Em vários locais da cidade de Braga, há grandes cartazes publicitários apresentando "os guerreiros do Minho". Os romanizados rapazes que neles figuram encimam um convite: "Alista-te na legião". Nos diários bracarenses, há anúncios idênticos que incluem um outro convite: "Cerra fileiras". A linguagem bélica encontra-se ao serviço do Sporting Clube de Braga.
Não se esperaria que o clube pedisse carneiros para o rebanho de adeptos, mas a vontade de romanizar subscrita pelos "guerreiros do Minho" é dispensável. O futebol é, de facto, "uma alegoria da guerra", escreve Ignacio Ramonet no jornal Le Monde Diplomatique deste mês. Revela-o, diz ele, "a sua terminologia: 'atacar', 'defender', 'disparar', 'contra-atacar', 'resistir', 'fuzilar', 'matar', 'vencer', 'derrotar'".
Os diversos verbos guerreiros não são apenas metáforas para usar apenas durante noventa minutos. Antes e depois dos jogos, o futebol tem dado, não raras vezes, um contributo efectivo para a naturalização da violência. É por isso que os anúncios do Sporting Clube de Braga não são bem-vindos. De resto, há mobilizações que apenas se fazem por serem para "combates" que pouco importa travar.
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É de facto um bom argumento de analogia com duas realidades que se podem comparar. boa publicidade
ResponderEliminaruma visão diferente da qual discordo mas que não deixa de ter algumas razões de ser.
ResponderEliminaruma visão diferente que não tem ponta por onde se lhe pegue....é cada uma que dá vontade de rir.
ResponderEliminaragora a publicidade do Braga é uma factor que levará à violência....fantástico!!!!
Mais um texto bem escrito, como já nos habituou, pelo Eduardo.
ResponderEliminarEu percebo a perspectiva.É a de um intelectual!
Mas perante a fúria vimaranense dos Afonsinos (o rei...)que ameaçam tomar conta do castelo (do Minho...), indo além do mais à Liga dos Campeões directamente (invejinha sim, mas não se pode ter tudo - Braga na UEFA, Porto fora, Benfica na pré...)há que reagir com paixão e emoção, processando um antidoto com espirito guerreiro, também associado à Braga Romana...
Mas há que moderar os impetos de excessiva agressividade, mas o futebol é também uma sublimação da violência social e a situação do país não está para brincadeiras com a destruição calculada e estratégica da classe média...
MAIS ESTADO MELHOR ESTADO MENOS ASAE
É marketing. Apenas. Tudo o que se disser a mais que isso, é exagero!
ResponderEliminarMas qual o espanto? O Sp. Braga e os seus adeptos sempre se caracterizaram por isso mesmo. Como de resto a máfia da arbitragem de Braga que tem sido um dos eixos da corrupção.
ResponderEliminarBenvindo a esta avenida Eduardo Madureira, mesmo que fiques na esquina. É um bom desporto, esse de polir esquinas que eu pratiquei(o) com denodo e afincona esquina da Benamor. Obrigado pela polidela de hoje. Sei que o futebol é a guerra das tribos, mas é oportuno reconhecer isso e assumi-lo. Boas polidélas é do que fico à espera
ResponderEliminarForça Braga!
ResponderEliminarveja lá se quer ser empalado na avenida central!
ResponderEliminarA Avenida está ainda mais interessante com esta Esquina.
ResponderEliminarEduardo Jorge Madureira pensa e ousa expressá-lo, o que num país como Portugal e sobretudo numa cidade como Braga não é coisa de somenos importância.
A prova disso mesmo é que consegue elevar o nível da análise da campanha do Sp. Braga, mesmo que o ponto de vista possa não ser consensual, como se pode ler nestes comentários.
Do que por esta caixa de comentários foi dito, discordo que se desvalorize a tipologia do discurso porque se trata “apenas” de publicidade. Acho que a questão é muito relevante, especialmente quando se recorre ao belicismo em fase de crescente crispação social.
A publicidade ajuda a moldar mentalidades e a forjar comportamentos. Os anúncios não são inócuos e não podem ser encarados como tal.
Os próprios anunciantes têm consciência disso, como demonstra o lançamento do programa Media Smart nas escolas.
O facto de os outros usarem o mesmo registo não diminui a nossa responsabilidade. Aumenta-a.