Avenida Central

A Necrópole de Braga

| Partilhar
Só o desenrolar dos factos desvendará os motivos pelos quais a notícia da nova necrópole de Braga surgiu neste momento. O súbito suposto interesse pelo património arqueológico da cidade não pode ser um mero acto contrição pelo mal que lhe fizeram ao longo destes últimos trinta anos, profanando, destruindo e delapidando sem dó nem piedade e a troco de um soldo que todos pagaremos em défice de turismo ao longo dos próximos tempos.

12 comentários:

  1. A gestão dos últimos 30 anos desta cidade é um atentando há memória, cultura e património deste país.
    Conhecedor da realidade histórica de Braga, desde sempre soube que toda a zona do centro apresenta um potencial histórico único em Portugal e talvez no mundo.
    Poderíamos ter sido uma nova Pompeia (salvo as devidas diferenças) mas será que ainda vamos a tempo?

    ResponderEliminar
  2. Façamos, assim, toda a pressão construtiva - não construtivista! -em prol dos vestígios.
    Chorar sobre erros passados (e provados!)pode nao ajudar muito. É preciso lutar pela musealização no local, aproveitando a proximidade da Fonte do Ídolo e do Palácio do Raio.
    Haja pressão, sem descanso, ajudando a equipa da U.M. que é competente e séria.
    O capitalismo só vergará se tirar proveito com isso. E até nem está excluído que o possa tirar.
    Avante, pois, com a Grande Zona Arquelógica da Fonte do Ídolo.
    Avante com a abertura de um Museu no Palácio do Raio.
    Fernando Castro Martins

    ResponderEliminar
  3. Bem não sejamos tão redutores. O nosso património arqueológico vem sendo delapidado há séculos. Não foi nos últimos 30 anos que a Braga monumental desapareceu. Em nome do progresso, do cristianismo e de modas, muitos atentados foram feitos ao nosso património. Vejam a destruição que foi feita na Braga Romana, só para dar um exemplo, pelos arcebispos de Braga ao longo dos tempos, nomeadamente pelo grande arcebispo D. Diogo de Sousa. Nada resta da grandiosidade da cidade metropolita que foi Braga. E eu que já tenho 50 anos, portanto já ultrapassei os tais trinta, não me lembro de ver nenhum desses monumentos de que Braga deveria ser rica.

    ResponderEliminar
  4. Caro Tinoco, a Braga quinentista foi um novo adveno para esta cidade e D. Diogo de Sousa foi um visionário. O que hoje se passa é que todo o potencial arqueológico está debaixo de mamarrachos e estradas. Mesquita Machado delapidou tudo isso e esta é a cidade do betão. Os que por cá passam ficam horrorizados com os subúrbios.Você imagina o potencial que está naquela zona?
    Já visitou as escavações do anfiteatro Romano?
    A maioria das pessoas desconhece a pérola que ali está. Mas Braga é o novo estádio e nada mais.

    ResponderEliminar
  5. Olhando para a cidade de uma perspectiva diacrónica, normalmente não consideramos como uma destruição (no sentido de acção criminosa) alguns actos praticados há séculos. Registam-se sempre destruições, reconstruções, alterações, por vezes dentro do mesmo período histórico (por exemplo, as termas flavianas destruíram uma basílica Alto-Imperial).
    As opiniões divergem um pouco, dependendo do período histórico que suscita mais interesse.

    O que se passa com as destruições actuais, e dos últimos 30 anos, é que a amplitude da afectação (limpar tudo até à rocha) é muito superior a qualquer destruição feita pelo arcebispo D. Diogo. Há retro-escavadoras, há giratórias, há toda uma tecnologia que assegura que nada resta do pré-existente... por isso nós, actualmente, somos muito mais intrusivos, além de que não destruímos para colocar obras de arquitectura no mesmo local.. geralmente destruímos para colocar mamarrachos.

    Mas também me quer parecer que a situação se vai alterando, lentamente. Já quanto ao "interesse súbito" que o Pedro referiu, coloco mais reservas...

    ResponderEliminar
  6. Ó Manel estou perfeitamente de acordo consigo que nada se tem feito em defesa do património bracarense e o que está a dar é o betão e os asfalto. Mas não tente arranjar um rosto para isso. Estamos no sec. XXI e a moda é o betão e o asfalto. Esta é a época em que vivemos. Cada um na sua época e mal de nós se não tivessemos entre muita coisa feia, obras que marquem esta época em que vivemos. Hoje vemos edificios e urbanizações horrorosas. São as obras do dia a dia que não marcarão a época e desaparecerão depressa, mas outras tem qualidade e perdurarão, outras poucas claro. Que diriam os nossos antepassados e que dizemos nós da ideia brilhante do visionário D. Diogo de Sousa quando mandou cobrir a estuque as paredes da Sé de Braga. Modas da época é o que é.

    ResponderEliminar
  7. Caro JMTinoco,

    Discordo profundamente da visão aqui explanada. Braga tem inegavelmente mais betão que a esmagadora maioria das cidades deste país. Pior que tudo, tem betão de inferior qualidade a entopir-nos as vistas.

    Isto para não falar do património que se destruiu às mãos dos interesses imobiliários. Mas estas coisas só o tempo nos há-de mostrar com maior clarividência e não creio que a herança patrimonial destes tempos seja particularmente duradoura.

    Abraço

    ResponderEliminar
  8. Boa tarde

    Quando começei a trabalhar em Bracara Augusta, em 1977, os argumentos das autoridades locais, dos construtores civis e mesmo de muitos arqueólogos cingia-se ao seguinte: as invasões dos povos vândalos e arábes tinham destruído de forma irremediável os vestígios da cidade antiga, pelo que não se justificava qualquer projecto de salvamento, pois não havia nada para salvar.
    Embora eu concorde que os interesses imobiliários influenciaram o desenvolvimento desorganizado da cidade, nas últimas décadas, ainda se conservam inúmeras áreas de reserva arqueológica, das quais apenas cito algumas: o Largo das Carvalheiras; o Largo de S. Paulo; o Largo do Paço, o Largo João Peculiar, o logradouro do Convento da Imaculada Conceição; os terrenos onde fica a sede da PSP, o Largo de Santiago. Num artigo publicado há tempos na Revista da Aspa, na Mínia, calculei que a área de reserva arqueológica, em Braga, terá um mínimo de dez hectares, ou seja a dimensão intra-muros de Conimbriga ou de Évora romana.
    De momento estou preocupado com os terrenos da PSP onde as ruínas medievais e romanas ficam debaixo do pavimento actual a menos de 15 a 20 centímetros e li uma notícia em que o Comandante propunha novas instalações ou obras.
    Outra zona zona muito sensível é o subsolo a Oeste do Hospital Distrital, devido à pouca profundidade em que jazem os vestígios.

    Todos estes sítios e muitos outros, devem ser considerados zona de cautela máxima, pontos vermelhos, vigiados atentamente pelos cidadãos que devem alertar para qualquer obra, mesmo pequenas valas.

    Ou seja, em minha opinião em Braga, o subsolo do Centro Histórico, ainda reservas importantes supresas patrimoniais e científicas.

    Quanto aos arredores sou mais céptico, pois uma proposta da Unidade de Arqueologia da UM para se realizar um amplo estudo prévio, adiantada na década de 80 do século passado não teve qualquer acolhimento, quer do poder central, quer do Município.

    Num dos comentários faz-se referência oa Teatro romano de Braga.Uma exigência dos bracarenses e dos nrtenhos deveria ser avançar para a sua valorização aproveitando o último quadro comunitário de apoio. De facto, é o único teatro romano conhecido no Noroeste da Península.

    A vigilância dos cidadãos e seu firme apoio é indispensável.

    Francisco Sande Lemos

    ResponderEliminar
  9. Onde é que nós nos juntamos/expressamos para defender o teatro romano?
    É que se deixarmos andar nada vai ser feito como sempre.

    ResponderEliminar
  10. Agora que li o penúltimo e último comentários, estou interessada em saber mais acerca do único teatro romano conhecido no Noroeste da Península.

    Digo como o Caesar: onde nos juntamos/expressamos para defender o teatro? Conhecer os meios, e tudo o que abrange um projecto deste tipo.

    ResponderEliminar
  11. O teatro Romano é talvez a maior descoberta arqueológica feita nos últimos anos em Portugal.
    Se quiser ver, basta dirigir-se às terma romanas e poderá ter uma perspectiva das escavações.O resto fica à sua imaginação porque ali estão anos de trabalho pela frente.

    ResponderEliminar
  12. Lanço um desafio: em vez de se fazerem petições por jogos de bola não seria mais útil apelarmos à mobilização dos bracarenses para estas descobertas?

    ResponderEliminar

Antes de comentar leia sobre a nossa Política de Comentários.

"Mi vida en tus manos", um filme de Nuno Beato

Pesquisar no Avenida Central




Subscreva os Nossos Conteúdos
por Correio Electrónico


Contadores