detectores de metal, não se prende apenas com o facto de peças recolhidas, com valor monetário, irem parar ao mercado paralelo de venda de antiguidades (ou ao mercado legal, quando as peças são levadas para outros países, onde não são identificadas como recolha fortuita). Se esse fosse o problema, os detectores poderiam até ser de utilização livre. Mas a recolha isolada de determinadas peças arrasta consigo um conjunto de factores que implicam necessariamente uma destruição.

Do ponto de vista dos trabalhos de escavação arqueológica, uma peça vale muito mais pelo contexto de deposição em que se insere, e não tanto pelo valor artístico, histórico ou monetário que possa ter. A partir do momento em que uma pessoa, que não tem qualquer formação na área, e como tal não pode ser autorizado sequer a fazer prospecção de superfície, palmilha um sítio arqueológico com um detector, identifica concentrações de metal, e depois desenterra um eventual objecto metálico (por exemplo, um par de arrecadas em ouro), esse objecto é irremediavelmente “arrancado” ao seu contexto arqueológico, sem que o mesmo seja registado.

Posto isto, o objecto agora desenterrado, e que poderia ser de uma utilidade fulcral, por exemplo para datar determinada estrutura, não tem qualquer valor científico, precisamente porque se desconhece o contexto arqueológico de onde ele foi retirado. O mesmo contexto, e os contextos que o sobrepunham, é irremediavelmente perturbado, comprometendo a informação registada em escavações arqueológicas a posteriori.

Tendo em conta o exposto, os arqueólogos não são “egoistas” ao defenderem que mais ninguém deve fazer escavações a não ser eles próprios. Quando tomam esta posição, estão a salvaguardar os monumentos arqueológicos de um dos mais preocupantes perigos que os ameaçam. Por este motivo, pelo que me diz respeito, evito aqui a divulgação de sítios arqueológicos que não foram já intervencionados.

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