Normal. Num sistema político com obesidade mórbida - porque se estende bem para lá dos órgãos de soberania - que mal se mexe e pouco rende, só se preocupando em alimentar(-se), fica o tratamento limitado, porque não há grua nem estimulante que chegue para levantar odre do poiso. Permanece assim, de natureza, ineficiente e esfomeado, que não dispondo de fundos de Europa, jazidas em Angola e Brasil, suga o seu próprio tutano em desigualdades e no aumento dos impostos, substituindo a carne por gordura. Enfim. Coitado, porque é brandinho.... Pelo menos até à próxima orgia revolucionária e inconsequente... Acalmada a fúria, sobra depois o País Pedinte, quase desde sempre, por dentro e sobretudo lá fora.
Verdade é que, de certa maneira, o actual modelo económico e social, estável na instabilidade, é sustentado por toda esta fisiologia. Só que a mesma custa mais ao país do que custaria empenhar o erário e a vontade pública - porque a política é pouca - numa máquina nova e afinada, que funcionasse à margem das alternâncias democráticas. É que ficando a que temos, e com tamanho cancro instalado, muito custa a crer-se como curável. Se calhar, a ressecção do mesmo talvez levasse o país para o colapso mental.
Em alturas de comemoração do Regicídio de 1908, com lenços negros ou em foguetes, cabe então também pensar que 3ª República é esta. Não a contesto como modelo de Regime, tanto é que rejeito a monarquia como qualquer outro que se assemelhe, em Cuba ou na Coreia, pelo seu simples princípio de que a rege de um Estado está inscrita num código genético. Mas, no dado momento, tanto nos vale um Rei como um mentiroso. Nestas coisas da democracia e da política é tudo uma questão de modas, e neste país mais do que noutro qualquer.
A marca mais evidente desta República, da IIIª, e que ficará encravada nos pergaminhos da História assim que finada, é o seu sistema-politico partidário confuso e sobreponente, em nada inovador e sem uma definição clara entre os partidos, em que a luta é agora e em todo o espectro sobre quem domina na crista da onda da opinião. Quase que como dantes. E deste Portugal político, em que só tem carreira quem for conivente com o mal instalado, só se pode esperar a morte do regime por doença prolongada.
Boa Análise. Continue!
ResponderEliminarO problema da corrupção em Portugal e a sua prevalência crónica deve-se às manobras que levam ao financiamento dos partidos políticos: favores que pagam favores, que favores não parecem... e isto sempre em cascata.
ResponderEliminarCom esta república não se vê solução.
Venha outra república - ou a
monarquia.
«A marca mais evidente desta República, da IIIª, e que ficará encravada nos pergaminhos da História assim que finada, é o seu sistema-politico partidário confuso e sobreponente, em nada inovador e sem uma definição clara entre os partidos, em que a luta é agora e em todo o espectro sobre quem domina na crista da onda da opinião.»
ResponderEliminarO que defende em concreto? Confesso que não percebi. Parto do princípio que não defenda um partido único, pois expressou o seu desagrado pelo comunismo. Este é verdadeiramente um sistema pluri-partidário. Vários partidos têm assento no parlamento. É normal que haja alternâncias "naturais". Talvez seja menos normal não haver maior necessidade de se fazerem coligações, mas isso também não é necessariamente bom, como se viu agora em Itália. O que resta? Resta o sistema bipartidário. Mas esse, também não promove uma definição clara entre partidos. Há ideias perfeitamente díspares, dentro dos próprios partidos (nos EUA, é particularmente evidente nos republicanos, em que Ron Paul aparece como um libertário).
Sinceramente, este sistema-partidário não é a «marca mais evidente desta República», não é a razão/raíz dos males do sistema.
Voltando à pergunta inicial, se não defende um sistema com um partido único, com vários partidos ou com dois partidos (pois esse também não promove a definição clara entre partidos), defende o quê? O problema não estará no sistema, por assim dizer, mas nos agentes. É tentador, mas fantasioso, pensar que uma 4ª República vai mudar os agentes. Tal como o foi quando se passou da Monarquia para a República, há quase 100 anos. A memória colectiva impede de o sabermos, em virtude do "bloqueio" do Estado Novo, mas os agentes serão assim tão diferentes, hoje, do que eram há 100 anos?
Uma coisa é certa: a República não só não resolveu problema nenhum da Monarquia, como até os agravou. E nunca a pouca-vergonha tinha chegado antes ao que chegou hoje. Neste momento, vivo num sítio onde o Chefe do Executivo não é eleito democraticamente. E sabem que mais? Espero que assim continue por muitos e longos anos, pelo menos enquanto aqui viver. Já foram demasiados anos a viver no carnaval das eleições que deixam tudo cada vez mais na mesma. Por princípio, eu era republicano e democrata. Só que aprendo com o que vou vendo. E as teorias já pouco me interessam, o que me interessa é o que vou tirando das várias experiências por que passo. E essas têm-me mostrado a porcaria que é a dita "democracia". Pelo menos a que existe aí em Portugal.
ResponderEliminarEssa de dizer que tudo bate nos partidos é um pouco enganadora… basta ver que a corrupção e nepotismo são praticados a todos os níveis em Portugal. AS pessoas comuns recusam-se a assumir as suas responsabilidades! Quanto mais não seja a de que sistematicametne elegem cretinos para os orgãos de soberania e não exercem qualquer pressão para elevar o nível – estão na lama mas também não têm interesse em sair. O resto é falso espanto e choque.
ResponderEliminarCaro Jam. Obviamente não defendo um sistema de partido único nem bipartidário.O que eu quero dizer é que não há um espectro descontínuo e evidente nos partidos. Há híbridos ideológicos. O PSD e O PS confundem-se, o PSD confunde-se com o PP, ou PS com o BE e com o PCP, às vezes, e este com parte do BE e parte do PS. Confuso não é? Daí que não admire que os debates no parlamento sejam tomados de pura hipocrisia, demagogos e oportunistas. E sem passos em frente, porque os partidos não pregam ideologias, pregam modas.
ResponderEliminarDefendo, por ventura, uma dissolução do sistema, um reset que permitisse a reestruturação e definição ideológica, que os esclarecesse nas políticas. Traria outra intensidade ao conflito democrático. Como acontece em Espanha.
E sobretudo – e se calhar é irrealismo meu – descolava a administração pública da serventia política que a torna ineficiente e a meio gás, porque o meio ou é laranja ou rosa.
O bastonário veio dizer o que toda a gente sabe mas que ninguém investiga! Somos um país onde a corrupção é prática corrente e quase considerada normal.
ResponderEliminarAssim continuaremos a ver os apartamentos de luxo esgotados e o nº de pobres a aumentar!
E ninguém faz nada?...
Vitor Pimenta, parto do príncipio de que nunca foi militante do PCP, eu fui. E digo-lhe. O PCP é único no País. Não se confunde, mesmo.
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