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[Avenida do Mal] Coelho com Dentes de Leite

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O elogio da pobreza fez escola no Estado Novo como virtude cristã e ambientalista – quem diria talvez: de desenvolvimento sustentado - nacionalista. Discursada pelo Presidente do Conselho e cantada por Amália, fez prosperar a miséria até que arrebentou Abril. Mas o medo do quintal comunitário e da comuna, que não seria mais que a Casa do Povo salazarista, constituições obtusas, mergulharam um País analfabeto numa democracia mediana porque de verdade não é diversa como a economia do mercado.

Dá a sensação, a quem vota ao centro, que entrou num supermercado com estantes apinhadas de arroz – nem de propósito - de marcas diferentes mas que, para lá da embalagem, é todo carolino, rançoso e cada vez mais caro.

É onde o PSD (ou o PPD-PSD como diz Santana Lopes, ou devia ser) se encontra. A cozer o ranço porque, salvo Passos Coelho, é tudo arroz de embalagem encetada e fora de prazo. E talvez neste político profissional, que pouco fez mais que isto na vida, poderia estar a novidade para o confronto com José Sócrates, que dificilmente arranjaria panaceia para o debate.

Mas a novidade do discurso do antigo líder da JSD, aparentemente liberal, demarcado das múmias que ditaram a falência do actual modelo económico e ideológico, tem terreno desfavorável, porque é prematuro e desajustado das bases conservadoras do PSD, mais propícias a soluções medíocres e preguiçosas como Manuela Ferreira Leite.

Apesar das intenções ambiciosas de Passos Coelho, a Direita deste Portugal, onde o liberalismo é conceito núbio, continua defensora de uma espécie de Estado socializóide, gordo, clientelista e metido na vida das pessoas até às orelhas. Quase que se confunde com alguma da Esquerda porque as diferenças no espectro do hemiciclo ficam-se pela capacidade de separar o Sinal da Cruz e os Aleluias, da vista grossa a beijos de língua e à mini-saia… E nessa Direita, Ferreira Leite assenta que nem um véu na beata, para mal dos liberais.

5 comentários:

  1. É a favor da regionalização?
    Já fui um grande defensor da regionalização há muitos anos. Não sou defensor deste modelo das cinco regiões plano que é o que está constitucionalmente consagrado. Mas sou defensor da descentralização política. O PSD deve definir, e por referendo a coroar um debate interno amplo, a sua posição. Estou muito aberto a ouvir as pessoas.
    Defende a existência de orgãos regionais eleitos?
    Concerteza. Supramunicipais.
    Então o que está em causa para si é o número de regiões?
    Sim e o modelo. Não é possível manter este modelo actual.


    Mais um especialista em NIM. Hum... regionalização? lá para as calendas; vamos estudar; fazer um debate; talvez se arranje uma aproximação; que não faça muita mossa; umas comunidades sem verdadeiros poderes mas eleitas, claro, só podem ser eleitas; talvez umas 300; mais ao menos...

    Se é esta a esperança do PSD, da direita e da renovação da classe política nacional bem pode dormir o PS e as oligarquias do status quo descansadas. O homem é redondo, anódino, diz umas coisas vagas e nunca toma objectivamente posição sobre nada.

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  2. PPC é o vazio. Único "ponto" favorável a juventude, quarentão. Nem esquerda nem direita, liberalismo QB, regionalização nim. Passado da JSD, o que ficou.
    PPC é uma lebre´para 2013. Sócrates "mata-o" em qualquer debate. E Isso só é bom para o PS. Por isso, percebo-o.

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  3. Ora aí está, meus caros António Alves e JM Faria:o perfil ideal para um primeiro-ministro em Portugal! :)

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  4. Eu não diria que é a direita que "quase se confunde com alguma da Esquerda" mas sim que alguma da que era tida como esquerda (o PS) se entranhou em políticas de direita, de tal modo que se metarfoseou num partido de direita. E sendo assim, torna-se difícil à Direita mais à direita, fazer face a um partido que disputa o centrão no mesmo campo. Mas é só a minha opinião!

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  5. Dizer que o Pedro Passos Coelho é um político profissional é o mesmo que dizer que B é jogador profissional de futebol só porque jogou nos juniores. Foi de facto presidente da JSD, entre 1990 e 1995, e nesse tempo foi deputado. É pelo contrário um exemplo de um líder de juventude que se afastou no auge e fez o seu percurso normal como cidadão. Depois da JSD aceitou, em 1997, uma candidatura à CM de Amadora (onde foi vereador sem pelouro) e regressou em 2005 para a Comissão Política de Marques Mendes (demitiu-se em 2006).
    Possivelmente o Pedro Passos Coelho ainda não fará o futuro agora, mas ninguém duvida que é o futuro. Se quiserem falar de políticos redondos e anódinos comparem o percurso do Pedro Passos com o Primeiro-ministro. Esse sim um político de gelatina e sem estrutura, a quem um dia um colega de partido chamou cabide de ideias. Contrariamente aos outros comentários eu acho que o Pedro Passos Coelho seria a melhor solução para liderar o PSD. Eu não teria medo dos confrontos com Sócrates. Eu prefiro o futuro ao passado.

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